Contudo, por volta de 1910, com o público saturado do tipo de projeção até
então feita, houve a necessidade, por parte dos produtores, de encontrar quem
produzisse roteiros, narrativas ficcionais.
Em 1929, com o surgimento do cinema “falado”, acontece o
abandono definitivo das técnicas de mímica (de origem circense) e
a valorização dos diretores de teatro e dos atores e atrizes que
sabem utilizar dramaticamente sua voz. E, a partir dessa
valorização da palavra e do diálogo, ocorre a grande e definitiva
aproximação entre a literatura e o cinema. É importante lembrar
que essa aproximação não se dá com a literatura como um todo, e
sim com o gênero literário que dominava a Europa e os Estados
Unidos no começo do século XX: o romance burguês, com todas
as suas qualidades, e também com todos os seus defeitos.
(GERBASE, 2009, p. 22).
O século XX foi marcado pela adaptação de grandes obras, de autores
como Shakespeare, Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle e Julio Verne. E, à
medida do crescimento do cinema, grande também foi o surgimento das críticas a
obras audiovisuais adaptadas de livros, principalmente, no que se refere à
fidelidade das primeiras às suas obras de partida. Por isso, por muito tempo,
obras cinematográficas desse tipo foram consideradas como inferiores à
literatura. Conforme Stam:
Com demasiada frequência, o discurso sobre a adaptação
sutilmente re-inscreve a superioridade axiomática da literatura
sobre o cinema. Uma parte excessiva do discurso, eu
argumentaria, tem focado a questão um tanto quanto subjetiva da
qualidade das adaptações, ao invés de assuntos mais
interessantes como: 1) o estatuto teórico da adaptação, e 2) o
interesse analítico das adaptações. (2006, p. 20)
Portanto, o preconceito quanto ao cinema é não só por este ser
considerado uma arte nova, mas também por não ser considerado totalmente
“puro”, ou seja, uma produção original. Mas, será que há um roteiro que pode ser
considerado completamente isento de influências de outras artes?
Na verdade, ao comparar as grandes questões da criação literária
com os dilemas dos realizadores cinematográficos, encontraremos