vol.
4, n. 1, Janeiro-Abril/2020
DOI: https://doi.org/10.30781/repad.v4i1.9566
EMPREENDEDORISMO
SOCIAL: Uma análise das intenções empreendedoras das formandas da Faculdade de
Ciências Aplicadas e Políticas da UFMT campus Rondonópolis
Sabrina
Tavares de Souza Brazilista
sabrinatavaressouza0130@gmail.com
http://orcid.org/0000-0002-1656-2855
Universidade
Federal de Mato Grosso
Rondonópolis,
Mato Grosso, Brasil
Rosemere da Silva Vilela de Melo
http://orcid.org/0000-0001-6101-1502
Universidade
Federal de Mato Grosso
Rondonópolis,
Mato Grosso, Brasil
Ramon
Luiz Arenhardt
http://orcid.org/0000-0002-8990-3577
Universidade
Federal de Mato Grosso
Rondonópolis,
Mato Grosso, Brasil
Sofia
Ines Niveiros
http://orcid.org/0000-0001-6547-5881
Universidade
Federal de Mato Grosso
Rondonópolis, Mato Grosso, Brasil
Resumo
O empreendedorismo denominado social busca a
satisfação e a realização pessoal ao
promover o bem-estar social, mudando de forma positiva a vida em sociedade.
Sabendo que esse tipo de empreendedorismo
é recente no país, torna-se necessária a sua
disseminação na comunidade estudantil e na sociedade em geral, visando tornar o
assunto conhecido e estimulando o interesse em empreender socialmente, para que
as dificuldades das comunidades, especialmente as mais carentes, diminuam. Este
artigo busca esclarecer aspectos do
empreendedorismo social, focando o gênero feminino. Nesse sentido,
investigou-se entre as discentes dos cursos da FACAP/UFMT, quais as suas percepções e intenções quanto
ao empreendedorismo social feminino, destacando as características, origens e a
importância desse tipo de empreendedorismo. A
pesquisa foi realizada por meio de um questionário de Intenção Empreendedora,
composto por 23 perguntas fechadas e 1 pergunta aberta. O questionário é baseado e adaptado do Entrepreneurial Intention Questionnaire
– EIQ (LIÑÁN; CHEN, 2009). Os dados apontam que 66% das discentes tem intenção de empreender futuramente
em algum tipo de atividade de cunho social, mesmo sem ter uma opinião formada
sobre o assunto. Desse modo, evidencia-se a necessidade de ampliar os estudos
relacionados a essa temática.
Palavras-chave: Empreendedorismo.
Mulheres. Negócios. Empreendedorismo Social
Feminino.
SOCIAL ENTREPRENEURSHIP: An analysis of the entrepreneurial intentions
of graduates from the Faculty of Applied and Political Sciences at UFMT
Rondonópolis campus
Abstract
The so-called social
entrepreneurship seeks satisfaction and personal fulfillment by promoting
social welfare, positively changing life in society. Knowing that this type of
entrepreneurship is recent in the country, its dissemination in the student
community and in society in general is necessary, aiming to make the subject
known and stimulating the interest in social entrepreneurship, so that the
difficulties of the communities, especially the most needy, decrease. This
article seeks to clarify aspects of social entrepreneurship, focusing on the
female gender. In this sense, it was investigated among the students of
FACAP/UFMT courses, what are their perceptions and intentions regarding female
social entrepreneurship, highlighting the characteristics, origins and
importance of this type of entrepreneurship. The research was conducted through
an Entrepreneurial Intent questionnaire, consisting of 23 closed questions and
1 open question. The questionnaire is based and adapted from the
Entrepreneurial Intention Questionnaire - EIQ (LIÑÁN; CHEN, 2009). The data
indicated that 66% of the students intend to undertake some kind of social
activity in the future, even without having an opinion on the subject. Thus, it
is evident the need to expand the studies related to this theme.
Keywords: Entrepreneurship. Women. Business. Female Social
Entrepreneurship.
Submetido: 01/01/2020
Aceito: 22/01/2020
Publicado: 31/01/2020
1 Introdução
Diante das
dificuldades financeiras enfrentadas pela mão de obra ativa no Brasil e em
outros países, uma das palavras mais divulgadas é “empreendedorismo” (LIMA et
al., 2014). Derivada da palavra francesa entrepreneur,
usada para designar o “indivíduo que assumia riscos”, é uma definição corrente
em muitos setores da economia e da academia. Apesar do mercado estar em constante evolução, conseguir empreender em algo
que traga retorno financeiro (SHANE; VENKATARAMAN, 2000) não é o foco de todas as pessoas. Nesse
contexto, abriu-se um espaço para empreender com foco no bem-estar social.
O empreendedorismo
social indica que ganhar dinheiro não é o
único meio de satisfazer o “bem-estar pessoal” (AUSTIN; STEVENSON;
WEI-SKILLERN, 2006; NISHIMURA; ALPERSTEDT; FEUERSHÜTTE, 2012). Na atualidade, esse tipo de empreendedorismo vem
se desenvolvendo e se tornando conhecido no mundo todo, inclusive no Brasil,
embora ainda de forma incipiente. No entanto, ainda existem dúvidas a respeito
do que é o empreendedorismo social, como ele funciona e de que maneira é
possível ser um empreendedor social (FARAH, 2004; OLIVEIRA, 2006).
Destaca-se ainda que
existem diferenças entre os tipos de
empreendedores, cujas características e focos são distintos. Desse modo,
identificar-se com um determinado tipo de empreendedor pode potencializar o
interesse em empreender e, consequentemente, contribuir para o sucesso do
empreendimento.
Percebe-se
que o empreendedorismo social tem alcançado cada vez mais espaço na
sociedade. Entretanto, por ser um modelo recente de organização, que obedece a alguns padrões diferentes em relação aos
negócios tradicionais, questiona-se: Como as discentes formandas em Ciências
Contábeis, Economia e Administração percebem a necessidade de criação e gestão
de empreendimentos sociais?
Em decorrência desse
questionamento, o objetivo geral deste artigo é investigar entre as discentes
concluintes de cursos da Faculdade de Ciências Aplicadas e Políticas (FACAP)
quais as suas percepções e intenções quanto ao empreendedorismo social
feminino, destacando as características, origens e a importância desse tipo de
empreendedorismo na sociedade, além de contextualizar com outros tipos. A
população da pesquisa constitui-se, portanto, de mulheres formandas em
Contabilidade, Economia e Administração da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), especificamente do campus de Rondonópolis/MT.
Num momento em que se discute o
papel e o tamanho do estado brasileiro, ganha importância significativa o
envolvimento da sociedade na resolução dos crescentes problemas sociais, como
habitação, segurança, saúde, educação, urbanidade, entre outros. Diante de tais
problemas, o empreendedorismo assume um status
de “solução”, por meio do empreendedorismo social, a partir do qual as
mulheres, por sua sensibilidade natural, podem contribuir sobremaneira para o
desenvolvimento de empreendimentos de cunho social.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Empreendedorismo
A palavra empreendedorismo deriva do termo
de origem francesa entrepreneur, que
pode ser traduzida como meio ou centro, ou ainda, como aquele que assume o
risco, sendo intermediário em uma negociação. Esse termo não é atual, como
muitos podem pensar, na verdade, seu uso teve início no século XVII, quando o
economista Richard Cantillon (anterior a Adam Smith), ao realizar uma
interpretação mais profunda da economia da época, desenvolveu serviços que
atendiam a uma classe econômica, assumindo riscos calculados e assim produzindo
fortuna.
Empreender é a
“arte” de inventar algo novo, atender necessidades que muitos nem imaginam
existir. Na atualidade, por exemplo, o mundo parece não poder prescindir das
redes sociais, de um celular ou da internet, nesse sentido, é notório que Mark
Zuckerberg aprimorou o evento das mídias sociais com o Facebook. Por outro lado, Jeff Bezos encontrou a solução para o
problema de falta de comodidade que enfrentava, ao vender livros pela já
conhecida internet, dando origem, assim, a Amazon.
O empreendedorismo
tem várias formas ou tipos, uma delas é originada da “necessidade”, em
contraposição ao empreendedorismo de “oportunidade”. O empreendedor por
necessidade é aquele que busca fazer algo para se autorrealizar, e segundo
McClelland (1972 apud VALE; CORREA; REIS, 2014, p. 315), “são os valores, as
motivações humanas e a necessidade de autorrealização que movem indivíduos na
busca de atividades empreendedoras. Entre os principais motivos que impulsionam
o indivíduo a agir, situa-se a necessidade de conquistas e realizações.” Desse
modo, o indivíduo busca a satisfação pessoal em suas conquistas.
Já o
empreendedorismo por oportunidade, é identificado em pessoas que, diante de
oportunidades, aproveitam para gerar benefícios econômicos para si, como afirma
Kirzner (1979 apud VALE; CORREA; REIS 2014, p. 315), “o empreendedor é aquele
que se encontra sempre em estado de alerta, para descobrir e explorar novas
oportunidades. Esta capacidade de estar alerta constitui-se na principal
característica de tais indivíduos.” Essa disposição pode levar o sujeito a
empreender em qualquer área que deseje explorar.
O empreendedor não
precisa, via de regra, criar a própria empresa ou negócio, ele pode
simplesmente ser um empreendedor corporativo, na condição de funcionário que
trabalha para uma empresa e usa de sua criatividade para gerar “inovação”.
Segundo Vilas Boas e Santos (2014, p. 400), “considera-se empreendedorismo
corporativo o resultado das ações dos empregados que produzem inovações em
produtos, processos ou na criação de negócios complementares ao da empresa ou
que promovam a renovação de seu negócio principal”, um exemplo disso, é o marketing que desenvolve produtos para o
benefício da empresa.
Outro modo de
empreender em voga ocorre no campo social e, por ser o foco principal deste
estudo, será destacado no tópico a seguir.
2.2 Empreendedorismo
Social
Empreendedorismo social é um tipo de atuação
em prol da comunidade, a fim suprir alguma das diversas necessidades dos
indivíduos, podendo variar de acordo com a região. O empreendedor social busca,
antes de qualquer outra motivação, gerar benefício para a sociedade. Muitos são
os trabalhos sociais e entender o impacto na sociedade é uma ótima motivação
para começar um negócio, principalmente para aquelas pessoas que não conhecem o
assunto e consequentemente tais projetos.
Os empreendedores
sociais “são pessoas físicas que trazem inovação para o terceiro setor, mais
conhecido pela atuação das ONGs. A criatividade e a imaginação dos
empreendedores sociais não devem nada às dos empreendedores do setor privado”
(Silva et al., 2011, p. 4). A
criatividade e a determinação são necessárias, tendo em vista que o risco é
maior quando envolve vidas humanas. O grande diferencial do empreendedor social
é a sua criatividade em inovar em ambientes diversos e conseguir criar soluções
para os problemas que determinada comunidade vivencia.
No entanto, poucos
conhecem esse tipo de empreendimento, uma vez que é recente no país. Segundo
Richardson e Kaminski (2017, p. 6), “o negócio social ainda é um conceito
relativamente recente no Brasil. Em 2009, o país tinha uma das taxas mais
baixas de empreendedorismo social do mundo.” Os autores também informam que
desde 2012, após a realização do Fórum Mundial de Negócios Sociais no Rio de
Janeiro, o apoio aos negócios sociais no país vem crescendo substancialmente.
Segundo Nishimura,
Alperstedt e Feuershütte (2012, p. 2), o
“empreendedorismo social no Brasil, portanto, surgiu de forma emergente, uma
vez que os problemas sociais receberam menos atenção do governo e pessoas e
empresas passaram a suprir essa deficiência.” Cada empreendedor social enxerga uma
deficiência em algum lugar da sociedade e, geralmente, encontra oportunidades
de empreender nas comunidades que antes viviam ou ainda vivem. Isso se deve,
muitas vezes, por já terem vivenciado tal experiência.
Como afirma Oliveira
(2004 apud NISHIMURA; ALPERSTEDT; FEUERSHÜTTE 2012, p. 2), “o conceito
caracteriza ações coletivas, tendo como resultado um produto para a sociedade
com o intuito de resolver um problema social específico e que gere impacto
social visando respeitar e promover as pessoas de risco social envolvidas.”
Assim, o empreendedorismo social vem transformando a realidade não só dos
próprios empreendedores, mas de muitas pessoas nas comunidades beneficiadas,
gerando oportunidades para melhorarem suas vidas.
2.2.1 Diferenças Entre Empreendedorismo Social e Empreendedorismo
Privado
Segundo Silva et al. (2011), existem
diferenças entre o empreendedorismo privado e o empreendedorismo social que
merecem atenção. No Quadro 1, evidencia-se as diferenças entre os dois tipos de
empreendedorismo.
Quadro 1 - Empreendedorismo Privado x Empreendedorismo
Social
Empreendedorismo Privado |
Empreendedorismo Social |
1 – é individual |
1- é coletivo |
2- Produz bens e serviços para o mercado |
2- Produz bens e serviços para a comunidade |
3- Tem foco no mercado |
3- Tem foco na busca de soluções para os
problemas sociais |
4- Sua medida de desempenho é o lucro |
4- Sua medida de desempenho é o impacto social |
5- Visa satisfazer necessidades dos clientes e
ampliar potencialidades do negócio |
5- Visa resgatar pessoas da situação de risco
social e promovê-las |
Fonte: Neto e Froes (2002
apud SILVA et al., 2011, p. 5)
Não se deve
confundir ambos os tipos de empreendedorismo, pois como especificado no quadro
acima, o empreendedorismo privado é centrado no mercado e no lucro, enquanto o
empreendedorismo social tem foco nos problemas sociais, em criar soluções que
resultarão em benefícios para a sociedade. Dentro do empreendedorismo social,
destacam-se os tipos de atividades desenvolvidas pelas mulheres participantes
da presente pesquisa, conforme observa-se na subseção a seguir.
2.2.2
Empreendedorismo Social Feminino
Para ser uma empreendedora social é preciso,
antes de tudo, saber o que a incomoda no meio social. Pode haver outras
motivações, mas esse é o foco principal de uma empreendedora social. São vários
os fatores que levam uma mulher a desejar abrir um negócio social, um deles,
segundo Richardson e Kaminski (2017, p. 37), “[...] é a necessidade de
equilibrar o trabalho com as obrigações familiares.” Isso porque, as mulheres
possuem muitas atividades a serem realizadas no dia a dia, como cuidar de casa,
dos filhos, dentre outras e ainda, com frequência, o trabalho externo.
Desde a antiguidade,
as mulheres sempre foram vistas como alguém que deveria cuidar da casa, do marido
e dos filhos. Contudo, ao longo do tempo, isso está ficando para trás, já que a
mulher vem se destacando consideravelmente, tanto que, no caso do Brasil, uma
mulher ocupou a presidência do país. No mundo do empreendedorismo social, segundo Richardson e Kaminski (2017, p. 11), “a falta
de modelos femininos nos negócios sociais é uma das muitas barreiras
enfrentadas pelas empreendedoras sociais no Brasil.” Ainda é necessário que
elas se sobreponham e acreditem mais em seu potencial, a fim de lutar contra
toda desigualdade que possam encontrar.
Como é possível
observar, as mulheres têm certas responsabilidades que dificultam o trabalho
social, porém não devem aceitar como fator impeditivo para sua atuação.
3 Metodologia da Pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida em uma Instituição de Ensino Superior (IES) pública, a Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT). A instituição possui cinco campi, sendo sua sede
localizada na capital, Cuiabá. O local desta pesquisa delimitou-se ao campus de
Rondonópolis, mais especificamente aos cursos abrangidos pela Faculdade de
Ciências Aplicadas e Política (FACAP), ou seja, Ciências Contábeis, Ciências
Econômicas e Administração. Entre os
respectivos cursos, definiu-se como
amostra para a pesquisa as mulheres regularmente matriculadas no sétimo e
oitavo semestres e/ou 5º ano de cada curso, de todos os turnos, matutino,
vespertino ou noturno, ou seja, a amostra é composta por alunas desses
três cursos.
A
ferramenta da coleta de dados utilizada foi um questionário com 23 perguntas
fechadas e 1 pergunta aberta, com a finalidade de verificar a intenção
empreendedora e a visão quanto ao empreendedorismo no meio social.
O presente artigo é constituído por quinze questões adaptadas do
questionário original do artigo Development and
Cross-Cultural Application of a Specific Instrument to Measure Entrepreneurial Intentions, de Liñán e Chen
(2009). No artigo, os autores propuseram um modelo
de formação da intenção empreendedora e desenvolveram o questionário Entrepreneurial Intention Questionnaire
(EIQ), com o objetivo de medir a intenção empreendedora dos indivíduos. Na
pesquisa mencionada, o questionário foi aplicado a estudantes de países com
culturas distintas, a exemplo da Espanha e Taiwan. Com os resultados obtidos,
os autores concluíram que o modelo de intenção empreendedora se sustenta em
diferentes países e em diferentes culturas.
Nesta
pesquisa, o questionário foi dividido em três blocos. O primeiro, procurou
captar informações pessoais das participantes,
como idade, renda, se houve deslocamento de estado para estudar, se já possui graduação, tipo de trabalho e o
tipo de escola que frequentou até chegar à universidade. O
segundo bloco contém quinze questões adaptadas do original EIQ, com o objetivo
de identificar as intenções empreendedoras. Nele, as cinco primeiras questões
tratam sobre atitudes pessoais, seguidas por uma questão utilizada para
entender a norma subjetiva. Na sequência, são aplicadas outras cinco questões
para analisar as percepções de controle de comportamento das participantes e,
por fim, quatro perguntas com foco na intenção empreendedora.
Concluindo o questionário, o terceiro bloco
é composto por duas questões direcionadas para o empreendedorismo social.
O
questionário foi respondido somente pelas discentes formandas dos cursos
mencionados, as quais estavam presentes em sala de aula no dia da aplicação.
Assim, o total de respondentes foi de 44, distribuídas nos três cursos,
conforme descrito: 21 do curso de
Ciência Contábeis; 6 do curso de Ciências Econômicas e 17 do curso de
Administração. A seguir são apresentados os
resultados e a análise dos dados coletados.
4 Análise dos Resultados
As
primeiras sete questões foram direcionadas para identificação das
características das participantes. Observa-se
no Gráfico 1 que as participantes possuem idade acima de 18 anos, sendo que,
20% das entrevistadas tem entre 18 e 21 anos; 48% tem idade entre 22 e 25 anos;
14% das participantes tem idade entre 26 e 29 anos, enquanto outros 14% tem
idade acima de 30 anos. Contudo, 4% das participantes não responderam ao
questionário.
Gráfico 1. Idade das respondentes
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
A segunda questão é
representada pelo Gráfico 2 e revelou que 91% das participantes não mudaram de
estado para estudar.
Apenas 9% não residiam no estado de Mato Grosso, sendo três de São Paulo e uma do estado de Goiás.
Gráfico 2. Venho de outro Estado para fazer meu
curso em Mato Grosso?(Estado de Origem)
Fonte:
Elaborado pelos autores (2019)
De acordo com os dados apresentados no Gráfico 3, 91% das participantes
estudaram exclusivamente em escolas públicas, até chegarem a universidade; 7%
delas estudaram apenas em escolas privadas e o restante, 2%, passaram por
instituições públicas e privadas.
No
Gráfico 4, verifica-se que 2% das participantes já possuem alguma graduação em
instituições públicas; 7% terminou uma graduação em instituição privada e
outros 91% ainda não possuem graduação. Entre
as participantes que já possuem graduação, os seguintes cursos foram citados: Gestão de Recursos Humanos, Gestão em
Agronegócio e Tecnologia em Turismo.
Conforme o Gráfico
5 demonstra, o total de participantes que trabalham é de 80%, sendo 7% no setor
público, 66% em
empresas privadas; 7% fazem estágio e apenas 20% não trabalha.
Gráfico
3. Instituição de origem e formação até a universidade
Fonte: Elaborado
pelos autores (2019)
Gráfico 4. Formação acadêmica (Já possui graduação?)
Fonte: Elaborado pelos autores (2019)
Gráfico 5. Emprego (Se trabalha, identifique o tipo de trabalho)
Fonte:
Elaborado pelos autores (2019)
De acordo com os dados do Gráfico 6,
91% das participantes possui renda mensal, sendo que, 20% possui renda de até
R$ 1.000,00; 39% possui renda mensal entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00; 32% possui renda mensal entre R$ 2.000,00 e R$
3.000,00; ninguém respondeu que possui renda mensal entre R$ 3.000,00 e R$
4.000,00; apenas 2% possui renda mensal acima de R$ 4.000,00. Contudo 7%
das participantes não responderam.
Conforme apontado no Gráfico 7, nenhuma das participantes respondeu que
possui renda familiar mensal de até R$ 1.000,00; 30% possui renda familiar mensal entre
R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00; 27% possui renda
familiar mensal entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00; 16% possui renda
familiar mensal entre R$ 3.000,00 e R$ 4.000,00; por fim, 25% possui renda familiar
mensal acima de R$ 4.000,00. Ressalta-se que uma
participante não respondeu a esta pergunta.
Gráfico
6. Renda mensal
Fonte:
Elaborado pelos autores (2019)
Gráfico
7. Renda familiar mensal
Fonte:
Elaborado pelos autores (2019)
Após
essas sete questões, o segundo grupo de perguntas do questionário foi aplicado
às discentes com o objetivo de identificar suas intenções empreendedoras. Essas
perguntas estão apresentadas na Tabela 1 (em %), cujas repostas tinham como alternativas:
discordo, discordo em parte, neutra, concordo em parte e concordo, porém,
algumas discentes não responderam a nenhuma alternativa, conforme consta na
última coluna da Tabela 1.
Na primeira
questão da Tabela 1, observa-se que 59% das participantes discordam da ideia de
que ser empreendedora não é algo atraente; 7% das participantes discordam em
parte, o que quer dizer que esta pode ainda vir a ser uma opção; 9% das
participantes optaram pela opção neutra;
outros 11% assinalaram concordo em parte e 14% escolheram a opção
concordo.
Na segunda questão, 9% das
participantes discorda que em caso de possuir recursos e oportunidades
iniciaria um negócio próprio; 2% discordaram em parte, 14% optaram pela
neutralidade; 9% responderam
concordar em parte; destaca-se que 66% concordam com a ideia de que se tivesse oportunidades
e recursos gostariam de abrir um negócio próprio.
A Tabela 1 apresenta ainda que 59% discorda da ideia de não abrir um
negócio próprio; 18% discordam em parte com essa possibilidade; 11% estão neutras; 7%
concordam em parte que prefeririam qualquer coisa, exceto abrir um negócio
próprio e 5% concordam com essa
opção.
Tabela 1. Intenções empreendedoras
Questões |
D |
DP |
N |
CP |
C |
NR |
Uma
carreira como empreendedora não é atraente para mim? |
59 |
7 |
9 |
11 |
14 |
0 |
Se eu
tivesse oportunidade e recursos, adoraria começar um novo negócio próprio? |
9 |
2 |
14 |
9 |
66 |
0 |
Diante
de várias opções, preferiria qualquer coisa, exceto começar um negócio
próprio? |
59 |
18 |
11 |
7 |
5 |
0 |
Ser
uma empreendedora me traria grande satisfação? |
9 |
2 |
14 |
18 |
55 |
2 |
Ser
uma empreendedora implica mais em vantagens do que em desvantagens para mim? |
5 |
2 |
16 |
20 |
57 |
0 |
Meus
parentes mais próximos aprovariam minha decisão de começar um negócio de
cunho social? |
11 |
4 |
23 |
30 |
32 |
0 |
Começar
e manter um negócio próprio seria fácil para mim? |
20 |
26 |
28 |
39 |
7 |
0 |
Sou
capaz de controlar o processo de criação de um novo negócio? |
11 |
5 |
7 |
50 |
27 |
0 |
Se eu
tentasse começar um negócio, teria uma grande chance de ser bem sucedida? |
7 |
0 |
20 |
43 |
30 |
0 |
Seria
muito difícil desenvolver uma ideia de um novo negócio? |
20 |
20 |
14 |
32 |
14 |
0 |
Conheço
todos os detalhes práticos para começar um negócio? |
18 |
20 |
23 |
32 |
7 |
0 |
Estou
preparada para fazer qualquer coisas para ser uma empreendedora social? |
16 |
16 |
30 |
34 |
4 |
0 |
Farei
todo o esforço necessário para iniciar e manter meu próprio negócio |
4 |
7 |
18 |
30 |
41 |
0 |
Tenho
serias dúvidas em algum dia começar um negócio próprio. |
7 |
18 |
25 |
41 |
9 |
0 |
Estou
determinada a criar um negócio inovador no futuro? |
14 |
2 |
23 |
36 |
25 |
0 |
Fonte: Elaborada pelos autores,
2019. Nota. (D) Discordo; (DP) Discordo em Parte; (N) Neutra; (CP) Concordo em
Parte; (C); Concordo; e (NR) Não respondeu.
Quanto à
quarta questão apresentada na Tabela 1, 9% discordam da ideia de que ser uma empreendedora traria satisfação; 2% discordam em
parte com essa questão; 14% assinalaram a opção neutra; 18% concordam em
parte com a ideia enquanto que 55% concordam. Já 2% das participantes não
responderam.
Em
relação à quinta questão, pode-se observar que as participantes que concordam
que ser empreendedoras implica mais em vantagens do que desvantagens foram 57%; as que concordam em parte foram 20%; as
que optaram por ficar neutras foram 16%; as que discordam dessa questão somaram 5% e as que discordaram em parte
foram 2%.
Quando se trata de aprovação familiar para iniciar um novo negócio de
cunho social, 32% das participantes concordam que obteriam tal aprovação; 30%
concordam em parte, enquanto 23% das participantes ficaram neutras. Discordaram ter aprovação da
família para realizar empreendedorismo social 11% das participantes e 4%
discordaram em parte.
Entre as respondentes, 39% concordam em parte que seria fácil começar e
manter um
negócio próprio; 7% concordam e 18% foram neutras. Discordaram dessa
alternativa 20% e 16% discordaram em parte.
Outra questão abordada foi a capacidade de controlar o processo de
criação de um novo negócio, nesse quesito, 50% das respondentes concordam em
parte e 27% concordam que são
capazes. Ficaram neutras 7% das participantes, enquanto 11% discordam e 5%
discordam em parte.
Das participantes, 43% concordam em parte que teriam uma grande
chance de serem bem-sucedidas se tentassem começar um negócio e 30% concordam que teriam grande
chance. Ficaram neutras 20% das participantes e 7% discordam da chance de serem
bem-sucedidas e nenhuma discorda em parte.
Quando
se trata da dificuldade para desenvolver a ideia de um novo negócio, 32% das
participantes concordam em parte e 14% concordam, enquanto 14% ficaram neutras. Discordam terem dificuldades para
desenvolver a ideia de um novo negócio 20%
e também 20% discordaram em parte.
Entre as
participantes, 7% concordam que conhecem todos os detalhes práticos para
começar um negócio, já a maioria das participantes, 32%, concordam em parte. Ficaram
neutras a essa questão 23% das participantes. Entre as que discordam conhecer
os detalhes para iniciar um novo negócio estão 18% das respondentes e 20%
discordam em parte.
A questão seguinte pretendia saber se as respondentes estão preparadas
para ser
empreendedora social. Concordam em parte 34%
das participantes e apenas 4% concordam estarem preparadas de fato. Posicionaram-se com neutralidade 30% e as
que discordam estarem preparadas para fazerem qualquer coisa para ser
uma empreendedora social somaram 16%,
também foram 16% o percentual de respondentes que discordaram em parte.
Pode-se
observar na décima terceira questão da Tabela 1 que, 41% das participantes
concordam em fazer todo o esforço necessário para iniciar e manter o seu
próprio negócio; 30% concordam em parte; 18% ficaram neutras; uma pequena parte
das participantes, 4%, discordam fazer todo o esforço necessário para iniciar e
manter o seu próprio negócio e 7% discordam em parte.
As
participantes que discordam ter sérias dúvidas sobre algum dia começar um negócio próprio foram 7%; 18%
discordaram em parte; 25% das participantes
ficaram neutras. Entre as participantes 41% concordam em parte a respeito de
ter dúvidas sobre começarem um negócio próprio e 9% concordam.
Ficou demonstrado ainda que quanto à determinação para criar um negócio inovador no futuro, 36% das respondentes concordam em parte; 25%
concordam estarem determinadas; 23% mantiveram-se neutras; enquanto 14% discordam; apenas 2% discordam em parte estarem determinadas a criarem um negócio inovador
no futuro.
Para finalizar o
questionário, foram elaboradas duas questões especificas sobre empreendedorismo
social. Na
primeira delas, quando questionadas sobre a existência de empreendedor social
na família, 91% responderam não haver empreendedores sociais na família. Outros
9% disseram
ter algum familiar com esse tipo de empreendimento, sendo que uma, inclusive,
citou haver um parente que se dedica a alfabetização e o reforço escolar para
crianças. Na segunda questão,
as participantes foram indagadas quanto ao tipo de empreendimento social a que
se dedicariam. As respondentes podiam relatar
sua possível expectativa quanto a um futuro empreendimento social.
As respostas apontaram que 52% das participantes não possuem ainda uma opinião formada sobre o assunto; 32%
das respondentes relataram que se dedicariam a assuntos voltados para a
“Educação básica e social de crianças”, “Atendimento a moradores de rua”, “Algo
relacionado a psicologia/terapia de comportamento”, “Finanças pessoais”,
“Urbanismo”, “Cooperativismo familiar”, “Ajudar animais abandonados”, entre
outras opções. Percebe-se o vasto leque de possibilidades para esse tipo de
empreendedorismo. Outras respostas não foram consideradas pois 16% das
participantes confundiram empreendedorismo
social com empreendedorismo voltado para renda.
5 Considerações Finais
A pesquisa que resultou neste artigo
iniciou-se com a aplicação de um questionário baseado em um instrumento
validado por Liñan e Chen (2009). Responderam ao questionário as discentes
presentes no dia da aplicação do instrumento, totalizando 44 respondentes entre
os cursos da FACAP (21 de Ciências Contábeis, 17 de Administração e 6 de
Economia).
Ao aplicar o questionário, chegou-se a
conclusão que as discentes formandas em Ciências Contábeis, Ciências Economia e
Administração percebem a necessidade de criação e gestão de empreendimentos
sociais, respondendo a questão norteadora.
Entre as participantes, 48% têm idade entre 22 e
25 anos, 91% estudou em escolas públicas e 80% trabalha em entidades privadas.
Observou-se que 66% das discentes concordam com a ideia de que se
tivessem oportunidades e recursos abririam um
negócio, sendo que a maioria delas tem a intenção de empreender
futuramente em algum tipo de atividade de cunho social, embora não possuam uma
opinião formada sobre o assunto.
No quesito relacionado aos familiares, a
maioria disse não possuir nenhum familiar que atua no empreendedorismo no campo
social, confirmando o que relata a literatura a respeito do empreendedorismo
social no Brasil estar em seu estágio inicial. No entanto, as respondentes
julgam que teriam apoio familiar para empreender e que possuem ideias sobre
algum modo de empreender socialmente, bem como condições de manter um negócio.
Além disso, elas consideram que seriam bem-sucedidas.
Convém ressaltar que uma parcela
significativa das respondentes afirmou já possuir ideias relacionadas a
projetos de empreendedorismo social, destacando-se as possibilidades voltadas
para apoio às crianças.
Em função do conjunto de achados, pode-se
concluir que as participantes consideram importante o empreendedorismo social,
indicando a relevância da pesquisa e destacando a necessidade de ampliação de
estudos nesse campo.
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