vol.
4, n. 1, Janeiro-Abril/2020
DOI: https://doi.org/10.30781/repad.v4i1.9523
O CENÁRIO DA PESQUISA CIENTÍFICA NO IFMT A PARTIR DO FINANCIAMENTO À
PESQUISA E DA PRODUÇÃO
Raul Tavares Cecatto
raulcctt@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-9310-0518
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Primavera do Leste, Mato Grosso, Brasil
Gabriella Zanoto Botton
https://orcid.org/0000-0001-9589-1202
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Primavera do Leste, Mato Grosso, Brasil
Laura Wobeto Burtet
https://orcid.org/0000-0002-6328-9580
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Primavera do Leste, Mato Grosso, Brasil
Diogo Barbosa Leite
http://orcid.org/0000-0002-8490-0502
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Primavera do Leste, Mato Grosso, Brasil
Silvana Santos da Cruz
https://orcid.org/0000-0001-5872-8916
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Mato Grosso
Cuiabá, Mato Grosso, Brasil
Resumo
O
desenvolvimento das Instituições de Ciência e Tecnologia passa necessariamente
pelo debate quanto ao progresso da pesquisa e do impacto das produções
realizadas pelos pesquisadores e pela academia. Partindo disso, este estudo
teve por objetivo mapear a produção científica dos pesquisadores de uma
instituição federal de ensino, especificamente o IFMT. Utilizando de coleta de
dados secundários e métodos bibliométricos, o estudo levantou informações
acerca da aplicação de recursos para financiamento da pesquisa científica na
instituição, além de terem sido averiguadas as produções científicas dos
projetos de pesquisa. Como resultados, foram apresentadas a produção
bibliográfica de parte dos projetos de pesquisa, bem como relatos dos
coordenadores acerca de desafios, sugestões e novos caminhos para a pesquisa na
instituição.
Palavras-chave: Produção bibliográfica.
Bibliometria. IFMT.
SCIENTIFIC RESEARCH SCENARIO AT IFMT ACCORDING TO RESEARCH FINANCING AND
THE TEACHER ACADEMIC PRODUCTION
Abstract
The development of the
Science and Technology Institutions goes through the debate about the progress
of research and the impact of the productions made by researchers and academia.
Based on this, the goal of this study was to map the scientific production of researchers
from a federal educational institution, the IFMT. Using secondary data
collection and bibliometric methods, the study provides information on resource
applications for funding scientific research in the institution, besides were
evaluated the scientific productions of research projects. As results, were
presented the bibliographic production of part of the research projects, as
well as the reports of the coordinators about the challenges, suggestions and
new ways for research in the institution.
Keywords: Bibliographic production. Bibliometry.
IFMT.
Submetido: 16/12/2019
Aceito: 23/01/2020
Publicado: 31/01/2020
1.
Considerações iniciais
As discussões acerca da
quantidade e qualidade da pesquisa científica brasileira, alvo de diversos
estudos, foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo. O país tem experimentado
um avanço na relevância das publicações brasileiras, principalmente pelo
desenvolvimento de sua estrutura educacional, qualificação dos pesquisadores e
pela maior disponibilização de recursos para financiamento da pesquisa.
Contudo, ainda há um vasto caminho a ser percorrido, já que a nível global, o
país ainda se mantém muito distante dos principais países que mais investem em
pesquisa (SENADO FEDERAL, 2012).
A partir disso, faz-se necessário
mapear a pesquisa nas instituições de ensino, visando estabelecer cenários para
que sejam criadas discussões e políticas pertinentes para os seus maiores
desafios. Por isso, este estudo amplia essas discussões no Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), tendo o objetivo de
mapear a produção científica dos pesquisadores da instituição. Esse mapeamento
foi operacionalizado a partir do levantamento de dados secundários referentes
aos montantes utilizados para o financiamento da pesquisa na instituição, assim
como a coleta de dados primários, mediante aplicação de questionário junto a
coordenadores de projetos de pesquisa.
Nesse contexto, Audy (2017)
discorre sobre o papel das instituições de ensino. Essas atuam como veículos de
desenvolvimento social e econômico dentro de uma sociedade, ampliando o seu
papel básico de ensino. Somado a isso, a pesquisa surge como impulso nesse
processo de transformação, trazendo os resultados para a comunidade, atuando
como fonte de resolução de problemas e servindo de base para novos produtos e
serviços. Desta forma, o autor evidencia a relevância da conexão entre
universidade e pesquisa.
Diante disso, mapear a pesquisa
no IFMT se justifica perante sua relevância econômica, social e acadêmica.
Conhecer e pesquisar a vocação das pesquisas realizadas pela instituição é um
marco para o fortalecimento e avanço deste elemento como parte do tripé
pesquisa, ensino e extensão, bem como para a gestão institucional. Além disso,
é um importante ponto de partida para novos estudos, além de permitir futuras
pesquisas na própria Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT), como também
comparações com relação a outras.
2.
Referencial Teórico
O termo Ciência vem do verbo
latim Scire, que significa “conhecer”, “aprender”. Porém, essa definição
é insuficiente para diferenciar ciência de outras atividades que também
envolvem o conhecimento e o aprendizado. Conforme Prodanov e Freitas, (2013),
ciência é um conjunto de atividades e atitudes racionais, dirigida a um conhecimento
com objetivo limitado, possível de ser submetida a uma verificação. Ciência é
“conjunto de proposições, relacionados logicamente, sobre o comportamento de um
certo fenômeno que se deseja estudar” (LAKATOS; MARCONI, 2017, p. 80)
Segundo Prodanov e Freitas
(2013), o objetivo principal da ciência é chegar à veracidade dos fatos. A
diferença entre o conhecimento científico e os outros tipos de conhecimento é
que o conhecimento científico tem uma fundamentação e uma metodologia a serem
seguidos, além de ser baseada em informações que disponibilizam explicações a
respeito do objeto estudado, submetidas a verificação. Já conforme Freitas e
Sobral, (2014), a metodologia científica busca resgatar a capacidade de pensar
dos alunos, passando de um nível espontâneo para um nível reflexível, na qual
dessa forme que se aprende a pensar à medida que se realizam as indagações
sobre o ato de pensar.
Prodanov e Freitas (2013) afirmam
que o conhecimento científico é dotado de algumas características, como o
acumulativo, útil para melhorar a vida humana, analítico, comunicável e
preditivo. Os autores argumentam ainda que pesquisa científica tem por
finalidade conhecer cientificamente aspectos de determinado assunto, portanto,
deve ser sistemática, metódica e crítica. Na academia, a pesquisa é tida como
um exercício que desperta o espírito da investigação diante dos problemas
sugeridos pelos professores.
Os mesmos autores também reforçam
que a pesquisa cientifica é um estudo planejado, no qual é o meio de abordagem
do problema que o caracteriza como científico. Tem por objetivo descobrir
respostas para questões de acordo com a aplicação de um método científico. A
pesquisa cientifica parte de um problema que o conhecimento disponível não é
capaz de responder, e para encontrar a solução desse problema são levantadas
algumas hipóteses, que serão confirmadas ou recusadas pela pesquisa. Para eles,
o planejamento da pesquisa depende tanto do problema, da sua natureza e da
situação espaço-temporal, quanto da natureza e grau de conhecimento do
pesquisador.
De acordo com Mascarenhas,
Zambaldi e Moraes (2011), um artigo científico seria relevante conforme sua
capacidade de gerar novos entendimentos, de atrair a atenção da audiência na
comunidade, ou de criticar e contestar suposições anteriores. A produção de uma
pesquisa cientifica com excelência depende da idealização do rigor e da
relevância do texto científico, causando impacto na comunidade, sendo essa uma
condição necessária para publicação em periódicos prestigiados. Quem atribui
relevância a um trabalho são os membros da comunidade, já que o texto deve
dialogar com suas tendências, provando ser útil à definição de suas realidades,
exigindo assim maior comprometimento do pesquisador.
Dentre os pontos cruciais para o
desenvolvimento da pesquisa nas ICT contam os grupos e o os projetos de
pesquisa. Nesse caso, a importância de grupos de pesquisa na Rede Federal de
ensino, do qual o IFMT é parte, é antiga. Remonta da década de 1980, com o
surgimento do primeiro grupo de pesquisa de toda a rede. Com o passar do tempo,
a disposição dos grupos de pesquisa se modificou, sobretudo a partir da
expansão da Rede Federal e da criação dos Institutos Federais. No ano base de
2016, foram catalogados 2.749 grupos de pesquisa em todas as instituições da
Rede Federal, com um total de 19.996 pesquisadores, sendo ao todo 37.953
membros, dentre pesquisadores, técnicos, estudantes e colaboradores (ESTEVAM,
2017).
Tendo isso, mapear a produção,
características, dentre outros aspectos próprios dos grupos e projetos de
pesquisa do IFMT pode ser um importante feito a fim de demarcar cenários e
estratégias de fortalecimento, o que justifica a pertinência deste estudo. O
avanço da Rede Federal de Ensino Profissional acarretou, dentre outras coisas,
o incremento na participação da pesquisa realizada nas instituições membras.
Nesse caso, os grupos de pesquisa são importantes mecanismos de propagação da
pesquisa, já que pesquisadores de diferentes ou semelhantes áreas se agrupam
com finalidades e interesses de pesquisas comuns. Logo, os grupos de pesquisa
têm se firmado como uma importante estratégia para evolução da pesquisa
científica de maior impacto e de resultados com maior relevância, inclusive
dentro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso.
3.
Procedimentos metodológicos
O objetivo do estudo foi de natureza descritiva
(GIL, 2002), sintetizado por descrever os fenômenos observados e suas
interações. Logo, descritiva porque a pesquisa realizou, a partir do recorte temporal,
o mapeamento da produção docente na instituição em variados estratos de
interpretação. Os resultados da pesquisa expressam-se pela abordagem
quantitativa (CRESWELL, 2007), a partir das informações de natureza
bibliométrica, com dados consolidados acerca da produção dos projetos de
pesquisa analisados.
A partir do levantamento bibliográfico, foi
realizada análise de dados secundários que permitiu extrair informações da
evolução do financiamento para a pesquisa na instituição. Além disso, foi
desenvolvido a partir do levantamento de dados primários, mediante aplicação de
questionários. A fim de operacionalizar a investigação, ela foi dividida em
linhas de atuação, conforme Figura 1.
Figura 1.
Linhas para realização da pesquisa
Fonte.
elaborado pelos autores (2019).
Desse modo, a pesquisa se consistuiu em duas linhas
complementares:
a) Iniciação científica no IFMT:
teve como objetivo pesquisar a composição dos recursos financeiros destinados a
iniciação científica no IFMT e a sua evolução nos últimos anos.
b) Projetos de pesquisa: buscou-se
realizar um levantamento de informações básicas sobre a produção e perspectivas
dos projetos de pesquisa aprovados em editais internos da instituição e que
tenham sido encerrados entre janeiro de 2017 e julho de 2019.
Na próxima seção, dividida de acordo com as linhas
de pesquisa executadas ao longo do estudo, serão apresentados os resultados
gerais de cada uma delas. A linha de pesquisa acerca da produção bibliográfica
dos projetos de pesquisa da instituição é aquela cujos resultados aparecem mais
densamente discutidos neste trabalho. Informações gerais, além de considerações
metodológicas estão apresentadas nas respectivas subdivisões.
4.
Resultados e Discussão
4.1
A evolução da iniciação
científica na instituição
A partir da coleta de informações junto a
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROPES) do IFMT, foi
realizada uma análise descritiva a respeito da composição financeira do
programa de iniciação científica do IFMT, a partir da evolução das bolsas e da
evolução do financiamento da iniciação científica (IC). Os dados foram
coletados durante os meses de agosto e setembro de 2018, de forma que fossem
informações já consolidadas e por isso, com maior grau de representatividade.
O IFMT, a partir do uso de recursos próprios,
possui dois tipos de bolsas: o Programa de Iniciação Cientifica dos cursos
técnicos (PROIC-TEC) e o programa para estudantes de graduação (PROIC-GR). O
financiamento externo é dado por duas agências de fomento à pesquisa, em quatro
modalidades diferentes: a Iniciação Cientifica da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Mato Grosso (IC-FAPEMAT); o Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI-CNPq), pelo
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) e o
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Ensino Médio
(PIBIC-EM/CNPq).
A fim de estabelecer um padrão para visualização
dos resultados, foram construídas tabelas e, partir delas, foram gerados
gráficos de linha, mais adequados para estabelecimento de um padrão de evolução
ao longo do tempo. A Figura 2 estabelece a evolução no número de bolsas a
partir do biênio de 2009/2010 na instituição.
Figura 2.
Evolução na oferta de bolsas por modalidade
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
A partir dos resultados, nota-se um primeiro
aspecto relevante que é o crescimento de pesquisadores voluntários. A pesquisa
voluntária é atrativa por ser não onerosa em recursos e por isso pode ser um
importante canal de solução quando verificam-se cenários de escassez ou
desinvestimento em pesquisa. A Figura 3 apresenta a evolução na oferta de
bolsas por fonte.
A partir dos resultados, observa-se que há uma
prevalência do financiamento externo em detrimento do interno, o que pode ser
explicado de algum modo pela maior disponibilidade de recursos. Outra análise
realizada a partir dos resultados obtidos foi acerca do financiamento, seja por
modalidade ou por fonte, conforme destacado na Figura 4.
Figura 3.
Evolução na oferta de bolsas por fonte
Fonte.
dados da pesquisa, (2019)
Figura 4
- Evolução na oferta de financiamento por modalidade
Fonte. dados da pesquisa (2019)
Em relação a primeira modalidade, PROIC-TEC,
nota-se certa variação no montante investido. Em relação a modalidade
PROIC-Grd. verifica-se a mesma tendência da modalidade técnica, com a principal
diferença sendo a maior proporção de recursos investidos, na série histórica. A
partir de 2009, tendência positiva, sendo sucedida por uma tendência de queda a
partir de 2014.
Na modalidade IC-FAPEMAT, observa-se uma tendência
positiva, sendo crescente o montante investido. Isso sugere, além da maior
disponibilidade de recursos pela agência, a criação de redes de cooperação
externa, de modo que sejam supridas as necessidades da instituição, inclusive
substituindo as fontes de financiamento internas.
Na próxima, PIBITI/CNPq, verificou-se uma
estabilidade ao longo da série histórica, sendo disponibilizados em 2016 cerca
de R$ 110 mil. Já na modalidade PIBIC/CNPq, percebe-se ainda uma pequena
parcela de participação na IC da instituição, sendo também um investimento
considerado constante ao longo do período analisado, sem picos nem quedas
relevantes.
Por fim, na modalidade PIBIC-EM/CNPq, verifica-se
uma relevância na participação de recursos, que foi crescente no início do
período analisado e prosseguiu com estabilização. Embora não seja responsável
pelo maior valor investido, é essa a modalidade que concentra o maior número de
bolsas. Isso pode ser explicado pelas peculiaridades de cada edital de oferta,
que disponibilizam bolsas, custeio, equipamento e linhas de financiamento
diferentes.
A fim de comparar o financiamento por fontes,
interna ou externa, foi realizado um gráfico, conforme disposto na Figura 5.
Figura 5.
Evolução na oferta de financiamento por fonte
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
A análise da figura implica afirmar que no início
da implementação dos programas de IC, a fonte de financiamento principal para o
programa era originária de recursos próprios. Contudo, passado o tempo e a
evolução do programa, foram sendo implementados recursos de origem externa, até
que no ano de 2015 foram superiores as fontes internas pela primeira vez. Em
2016, os recursos para financiamento em IC originados de fontes internas foram
da ordem de R$ 240 mil reais, enquanto de fontes externas foram de R$ 846 mil.
4.2
A produção bibliográfica dos
projetos de pesquisa
Por fim, a segunda linha do projeto consistiu no
mapeamento da produção bibliográfica dos projetos de pesquisa do IFMT. A
sondagem foi realizada por meio da aplicação de um formulário online
desenvolvido via Google Forms. O
formulário continha perguntas fechadas e abertas, por exemplo para a
especificação das produções dos projetos de pesquisa e considerações a serem
evidenciadas. Tal sondagem ocorreu entre os dias 03 e 22 do mês de julho de
2019, tendo em vista que era a etapa final para realização do projeto de
pesquisa homônimo, realizado na instituição. Foram obtidas 43 respostas de um
total de 245 projetos, após sucessivos contatos realizados via email, único
canal escolhido para acesso aos coordenadores. Foram contactados coordenadores
de projetos de pesquisa, vinculados a editais da PROPES ou a editais internos
dos campi, que tenham sido encerrados entre janeiro de 2017 e julho de
2019.
Ao término deste prazo, as informações foram
tratadas e agrupadas para que desta maneira pudessem ser transformadas em dados
com cunho quantitativo, destacadas a seguir.
A Figura 6 contém os projetos de pesquisa e seus
respectivos campi que responderam ao questionário aplicado. Pode-se
observar que o campus com maior participação foi o Octayde Jorge da Silva, da
cidade Cuiabá. O segundo lugar foi o campus da cidade de Campo Novo do Parecis.
Pode-se observar também uma alta distribuição em relação às demais respostas.
Figura 6.
Origem dos coordenadores de projetos
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
Os projetos de pesquisa contam com alguns tipos de
financiamento para o seu desenvolvimento, conforme Figura 7. O gráfico abrange
tais dispositivos, sendo possível constatar que mais de 50% dos recursos são
provindos dos recursos próprios da instituição (54,5%), outros projetos contam
com financiamentos da FAPEMAT (27,3%), CNPq (4,5%), e por último os projetos
que não apresentam financiamento por serem relacionados a iniciativas
voluntárias (13,6%).
Os projetos de pesquisa podem ou não contar alunos
que participam em seu desenvolvimento com auxílio de bolsas. A Figura 8 mostra
que mais da metade, 59,1% dos projetos possuem 1 aluno bolsista, cerca de 13,6%
possuem 2 alunos bolsistas, 18,2% possuem mais de 2 alunos bolsistas e cerca de
9,1% de projetos sem alunos bolsistas.
Os projetos de pesquisa também podem contar com
coordenadores bolsistas. Foi verificado que dos projetos analisados, 24 possuem
coordenadores com bolsa e cerca de 56,8% não possui coordenadores bolsistas.
Sabe-se que os projetos de pesquisas contam com o auxílio da taxa de bancada,
onde tal subsídio é direcionado para a ajuda financeira no desenvolvimento do
projeto e compra de alguns tipos itens necessários para a execução. A partir
das respostas, observou-se que 36 projetos dependiam de tal recurso.
Figura 7.
Tipo de financiamento dos projetos
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
Figura 8.
Alunos bolsista por projeto
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
A Figura 9 apresenta os resultados acerca do
quantitativo de projetos por grau de satisfação com a execução, marcados pelos
respectivos coordenadores. A análise da Figura 9 permite interpretar que a
maioria dos projetos têm uma execução positiva e pouquíssimos tiveram problemas
com a sua execução. Isso é positivo para a instituição, já que foi obtido
sucesso na maioria das execuções dos projetos.
Foi solicitado que os coordenadores justificassem,
em uma questão aberta, os motivos pelos quais avaliavam o grau de satisfação em
relação a execução dos trabalhos. Em geral, as respostas afirmaram satisfação,
pois atingiram metas e prazos, gerando assim bons resultados das pesquisas, já
que em sua maioria houve a participação e colaboração direta e eficiente de
seus integrantes.
Foi indagado aos respondentes que também marcassem
o grau de satisfação com os resultados do projeto, o que permitiu verificar que
nenhum dos projetos participantes obteve resultado insatisfatório ou muito
insatisfatório. Os principais motivos relacionados ao índice de satisfação
foram a percepção dos coordenadores perante a participação dos alunos nas
pesquisas e em eventos, já que desta maneira houve uma maior interação e
aprendizagem entre o meio acadêmico e social.
Figura 9.
Grau de satisfação com a execução do projeto
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
Solicitou-se que fossem apresentadas as principais
dificuldades relacionadas com a execução do projeto. Entre as principais
dificuldades, foram citadas:
a) a falta de infraestrutura física:
como indicado pelos coordenadores, faltam espaços para realizar reuniões e
laboratórios específicos;
b) o aumento do prazo dos projetos:
muitos coordenadores indicaram que devido a carga horária de aula não tiveram o
tempo para dedicar-se à pesquisa no prazo estipulado em edital;
c) falta de recursos para aquisição
de materiais: um exemplo apresentado foi a dificuldade de encontrar
instituições com equipamento adequado para realizar ensaios de condutividade
térmica, implicando em tempos mais longo;
d) carga horária dos membros:
causaram certa dificuldade para os grupos, já que existiu dificuldade em ter os
encontros com a equipe, uma vez que os estudantes têm alta carga horária em
sala de aula/estágio;
e) burocracia excessiva com
levantamento de orçamentos e prestações de conta: segundo os coordenadores,
tomam tempo do pesquisador quando comparado ao tempo que investe na própria
pesquisa.
Por fim, foi solicitado que os coordenadores
apresentassem sugestões de melhorias para o desenvolvimento do eixo Pesquisa na
instituição. O Quadro 1 apresenta o agrupamento das sugestões mais recorrentes.
Quadro 1.
Sugestões para desenvolvimento do Eixo Pesquisa no IFMT
Área |
Sugestão |
Financiamento |
●
Regular prazos para pagamentos de bolsa ●
Aumento da taxa de bancada ●
Aumento dos recursos destinados a pesquisa ●
Maior participação em eventos ●
Apoio financeiro para publicação dos trabalhos e investimento |
Espaço |
●
Envolver a comunidade externa ●
Divulgação dos resultados de pesquisas ●
Identificar os pesquisadores que trabalham linhas de pesquisa
semelhantes a fim de formar grupos de pesquisa mais fortes ●
Parceria com outras ICT ●
Implementar laboratórios para pesquisa |
Edital |
●
Aliar aos PPCs ●
Articulação com ensino ●
Diminuir burocracia para processos de compras ●
Consistência e uniformidades nos editais ●
Uso de prazo de 18 meses |
Carreira |
●
TAE's na coordenação de projetos de pesquisa ●
Valorização dos pesquisadores ●
Normatizar a participação de alunos egresso e profissionais da
educação inativos ●
Redução carga horária de aula |
Fonte:
dados da pesquisa, (2019)
Em relação a produção bibliográfica dos projetos,
foi solicitada a apresentação de todas as publicações realizadas e a Tabela 1
sintetiza os principais resultados obtidos.
Tabela 1.
Tipo de Produções realizadas
Tipo |
Título |
Número |
|
Publicação em anais de evento ou congresso |
10º CATI - UNEMAT -
Barra do Bugres |
1 |
|
Anais da IV JENPEX
IFMT Tangará da Serra |
4 |
||
Anais da JENPEX
IFMT Campus Cuiabá 2017 |
2 |
||
61º CONGRESSO
BRASILEIRO DO CONCRETO - BC2019 |
1 |
||
CEPEX III IFMT
Rondonópolis 2019 |
2 |
||
CITCEM/SPAE | Faculdade
de Letras da UP |
4 |
||
CITCEM/SPAE
Descobrindo |
1 |
||
Colóquio
Internacional “Modos de Fazer” |
5 |
||
CONECTA IF- VII
Semana de Produção Científica do IFB |
1 |
||
Flisol2019 |
1 |
||
IFMT CAMPUS JUÍNA |
4 |
||
II manhã de Campo
do IFMT CNP |
1 |
||
III JENPEX Campus
Avançado Sinop |
1 |
||
IV SECITA |
1 |
||
Anais da JENPEX de
2018 IFMT Campo Novo do Parecis |
2 |
||
Revista Digoreste |
1 |
||
SEMIEDU 2018 |
1 |
||
SEMIEDU 2017 |
1 |
||
SIGET – 2019 |
1 |
||
VIII SIMCOPE |
1 |
||
Publicação em periódico |
TÍTULO DA REVISTA |
QUALIS |
|
Revista
Biodiversidade |
C |
1 |
|
Revista Educação,
Cultura e Sociedade |
B4 |
1 |
|
Revista de Estudos
Acadêmicos de Letras |
B3 |
1 |
|
Revista Athena |
B5 |
1 |
|
Revista Africa(s) |
B3 |
1 |
|
Brazilian Journal
of Development |
B2 |
1 |
Fonte.
dados da pesquisa (2019)
A partir da Tabela 1, pode-se afirmar que há uma
maior atuação dos projetos de pesquisa em anais de eventos ou em congressos, do
que em periódicos. Com relação aos periódicos, a publicação com maior impacto
ocorreu no “Brazilian Journal of
Development”, que possui Qualis B2. Diante disto, infere-se que apenas 6
projetos de pesquisa, diante de um total de 43 respondentes, tiveram a
recorrente publicação.
Os projetos de pesquisa ao longo de sua duração
produzem e desenvolvem inúmeras produções bibliográficas. Nos projetos em
estudo, como evidenciado na Figura 10, foram apontados “artigos completos e
publicados”, “livros e capítulos”, além de “trabalhos publicados em anais de
congressos”. Há ausência de projetos que produziram “partitura musical” e
“traduções”, além de que foram contabilizados vinte produções como sendo
“outras produções bibliográficas”.
Figura
10. Quantitativo das produções bibliográficas realizadas
Fonte.
dados da pesquisa (2019).
5.
Considerações finais
Infere-se que há uma grande e vasta rede de
conhecimento a ser catalogada, quantificada e divulgada para a comunidade
interna e externa ao IFMT. Nota-se que o potencial de crescimento e
desenvolvimento educacional a partir dos grupos e projetos de pesquisa é
genuína e promissora, pois através do emprego de tais estratégias pode-se
existir maior desenvoltura e abrangência na formação curricular, crescimento no
caráter individual e uma ampliação de horizontes voltadas para as áreas de
atuação dos discentes.
Observa -se também que os projetos de pesquisa
afloram as barreiras geográficas e expandem seus saberes por meio de congressos
e eventos. A primeira linha de investigação obteve um panorama do investimento
em pesquisa na primeira década da instituição, em que se pode constatar que o
número de pesquisadores voluntários vêm aumentando. Outro aspecto apresentado
foi que a maior parte das bolsas oferecidas no IFMT provém de financiamento
externo. Na outra frente de pesquisa visualizou-se, ainda que com limitações de
amostra, importantes sugestões e caminhos futuros a serem almejados para
promoção do desenvolvimento da Pesquisa na instituição. Em relação as
limitações do estudo, a própria natureza da investigação impôs restrições,
principalmente quanto ao acesso dos coordenadores de projetos, dada a magnitude
e a alta capilaridade dos campi do instituto federal pelo estado.
O estudo, parte dos resultados de um projeto
executado na própria instituição, propôs oferecer novas constatações a partir
das análises realizadas, servindo para mapear o cenário da pesquisa no IFMT, o
que pode servir para o surgimento de iniciativas que garantam alto desempenho
no uso dos recursos, além de oportunidades para melhorias. Pesquisas futuras
podem ter o estudo como base para novas análises e discussão sobre os pontos
essenciais para o desenvolvimento da Pesquisa na instituição, fortalecendo a
comunidade, pesquisadores, docentes, grupos de pesquisa e seus projetos.
Referências
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FREITAS,
M. A. B; SOBRAL, A. V. C. Metodologia científica no curso de Administração: uma
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1/2, p. 93-103, abr. 2016. ISSN 2359-618X. Disponível em:
<doi:http://dx.doi.org/10.12662/2359-618xregea.v3i1/2.p93-103.2014>.
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MASCARENHAS, A. O.; ZAMBALDI, F.; MORAES, E. A. Rigor, Relevância e
Desafios da Academia em Administração: Tensões Entre Pesquisa e Formação
Profissional. Revista Administração de Empresas, v. 51, n. 3, p.
265-279, São Paulo, maio/jun. 2011
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do Trabalho Científico:
Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Universidade Feevale:
Novo Hamburgo, 2013.
SENADO FEDERAL. Brasil ainda longe dos líderes. Em discussão! Revista de audiências públicas do
Senado Federal. Ano 3, Nº 12, setembro de 2012