Vol. 3, n.
2, Agosto/2019
panorama dos artigos sobre MAPAS MENTAIS PUBLICADOS NA SCIENTIFIC PERIODICALS ELETRONIC LIBRARY – SPELL E NA SCIENTIFIC LIBRARY ONLINE – SCIELO
Cauê Felipe Pimentel
https://orcid.org/0000-0002-2090-8695
Universidade Federal
de Mato Grosso
Dhonatan Diego Pessi
http://orcid.org/0000-0003-0781-785X
Universidade Federal
de Mato Grosso
RESUMO
O mapa mental é uma ferramenta de planificação
e de anotação de informações de forma não linear, o que favorece a memorização,
a criatividade, a organização de ideias e possibilita a análise de dados qualitativos. O objetivo
desta pesquisa é identificar
qual é o panorama dos artigos sobre mapas mentais publicados na base da Scientific Periodicals
Eletronic Library (Spell) e da Scientific Eletronic
Library Online (SciELO). Utilizou-se a base de dados da Spell e da SciELO para o
levantamento dos artigos que continham, em seus resumos ou em seus títulos, as
palavras “mapas mentais”. O levantamento, realizado em novembro de 2018,
identificou 19 artigos, 09 artigos na base de dados da Spell e 10 artigos na base
de dados da SciELO. Os
resultados desta pesquisa evidenciam que o tema pesquisado está emergindo e que
as reflexões realizadas possibilitam iniciar um debate acerca da
produção científica brasileira sobre os mapas mentais, considerando a
importância e relevância da temática.
Palavras-chave: Mapas mentais. Análise
qualitativa. Estudo bibliométrico.
OVERVIEW
OF MENTAL MAP ARTICLES PUBLISHED IN SCIENTIFIC PERIODICALS ELECTRONIC LIBRARY -
SPELL AND SCIENTIFIC LIBRARY ONLINE – SCIELO
ABSTRACT
The mind map is a tool of planning and information note of unlinear
formed, which favors the memorization, creativity, ideas organization and
enable the qualitative data analysis. The objective of this research was
identify which is the overview of articles about mind maps published on
Scientific Periodicals Eletronic Library (SPELL) and Scientific Electronic
Library Online (SciELO). It was used the Spell
and SciELO data base for the survey of articles containing on yours
abstracts or on yours titles, the words “mind maps”. The search realized on
November of 2018, identified 19 articles, 9 articles was found in Spell
database and 10 articles in SciELO database. The results of this research have
evidenced that the theme researched is emerging and the reflections realized
made possible to initiates a debate concerning Brazilian scientific production
about mind maps, seeing the importation and relevance of thematic.
Keywords: Mind maps. Qualitative analysis. Bibliometric study.
Datas Editoriais:
Submetido: 25/06/2019
Aceito: 17/08/2019
Publicado: 31/08/2019
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Publicações fomentam a evolução do pensamento
científico, de maneira que são apresentados estudos, ensaios e perspectivas de
um fenômeno, sendo estes discutidos no ambiente acadêmico com o potencial de
ampliar as reflexões quanto às contribuições teóricas e práticas além de
ampliar a possibilidade do compartilhamento deste conhecimento. Nesta
perspectiva, um processo revisional dos estudos sobre mapas mentais em termos
de coerência, rigor, relevância e aplicabilidade, possibilitam uma contribuição
para o panorama atual da temática, assim como indicar um possível estágio do
desenvolvimento científico da área.
Desta forma, a utilização de técnicas de bibliometria consegue descrever a
evolução das publicações referentes a um determinado tema, identificar os
autores e coautores com maior participação nas publicações, juntamente com a
identificação das revistas que estão publicando. Assim, o conhecimento sobre as
publicações esclarecem lacunas do pensamento, como a influência dos
pesquisadores no desenvolvimento e na ampliação do conhecimento que configura
como uma característica para a fundamentação de novas pesquisas além do
destaque gerado pelas instituições de ensino como referência para publicações
em temas específicos.
Os resultados de um estudo bibliométrico podem auxiliar jovens
pesquisadores ou mesmo pesquisadores mais experientes, que se deparam com uma
nova temática ou buscam maneiras alternativas a visão e interpretação de um
fenômeno, pois sua aplicação auxilia no entendimento de novas temáticas e
áreas, podendo auxiliar, por exemplo, na identificação de tendências de
pesquisa e possibilitar o conhecimento acerca os métodos e teorias utilizados
(QUEVEDO-SILVA et al., 2016).
Por conseguinte, os mapas mentais surgem como um método de
análise de dados qualitativos, de maneira que oferecem um veículo alternativo
pelo qual os participantes de um estudo façam a interpretação de suas
experiências e posteriormente permitam que sejam analisadas. O uso de mapas
mentais na análise de dados ou como uma representação visual da compreensão e
interpretação de um pesquisador acerca de um fenômeno que está sendo analisado,
permite a realização de uma análise de dados complexos exigindo que os
pesquisadores empreguem uma ampla gama de estratégias para dar sentido aos
dados (WHITING;
SINES, 2012).
No estudo de Whiting e Sines (2012) foi introduzida uma
nova aplicação para os mapas mentais, a representatividade de uma compreensão
teórica emergente de dados de pesquisas qualitativas para os participantes
verificarem o seu entendimento. É relevante considerar que uma extensa pesquisa
na literatura e internet foi realizada para determinar se os pesquisadores
anteriores tinham tentado fazer uso de mapas mentais aliado a pesquisa
qualitativa, porém, não foram encontradas publicações abordando este tema.
Ao considerar a
evolução da pesquisa qualitativa alicerçada por teorias e métodos robustos no
processo de análise e interpretação no contexto em que a pesquisa se insere, o
que ocorre de maneira a quebrar a linearidade, é evidenciado que os mapas
mentais estão aliados a estes processos, porém, é fundamental o conhecimento
proporcionado pela bibliometria acerca da qualidade e quantidade das
publicações desta temática na realidade brasileira.
Portanto, o objetivo desta pesquisa é identificar qual é o panorama dos
artigos sobre mapas mentais publicados na base da Scientific Periodicals
Eletronic Library (Spell) e da Scientific Eletronic
Library Online (SciELO).
MARCO TEÓRICO
Estudos
envolvendo os mapas mentais são utilizados, de forma cada vez mais intrínseca,
na utilização como método de produção do conhecimento. Desta forma, destaca-se
Tony Buzan, psicólogo inglês e consultor educacional, que propôs o conceito de
mapas mentais considerando que o cérebro humano é um caldeirão de criatividade
e tudo que ele precisa é das ferramentas corretas para que esta criatividade
seja liberada ou melhor aproveitada (BUZAN, 2002).
O
autor Buzan partiu do princípio de que as ideias não nascem no cérebro humano
de maneira organizada, mas sim caótica, como imagens aparentemente desconexas e
aleatórias, que vão clareando conforme a rede neural do cérebro trabalha seus
relacionamentos com as experiências já vivenciadas (SILVA, 2015).
Segundo Buzan (2002), nos anos escolares aprendemos a tomar notas
linearmente, da esquerda para a direita, de cima para baixo usando lápis ou
caneta, muitas vezes de uma só cor. Observa-se que a monocromia, tende a não
estimular o cérebro e a falta de estímulos pode resultar em um baixo
desempenho, gerando deficiências no processo de aprendizagem. Adicionado a
isso, Buzan (2002) destaca o fato de nem todas as pessoas terem facilidade de
lidar com o conhecimento apresentado de forma linear, isto é, um caderno com anotações
escritas ou um livro didático, e ainda destaca que pessoas mais criativas
anotam os pensamentos de forma desordenada, já que as ideias chegam à memória
de forma flexível e não-linear.
Anotar
as ideias se transforma então em um processo seletivo, pois a busca por
palavras ou conceitos-chave, ou seja, aqueles que são introdutórios para uma
variedade de outros significados, que
estão inseridos no contexto temporal, social, político e ideológico do
indivíduo, garantem a pessoalidade e individualidade das ideias.
Desta
maneira, os mapas mentais são estruturas radiais, o que significa que as
informações neles contidas são dispostas em raios e com conceitos
inter-relacionados. A estrutura radial dos mapas mentais estimula a memória, a
recuperação de informações e a criatividade do indivíduo, manifestada na
habilidade de estabelecer e perceber conexões por meio das palavras, imagens,
cores, códigos e dimensões empregadas no mapa mental (BUZAN; BUZAN, 1994, p. 60).
Quando
desenhado, um mapa mental está organizando e hierarquizando os tópicos ou
palavras-chave de um assunto, ao mesmo tempo em que sintetiza o pensamento,
fornecendo a visão global, mostra os detalhes e as interligações do assunto e,
por fim, com a utilização de figuras e cores, promove a memorização das
informações ao estimular o cérebro (SILVA, 2015).
Diante
disso, Silva (2015) descreve os
benefícios para a utilização dos mapas mentais como, a organização de
conhecimento e maiores chances de aplicabilidade, a facilidade de memorização
e, consequentemente, maior facilidade e segurança na lembrança, o foco no que é
relevante e importante sobre um tema, o aumento da produtividade no estudo, e
também a comunicação mais estruturada e segura.
Nos mapas mentais se pode trabalhar com a
essência de um conceito e com imagens, símbolos, termos e ideias relacionados a
eles, favorecendo um processo criativo e não linear de organização da
informação. Utilizam uma estrutura hierárquica (taxonômica) para representar
uma ideia e os conceitos subjacentes, com o apoio de desenhos, textos e imagens
para fazer a representação de elementos (LIMA; MANINI, 2016). Porém, a elaboração dos mapas mentais depende de diversos
fatores: dos recursos de que o indivíduo dispõe; dos seus objetivos e
necessidades; do conteúdo a ser mapeado e seu formato atual; do seu grau do
conhecimento do conteúdo; da sua experiência tanto com mapas mentais quanto com
os recursos que está utilizando; e dispor de um software por auxiliar na dinâmica
da construção e alteração dos mapas mentais (SILVA, 2015).
Na
construção deste referencial teórico e no desenvolvimento da pesquisa foi
evidenciada a utilização de diferentes conceitos acerca os mapas mentais, tais
como os mapas conceituais e os mapas cognitivos. De forma a garantir o
entendimento dos fenômenos estudados e do estudo bibliométrico desenvolvido,
torna-se imprescindível a diferenciação, definição e aplicação destes três
conceitos.
Portanto,
na discussão sobre as diferenças entre mapas mentais e mapas conceituais, Silva
(2015) faz a observação de que os mapas mentais são,
aparentemente, semelhantes aos mapas conceituais, mas, possuem certas
diferenças. É possível afirmar que os mapas mentais são voltados para a gestão
de informações, de conhecimento e de capital intelectual; para a compreensão e
solução de problemas; na memorização e aprendizado; na criação de manuais,
livros e palestras; como ferramenta de brainstorming (tempestade de
ideias) e no auxílio da gestão estratégica de uma organização e ou negócio. Os
desenhos feitos em um mapa mental partem de um único centro, com base no qual
são irradiadas as informações relacionadas. O sistema de diagrama dos mapas
mentais funciona como uma representação gráfica de como as ideias se organizam
em torno de um determinado foco, (SILVA, 2015).
O
mapa conceitual, descrito por Silva (2015), também é uma representação gráfica,
contudo, em duas dimensões de um conjunto de conceitos construídos de tal forma
que as relações entre eles sejam evidentes. Os conceitos aparecem dentro de
caixas enquanto as relações entre os conceitos são especificadas por meio de
frases de ligação nos arcos que unem os conceitos. As frases de ligação têm
funções estruturantes e exercem papel fundamental na representação de uma
relação entre dois conceitos. Eles
podem incluir também representações visuais ou gráficas de conceitos para
estabelecer o entendimento ou a relação entre os diferentes conceitos. Dá-se o
nome de proposição as frases de ligação que conectam os conceitos. As
proposições são uma característica particular dos mapas conceituais se
comparados aos mapas mentais (SILVA, 2015; NOVAK; CAÑAS, 2010).
Os
mapas mentais assumem um modelo associativo de memória e usam linhas não
rotuladas ou setas entre conceitos. Em contraste, os mapas conceituais são
baseados em um modelo semântico de memória, e a vinculação de palavras ou
frases é necessária para sinalizar explicitamente a natureza da relação entre
os conceitos (SHAVELSON; RUIZ-PRIMO; WILEY, 2005).
O terceiro
conceito abordado na pesquisa, o mapa cognitivo de acordo com Eden (2004), é
usado para descrever a tarefa de mapear o pensamento de uma pessoa sobre um
problema ou assunto. O autor afirma que os mapas cognitivos são, geralmente,
obtidos através de entrevistas para a representação do mundo subjetivo do
entrevistado. Sendo assim, os mapas cognitivos podem ser usados para extrair
modelos mentais de algum decisor (EDEN, 2004).
Com o advento das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) e o desenvolvimento de softwares específicos para o uso em pesquisa, é
factível a utilização destes recursos computacionais para a realização da
análise qualitativa de dados. Os softwares de propósito geral, como
Editores de Texto, Planilhas Eletrônicas e Banco de Dados, podem ser usados no
processo a análise de dados qualitativos, ressaltando que os softwares são
instrumentos de apoio ao processo de análise, porém não fazem a análise pelo(s)
pesquisador (es), garantindo a capacidade interpretativa do fenômeno pelo
pesquisador. Para a realização e análise dos mapas mentais estão disponíveis
diversos softwares, inclusive para Smartphones, ou versão Web para
construção em rede, os quais destacam-se: Mind Meister®, Xmind®, Mind
Manager®, Coggle® e o FreeMind® (LIMA; MANINI, 2016).
Uma
aplicação destacada por Wheeldon e Faubert (2009) se destina a utilização dos
mapas mentais como uma ferramenta para coleta e análise de dados em pesquisa
qualitativa. Assim, os mapas mentais oferecem uma visão gráfica, focada nos
participantes, aos pesquisadores (em ciências sociais) que tendem a ser mais
visualmente orientados e, além disso, os mapas mentais auxiliam no “casamento”
dos dados com a teoria.
Um
trabalho que se utiliza de mapas mentais como ferramenta é a pesquisa de
Kraisig e Braibante (2017), descrevendo que foram realizadas intervenções com
duas turmas da 3ª série do Ensino Médio do noturno, na disciplina de Química de
uma escola pública, por meio de oficinas temáticas sobre a temática “Cores”
sendo construídos mapas mentais pelos estudantes. A partir da análise dos mapas
foi possível identificar a construção do conhecimento por parte dos estudantes,
sendo que os mapas mentais foram instrumentos eficazes na participação e no
empenho dos estudantes, com grande aceitação da atividade.
Entretanto
Micrute e Kashiwagi (2014) descrevem que os mapas mentais podem mostrar muito o que indivíduos pensam, quais as
suas opiniões e inferir o seu grau de conhecimento e experiência acerca de um
determinado tema. Sua confecção e análise podem ajudar na interpretação de
informações, na representação de problemas sociais, ambientais, econômicos e de
saúde, de forma que ao aliar as representações realizadas pelos mapas mentais
com entrevistas ou questionários tem-se a ampliação da capacidade de análise
qualitativa dos dados de uma pesquisa. Desta
forma, os mapas mentais podem ser utilizados na ampliação do desenvolvimento
científico individual e no desenvolvimento de estudos qualitativos, como método
de análise de dados.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizou-se a base de dados da Spell (Scientific Periodicals Electronic Library)
e da SciELO (Scientific Eletronic Library) para o levantamento dos
artigos que continham, em seus resumos ou em seus títulos, as palavras “mapas
mentais”. O levantamento, realizado em novembro de 2018, identificou 19
artigos, 9 artigos na base de dados da Spell e 10 artigos na base de dados da SciELO.
Na etapa da busca na base de dados foi identificado a duplicidade de um artigo
na Spell, na SciELO foi identificado dois artigos que já haviam sido
incorporados à pesquisa na base da Spell e houve um artigo que apresentou não
estar correlacionado com a temática da pesquisa, portanto, foram excluídos
quatro artigos da busca nas respectivas bases de dados, finalizando a amostra
em 15 artigos.
Estes artigos, então, foram trabalhados de maneira a serem
detalhados nas seguintes categorias: (1) nome da revista e os respectivos
Qualis/Capes (2013-2016) das revistas; (2) ano da publicação; (3)
palavras-chave; (4) autores; (5) instituições de ensino superior (IES); (6)
temática principal; (7) abordagem de pesquisa; (8) métodos; (9) corrente
teórica ou conceitos-chave do referencial teórico; e (10) modelo teórico
proposto pelo estudo. As informações relacionadas à revista, ano,
palavras-chave e autoria estão disponíveis na Spell, já na SciELO o acesso aos
dados da pesquisa ocorre pelo contato direto do pesquisador com o artigo. As
informações sobre IES foram obtidas diretamente no artigo, sendo consideradas
como IES aquelas relacionadas aos autores na data da publicação do respectivo
artigo. As demais informações foram obtidas na leitura dos artigos. Quanto às áreas
temáticas, foi verificado que a maior parte dos artigos possuía uma única área
temática e por isso foi adotado o critério de identificar cada artigo com
apenas uma temática principal, mesmo considerando ser uma limitação. A
identificação da corrente teórica ou conceitos-chave foi a parte mais difícil
do processo avaliativo. Em cada artigo, buscou-se a identificação de alguma
teoria utilizada como referencial teórico do artigo, além de mapear algum
conceito-chave, mesmo não se indicando de qual teoria o autor estava se
embasando. Já quanto à identificação de modelos teóricos propostos como
resultado do artigo, em artigos teórico-empíricos, optou-se por analisar a
apresentação dos dados e as conclusões e somente considerar, quando o autor,
claramente, destacava sua proposição como um produto do artigo. Para artigos
teóricos, foi analisado o artigo por completo para se identificar o modelo
teórico. Após a coleta e a validação dos dados, foram iniciadas as análises,
considerando três períodos (até 1998, 1999-2008 e 2009-2018), que são
apresentadas a seguir.
análise e interpretação dos dados
Optou-se
pela utilização do software Excel®,
para organização e análise das 10 categorias da pesquisa com os resultados
direcionados a sistematizar o panorama das publicações sobre mapas mentais. A
Figura 1 indica o quantitativo de artigos publicados ano a ano, com o primeiro
artigo publicado em 1998, ainda é possível identificar pouco crescimento do
número de publicações, nos anos seguintes, tendo alcançado o maior número de
publicações em 2015.
Figura 1. Artigos sobre Mapas
Mentais publicados nas bases SPELL e SciELO ao longo dos anos
Fonte. Dados da pesquisa (2018)
Quanto às
revistas que publicaram artigos sobre mapas mentais, até 1998, apenas a revista
Estudos de Psicologia (Natal) foi responsável pela publicação de um artigo. Já
no período de 1999 a 2008, outras três revistas passaram a publicar esta
temática, com uma publicação em 2007 pela revista Perspectivas em Ciência da
Informação e duas publicações em 2008 pela Revista Brasileira de Estratégia e
Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, vale destacar que essas
publicações ocorreram após um período de oito anos sem publicações sobre o tema
mapas mentais. No entanto, ao analisar o período de 2009 a 2018, constatou-se a
maior evidência de publicações, total de onze, considerando que cada revista
contribuiu com a publicação de um artigo, com efeito, permite a observação do
crescimento do número de artigos publicados nas revistas voltadas para a área
de gestão, representadas por sete revistas, sendo, Administração: Ensino e
Pesquisa, Cadernos EBAPE.BR, Revista Brasileira de Gestão de Negócios,
Administração Pública e Gestão Social, Revista Brasileira de Gestão Urbana,
Revista do Serviço Público e Production. Ainda, no período selecionado,
ocorreram publicações em duas revistas na área de psicologia, Psicologia
Escolar e Educacional e Psico-USF, uma na área de tecnologia, Revista de
Tecnologia Aplicada e uma na área de antropologia social, MANA.
Utilizando
o Qualis/CAPES (2013-2016), foi possível relacionar o quantitativo de artigos
por cada uma das classificações das revistas, conforme Figura 2. O Qualis/Capes
é um sistema usado para classificar a produção científica dos programas de
pós-graduação no que se refere aos artigos publicados em periódicos
científicos. Portanto, é evidenciado que as publicações sobre mapas mentais
ocorreram em revistas/periódicos avaliados como B1 em sua maioria, quatro
publicações, seguidos por revistas/periódicos avaliados como B2 e A2 com três
publicações cada. Já as revistas/periódicos avaliados como B3, e A1 obtiveram
duas publicações cada e por último, a revista/periódico avaliado como B4 obteve
uma publicação (Figura 2).
Figura 2. Artigos sobre mapas
mentais estratificados pelas revistas com Classificação Qualis
Fonte. Dados da pesquisa (2018)
Relacionado
à temática da pesquisa as palavras-chave comumente utilizadas foram: mapas
mentais (2 aparições), mapas conceituais (2 vezes) e mapas cognitivos (6
aparições). Infere-se que houve artigos que não retrataram os mapas mentais
como palavra-chave, tendo maior utilização como método de análise da pesquisa
publicada.
A
categoria analisada, referente aos autores, dos 15 artigos analisados, foram
identificadas 35 autorias. É factível que todos os artigos da pesquisa foram
desenvolvidos por autores diferentes, não havendo possibilidade de correlação
entre a produção científica sobre os mapas mentais e seus autores. O que
possibilita entender que a ampliação das publicações sobre mapas mentais está
ocorrendo em diferentes unidades de ensino e pesquisa no país. Assim, pode-se
caracterizar que quatro artigos foram elaborados por um autor, cinco artigos
contou com dois autores, quatro artigos com três autores, um artigo com quatro
autores e um artigo foi elaborado por cinco autores.
Em
correspondência à análise de autorias, também foram relacionadas as
Instituições de Ensino Superior (IES) de todos os autores, o que possibilitou
identificar aquelas com maior número de membros que publicaram artigos sobre
mapas mentais. Conforme disposto na Tabela 1, infere-se que apenas duas IES
tiveram mais de uma publicação de artigos sobre mapas mentais, que foram a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte com uma publicação em 1998 e outra
em 2017 e a Universidade Federal da Paraíba com uma publicação no ano de 2007 e
outra em 2017, havendo considerável lacuna de tempo entre as duas publicações.
Tabela 1. Apresentação das IES
e a quantidade de autorias em artigos sobre mapas mentais ao longo dos anos.
IES |
Publicações por período |
Total |
||
Até 1998 |
1999 - 2008 |
2009 - 2018 |
||
Centro Universitário FEI |
|
|
1 |
1 |
Universidade Paulista |
|
|
1 |
1 |
Universidade Presbiteriana Mackenzie |
|
|
1 |
1 |
Universidade de São Paulo |
|
|
1 |
1 |
Universidade Católica de Brasília |
|
|
1 |
1 |
Universidade do Estado da Bahia |
|
|
1 |
1 |
Universidade Federal de Pernambuco |
|
1 |
|
1 |
Universidade de Caxias do Sul |
|
1 |
|
1 |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
|
1 |
|
1 |
Universidade Federal da Paraíba |
|
1 |
1 |
2 |
Fundação Visconde de Cairu |
|
|
1 |
1 |
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte |
1 |
|
1 |
2 |
Universidade Federal do Piauí |
|
|
1 |
1 |
Universidade Federal de Ouro Preto |
|
|
1 |
1 |
Universidade Federal do Rio de Janeiro |
|
|
1 |
1 |
Universidade Federal de Santa Catarina |
|
|
1 |
1 |
Fonte. Dados da pesquisa (2018)
A
categoria, proposta neste estudo, de apresentação da temática principal dos
artigos pesquisados proporcionou a análise destas temáticas, obtendo uma
representação de três temáticas principais, que integram o escopo da pesquisa,
que foram os mapas mentais com duas representações, os mapas conceituais com
uma representação e os mapas cognitivos com três representações. Ainda é
possível analisar temáticas, dos artigos que não integraram o escopo da
pesquisa, que podem se consolidar em agrupamentos como representações
sociodemográficas com três apresentações, tecnologia e sistemas de informação
com quatro representações, avaliação ensino-aprendizagem com uma representação
e gestão ambiental com uma representação.
Os artigos
analisados foram classificados quanto à sua abordagem de pesquisa, sendo
identificados como pesquisa teórica ou teórica-empírica. Com esta análise foram
identificados três artigos teóricos publicados nos períodos de 2007, 2011 e
2015. Além de doze artigos teórico-empíricos, sendo a maioria destes mais
recentemente publicados entre 2009-2018 (9 artigos). Quanto aos métodos
empregados, três artigos eram ensaios teóricos, oito artigos eram qualitativos,
e quatro artigos apresentaram métodos mistos (qualitativo-quantitativo). Os
dados consolidados das categorias de abordagem da pesquisa e métodos estão
apresentados na Tabela 2.
Tabela
2. Abordagem de pesquisa e métodos utilizados nos artigos sobre mapas
mentais ao longo dos anos.
Abordagem
da pesquisa |
Método |
Período |
Total |
% |
||
Até 1998 |
1999 – 2008 |
2009 - 2018 |
||||
Teórica |
Ensaio teórico |
|
1 |
2 |
3 |
20% |
Teórica-Empírica |
Qualitativo |
1 |
|
7 |
8 |
53% |
Misto |
|
2 |
2 |
4 |
27% |
Fonte dados da pesquisa (2018)
Ademais, as duas últimas categorias propostas nesta pesquisa são
apresentadas conjuntamente, sendo corrente teórica ou conceitos-chave do
referencial teórico e modelo teórico proposto pelo estudo. A identificação da
corrente teórica ou dos conceitos-chave de cada artigo foi possível por meio da
leitura detalhada do referencial teórico de cada um dos artigos, o que
possibilitou identificar a existência de teorias que suportassem os estudos ou
a existência de conceitos, mesmo que não ligados diretamente a uma teoria. Do
mesmo modo, após a sistematização da categoria corrente teórica ou
conceitos-chave, obteve-se um conjunto pouco representativo de teorias
utilizadas pelos autores e uma maior utilização de conceitos. As principais
teorias identificadas foram: vulnerabilidade psicossocial e metacognição.
Quanto aos conceitos, tem-se como principais mapas mentais, mapas conceituais e
mapas cognitivos.
Em
relação à identificação dos modelos teóricos propostos pelos autores (Quadro 1),
dos quinze artigos evidenciados pela pesquisa, doze artigos indicavam algum
modelo e uma síntese de seus elementos principais o que propiciou a
representação na temática da pesquisa, de forma que três modelos tiveram um
quantitativo maior de evidências, como os relacionados aos mapas mentais (2
modelos), aos mapas conceituais (1 modelo) e aos mapas cognitivos (1 modelo).
Quadro
1. Síntese dos
artigos utilizados na pesquisa.
Autor |
Ano |
Título |
Conceitos e Temas |
Modelo |
Peregrino; Brito e Silveira |
2017 |
O espaço livre
público informal como lócus da oportunidade e da integração socioespacial da
cidade: o caso da favela Beira Molhada, em João Pessoa - PB, Brasil. |
Gestão Ambiental |
Mapa Mental |
Dimenstein, et al. |
2017 |
Iniquidades
Sociais e Saúde Mental no Meio Rural. |
Vulnerabilidade psicossocial |
Questionário sociodemográfico-ambiental (QSDA) |
Barbosa e Devos |
2017 |
Paralaxe e
“marcação por terra”: técnicas de navegação entre jangadeiros na Paraíba e
Rio Grande do Norte (Brasil) |
Mapas cognitivos |
Mapas mentais e marcação por terra |
Cerretto e Domenico |
2016 |
Mudança e Teoria
Ator-Rede: Humanos e Não Humanos em Controvérsias na Implementação de um
Centro de Serviços Compartilhados |
Mapeamento na teoria do ator - rede |
Mapas Mentais |
Coutinho da Silva |
2015 |
Mapas Conceituais:
Propostas de Aprendizagem e Avaliação |
Mapa conceitual |
Mapas Conceituais |
Barreto, Crescitelli e Figueiredo |
2015 |
Resultados de
Marketing de Relacionamento: proposição de modelo por meio de mapeamento
cognitivo |
Mapa cognitivo |
Mapa cognitivo |
Silva |
2015 |
Uso de mapas
cognitivos no EAD: um estudo de caso de Universidade Corporativa que aplica
tecnologia educacional específica |
Mapa mental |
Mapa cognitivo |
Silva e Souza Neto |
2015 |
Contratação do
desenvolvimento ágil de software na administração pública federal: riscos e
ações mitigadoras |
Software e Metodologia ágil scrum |
Tecnologia da informação |
Sasaki et al. |
2014 |
Percepções de
estudantes do ensino fundamental sobre sua avaliação de aprendizagem. |
Estudo de Caso |
Avaliação na educação |
Diniz e Lins |
2011 |
Percepção e
estruturação de problemas sociais utilizando mapas cognitivos. |
Mapa cognitivo |
Mapa cognitivo |
Almeida e Santos |
2009 |
Um estudo das
representações sociais que professoras e professores têm sobre negritude: uma
branca trama, um negro drama |
Docentes e relações sociais |
Não apresenta |
Lucian, Barreto Júnior e Moraes |
2008 |
O processo de
formulação estratégica a partir da perspectiva individual: um estudo com
executivos da indústria energética |
Survey e Análise multivariada |
Formulação estratégica |
Milan, Toni e Schuler |
2008 |
Configuração de
imagens: um estudo com serviços de fisioterapia |
TCIS – Técnica da Configuração de Imagens de Serviços. |
MCIS – Mapas da Configuração de Imagens
dos Serviços |
Neves |
2007 |
Meta-aprendizagem
e Ciência da Informação: uma reflexão sobre o ato de aprender a aprender. |
Mapas mentais |
Não apresenta |
Gomes e Pinheiro |
1998 |
Influência do
gênero em mapas cognitivos do mundo de universitários brasileiros. |
Mapas cognitivos |
Mapas cognitivos |
Fonte.
Dados da pesquisa (2018)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O panorama dos artigos sobre mapas mentais nas bases de dados da Spell
e da SciELO possibilitou uma análise e algumas reflexões que merecem destaque. Inicialmente,
em termos numéricos, fica evidente a escassa quantidade de publicações em
revistas nacionais sobre o tema mapas mentais ao longo dos anos (15
publicações), contudo, isso pode não ser uma tendência, haja vista o aumento
considerável de publicações ocorrido no ano de 2015 (com quatro publicações) e
no ano de 2017 (com três publicações).
Eventualmente,
não se pode associar, apenas o aumento quantitativo de publicações a evolução
da implementação dos mapas mentais em estudos qualitativos, contudo, deve-se
considerar a qualidade da produção científica, ao utilizar a avaliação
Qualis/CAPES, aliada as contribuições teóricas e metodológicas que as
publicações possam trazer para sua respectiva área de estudo. Estas
contribuições de origem metodológica, teórica e prática somada à oportundidade
de produzir análises, interpretações e respostas a demandas sociais são
requisitos centrais no compartilhamento e produção do conhecimento científico, que necessita estar
fundamentando em termos de coerência, rigor, relevância e aplicabilidade,
refletindo o desenvolvimento científico da área. Afinal, compartilhar
conhecimento por meio de pesquisas e publicações de métodos de análise e
resultados revela a vitalidade do campo de conhecimento, dos atores envolvidos,
sejam eles, acadêmicos, pesquisadores, IES, revistas ou membro da sociedade em
geral.
Uma reflexão que necessita discussão é a descrição do estágio da
produção nacional sobre mapas mentais, acerca dos autores e às IES.
Evidenciou-se pela bibliometria que todos os artigos foram desenvolvidos por
autores diferentes, não havendo mais de uma publicação por autor. Em relação às
IES, destacam-se apenas duas instituições com duas publicações, sobre a
temática da pesquisa, que foi a UFRN e a UFPB. Esse fato remete ao conhecimento
estar descentralizado e irradiado alcançando autores e IES em diferentes unidades de ensino e pesquisa no país.
Assim, essas reflexões possibilitam iniciar um debate para aumentar as
chances da produção científica brasileira sobre os mapas mentais, considerando
a importância e relevância da temática. Para encerrar, salienta-se que o
emprego de estudos como este, com métodos bibliométricos, contribui na
categorização da produção de uma comunidade científica, indicando um possível
estágio de desenvolvimento do conhecimento na área.
Os resultados desta pesquisa evidenciam que o tema pesquisado é
emergente, o que sugere que há um grande campo de estudo para o desenvolvimento
de pesquisas que relacionem os mapas mentais a outras áreas como as ciências
sociais, ciências humanas, ciências da saúde, com consequente adesão às áreas
de gestão, economia, marketing e estratégia.
Como limitação do estudo, destaca-se a sua realização de um recorte
utilizando apenas duas bases de dados específicas, Spell e SciELO e artigos publicados em português. Por esta razão, sugere-se que
estudos futuros desta natureza possuam uma amplitude maior, abrangendo, por
exemplo, bases de dados internacionais. Sugere-se
que futuras pesquisas, utilizando os mapas mentais observem o desenvolvimento
deste método como ferramenta de análise de dados qualitativos. Acredita-se que
por meio desses estudos seja possível identificar as possibilidades e a
amplitude da utilização dos mapas mentais na pesquisa qualitativa.
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