v.
8, n. 1, Janeiro-Abril/2024 This work is licensed
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IMPLEMENTAÇÃO DE ABORDAGENS
ÁGEIS NO SETOR BANCÁRIO:
Uma revisão sistemática da
literatura
Assis Zukunelli
zukunelli@yahoo.com.br
https://orcid.org/0009-0000-9546-4454
http://lattes.cnpq.br/5826912355960807
UPF – Universidade de Passo Fundo
Campinas do Sul/RS
Janine Fleith de Medeiros
janine@upf.br
https://orcid.org/0000-0002-5060-0632
http://lattes.cnpq.br/4775518349265103
UPF – Universidade de Passo Fundo
Passo Fundo/RS
Andre da Silva Pereira
andresp@upf.br
https://orcid.org/0000-0002-3985-9061
http://lattes.cnpq.br/0038521703528347
UPF – Universidade de Passo Fundo
Passo Fundo/RS
RESUMO
Os desafios impostos pela transformação digital levaram o setor de serviços
financeiros bancários à necessidade de rápida adaptação ao ambiente disruptivo
e às novas exigências dos consumidores. Esses desafios tiveram aceleração com a
pandemia da COVID-19. No entanto, tal processo encontra diversas dificuldades
para sua consecução, desde aspectos ligados à cultura organizacional até
resistências internas quanto à transformação digital. Assim, o presente artigo
busca investigar a utilização de ferramentas de gestão ágil (business agility)
no setor de serviços financeiros. A partir de uma revisão sistemática de
literatura, pela análise de conteúdo de forma dedutiva, utilizando o método
PRISMA, identificou-se que a ferramentas de gestão ágil podem ser utilizadas
pelas instituições financeiras com importante vantagem na gestão dos negócios.
Finalmente, propomos um modelo genérico de gestão ágil, através de um
framework, com vistas a favorecer a gestão e implementação da transformação
digital alinhada aos objetivos estratégicos das instituições, bem como
importante construção teórica alusiva ao objetivo da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: Ágil; Gestão Bancária; Banking; Inovação.
IMPLEMENTATION
OF AGILE APPROACHES IN THE BANKING SECTOR:
A systematic
literature review
ABSTRACT
The challenges posed by
digital transformation have led the banking financial services sector to
quickly adapt to the disruptive environment and new consumer demands. These
challenges accelerated with the COVID-19 pandemic. However, this process
encounters several difficulties in achieving it, from aspects related to
organizational culture to internal resistance to digital transformation. Thus,
this article seeks to investigate the use of agile management tools (business
agility) in the financial services sector. From a systematic literature review,
through content analysis in a deductive way, using the PRISMA method, it was
identified that agile management tools can be used by financial institutions
with an important advantage in business management. Finally, we propose a
generic model of agile management, through a framework, with a view to favoring
the management and implementation of the digital transformation aligned with
the strategic objectives of the institutions, as well as an important
theoretical construction alluding to the objective of the research.
KEYWORDS: Overconfidence; Behavioral finance; Investor profile.
Submetido:
10/01/2024
Recomendações
requeridas: 01/04/2024
Aceito: 06/04/2024
Publicado:
30/04/2024
As
mudanças experimentadas pelas diversas organizações têm imprimido, de forma
muito asseverada, a necessidade de mudanças constantes. Ocorre que qualquer
processo de mudança implica a adoção de um caminho, a decisão de como
implementar o que precisa ser feito. Esse caminho traz sempre incertezas e
dificuldades: a insegurança quanto à forma mais adequada de execução do
projeto, as variáveis envolvidas, tais como custos, pessoas, mercado e o mais
diversos riscos envolvidos. O cenário macroeconômico está cada vez mais
imprevisível, portanto, é fundamental uma visão do todo e o gerenciamento
adequado das partes em qualquer projeto, as organizações precisam apresentar
resiliência e adaptar-se diante das incertezas e cenários inesperados ou
perturbadores (Ram; Dolla, 2023).
Os
padrões econômicos atuais são o produto da evolução tecnológica, e trouxeram
importantes inovações em produtos, processos e serviços. Isso faz com que todo
o ambiente de negócios esteja em constante evolução e, independentemente do
porte, as empresas precisam manter-se economicamente competitivas e
sustentáveis, inseridas de forma superior em sua cadeia de valor (Krstić et al,
2018).
A área de
administração, desde sempre, ocupa-se em desenvolver teorias, que se desdobram
em ferramentas, modelos e estratégias para os mais variados objetivos das
corporações. Nesse percurso busca nas mais variadas fontes as soluções que
venham a suprir grandes necessidades encontradas no management. Recentemente
passou a adotar ferramentas outrora utilizadas na engenharia e na tecnologia da
informação: a implementação de projetos ágeis como forma de acelerar as
transformações e favorecer o desenvolvimento, execução e monitoramento das mais
diversas atividades desenvolvidas pelos entes corporativos (Copola Azenha et
al, 2021),
Dado o
cenário, torna-se fundamental que as organizações estabeleçam sua vantagem
competitiva, arcabouço esse que pode ser alcançado através da inovação, por
meio de um gerenciamento planejado e com forte controle. A utilização de
métodos ágeis, que podem ser implementados nos mais diversos setores
(indústria, comércio, serviços etc.), mostra-se positiva para o sucesso
empresarial com inovação e performance adequada (Sharma et al, 2022).
Os
métodos ágeis começaram a ser utilizados na indústria de desenvolvimento de
produtos no Japão e, após, passaram a ser utilizados também no desenvolvimento
de softwares nos Estados Unidos. Posteriormente a metodologia foi ampliada para
toda área de tecnologia da informação e estendida para a área de gestão de
negócios e operações (Raharjo; Purwandari, 2020).
O recente
cenário da pandemia da COVID-19 e as repercussões do contexto pós-pandêmico
apresentaram novos paradigmas para os serviços financeiros bancários e levaram
à rápidas e necessárias mudanças no setor. Considerando que as instituições
financeiras cumprem papel essencial na sociedade, em especial nos aspectos
ligados à liquidez, meio de pagamento e financiamento em geral, torna-se
imperativa a capacidade de resiliência operacional para rápida adaptação às
necessárias mudanças. Importante também asseverar que o cenário adverso, além
de ameaças, trouxe inúmeras oportunidades às instituições bancárias, no entanto
todo esse panorama preconiza adaptabilidade, agilidade e inovação (Eckert et
al, 2011; Poufounou et al, 2022; Tashtamirov, 2023).
O artigo
aborda a implementação de abordagens ágeis no setor bancário, destacando a
importância da gestão ágil para a adaptação das instituições financeiras às
demandas do ambiente disruptivo e dos consumidores modernos. A estrutura do
artigo inclui seções sobre o desenvolvimento do framework de gestão ágil, as
implicações teóricas do estudo e as estratégias de pesquisa utilizadas. Assim,
considerando a importância da perenidade das instituições financeiras e sua
relevância para a sociedade em geral, tendo em vista ainda as implicações das
mudanças que foram necessárias para adaptação ao ambiente atual, a utilização
de metodologias ágeis pode favorecer o setor de serviços financeiros na gestão
dos negócios em ambientes altamente disruptivos? Ainda, esse trabalho tem por
escopo identificar as teorias sobre metodologias ágeis mais aplicáveis ao
segmento bancário, evidenciar suas vantagens e identificar modelos ideais de
utilização. Desse modo, através de uma revisão sistemática de literatura,
utilizando-se da técnica de análise de conteúdo através do protocolo PRISMA,
desenvolveu-se o artigo ora apresentado.
Considerando
o objetivo da pesquisa, o propósito da revisão de literatura é destacar as
principais ideias e descobertas científicas sobre um tema específico dentro da
área de estudo. Ainda, trata-se de uma revisão sistemática de literatura,
busca-se evidenciar os estudos acerca do tema, através de método pormenorizado,
claro e objetivo, bem como versando sobre a avaliação e a contribuição
qualitativa acerca do resultado do estudo (De-La-Torre-Ugarte; Takahashi,
Bertolozzi, 2011; Kӧche, 2004). Assim, através da análise documental será
buscado evidenciar a representação condensada de informações, objetivando a
consulta e a armazenagem delas, através da descrição objetiva e sistemática
extraído da pesquisa e sua representação (Bardin, 2011).
A pesquisa necessita comprovação e
verificação, inclusive aos futuros pesquisadores, toda e qualquer produção
científica deve permitir a seu leitor conhecer os caminhos percorridos pelo
cientista-pesquisador desde a formulação da ideia até a concepção da conclusão
final (Marconi; Lakatos, 2002). No que tange a necessidade de criterioso método
quanto à revisão sistemática, optou-se por utilizar o protocolo PRISMA
(Preferred Reporting Items of Systematic Reviews and Meta-Analyzes) (De
Medeiros, 2022).
2.1 Pergunta de pesquisa, banco de dados e
termos de pesquisa
Tendo em vista a relevância do tema,
e seu escopo, definiu-se por estabelecer o problema de pesquisa da seguinte
forma: a utilização de metodologias ágeis pode favorecer o setor de serviços
financeiros na gestão dos negócios em ambientes altamente disruptivos?
Os objetivos são: identificar as
teorias sobre metodologias ágeis mais aplicáveis ao segmento bancário,
evidenciar suas vantagens e identificar modelos ideais de utilização.
Para a consecução dos objetivos da
presente pesquisa optou-se por utilizar a base de dados ScienceDirect,
inclusive no sentido de evitar a sobreposição de dados e viabilizar uma concisa
construção científica.
Quanto aos termos de pesquisa, foram
utilizados os termos mais correlatos ao problema de pesquisa. Definiu-se por
utilizar, na base de dados, as palavras-chave “agile” and “banking” and
“innovation”.
Quadro 1: procedimento metodológico
da pesquisa
Tópico |
Item de
checagem |
Questão
de pesquisa |
A
utilização de metodologias ágeis pode favorecer o setor de serviços
financeiros na gestão dos negócios em ambientes altamente disruptivos? |
Critério
de elegibilidade |
Critérios
de inclusão:
Artigos em língua inglesa, com acesso aberto dentro das bases de pesquisa,
que versem sobre inovação, no setor financeiro bancário. Critérios
de exclusão:
teses, livros e demais publicações, bem como artigos alheios aos objetivos e
publicados anteriormente a 2021, não pertencentes à área negócios e gestão (Business,
Management and Accounting). |
Fontes
de informação |
Apenas
bases de publicações de produções científicas: ScienceDirect Data da
última consulta: 23/04/2023 |
Estratégias
de busca |
Utilização
dos termos de pesquisa: “agile” and “banking” and
“innovation” |
Avaliação
de Conteúdo |
58
artigos |
Fonte: elaborado pelos autores
2.2 Pesquisa na base de dados
A busca na base de dados foi
realizada em 23/04/2023. Utilizou-se como critério de inclusão artigos em
língua inglesa, visto a necessidade de compreender a repercussão do tema nos
demais mercados internacionais. Restringiu-se a pesquisa para publicações
posteriores a 2020, haja vista o grande impacto da COVID-19 nas mudanças do
setor bancário, de acesso aberto, da área de negócios e gestão.
Assim, através da análise de
conteúdo e por meio da análise qualitativo-dedutiva das pesquisas, buscar-se-á
identificar quais teorias sobre métodos ágeis são mais aplicáveis ao setor de
serviços bancários, bem como quais são as vantagens e os métodos mais
apropriados ao segmento identificados pelos pesquisadores.
Optou-se por revisar de forma
restrita as publicações, considerando apenas os artigos publicados em anais e
revistas científicas. Aplicando os critérios de inclusão e exclusão, obteve-se
58 artigos.
Para a seleção dos artigos e com
base no resumo de cada qual, optou-se por classificá-los numa escala de 1 a 6,
onde 1 representa os menos aderentes à questão-problemas e aos objetivos de
pesquisa e 6 os mais aderentes. Com base nessa escala, o quadro 2 evidencia a
classificação.
Quadro 2: quantidade de artigos por
escala de classificação
Escala |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
|
/ |
|||||||
Quantidade de artigos |
15 |
12 |
10 |
12 |
4 |
5 |
Fonte: elaborado pelos autores
(2023)
Considerando a classificação
realizada, selecionou-se os seguintes artigos de escala 5 e 6, conforme apresentado
na tabela 1. Os artigos selecionados apresentaram maior correlação aos
objetivos de pesquisa e área a ser analisada.
Tabela 1: artigos (journals)
que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão
Fonte:
elaborada pelos autores (2023) |
3
DESENVOLVIMENTO
O setor de serviços financeiros é
conhecido por ser o catalisador das mudanças, em especiais aquelas que
acontecem nos ambientes digitais e tecnológicos. Diversos fatores impulsionaram
os avanços tecnológicos, tais como a pandemia da COVID-19 e as expressivas
contribuições da inteligência artificial. Novas formas de negócios bancários
foram criadas, também se percebe a adaptação ao mundo contemporâneo de diversas
instituições financeiras, até os mais tradicionais bancos aquiesceram às
demandas digitais e tecnológicas dos tempos pandêmicos. Assim, surgiram novas
formas de entrega de valor ao cliente (Iheanachor, 2021).
A adaptação às mudanças imprimidas
pelo movimento disruptivo dos últimos anos tornou-se critério de sobrevivência
para as mais diversas instituições financeiras, sobretudo aquelas que operam em
mercados emergentes (Iheanachor, 2021).
Os avanços tecnológicos das últimas
décadas não são novidade, ocorre que, impulsionados pelo desenvolvimento das
tecnologias móveis, a presença substanciosa das mídias sociais nos mais
variados ambientes, a crescente demanda pela ciência de dados e big data, as
tecnologias de computação em nuvem e a internet das coisas, levaram os
prestadores de serviços financeiros a novos ambientes e cenários de negócio
(Marnewick; Marnewvick, 2022). O movimento a que as instituições financeiras
foram lançadas é chamado de Transformação Digital ou DT (Digital
Transformation), que trata da utilização de tecnologias digitais para criar ou
modificar modelos e processos de negócios já existentes (Plekhanov et al,
2022).
Avanços percebidos pela tecnologia
da informação trouxeram às mais variadas instituições inovações que têm
impactado de forma superior todas as camadas de negócio das organizações, não
são poucas as empresas que hoje fazem uso de blockchain, inteligência
artificial, realidade virtual etc., tudo de forma transversal e inserida aos
modelos de negócio praticados (Pattij et al, 2022).
A exemplo, a digitalização dos
processos surge também como dinâmica necessária aos mais diversos setores,
sobretudo aqueles ligados diretamente ao alto uso de tecnologia, que entendem a
digitalização uma alternativa para acelerar as respostas aos mais diversos
agentes, seja interno ou externo, bem como para redução do custo das
transações. Nesse sentido, a Teoria do Custo de Transformação aponta que a
redução dos custos burocráticos tende a favorecer os negócios das empresas,
posto que, no caso das instituições financeiras, a digitalização aproxima os
mais diversos atores (fornecedores, clientes, funcionários, administradores
etc.) todos num único habitat digital (Williamson, 1979).
Nesse sentido, a pesquisa aponta que
a digitalização é alcançada por meio do gerenciamento de projetos e abordagens
integrativas, tais como Scrum e Lean, ocorre que para a consecução do projeto
são necessárias agilidade e adaptabilidade da organização e suas equipes
(Marnewick; Marnewvick, 2022). Ainda, surge a inteligência artificial
favorecendo o ganho de oportunidades no enfrentamento dos desafios do mercado
em rápida mudança. A IA pode aumentar a flexibilidade e a capacidade das
empresas de responder às mudanças do ambiente de negócios competitivos,
reforçando funções de negócios importantes, automatizando processos, obtendo
insights por meio de análise de dados e interagindo com clientes e funcionários
(Wang et al, 2022).
Figura 1: Indutores da
transformação digital
Fonte: elaborada pelos autores (2023)
Considerando
o cenário em constante mudança e a necessidade das transformações anteriormente
expostas, as organizações não deixam de seguir seus objetivos, permanece o
interesse de seus stakeholders no atingimento de seus resultados imediatos de
médio e longo prazo. O propósito das organizações está em operar com eficácia,
com agilidade na tomada de decisões, mantendo a capacidade de inovação, a
adaptabilidade ao ambiente, competitividade e a otimização de recursos e
talentos (Naveed et al, 2022; Pattij et al, 2022).
Assim,
tendo em vista o cenário que se apresentou nos últimos anos, o conhecimento
pregresso teve menor participação na tomada de decisões. Do cotejo dos aspectos
históricos que esse conhecimento trouxe com o ambiente incerto e inconstante,
novas conexões foram necessárias para a rápida tomada de decisão (Rengarajan;
narayanamurthy, 2022). As organizações ainda precisam lidar hodiernamente com
situações e decisões que a levem ao alinhamento com a dinâmica global e a
adequação de comportamento (Naveed et al, 2022).
Dada
essa grande necessidade de constantes mudanças, ao setor de serviços bancários
urge a necessidade de modelos e ferramentas que lhes propicie rápidas e
concisas decisões. As corporações têm
adotado conceitos de negócio ágil em busca do sucesso empresarial (Limaj;
Bernroider, 2022).
A adoção de práticas ágeis assevera
às empresas a necessidade de construir capacidades organizacionais robustas
para compreender aquilo que os clientes necessitam e oferecer solução de forma
oportuna e eficaz através de ciclos de inovação acelerados (Limaj; Bernroider,
2022). O mercado não admite atraso na solução e é excludente para com aqueles
que não adequam seus variados processos a essa dinâmica.
O ambiente de negócios demanda
pronta resposta, o ágil participa diretamente na rápida tomada de decisões, com
menor hierarquia, maior autonomia aos atores envolvidos e flexibilidade nas
tarefas (Reunamäki; Fey, 2022). Assim, a
agilidade refere-se à capacidade das empresas em utilizar os recursos
disponíveis de forma eficiente, identificando os riscos e aproveitando as
oportunidades (Wang et al, 2022). No que tange ao gerenciamento de projetos, o
agile é um conjunto de recomendações para uma abordagem adaptável e eficiente
(Reunamäki; Fey, 2022).
Percebe-se ainda na literatura uma
subdivisão do conceito de agilidade: a agilidade interna, que atende às
necessidades dos clientes por meio de processos internos de negócios, com foco
em questões relacionadas aos produtos e serviços de uma empresa, e requisitos
dos clientes; já a agilidade externa identifica e responde à dinâmica do
ambiente de negócios externo (mercado) (Wang et al, 2022);
Evidencia-se ainda a participação da
tecnologia da informação na concepção da estrutura de agilidade de negócios,
tornando-se esta influenciadora direta da inovação (Wang et al, 2022).
O setor de serviços bancários tem
forte influência da tecnologia da informação. Com o advento da transformação
digital ficou mais evidenciada ainda essa influência e a interdisciplinaridade
das pesquisas (Plekhanov et al, 2022).
A adoção das práticas ágeis encontra
guarida ainda no fato de, atualmente, as empresas terem suas atividades
dispersas em nível global, através de Cadeias Globais de Valor, que sofreram
grandes transformações e mudanças com a pandemia da Covid-19. As cadeias foram
reconfiguradas e necessitaram de estruturas estratégicas e fontes diversas de
informação (que não as convencionais) para as rápidas e necessárias tomadas de
decisão. Todo esse movimento influenciou positivamente no sucesso das
organizações (Rengarajan; Narayanamurthy, 2022). No caso em tela, uma cadeia de
valor do setor agropecuário, cuja tomada de decisões repercute direta e
indiretamente no setor de serviços financeiros.
Ainda, as práticas de
desenvolvimento de produtos passaram a necessitar de maior agilidade, tiveram
suas atividades comprimidas, com ciclos mais curtos de desenvolvimento, muito
diferente das práticas tradicionais. O desenvolvimento ágil aponta para interações
de desenvolvimento rápidos, com processos sobrepostos e curtos, num contexto de
metodologia ágil de desenvolvimento. No processo de desenvolvimento, a
conversão de ideias embrionárias em produtos e serviços vendáveis necessita de
forma fundamental da utilização de práticas ágeis, tendo em vista ainda o
contexto disruptivo enfrentado pelas mais variadas instituições (Iheanachor,
2021).
Todas as abordagens de métodos ágeis
trazem muito evidenciado a participação das pessoas no processo de
transformação ágil. No que tange aos processos de transformação digital, que
congrega especialistas com conhecimentos interdisciplinares para respostas e
estratégias de enfrentamento das vulnerabilidades organizacionais, surgem as
redes informais contornando as hierarquias organizacionais formais. Tendo em
conta a necessidade de promoção e aquisição de conhecimento, essas estruturas
tendem a responder de forma mais eficaz aos desafios tecnológicos (Rengarajan;
Narayanamurthy, 2022; Plekhanov et al, 2022).
Quanto à tomada de decisão, nos
processos ágeis ela tende a ser feita de forma colaborativa, a geração de
solução se dá num único processo participativo em que se encontram imersas as
várias partes interessadas (Rengarajan; Narayanamurthy, 2022).
Nesse contexto, as implicações da
agilidade levam as empresas para redes interconectadas de relacionamentos
colaborativos e canais de comunicação descentralizados (Plekhanov et al, 2022);
Fatores como diversidade, estabelecimento de metas, aprendizado contínuo e
gestão de talentos são fundamentais para o sucesso das equipes, em especial
aquelas ligadas à transformação digital (Marnewick; Marnewvick, 2022).
O planejamento de processos ágeis
deve acontecer de forma continuada, de maneira retroalimentada, adaptando-se os
planos conforme necessário, de forma interativa e incremental. A ênfase deve
persistir na interação e colaboração das pessoas ao invés de processos
hierárquicos e documentação distribuída em grandes redes (Reunamäki; Fey,
2022). No que concerne à digitalização e ao gerenciamento de projetos, esses
são uma tendência emergente e cada vez mais presentes na realidade das empresas
(Marnewick; Marnewvick, 2022).
Assim, na Figura 2 são apresentados
os aspectos ligados à agilidade nos negócios.
Figura
2: Aspectos da agilidade nos negócios
A
necessidade de rápidas decisões torna essencial o processo de gestão ágil. A
capacidade de processar informação é fator decisivo na eficácia das decisões a
nível estratégico, também nas rápidas decisões estratégicas em resposta a
mudanças do ambiente organizacional (Rengarajan; Narayanamurthy, 2022).
No
ambiente de serviços financeiros as constantes mudanças levam à necessidade de
adaptação de processos para atender de forma superior as necessidades dos
clientes. Também, constantemente é necessária a readequação das práticas de
desenvolvimento de produtos, haja vista as novas aspirações quanto às propostas
de valor. Fato é que produtos financeiros adequadamente desenvolvidos elevam o
lucro das companhias, favorecem o retorno sobre o patrimônio, fidelizam o
cliente e garantem a perenidade das instituições financeiras. Torna-se
nevrálgica a adoção de práticas ágeis e eficientes de desenvolvimento de
produto, com escopo definido, favorecendo a gestão de riscos e o mapeamento da
estratégia do desenvolvimento (Iheanachor, 2021).
Assim, o agile é percebido como a
melhor abordagem para o desenvolvimento de novas tecnologias, se comparado às
abordagens tradicionais de desenvolvimento de produtos. Tende a ser mais bem
sucedido, que é justamente o caso das instituições financeiras, que necessitam da
entrega de novas tecnologias (Marnewick; Marnewvick, 2022).
A
gestão ágil busca a favorecer todo o processo de transformação digital pela
qual as instituições financeiras têm passado nos últimos tempos. No que tange
ao desenvolvimento de produtos, ela viabiliza os ciclos curtos de criação,
redução de custos e atende aos requisitos de tempo de colocação do produto no
mercado (Plekhanov
et al, 2022).
A
agilidade e a flexibilidade ajudam as empresas a ganhar resiliência e absorver
cenários imprevistos, sem perder eficiência. Auxilia também na obtenção de insights
precisos e de extensão adequada ao enfrentamento das decisões a serem tomadas.
Os modelos decisórios também obtêm vantagens, com ciclos mais curtos de
planejamento e assertividade nos eventos críticos e essenciais dos negócios (Rengarajan; Narayanamurthy,
2022).
Outro
fator importante da utilização dos métodos ágeis é a interoperabilidade e
complementaridade das estruturas tecnológicas (Plekhanov et al, 2022). Do mesmo
modo, apresenta-se na Figura 3 as principais vantagens ligadas à gestão ágil.
Figura 3: Vantagens da
gestão ágil
Fonte:
Elaborada pelos autores (2023)
3.2
Proposições
Considerando
o cenário atual, os modelos decisórios necessitam refletir toda cadeia de valor
da organização, com recursos analíticos, preditivos e prescritivos. A
necessidade de informações estratégicas, rápidas e atualizadas, é crucial para
o andamento dos negócios. Decisões estratégicas com base em históricos passados
são favoráveis em ambientes estáveis, mas tem relação extremamente negativa em
ambientes instáveis. Modelos de colaboração interorganizacionais, além dos
limites clássicos, compartilhando informações e práticas através de equipes
multidisciplinares também devem ser uma constância no advento desse modelo.
No
escopo da transformação digital, necessário que esteja contemplada a mudança
cultural como fator chave de sucesso. A cultura organizacional adaptativa,
focada no processo de descoberta digital, em detrimento do controle
hierárquico, permite que as empresas desenvolvam suas capacidades de
aprendizado, criando-se assim a cultura digital (Marnewick; Marnewvick, 2022; Plekhanov et al,
2022).
A cultura organizacional, como capital intelectual, é um ativo intangível das
instituições financeiras, que pode ajudar a melhorar sua eficácia (Naveed et al, 2022).
Do
ponto de vista do custo de transação, os processos ágeis somados à gestão ágil
tendem a favorecer o desenvolvimento e a perenidade das empresas, as empresas
apenas existem devido ao fato de os seus custos de transação serem favoráveis
em relação aos custos de transação em um mercado (Plekhanov et al, 2022).
As
equipes ágeis tendem a ser multidisciplinares, com divisão de projetos em
pequenos ciclos, com entrega de soluções conjuntas por meio de feedbacks
estreitos e adaptados às mudanças ao longo do ciclo do projeto. A delegação de
poder de decisão a pequenas equipes e a autonomia dos funcionários sobre como,
quando e onde trabalhar devem ser aspectos bem presentes (Reunamäki; Fey, 2022).
3.3 Contingências na transformação ágil
Apesar
de elevar a organização a excelentes patamares de resultado e favorecer
sobremaneira a atuação dos times corporativos, todas as transformações nas
empresas passam pelo crivo da cultura organizacional.
A
cultura organizacional, que é a atmosfera ambiental corporativa, formada pelos
valores, princípios e aspirações informais, imprime grande influência, em
especial na transformação digital: serve como aceleradora ou inibidora da
transformação (Plekhanov
et al, 2022).
O
que os funcionários pensam, seus valores e crenças, deve estar alinhado à
mentalidade ágil esperada pela organização (Limaj; Bernroider, 2022). É a cultura
organizacional que evidencia os aspectos positivos e negativos de sua equipe, é
ela também que aumenta as eficácias individuais e coletivas (Naveed et al, 2022). Quanto maior
for a resistência organizacional, menor será a inovação e a eficácia
organizacional (Naveed et
al, 2022).
A aversão ao risco pode ser um dos componentes que explica essa dificuldade, em
especial para a transformação digital.
Destarte,
torna-se necessário o desenvolvimento de novas abordagens para gerenciamento da
cultura organizacional. Os padrões da cultura interna podem servir como
mecanismo de gestão alinhando os membros da organização a um objetivo comum.
Ocorre que em não existindo esse alinhamento, o efeito será reverso (Plekhanov et al, 2022).
Finalmente,
a adaptação às mudanças no setor de serviços financeiros e a percepção positiva
favorece a eficácia da empresa para que se mantenha competitiva frente às
rápidas mudanças tecnológicas e de mercado. Assim, a relação cultura
organizacional e inovação traz importantes favorecimentos na eficácia
organizacional (Naveed et al, 2022), conforme expresso na Figura 4.
Fonte:
elaborada pelos autores (2023)
4
DESENVOLVIMENTO DO FRAMEWORK,
PROPOSIÇÕES E DISCUSSÃO
Identificou-se,
na presente revisão sistemática de literatura, quatro eixos principais que
estabelecem o processo de gestão ágil no setor de serviços bancários –
negócios, pessoas, processos e produto, que estão contemplados num framework
contemplado na figura 5. Optou-se por utilizar uma ferramenta de gestão ágil
para evidenciar os quatro eixos observados para a concepção de um processo de business
agility no setor de serviços bancários. Na perspectiva das Entradas são
apresentadas as variáveis que induzem as organizações às mudanças, na
perspectiva Desenvolvimento são apresentadas as interações durante o processo
de concepção do produto final instigado pelas Entradas, também são apresentadas
as contingências da transformação ágil (ameaças e oportunidades). Já na
perspectiva Saídas, evidencia-se as vantagens da utilização ágil e suas
repercussões para a empresa, inicialmente apresentam-se as saídas a nível
objetivo de entrega e posteriormente a nível estratégico.
O
primeiro eixo, negócios, evidencia as implicações às instituições financeiras
motivadas pelo cenário atual. Os stakeholders tem objetivos cada vez
mais audaciosos, com necessidade de rápido reposicionamento da empresa. As
decisões necessitam ser tomadas de forma célere. Também a transformação digital
impele a organização a adaptar-se.
As
tomadas de decisões partem sempre do status quo do ator do processo,
trata-se da busca por soluções adequadamente favoráveis, considerando que o
ator não tem outra escolha, dada suas limitações físicas e psicológicas (Simon,
1957). Soma-se também a capacidade das organizações em assimilar e implementar
novos conhecimentos e desenvolvê-los com o intuito de gerar negócios (Zahra;
George, 2002). Assim, a utilização de um modelo fundamentado nas ferramentas de
gestão ágil contribui no processo decisório.
Todos
os modelos estudados apontam para a delegação de poder como fator fundamental
na gestão ágil. Ocorre que a aversão ao risco e a resistência organizacional
podem interferir negativamente no processo, necessário assim a adaptação às
mudanças culturais organizacionais.
As
vantagens percebidas vão desde a monitoração de riscos no ambiente de negócios
até a identificação de novas oportunidades negociais. Da mesma forma, o
processo de gestão ágil favorece a rápida tomada de decisões, a perenidade dos
negócios (dada sua versatilidade), o alinhamento da organização para com os
interesses dos stakeholders e o incremento das capacidades
interorganizacionais, essas últimas essenciais no cenário atual.
Figura 5:
Framework da gestão ágil
Fonte:
Elaborada pelos autores (2023)
Quanto
aos stakeholders, verifica-se que as partes interessadas exercem influência na
liderança do projeto de forma horizontal e vertical (de cima para baixo, pela
intervenção direta; compartilhando conhecimento; coliderança e na troca
transacional) no desenvolvimento do projeto (Kortantamer, 2023). Cabe aqui
ressaltar a grande proeminência das competências interorganizacionais nos
contextos de rápidas mudanças, que surgem como condutas cooperativas pelo
compartilhamento de estados mentais dos atores (crenças, desejos e intenções)
como intencionalidade coletiva para uma congruência de interesses (Mozzatto;
Bitencourt, 2018).
Já
no segundo eixo, pessoas, as mudanças da cultura organizacional e a necessidade
de adaptação surgem como elementos de entrada. Quanto ao processo de
desenvolvimento, as equipes são pequenas, multidisciplinares, adeptas às
mudanças culturais e os integrantes das equipes com autonomia individual. Como
contingência, percebe-se a resistência às mudanças e a inibição dos indivíduos
quanto à transformação digital, assim, fundamental a adaptação às mudanças
organizacionais. Como produto, percebe-se a promoção e aquisição de
conhecimento, a criação da cultura digital e o avanço nas competências
interdisciplinares. Em projetos envolvendo transformação digital (DT), os
métodos ágeis favorecem seu gerenciamento, tendo em vista que tais projetos
envolvem grande incerteza, as capacidades inovadoras e absortivas facilitadas
pelos métodos ágeis garantem o gerenciamento dos desafios operacionais e
técnicos (Huang et al, 2023).
No
eixo processos, as demandas concentram-se nos custos de transação não
competitivos e longos ciclos de desenvolvimento de novos produtos, que
ocasionam perdas de resultado e ineficácia organizacional no setor de serviços
financeiros. O processo de desenvolvimento aponta para a inovação centrada em
ciclos acelerados de desenvolvimento de produtos, o uso da tecnologia da
informação (inteligência artificial, digitalização, blockchain etc.) para a
consecução dos objetivos organizacionais, bem como a divisão dos projetos em
pequenos ciclos. As atividades de desenvolvimento podem ser afetadas pelos
altos custos de transação dos processos, facilmente contornados pela utilização
de modelos de rápida entrega, com ciclos sobrepostos. Os ganhos envolvem
entregas rápidas, processos simples e objetivo, interoperabilidade e
complementaridade da tecnologia e um custo de transação favorável aos objetivos
organizacionais.
No
último eixo, produtos, os desafios às organizações do setor financeiro
contemplam o aumento na demanda por serviços digitais e as novas expectativas
do consumidor quanto a produtos e serviços. A pesquisa aponta que as entregas
de soluções conjuntas e feedbacks estreitos e adaptados às mudanças ao longo do
ciclo do projeto tendem a ser favoráveis. Insights insuficientes para a
concepção de novos produtos e serviços alinhados ao desejo dos consumidores
podem interferir negativamente, assim, novos ciclos rápidos de ideação tendem a
contornar esses contratempos. Como resultado, percebe-se as entregas rápidas de
solução, alinhadas aos objetivos dos stakeholders e consumidores, a entrega de
valor ao cliente e o alinhamento do produto final às demandas do mercado
consumidor.
O
framework apresentado deixa patente a importância da gestão ágil no setor de
serviços financeiros. Mostra a interação entre as diversas partes inseridas no
processo organizacional, sua interrelação com as demandas suscitadas pelas
mudanças do cenário, cada vez mais competitivo, e estabelece um modelo teórico
para a gestão ágil centrada na resolução das demandas imediatas e diretamente
ligadas ao resultado final dessas organizações. Assim, evidencia-se no Quadro 3
a literatura revisada que serviu de subsídio para a construção do framework.
Quadro
3: Literatura utilizada na construção do Framework
ETAPA EIXO |
Entradas |
Desenvolvimento |
Saídas |
||
Negócios |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Naveed et al., 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Pattij; Wetering; Kusters, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Rengarajan et al., 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Naveed et al., 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Pattij; Wetering; Kusters, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
||
Pessoas |
Rengarajan et al., 2022 Naveed et al., 2022 Reunamäki;
Fey, 2022 |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Reunamäki;
Fey, 2022 |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Reunamäki;
Fey, 2022 |
||
Processos |
Rengarajan et al., 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Reunamäki; Fey, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Pattij; Wetering; Kusters, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Reunamäki;
Fey, 2022 Iheanachor;
Umukoro; David-West, 2021 |
Rengarajan et al., 2022 Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Pattij; Wetering; Kusters, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Reunamäki;
Fey, 2022 Iheanachor;
Umukoro; David-West, 2021 |
||
Produtos |
Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Marnewick; Marnewick, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Marnewick; Marnewick, 2022 Plekhanov; Franke; Netland, 2022 Limaj; Bernroider, 2022 Wang; Lin; Shao, 2022 Iheanachor; Umukoro; David-West, 2021 |
Fonte:
elaborado pelos autores (2023)
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme exiguamente apresentado, as organizações prestadoras de
serviços financeiros estão imersas num ambiente em constante mudança e,
motivado pela transformação digital, necessitam adequar seus processos e
serviços às novas demandas dos consumidores.
Assim, como meio para a entrega dos mais diversos objetivos, sejam eles
ligados à entrega de valor ao cliente ou alinhamento aos interesses dos
stakeholder, apresenta-se a gestão ágil como meio para melhor gerenciamento das
organizações financeiras.
A gestão ágil, através de suas mais diversas ferramentas, tende a
favorecer informações rápidas, processo claros e objetivos, produtos alinhados
ao interesse dos consumidores e a gestão de pessoas alinhada às práticas
contemporâneas.
Quanto às implicações teóricas, o presente estudo teve por objetivo
evidenciar as vantagens das práticas de gestão ágil no setor de serviços
financeiros, propõe um modelo genérico, e evidencia que as práticas de gestão
ágil podem ser aplicadas em todos os setores da economia, visto o fato de que
todas as instituições estão inseridas em ambientes em constante mudança e com
públicos diversos buscando solução para suas demandas.
Contribui para a construção de ferramentas de gestão ágil, bem como
adaptação aos diversos ambientes econômicos, dada a flexibilidade e
versatilidade que tais ferramentas oferecem aos usuários. As organizações
apontam que o início da utilização da gestão ágil iniciou-se com o advento de
instabilidades e mudanças rápidas. A gestão ágil melhora a gestão empresarial,
com baixos custos, agilizando o processo de tomada de decisões (Rudnichenko,
2021).
Explora ainda os aspectos inerentes à cultura organizacional e sua
interação com as mudanças percebidas pelas empresas e asseveradas pelo ambiente
macroeconômico.
Já no que tange às implicações práticas, destaca-se a proposição de um
modelo que pode ser aplicado de forma transversal no setor de serviços
financeiros, favorecendo a gestão e o desenvolvimento de projetos, pela gestão
ágil, como facilitadora dos mais diversos processos em que está inserida,
contribuindo de forma superior nas implicações advindas da transformação
digital e da (re)adequação a que costumeiramente essas organizações são
convocadas. A transformação digital apresenta diversos ganhos para o setor de
serviços bancários, que vão desde menores custos a maior competitividade no
mercado (Zhou; Li, 2023). Assim, aliada a uma ferramenta de gestão ágil tende a
ter maior efetividade quando da implementação dos projetos.
Da mesma forma, o estudo serve como fonte de informação para os
pesquisadores, haja vista a baixa quantidade de publicações concernentes ao
tema e objeto de estudo.
O estudo apresenta limitações, em especial aquelas concernentes às
fontes de pesquisa, posto que são pequenas as produções que abordam o tema na
transversalidade pretendida por essa pesquisa.
Sugere-se para pesquisas futuras: i) pesquisas qualitativas sobre as
principais ferramentas utilizadas na gestão ágil no setor de serviços
financeiros; ii) pesquisas quantitativas que versem sobre a utilização da
gestão ágil e índices de utilização no setor de serviços financeiros; ii)
estudos de caso em instituições financeiras voltados à utilização de métodos
ágeis de gestão.
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