v. 7, n. 3, Setembro-Dezembro/2023

O CONHECIMENTO SOBRE A GESTÃO FINANCEIRA EM PEQUENOS NEGÓCIOS (MEIS) VAREJISTAS EM JUSTINÓPOLIS, RIBEIRÃO DAS NEVES, MG

 

Maurício Amaral Pereira

mauricio.conta95@gmail.com

http://lattes.cnpq.br/7293016289197369

https://orcid.org/0009-0008-1488-7489

Universidade FUMEC

Belo Horizonte/MG

 

Amanda Damasceno de Souza

amandasd81@gmail.com

http://lattes.cnpq.br/3615797323442040

https://orcid.org/0000-0001-6859-4333

Universidade FUMEC

Belo Horizonte/MG

 

Wagner Luiz Silva

wlsilva@fumec.br

http://lattes.cnpq.br/1736385967531152

Universidade FUMEC

Belo Horizonte/MG

 

 

 

RESUMO

O fenômeno de empreender é presente em diversas camadas da sociedade em diferentes níveis sociais e de sofisticação técnica. Em Ribeirão das Neves, no distrito de Justinópolis, MG, não é diferente. As atividades varejistas da região se caracterizam por pequenos negócios que atendem diversas necessidades da região. Desta forma, o objetivo geral deste trabalho foi compreender como os MEI Micro empreendedor Individual em Ribeirão das Neves estão lidando com a situação financeira de suas empresas tais como a gestão de custos, rentabilidade, e endividamento, o fluxo de caixa e as perspectivas de crescimento. Na metodologia, foi definida uma pesquisa de campo quantitativa através de formulário autoaplicável via Google Forms contando com a participação de 9 respondentes. Os resultados da pesquisa demonstraram que uma boa parcela dos empreendedores não aplica conceitos de gestão financeira em seus empreendimentos com frequência e buscam conhecimentos técnicos fora do ensino regular o que resultou em uma a dificuldade para desenvolver os seus negócios no longo prazo. Concluiu-se que, a maioria dos empreendedores respondentes prefere focar sua gestão financeira no curto prazo através de uma educação financeira adquirida fora do ensino regular. Devido a esse fato, encontram dificuldades em expandir os negócios embora admitam que já tenham tentado ou possuem essa intenção.

PALAVRAS-CHAVE: Educação financeira; microempreendedorismo; Ribeirão das Neves; desenvolvimento econômico; pequenas empresas.

 

 

 

KNOWLEDGE ABOUT FINANCIAL MANAGEMENT IN SMALL BUSINESSES (MEIS) RETAILERS IN JUSTINÓPOLIS, RIBEIRÃO DAS NEVES, MG

 

ABSTRACT

The phenomenon of entrepreneurship is present in different layers of society at different levels of social and technical sophistication. In Ribeirão das Neves, in the district of Justinópolis, MG, it is no different. The region's retail activities are characterized by small businesses that meet the region's diverse needs. Thus, the general objective of this work was to understand how MEI Micro Entrepreneur Individuals in Ribeirão das Neves are dealing with the financial situation of their companies such as cost management, profitability, and debt, cash flow and growth prospects. In the methodology, quantitative field research was defined using a self-administered form via Google Forms with the participation of 9 respondents. The research results demonstrated that a good portion of entrepreneurs do not apply financial management concepts in their ventures frequently and seek technical knowledge outside of regular education, which resulted in difficulty in developing their businesses in the long term. It was concluded that the majority of responding entrepreneurs prefer to focus their financial management in the short term through financial education acquired outside of regular education. Due to this fact, they find it difficult to expand their business, although they admit that they have already tried or have the intention to do so..

 

KEYWORDS: Financial Education; microentrepreneurship; Ribeirão das Neves; Economic Development; Small Business.

 

Submetido: 12/03/2024

Aceito: 01/04/2024

Publicado: 30/04/2024

 

1    INTRODUÇÃO

O presente trabalho explora um estudo sobre a aplicação da educação financeira no desenvolvimento de microempresas varejistas em Justinópolis, Ribeirão das Neves. Neste contexto, busca-se focar na parcela de empresas cuja fonte de suas receitas são oriundas de: venda de roupas, sapatos, acessórios, presentes, eletrônicos e produtos alimentícios que possuem uma receita bruta anual de até 81.000 reais. Estas microempresas são compostas de uma sociedade limitada ou se enquadram na categoria de MEI's (Microempresas Individuais) (SEBRAE, 2022).  

Embora essas empresas apareçam e permaneçam no mercado com certo potencial de competição, muitas vezes, elas desaparecem nos primeiros cinco anos de existência. As que sobrevivem não possuem estratégias de ganho de mercado, o que, por sua vez, atrofia o seu crescimento (SEBRAE, 2016).  Esse cenário de migração do trabalho sob o regime CLT para o estabelecimento de pequenos negócios cresceu em Minas Gerais e, em Ribeirão das Neves, não foi diferente. Pensando nesse crescimento, questiona-se: Qual o nível de conhecimento financeiro dos gestores de pequenos negócios(MEIs) em Justinópolis, Ribeirão das Neves?  

Como objetivo geral, a pesquisa busca compreender como os MEI Micro empreendedor Individual em Ribeirão das Neves estão lidando com a situação financeira de suas empresas tais como a gestão de custos, rentabilidade, e endividamento, o fluxo de caixa e as perspectivas de crescimento. 

Como objetivos específicos podemos citar:

a) Realizar um levantamento da literatura sobre a aplicação da educação financeira no desenvolvimento do micro empreendedorismo varejista no Brasil;

b) Mensurar o nível de conhecimento sobre gestão financeira dos MEI Micro empreendedor Individual varejistas em Justinópolis, Ribeirão das Neves, MG, através de uma pesquisa de campo.

Como justificativa para esta pesquisa, podemos citar a importância das habilidades de gestão financeira do segmento de varejo em Justinópolis, município de Minas Gerais, para garantir a estabilidade para crescimento desses empreendimentos na região. Novos empreendimentos surgem todos os anos na região e faz-se necessário compreender se o nível de habilidade de gestão administrativa tem acompanhado o crescimento e a continuidade destes negócios. Segundo o Portal MaisMEI (2023), o número de pequenas empresas e negócios informais vem aumentando em Ribeirão das Neves nos últimos anos. Para compreender a estabilidade deste crescimento é necessário separar os empreendimentos que surgem por necessidade de renda e os empreendimentos que surgem com planejamento de custos e previsão de receitas. (PORTAL MAISMEI, 2023)

O estudo foi em formato de artigo e  dividido em cinco seções incluindo a introdução: A fundamentação teórica abordou a perspectiva de outros trabalhos acadêmicos sobre a importância da educação financeira no desenvolvimento de pequenas e microempresas. A terceira parte foi descrita a metodologia de pesquisa de campo para coleta de dados para a confecção dos resultados e foi feito o comparativo e aplicabilidade da teoria à população estudada no artigo. A quarta seção foi composta de uma análise dos resultados e por fim, a quinta seção apresentou as considerações finais, seguida das referências.

 

2        REFERENCIAL TEÓRICO

 

            Para a fundamentação teórica deste artigo, foi realizada uma pesquisa em bancos de dados e revistas científicas a fim de melhor compreender o status quo do tema entre a comunidade acadêmica e científica.

 

2.1       Características atuais do Micro e Pequeno negócio no Brasil

 

            As pequenas empresas compõem atualmente 27% do PIB no Brasil (SEBRAE, 2022). Negócios do setor varejista e alimentício compõem uma parcela significativa de novos pequenos negócios em bairros e em distritos comerciais na região metropolitana de Belo Horizonte. Muitas famílias possuem negócios próprios (empresas de garagem) que variam entre vendas de produtos novos como vestuários e eletrônicos, brechós, bazares, topa tudo, material hidráulico e de construção, entre outros produtos que se encontram no mercado varejista.

            Com a expansão das redes sociais, muitos destes negócios possuem praça em ambiente online. Porém, existindo ainda em bairros mais afastados na região metropolitana, estes negócios sobrevivem da economia local e não buscam expandir os negócios. Permanece nessa premissa, a ideia de um negócio familiar onde as receitas e os lucros se confundem e fica difícil para o comerciante controlar seus gastos e seus lucros. Muitas vezes, mesmo almejando uma expansão do negócio ou melhoria do atendimento e da qualidade dos produtos oferecidos, a empresa não consegue crescer e permanece durante toda sua existência mais como uma renda extra do que um negócio propriamente dito, agravando-se a situação devido ao cenário macroeconômico que muitas vezes, esses pequenos negócios estão inseridos (RORATTO; DIAS; ALVES, 2017).

            A gestão financeira do negócio e do seu crescimento se tornou para as pequenas empresas um dos seus principais desafios. Muitos pequenos empresários recebem seu fluxo de investimentos de suas atividades econômicas regulares (emprego, outros negócios) evitando empréstimos e quando esses são contraídos, não são capazes de gerir os riscos e ainda mais, cumprir com os prazos, liquidando seus negócios em menos de três anos (RORATTO; DIAS; ALVES, 2017).

 

2.2       O papel da Educação financeira na formação do gestor da pequena empresa

        

As habilidades de gestão das áreas de marketing, estratégia, recurso e finanças de um empreendedor compõem o rol de fatores decisivos no sucesso do Negócio. Embora a má gestão de marketing congele a captação de leads e clientes, a má gestão estratégica cause a perda de oportunidades e a má gestão de recursos gere prejuízos operacionais, é a má gestão financeira que causa o endividamento e eventualmente a falência das pequenas empresas. (DIAS, 2018)

 Embora seja um dos pilares da economia no Brasil, muitas microempresas não sobrevivem mais que quatro anos no mercado e muitos empreendedores precisam liquidar os seus bens (até mesmo pessoais) para quitar as suas dívidas e seguir com suas vidas em alguma outra atividade econômica assalariada ou não. (DIAS, 2018)

Essa constante de que o jovem empreendedor não encontra espaço no mercado em que procura inserir a sua empresa apresenta padrões relacionados com as características pessoais e habilidades de empreender desse indivíduo. Muitas vezes, o papel do gestor é substituído pelo papel do “chefe” ou do “dono” do empreendimento, o que atribui ao mesmo a característica de autocrata em seu negócio sem referência nas suas tomadas de decisão. Embora o espírito empreendedor possa ser natural, o desenvolvimento destes atributos se torna indispensável à continuidade do pequeno negócio, uma vez que, este empreendedor lida com constantes mudanças de mercado, imprevistos em suas operações, planejamento e resiliência nas suas atividades. (CODA, 2018)

Por isso, a educação financeira das empresas se torna um dos fatores mais decisivos e indispensáveis para a sobrevivência de uma empresa, isso porque, muitas vezes, elas são fonte de um investimento único e não tem quem as salve ou quando o proprietário necessita de oxigenação do caixa. Mesmo sendo uma atividade de risco, muitos jovens empreendedores não possuem o nível de profissionalismo exigido para a gestão de uma empresa e baseiam suas decisões em feeling em oportunidades momentâneas ou por necessidade de geração de renda individual ou familiar. Isso demonstra que o nível de educação financeira para o empreendimento de um negócio muitas vezes não é atingido pelos proprietários de micro empreendimento individuais. (LAURINDO, 2011)

Devido a esse quadro situacional, muitos MEI Micro empreendedor Individual não possuem o controle de suas finanças e devido à falta de capital não as terceirizam. A situação se agrava quando o conhecimento de finanças empresariais e educação financeira desses MEI Micro empreendedor Individual é limitado. Estudos do SEBRAE indicam que, durante a pandemia, a situação se agravou ainda mais quando foi levantado que uma em cada dez micro empreendimentos em Minas Gerais fecharam antes de completarem cinco meses de atividade (SEBRAE, 2021)

 

2.3       O crescimento do pequeno negócio e sua relação com a administração das finanças

 

O desenvolvimento de micro e pequenas empresas, muitas vezes possui relação, em primeiro lugar, com as habilidades e conhecimentos práticos do gestor. Porém existe a intrínseca relação com a educação superior tanto dos serviços terceirizados quanto do quadro de colaboradores. Questões restringidas à técnica como a elaboração do Markup, a Margem de contribuição, Tipologia de Custos e precificação são elementos essenciais e exclusivos que cabe aos profissionais durante a execução de um plano de negócios seguro e operação das empresas em geral (CHAGASTELES, 2017). Embora advindos da oportunidade proporcionada da livre iniciativa, muitos negócios prosperem em uma área que possui uma constante de crescimento econômico durante um determinado período de tempo. Os negócios que possuem a sua sobrevivência e perpetuação no mercado dependem de mentes empreendedoras treinadas, resilientes e criativas. Ainda assim, muitos empreendedores não são provenientes do ensino superior ou técnico, e sim de pessoas que buscam a independência financeira, enfrentam o desemprego ou possuem o sonho do próprio negócio (SANTOS; KREIN; CALIXTRE, 2012).

Empresas de pequeno e médio porte do setor varejista, usualmente possuem setores de contabilidade e finanças terceirizados, uma vez que, esses empreendedores não criam estes setores. Ainda assim, mesmo com a redução da informalidade durante os anos 2000 a 2010, muitos negócios de bairro e de pequenos centros comerciais operam sem a regulamentação do seu setor fiscal e contábil, tratando as suas operações sem o controle exigido por uma atividade econômica, principalmente, tratando de suas finanças. Isso gera um desajuste muitas vezes danoso ao empreendimento durante o pagamento de tributos, reduzindo lucros e impedindo o desenvolvimento de comércios locais e de microempresas individuais (MARTINS, 2013).

Esses conhecimentos básicos de fluxo de caixa e de contabilidade devem auxiliar o gestor no desenvolvimento do capital da sua empresa. A demonstração de resultados periódica é essencial para mensurar se os objetivos econômicos da empresa estão sendo alcançados ou não e quais reajustes de custos devem ser feitos para que os objetivos sejam alcançados na realidade mais próxima do que foi concebido no planejamento. O desenvolvimento financeiro da empresa dentro de uma gestão sólida estruturada torna visível e mensurável todo o processo da sua atividade econômica dentro da sua sazonalidade operacional e dentro da legislação fiscal vigente na região (MARTINS, 2013).

O crescimento sadio da empresa e a sua permanência no mercado dependem, não somente das habilidades do empreendedor, seja ele graduado ou não. A importância que se deve ao setor de custos e finanças é essencial para a saúde financeira do empreendimento e, portanto, seu desenvolvimento e participação no mercado. Faz-se necessário desenvolver a educação através do trabalho. O empresário capaz de administrar o seu negócio buscando o conhecimento dos instrumentos que lhe cabem à sua atividade e aplicando a resiliência e a criatividade aos processos diários das suas operações, garante ao seu empreendimento a perpetuação do seu negócio no mercado (ODEBRECHT, 1984).

 

3        METODOLOGIA

 

O conceito de estudo de campo envolve o desenvolvimento de instrumento de pesquisa, o questionário, que busca investigar o posicionamento de uma determinada amostra da sociedade sobre um determinado tema, ressaltando a interação da mesma com as provocações propostas (GIL, 2008). Posto isto, a metodologia utilizada neste trabalho quanto aos procedimentos técnicos foram pesquisa de campo descritiva buscando estabelecer relações entre as variáveis de forma generalizada e padronizada para capturar as nuances relativas às capacidades e conhecimentos dos empreendedores sobre a aplicação da educação financeira no desenvolvimento do seu negócio.  Esse método foi relevante para a proposta uma vez que busca quantificar e classificar as opiniões do público-alvo através da escala Likert de cinco pontos sobre o tema abordado no trabalho. A pesquisa foi classificada como aplicada e tem como natureza gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidas à importância da educação financeira para o desenvolvimento de pequenos negócios varejistas em Justinópolis, Ribeirão das Neves, MG (GIL, 1994).

 

 Para a coleta de dados foram utilizadas duas ferramentas: A ferramenta de formulário do Google Forms autoaplicável pelo respondente. Foi feito um levantamento através de um questionário direcionado a empreendedores de Justinópolis, Ribeirão das Neves, que busca mensurar através da escala de Likert uma vez que variações e intensidade de determinadas práticas de gestão possam ser detectadas se tratando da dinâmica de cada empresa com a gestão financeira.

O formulário alcançará o público alvo acima de 18 anos através de e-mail eletrônico, mídias sociais como Instagram e Facebook e Whatsapp. A amostragem será de 30 respondentes, uma vez que a atividade de empreender é presente no distrito é praticada por moradores de diversos bairros e áreas comerciais. O questionário foi composto por quinze perguntas fechadas contendo temas como fontes de conhecimento de gestão financeira, conhecimentos de fluxo de caixa, capital de giro, demonstração de resultados, sazonalidade, legislação fiscal e contabilidade básica e constará no cabeçalho a anuência em participar da pesquisa por meio do TCLE para assegurar o consentimento do participante. A pesquisa foi realizada no terceiro trimestre de 2023 e divulgada em dezembro deste mesmo ano. Os dados passarão por uma análise estatística com a finalidade de compor a apresentação de resultados quantitativos percentuais, além de serem tabelados acompanhados de suas representações gráficas.

 

Link da pesquisa: https://forms.gle/8D4VAFsdKTEeJNF7

 

3.1 Pesquisa em base de dados para a fundamentação teórica

 

Para o desenvolvimento do referencial teórico desta pesquisa, utilizou-se a base de dados da Scielo, Google Acadêmico e Spell. (Quadro 2). Para além, foram feitas pesquisas em literaturas relacionadas ao tema e publicações de revistas científicas como a Revista da Micro e Pequena Empresa e portais governamentais como o SEBRAE.

Quadro 1. Seleção de Descritores

Inglês

Small business; MEI; finance; management; development; education

Português

Pequeno negócio; MEI; Finanças; Gestão; desenvolvimento; educação

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Quadro 2. Estratégia de busca para pesquisa em base de dados

Base de dados

Estratégia

Scielo

(SMALL) AND (BUSINESS) AND (FINANCE)

(SMALL) AND (BUSINESS) AND (EDUCATION)

Spell

 (SMALL) AND (BUSINESS) AND (FINANCE)

(SMALL) AND (BUSINESS) AND (EDUCATION)

Google acadêmico

(SMALL) AND (BUSINESS) AND (FINANCE)

(SMALL) AND (BUSINESS) AND (EDUCATION)

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

 

4        ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS

 

A tabela 1 abaixo apresenta o perfil demográfico dos respondentes da pesquisa discriminando as principais características sociais relativas aos interesses pertinentes à coleta de dados.

Tabela 1 - Perfil sociodemográfico

 

Variáveis

Porcentagem (%)

N

Gênero

100%

9

Masculino

66,70%

6

Feminino

33,30%

3

Outros

0%

0

Faixa Etária

100%

9

18 a 29

11,10%

1

30 a 39

66,70%

7

40 a 49

22,20%

2

50 a 59

0%

0

60 ou mais

0%

0

Formação Acadêmica

100%

9

Ensino fundamental completo

11,10%

1

Ensino médio completo

33,30%

3

Cursando o ensino superior

0%

0

Ensino superior completo

55,60%

5

 

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

 

Gráfico 1: Formação Acadêmica

Fonte: Dados da pesquisa, 2023

 

Com base na pesquisa, foi possível identificar o nível de formação acadêmica dos entrevistados. Dentre os empreendedores, houve predominância da educação em nível superior, apresentando, assim, especializações nos negócios empreendidos pelos respondentes. A relevância dessa informação buscou estabelecer uma noção da habilidade do gestor do empreendimento de compreender conceitos intermediários e avançados de cálculo e análise de dados. Embora 55,6% (5) dos entrevistados possuem formação superior, ainda consiste em uma representação significativa de 33,3%(3) dos empreendedores que possuem apenas o ensino médio completo.(GRÁFICO 1)

 

Gráfico 2: Aprendizado pelo ensino regular

Fonte: Dados da pesquisa 2023

 

Embora o gráfico 1 apresentou a  informação de que a maioria expressiva de 55,6% (5) dos entrevistados possuem nível superior de educação completo, a percentagem proporcional de entrevistados que possuem ensino médio completo acreditam que o melhor de seus conhecimentos de gestão financeira foram adquiridas fora do ensino regular de cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

 

 

Gráfico 3: Custos e formação de preço

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

 

O gráfico 3 acima apresentou informações sobre a aplicação dos conceitos valor de investimento, de custos fixos e variáveis na formação de preço de produto pelos entrevistados. 55,6%(5) dos entrevistados afirmaram que levam em consideração a aplicação destes conceitos em suas operações frequentemente. Porém apenas 11,1%(1) respondeu que muito frequentemente realiza as análises pertinentes a estes conceitos na formação do preço do produto. Ainda, a expressiva percentagem de 22,2%(2) afirmou que apenas ocasionalmente aplica estes conceitos em suas operações.

 

Gráfico 4: Controle de Ficha de Estoque

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

 

O gráfico 4 apresentado acima informa que o percentual de 44,4%(4) raramente realiza o controle de entradas e saídas de produtos e valores através de ficha de estoque. Ainda, 33,3% (3) afirma que ocasionalmente realiza essa análise. Isso demonstra que a análise e controle de ficha de estoque não ocupa uma posição importante no controle do preço de aquisição e de venda dos produtos ofertados pelos empreendedores participantes da pesquisa.

 

Gráfico 5: Perspectivas de crescimento do Negócio

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

 

O gráfico 5 acima apresentou as informações relativas às perspectivas de crescimento e expansão do crescimento do negócio dos empreendedores participantes da pesquisa. 66,7% (6) afirmam que o tamanho do negócio ainda não atende às expectativas e que pretendem expandir os negócios no futuro.

 

 

Gráfico 6: Projeções de Retorno de Investimentos

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

 

O gráfico 6 acima apresenta as informações relativas à aplicação de cálculos de retorno de investimentos, taxa interna de retorno e payback dos investimentos. Embora 77,8% (7) dos respondentes afirmam que possuem o interesse de expandir os negócios, a massiva maioria dos entrevistados respondeu que nunca realizam as análises pertinentes (55,6%; 5 respondentes) ou raramente as realiza (22,2%;2 respondentes) quando se trata de aquisições para o crescimento do negócio.

 

 

Gráfico 7: Segurança para crescimento

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

 

O gráfico 7 acima apresenta informações sobre as tentativas de expansão de negócio dos empreendedores respondentes da pesquisa e os resultados alcançados com seus esforços. 44,4% dos respondentes concordam que não conseguem investir de forma segura e o retorno de seus investimentos não atendem às suas expectativas. Essa informação apresenta um reflexo sobre os conhecimentos relativos a projeções de retorno provenientes de análises financeiras prévias ao investimento (GRÁFICO 6).

Isso indica que o conhecimento de gestão financeira para pequenos negócios (MEIS)dos micros empreendedores individuais da região não é suficiente para que seus objetivos sejam alcançados no longo prazo. Como consequência, os negócios muitas das vezes encontram dificuldades de longo prazo, de projeção de receita e de perspectiva de crescimento. Embora o empreendimento desfrute de relativa estabilidade, a segurança para crescimento da empresa nunca é alcançada e se torna uma das principais fraquezas das empresas da região.

 

5        CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se através do estudo que, embora o crescimento de pequenos negócios tenha apresentado uma variável significativa nos últimos anos no distrito de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, MG, ainda persiste entre estes empreendedores uma relativa dificuldade em programar processos básicos de gestão financeira em suas atividades, principalmente, de longo prazo devido a necessidade conhecer melhor a gestão financeira para pequenos negócios (MEIs). As dificuldades de expansão e de controle do fluxo financeiro refletiram diretamente na ineficiência em fazer investimentos e projetar retornos em seus empreendimentos, uma vez que, muitos destes empreendedores buscam seus conhecimentos de gestão fora do ensino regular.

Em concordância com a literatura abordada, muitos destes empreendedores lutam para sobreviver no mercado evitando conscientemente abordagens técnicas de práticas administrativas financeiras. Observa-se uma preferência por abordagens pessoais e simplificadas em sua gestão financeira de curto prazo. Constatou-se um ponto comum entre os respondentes uma abstenção em contemplar o longo prazo financeiro de seus empreendimentos, mesmo que ainda assim, exista a intenção de sustentar um crescimento contínuo de suas empresas.

Evidencia-se que os empreendedores da região necessitam de uma melhor adaptação de suas práticas individuais a um ensino regular e profissional para que possam garantir um crescimento sadio e organizado de suas empresas.

A principal limitação da pesquisa foi encontrada na indisposição dos empreendedores em participar, repassar o formulário para seus gestores e até mesmo retornar com uma resposta positiva ou negativa à proposta. Esse posicionamento diminuiu consideravelmente a amostra de entrevistados em relação com a projeção feita no início do projeto. Todavia, a pesquisa de campo evidenciou aquilo que a fundamentação teórica havia abordado com êxito.

Persiste como objeto de pesquisa inexplorado nesse trabalho uma melhor compreensão sobre as crenças dos empreendedores quanto ao ensino regular em comparação com as tradições de comércio que orientam suas práticas quanto à organização financeira de suas empresas.

            Para o futuro, é necessário abordar conhecimentos relativos a demais áreas de administração de empresas destes empreendedores como metodologia quantitativa, marketing e softwares de gestão para formar um quadro mais consistente da identidade empreendedora da região e expandir as fronteiras da pesquisa para um escopo maior da região metropolitana de Ribeirão das Neves, MG. Com a redução das distâncias proporcionadas pelo mundo digital e o livre acesso à autoeducação online, é necessário mensurar o quão empreendedora a população dessa região tem se tornado e qual o impacto dessa cultura de empreendedorismo em suas vidas.

 

REFERÊNCIAS

 

ALVES, Edelnice; DIAS, Evandro; RORATTO, Rodrigo. Mortalidade de micro e pequenas empresas: Um estudo de caso na região central do Rio Grande do Sul. Revista Espacios, v. 38, n. 28 ,p.33-34, 2017. Disponível em: https://www.revistaespacios.com/a17v38n28/17382827.html

 

CHAGASTELES, Fábio Barreto de Souza. Gestão de Custos e Formação de Preços: Estudo de caso em uma empresa de vestuário feminino. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção)- Escola de Engenharia,

Departamento de Engenharia De Produção, Universidade Federal Fluminense, UFF, Niterói, 2017. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/5449/Projeto%20Final%20-%20Fabio%20Chagastelles.pdf?sequence=1&isAllowed=y

 

CODA, R.; KRAKAUER, P. V. C.; BERNE, D. F. Are Small Business Owners Entrepreneurs? Exploring Small Business Manager Behavioral Proles in the São Paulo Metropolitan Region . RAUSP Management Journal, v. 53, n. 2, p. 152-163, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rmj/a/JTGJzZCmcpRLBh3QMLyTXYj/?lang=en

 

DIAS, Maria Aparecida. A importância da educação financeira para a sustentabilidade de pequenos negócios. 2018. 61 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão Financeira) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/19589

 

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 207p.

 

PANUCCI-FILHO, Laurindo; CHEROBIN, Ana Paula Mussi Szabo. Perspectivas financeiras de uma empresa de pequeno porte no curto prazo: um estudo de caso. Revista da Micro e Pequena Empresa, v. 5, n. 2, p. 77-90, 2011. Disponível em: https://www.cc.faccamp.br/ojs-2.4.8-2/index.php/RMPE/article/view/196/159

 

Portal SEBRaE. Disponível em: sebrae.com.br. Acesso em: 01/04/2023.

 

MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Contabilidade de custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

 

ODEBRECHT, Norberto. Sobreviver Crescer e Perpetuar: Tecnologia Empresarial Odebrecht. Fundação Norberto Odebrecht, 1984.

 

PORTAL MAIS MEI. Disponível em: https://www.maismei.com.br/mei-microempreendedor-individual-ribeirao-das-neves-mg. Acesso em: 01/04/2023

 

SANTOS, Anselmo Luís dos; KREIN, Jose Dari; CALIXTRE, Andre Bojikian. Micro e Pequenas Empresas: Mercado de Trabalho para o Desenvolvimento, IPEA,  p. 25-26, 2012. Disponível em:

https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=16690:micro-e-pequenas-empresas-mercado-de-trabalho-e-implicacao-para-o-desenvolvimento&catid=267:2012&directory=1

 

 

APÊNDICE - Questionário da pesquisa