v. 6, n. 3, Setembro-Dezembro/2022 This work is licensed
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4.0 International License
A
COMPETITIVIDADE ENTRE A CULTURA DA SOJA E DO GIRASSOL PARA UTILIZAÇÃO NA
PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM MATO GROSSO
Anderson Nunes de Carvalho Vieira
andersonvieira.nunes@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/1610101480245511
https://orcid.org/0000-0002-4200-9420
Detran/MT
Cuiabá/MT
Alexandro Rodrigues Ribeiro
andersonvieira.nunes13@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/0006793524224802
https://orcid.org/0000-0002-8272-1914
Universidade Federal de
Mato Grosso
Cuiabá/MT
RESUMO
O presente estudo buscou levantar os principais dados da produção de biodiesel e girassol em Mato Grosso. Com este levantamento foi possível compreender o cenário da atual produção e se existe espaço para uma diversificação agroenergética no estado. A pesquisa teve como objetivo geral identificar quais os motivos que impedem a cultura do girassol ser utilizada na produção biodiesel. Para encontrar este objetivo geral perseguiu-se os seguintes objetivos específicos: a) Descrever o atual cenário da produção de girassol e de biodiesel em Mato Grosso; b) Comparar a cultura da soja com o girassol verificando as vantagens que o girassol possui em relação a soja no que tange a ser matéria-prima na produção de biodiesel e, c) Apontar os principais motivos que impedem a utilização do girassol na fabricação de biodiesel no estado. A abordagem metodológica utilizada foi a qualitativa/quantitativa com emprego do método comparativo que utilizou o critério de notas para avaliar os fatores de competitividade. O girassol se mostrou viável para a produção de biodiesel, porém precisa superar barreiras ligadas às políticas públicas e de rentabilidade.
PALAVRAS-CHAVE:
Produtividade; Oleosidade; Viabilidade; Agroenergia.
COMPETITIVENESS STUDY BETWEEN
SOYBEAN AND SUNFLOWER FOR USE IN BIODIESEL PRODUCTION IN MATO GROSSO
ABSTRACT
The present study sought to raise
the main data on the production of biodiesel and sunflower in Mato Grosso. With
this survey, it was possible to understand the current production scenario and
if there is room for agroenergetic diversification in the state. The general
objective of the research was to identify the reasons that prevent the
sunflower crop from being used in biodiesel production. To meet this general
objective, the following specific objectives were pursued: a) To describe the
current scenario of sunflower and biodiesel production in Mato Grosso; b) To
compare the soybean crop with the sunflower, verifying the advantages that the
sunflower has in relation to soybean in terms of being a raw material in the
production of biodiesel and, c) Point out the main reasons that prevent the use
of sunflower in the manufacture of biodiesel in the state. The methodological
approach used was qualitative/quantitative using the comparative method that
used the grade criterion to evaluate the competitiveness factors. The sunflower
proved to be viable to produce biodiesel, but it needs to overcome barriers
related to public policies and profitability.
KEYWORDS: Productivity;
Oiliness; Viability; Agroenergy.
Submetido: 30/08/2022
Revisões Requeridas: 30/09/2022
Aceito: 12/12/2022
Publicado: 31/12/2022
1 INTRODUÇÃO
O biodiesel é um combustível produzido a
partir de óleos vegetais ou de gorduras animais. Diversas espécies vegetais
presentes no Brasil podem ser usadas na produção do biodiesel dentre elas a
soja, o dendê, a mamona, o babaçu, o amendoim, o pinhão-manso e o girassol.
Entretanto, o óleo vegetal in natura é
um produto diferente do biodiesel, que deve atender à especificação
estabelecida pela Resolução ANP n°
7/2008. Em
dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2021), o Brasil está entre os maiores produtores e
consumidores de biodiesel do mundo. A pesquisa revelou que em 2020 o país
obteve uma produção anual de 5,7 bilhões de litros dentro de uma capacidade
produtiva instalada para aproximadamente 8,1 bilhões de litros. A pesquisa
também mostrou que Mato Grosso já é líder nacional na produção de biodiesel com
uma produção de 494.561 milhões de litros do produto em 2020, ultrapassando o
Rio Grande do Sul, que produziu 473.272 milhões de litros no mesmo período. Atualmente,
a produção mato-grossense é 34% superior à quantidade registrada em todo o ano
de 2020 quando somou 367.009 milhões de litros, (ANP, 2021). Cabe salientar que
o Rio Grande do Sul vinha há alguns anos ocupando a primeira posição no ranking
dos maiores produtores do país.
Fontana (2018) acredita que Mato Grosso tem todo o suporte
agrícola para se estabelecer na primeira colocação e se tornar um destaque
internacional na produção e exportação de biodiesel. Porém, segundo o autor,
deve-se destacar que para o estado se alavancar no
ramo será preciso que o governo promova uma articulação entre empresas do setor
de máquinas pesadas e caminhões, de biotecnologia, instituições de pesquisa e
integrantes da cadeia produtiva do biodiesel. Argumenta ainda que Mato Grosso
ainda terá de superar alguns obstáculos de ordem científica, tecnológica, de
produção agrícola e de políticas públicas para concretizar essa previsão.
É interessante ressaltar que para se tornar compatível com os motores a
diesel, o óleo vegetal precisa passar por um processo químico chamado
transesterificação, realizado nas instalações produtoras de biodiesel
autorizadas pela ANP. A venda de diesel BX – nome da mistura de óleo diesel
derivado do petróleo e um certo percentual[1]
de biodiesel – é obrigatória em todos os postos que revendem óleo diesel
(conforme o Programa Nacional de Biodiesel 10 do Governo Federal[2]),
sujeitos à fiscalização pela ANP. A adição de até 10% de biodiesel ao diesel de
petróleo foi amplamente testada, dentro do Programa de Testes coordenado pelo
Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), que contou com a participação da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Os
resultados demonstraram, até o momento, não haver a necessidade de qualquer
ajuste ou alteração nos motores e veículos que utilizem essa mistura.
São muitos os motivos que podem levar a
substituição dos combustíveis fósseis pelos bicombustíveis. Problemas
relacionados ao esgotamento do petróleo que pode acontecer nos próximos 50
anos, as preocupações com o aquecimento global e a redução das emissões de CO2
na atmosfera, o aumento dos custos de exploração de novas reservas de petróleo,
o desenvolvimento da economia baseada no conceito de desenvolvimento
sustentável, os conflitos geopolíticos causados pelos combustíveis fósseis e
até mesmo a instabilidade política, econômica e religiosa presente no Oriente
Médio são alguns exemplos. O Protocolo de
Kyoto, um dos maiores incentivadores do uso dos biocombustíveis, foi implantado
de forma efetiva em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, nome que deu origem ao
protocolo. O protocolo prevê através do acordo entre seus 165 países
signatários, uma redução de 5,2% nas emissões de gases do efeito estufa entre
2008 e 2018. Entretanto, tal objetivo não foi cumprido, pois o protocolo acabou
não sendo ratificado por importantes países membros, entre eles os
Estados Unidos e a China, que são os dois maiores emissores do planeta,
(BRASIL, 1999). Nesse tocante, o biodiesel se destaca como um biocombustível
capaz de auxiliar na redução da quantidade de CO2 presente na
atmosfera. Essa redução ocorre tanto pela diminuição da emissão de CO2 em
sua queima, quanto no sequestro de CO2 realizado por culturas que
servem como matéria-prima para a produção de biodiesel, como é o caso da soja e
do girassol.
Desta forma, esta pesquisa possui a
seguinte problemática: Quais motivos impedem a
utilização do girassol como matéria-prima para a produção de biodiesel em Mato
Grosso, sendo que o estado é o maior produtor tanto de biodiesel quanto de
girassol do Brasil?
Para tanto, este estudo teve como objetivo geral identificar quais os motivos que impedem que a produção de girassol possa ser utilizada na produção de biodiesel em Mato Grosso. E de forma específica, propôs-se: a) Descrever o atual cenário da produção de girassol e de biodiesel em Mato Grosso; b) Comparar as culturas da soja e do girassol e verificar as vantagens do girassol como matéria-prima para a produção de biodiesel e; c) Apontar os principais motivos que impedem a inserção do girassol na matriz agroenergética do estado. A hipótese que norteiam este trabalho é de que o girassol possui variáveis competitivas favoráveis para a produção de biodiesel se comparado com a cultura da soja. Entretanto, a cultura ainda enfrenta diversos entraves como a experiência dos produtores com o manejo, adaptações agroindustriais e ausências de fomento para o cultivo.
Além da
importância que se deve dispender para as questões ecológicas, esta pesquisa se
torna relevante no sentido de despertar o segmento do agronegócio
mato-grossense para o potencial do girassol na produção de biodiesel. Dessa
forma, este estudo se torna um fomento às análises voltadas às vantagens
agroenergéticas, socioeconômicas e ambientais que o girassol possui em ser
matéria-prima para produção de biodiesel, verificando os motivos pelos quais
ainda não se produz biodiesel a partir deste grão no estado. Além do mais,
existe a urgência de se diversificar
a matriz agroenergética não só de Mato Grosso, mas do Brasil. Uma matriz
agroenergética diversificada, principalmente para a produção de biodiesel, faz
com que a economia se torne mais competitiva trazendo ganhos sociais com o
aumento do emprego e da renda além de ganhos ambientais com a melhor utilização
do solo, respeitando fatores ambientais e edafoclimáticos de cada região do
país. Outra relevância desta pesquisa, relaciona-se à falta de publicações
científicas que abordem a necessidade de inserção do girassol como uma
monocultura com potencial agrícola para produção de biodiesel em Mato Grosso.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A continuidade da organização está
diretamente atrelada à vantagem competitiva alcançada de forma sustentada,
mantendo-a num ambiente cada vez mais evoluído e em constantes mudanças. Neste
ambiente, conforme destacam Richard et
al. (2009), o desempenho organizacional é um dos constructos teóricos mais
importantes na pesquisa em administração, e
os estudos sobre o tema revelam uma conceituação multidimensional
relacionada aos stakeholders, às circunstâncias heterogêneas do mercado
de produtos e ao tempo.
Uma das formas de permitir a
continuidade da organização é, entre as estratégias de gestão, o uso de
ferramentas de gestão para a melhoria do desempenho organizacional.
Para Richard et al. (2009), ferramentas
de gestão são técnicas que auxiliam no processo de tomada de decisões nas
organizações (RICHARD et al., 2009).
Já Nedelko
(2021) as definem como instrumentos de
suporte à implementação de conceitos e ideias em todos os níveis, visando, em
última instância, apoiar os processos organizacionais; o mesmo autor ainda
explica que o papel das ferramentas de gestão no apoio ao trabalho das
organizações tem sido amplamente reconhecido na literatura de gestão, sendo
enfatizados tanto o papel de ferramentas de gestão única, como grupos de
ferramentas de gestão que são usadas
para apoiar o trabalho organizacional em várias circunstâncias. Neste contexto
a utilização de ferramentas de gestão busca melhorar o desempenho
organizacional.
O desempenho organizacional abrange
três áreas específicas de resultados da empresa, segundo Richard et
al. (2009), sendo a primeira delas o desempenho
financeiro, ou seja, os lucros, o retorno sobre ativo, o retorno sobre
investimento, etc.; já a segunda área diz respeito ao desempenho de mercado do
produto relacionado a vendas, participação de mercado, entre outros; e a
terceira área de resultados da empresa relaciona-se ao retorno para o
acionista. A terceira área diz respeito a efetividade organizacional que é mais
ampla, e captura o desempenho organizacional.
Embora o desempenho organizacional seja
um tipo de indicador de eficácia, há necessidade de distingui-los, conforme
salientado por Venkatraman
e Ramanujam (1986a). Corroborando neste sentido, Hamann e
Schiemann (2021) pontuam que uma definição de
desempenho organizacional somente é possível se a relação entre eficácia
organizacional e desempenho organizacional for especificada. Deste modo, Straasser
et al. (1981) definem eficácia organizacional como o
grau em que as organizações estão atingindo todos os propósitos que deveriam.
Deslindando a respeito, Hamann et
al., (2013), Combs;
Crook e Shook (2005), Venkatraman
e Ramanujam (1986b) e
Orlitzky;
Schmidt e Rynes (2003) entendem que a melhor forma de
representar a eficácia organizacional é utilizar um conjunto de constructos de
desempenho que abrange, no mínimo, o desempenho social corporativo, o
desempenho operacional e o desempenho organizacional.
Na literatura existem alguns tipos mais
recorrentes de desempenho organizacional em pesquisas de desempenho em
organizações. O desempenho financeiro, mercadológico e operacional vem atraindo
a atenção de expressivos pesquisadores e periódicos internacionais (LAI; WONG,
2012). Um dos primeiros fóruns de discussão da relação stakeholders e
desempenho organizacional foi o Special Research Forum em 1999 no Academic
of Management Journal. Essa discussão reflete as principais preocupações
existentes na literatura de gestão estratégica: a busca por explicações para o
fato de empresas terem desempenho superior a outras (BARAKAT; WADA, 2021)
No contexto do conjunto de constructos,
em se tratando do desempenho social, Wood
(1991) o define como uma configuração da
organização de princípios e processos de responsabilidade social, e políticas,
programas e resultados observáveis no que se refere às relações sociais da
empresa; já o desempenho operacional é entendido por Combs,
Crook e Shook (2005) como a realização de metas não
econômicas dentro das atividades da cadeia de valor de uma organização; por
fim, o desempenho organizacional é definido como os resultados econômicos
resultantes da interação entre os atributos, ações e ambiente de uma organização
(COMBS;
CROOK; SHOOK, 2005), e, conforme salienta Fryxell
e Barton (1990) e Hamann et al. (2013) o desempenho financeiro e o desempenho
econômico são sinônimos de desempenho organizacional.
O desempenho organizacional pode ser
medido e essa medição é vista por diferentes ângulos pelos stakeholders,
assim como a sua definição é uma questão supreendentemente aberta, com poucos
estudos consistentes, conforme Richard et
al., 2009).
A medição do desempenho
organizacional é fundamental para os
gestores avaliarem as ações e estratégias implementadas, seu posicionamento
diante dos demais players, concorrentes, e sua evolução ao longo do
tempo, enquanto que a pesquisa de gestão estratégica concentra-se em teorias
para explicar as variações no desempenho organizacional e a concepção de estratégias para melhorá-lo (COMBS;
CROOK; SHOOK, 2005). Vários estudos empíricos recentes
abordaram o desempenho organizacional, entre eles podem ser citados Conyon e He (2017); Durt; Hinteregger e Zieba (2019), Hamann e Schiemann (2021) e Palacios-Marqués
et al. (2019).
Estudos sobre a medição e a validade do construto de
desempenho organizacional estabeleceram empiricamente as relações entre o
desempenho organizacional e suas dimensões. Quando se consideram os modelos de
quatro dimensões relacionadas, ou seja, lucratividade, liquidez, crescimento e
desempenho do mercado de ações, Hamann e
Schiemann (2021) observaram que este supera os modelos com três dimensões ou os
modelos com medidas híbridas, isso devido ao fato de que o desempenho
organizacional fica melhor modelado como um conjunto de quatro dimensões,
conforme análises e testes de robustez realizados. Ainda segundo os autores,
embora as quatro dimensões sejam resultados econômicos das atividades
organizacionais, elas não são intercambiáveis, representam diferentes facetas
do desempenho organizacional e tem diferentes redes nomológicas.
3 METODOLOGIA
Para a efetivação deste estudo, aplicou-se o método bibliométrico, com objetivo de compreender as relações entre a avaliação de desempenho organizacional e as ferramentas de gestão. Segundo Diodato (1994), o estudo bibliométrico pode ser considerado como uma análise matemática e estatística realizada por meio das análises das publicações. Dentre as diversas possibilidades de aplicação da pesquisa bibliométrica, para o presente estudo destacam-se o acoplamento de assuntos para identificar tendências de publicações, bem como o crescimento do conhecimento sobre a temática estudada.
A pesquisa também buscou identificar os autores que mais publicaram sobre o tema e as principais referências bibliográficas.
Para tanto,
foram seguidas algumas etapas, as quais estão apresentadas a seguir, em
consonância com os estudos de Acedo, Barroso e Galan
(2006), Lin e Cheng (2010), Guerrazzi e Serra (2017) e Lima et al. (2020).
Etapa 1: Delimitação do escopo de análise:
primeiramente, foram definidos os portais de busca a serem utilizados, bem como
os termos, sendo estes delineados a partir de leituras preliminares acerca do
tema. As bases de dados para a busca foram a Web of Science, a Scopus
e a Scielo, por serem bases relevantes para a área de administração. A
estrutura de busca foi operacionalizada por dois grupos de palavras com o
operador booleano “AND” dentro do grupo, a saber: "organizational
performance" AND “management tools”. Em função dos portais
abarcarem publicações nacionais e internacionais os termos foram pesquisados
nos idiomas inglês e português, intentando, assim, a obtenção de resultados
mais abrangentes.
Etapa 2: Coleta de dados: a coleta de dados
foi realizada entre os dias 18 e 19 de abril de 2021. Não houve restrição
quanto ao idioma, data de publicação e área do conhecimento. O resultado da
busca totalizou 1.106 trabalhos (Tabela 1), sendo que destes, 672 foram
encontrados na base de dados da Scopus, 417 na Web of Science e
17 na Scielo.
Tabela 1 –
Base de dados pesquisadas e número de artigos
Base
de dados |
Número
de Artigos |
Scopus |
672 |
Web of Science |
417 |
Scielo |
17 |
Total |
1.106 |
Fonte:
Os autores
Etapa 3: Seleção dos artigos: para a seleção
dos artigos seguiram-se os seguintes filtros: a) digitação dos títulos dos
artigos no Excel e classificação em ordem alfabética para identificação dos
títulos repetidos. b) leitura dos títulos e resumos dos artigos e seleção
daqueles que aderiam ao tema. Permaneceram aptos para a análise, 451 artigos.
Etapa 4: Análise quantitativa dos artigos,
visando descrever suas principais características em relação à: a) número de
publicações por país; b) número de publicações por periódico;(c) número de
publicações por período; d) as dez publicações mais referenciadas nos
trabalhos; e) número de citações dos estudos; f) abordagens metodológicas; g)
quantidade de autores por publicação; h) palavras-chave mais recorrentes.
Etapa 5: Foram realizados três tipos
principais de análises: citações, cocitações e a análise dos temas mais
frequentemente pesquisados. A análise de citações é usada na literatura
científica para reconhecer a influência, o valor e a utilidade de um trabalho,
permitindo identificar os trabalhos e autores que influenciaram o assunto
pesquisado. Esta análise é baseada na contagem de vezes em que um trabalho é
citado por outros pesquisadores por serem relevantes para sua própria pesquisa (GUERRAZZI; SERRA,
2017; LIMA et al., 2020). Todas as referências dos 451 artigos
foram envolvidas na análise, sendo que os artigos que foram citados mais de
quatro vezes foram analisados, totalizando 114 artigos. A análise de cocitação
baseia-se em examinar com que frequência um determinado par de obras é citado
por outros trabalhos, buscando mostrar suas inter-relações a partir dos dados
de citação e da elaboração do mapa de cocitações, permitindo identificar uma
comunidade de autores a partir dos seus posicionamentos no campo pesquisado.
Por último, realizou-se a Análise Fatorial Exploratória com rotação Varimax
(ACEDO; BARROSO; GALAN, 2006; LIN; CHENG, 2010; LIMA et al, 2020;
VICENTE, et al 2020).
Na pesquisa bibliométrica, um fator é considerado um subcampo e representa bases teóricas a partir da análise dos autores que possuem cargas altas naquele fator. Neste estudo, como pré-requisito para a variável pertencer a um fator foram consideradas apenas cargas fatoriais maiores que 0,6, conforme indicado por Lima et al (2020). O reconhecimento e posterior denominação de cada fator é feito a partir da leitura e identificação da linha teórica comum aos trabalhos que pertençam a um determinado grupo. Para evidenciar a proximidade dos artigos de cada fator, foi utilizado o Escalonamento Multidimensional (MDS).
Dessa forma, a partir da Web of
Science, da Scopus e da Scielo, e com a utilização das
técnicas de citação, cocitação e análise fatorial, foi possível traçar a
estrutura intelectual do campo de avaliação de desempenho organizacional e ferramentas
de gestão.
Para as análises propostas, foi utilizado o software Bibexcel (de livre acesso), a partir do qual gerou-se o conjunto de informações para análise, como a tabela de frequência das referências contidas nos artigos e a matriz de cocitação, a qual serviu de base para a criação dos mapas de cocitação e das redes de cocitação, geradas com auxílio do software Statistical Package for Social Science (SPSS) - versão 18.
4 RESULTADOS
Neste tópico após
minucioso trabalho realizado são apresentados os resultados da análise
quantitativa bem como de cocitação, como estão relacionados e
fundamentos os referidos artigos e especificamente, quais destes artigos foram
mais utilizados na conceituação da temática pesquisada na medida em que
serviram para a estrutura intelectual, fundamentação teórica da mesma; a
análise possibilitou verificar as conexões entre os autores que pesquisaram e
as teorias que fundamentaram a avaliação de desempenho e as ferramentas de
gestão possibilitando um melhor conhecimento sobre o tema e ao mesmo tempo
orientar e contribuir para pesquisas futuras nesta temática.
4.1 Bibliometria dos artigos das bases
de dados
A partir da análise dos dados chega-se
à apresentação dos resultados da análise bibliométrica e de cocitação,
especificamente os autores e referências mais influentes sobre o tema, sua
distribuição temporal (por ano) com a evolução do número de publicações e os
locais do mundo com mais publicações sobre o tema, a partir da avaliação dos
1.106 artigos selecionados.
Os artigos selecionados neste estudo
foram pulicados desde o ano de 1998 até 2020. No Gráfico 1 é possível verificar
que a partir do ano de 2004 o número de publicações sobre a temática da
presente pesquisa (Performance
organizacional e ferramentas de gestão), começou a evoluir, triplicando seu
número em 2011, o que evidencia um aumento considerável de interesse por parte
dos pesquisadores sobre o tema já neste período. Até 2015, manteve-se um
número, chegando a 65 artigos, e a partir de então ele aumentou, passando de
100 publicações nas bases de dados pesquisadas.
Gráfico 1 -
Publicações por ano.
Fonte:
Elaboração própria
O aumento de interesse dos
pesquisadores, e consequentemente dos gestores, pode ser creditado à mudança no
cenário competitivo e à volatilidade do mercado em constante mudança. É
importante mencionar a crise econômica ocorrida em 2008, chamada de crise do subprime,
que foi considerada, na época, como a pior crise desde a grande depressão. A
crise do subprime iniciou nos Estados Unidos e rapidamente espalhou-se
para os demais países, tendo contribuído para aumentar ainda mais os desafios
para que as organizações se mantivessem em funcionamento, diante das mudanças
que se apresentavam. Frente à situação, as organizações passaram a buscar ainda mais uma vantagem
competitiva sustentável, e a pesquisa sobre as variáveis que contribuíam para
melhorar o seu desempenho e como melhor medi-lo sofreu ainda mais impulso.
Tabela 2 - Autores que mais publicaram sobre o tema
Autor |
Quantidade de
artigos |
Carlucci,
D. |
6 |
Schiuma,
G. |
6 |
Ahmad, M. F. |
5 |
Ni, H. J. |
4 |
Bourque,
P. |
4 |
Chen,
Y. S. |
4 |
Chuang,
H. M. |
4 |
Demirbag,
M. |
4 |
Jackson,
C. L. |
4 |
Kaur,
R. |
4 |
Metri,
B. A. |
4 |
Sandhu,
H. S. |
4 |
Singh,
R. |
4 |
Fonte: Elaboração própria
Com relação aos autores mais produtivos
sobre a temática “Desempenho organizacional e ferramentas de gestão”, conforme
se observa na tabela 2, destacaram-se os pesquisadores da Università degli Studi della Basilicata
(Potenza, Itália), Daniela Carlucci e Giovanni Schiuma
- com seis publicações, seguidos por Ahmad M. F. do Department of Production and Operation, Faculty of Technology Management
and Business, Universiti Tun Hussein (Malásia); na sequência há outros dez autores com quatro publicações e
mais 21 autores com três publicações cada um deles.
Quanto às publicações por instituição
de ensino no que concerne à temática “Desempenho organizacional e ferramentas
de gestão”, na Tabela 3 pode-se observar que a Islamic Azad
University localizada em Teerã, no Irã - que é a terceira universidade em
número de alunos no mundo - foi responsável por 12 das 1.106 publicações,
seguida da Università Degli Studi Della Basilicata, localizada na
Itália, e da University of Queensland, na Australia, com oito
publicações cada uma; depois, com sete publicações sobre a temática, Bucharest University of Economic Studies, na Romênia, e, na sequência,
seis universidades produziram seis artigos e outras 11 universidades completam
a lista com cinco publicações cada uma delas.
Tabela 3 - Universidades com mais publicações
Universidade |
Artigos |
Islamic
Azad University |
12 |
Università
Degli Studi Della Basilicata |
8 |
University
of Queensland |
8 |
Bucharest University of
Economic Studies |
7 |
Bucharest university of
economic studies |
6 |
State University System of
Florida |
6 |
Universiti
Technologi Malaysia |
6 |
University
of Quebec |
6 |
University
Technology Malaysia |
6 |
Universiti Tun Hussein Onn
Malaysia |
6 |
Fonte: Elaboração própria
Com relação ao país de origem dos estudos publicados nos
artigos selecionados, a tabela 4 apresenta os países e a respectiva quantidade
de publicações. Percebe-se que os Estados Unidos e o Reino Unido lideraram as
pesquisas, com 191 e 109 artigos publicados sobre a temática, respectivamente,
sendo seguidos pela Índia, com 82 artigos. O Brasil aparece em oitavo lugar,
com 46 publicações.
Tabela 4 - Países que mais escreveram sobre a temática
Pais |
Publicações |
Estados
Unidos |
191 |
Reino
Unido |
109 |
Índia
|
82 |
Malásia |
68 |
Espanha |
64 |
Austrália
|
54 |
China
|
52 |
Brasil
|
46 |
Canadá
|
46 |
Romênia
|
45 |
Itália |
44 |
Irã |
36 |
Alemanha |
34 |
Fonte: Elaboração própria
A Figura 1 apresenta a quantidade de publicações por países
no Mapa Mundi, complementando as informações a respeito da origem dos estudos
em termos mundiais. Nota-se que os locais com tons mais escuros representam uma
maior quantidade de publicações, enquanto tons mais claros representam uma
quantidade menor.
Figura
1 – Mapa da origem dos estudos publicados pelo mundo.
Fonte:
Elaboração própria
4.2 Citação e cocitação na Web of Science
A análise bibliométrica e de cocitação
possibilitou a apresentação dos resultados dispostos a seguir, especificamente
os autores, nome dos periódicos, ano de publicação, total de citações,
percentual de citações e a média de citações por ano. Assim foi possível
observar as informações dos mais influentes entre os 1.106 artigos, os quais
deram sustentação aos estudos e aos mapas de cocitação.
Em se tratando da quantidade de
citações, ou seja, do número de vezes que cada artigo selecionado neste estudo
foi referenciado por outrem, no Quadro 1 é possível verificar que o artigo
publicado em 2014, no Academy of Management Annals, de autoria de Jackson,
Schuler e Jiang, foi citado 307 vezes, representando 5,01% das citações. Em
segundo lugar aparece o artigo publicado
em 2000, no Journal of Operations Management, que foi citado 248 vezes.
Em terceiro lugar aparece o artigo publicado na Public Administration
Review, no ano de 2002, escrito por C. J. Heinrich. Na sequência há mais
seis artigos citados mais de 100 vezes, e dez artigos citados mais de 80 vezes.
Quadro 1 - Artigos mais citados sobre a temática
Autores |
Periódico |
Ano da publicação |
Total de citações |
% de citações |
Média de citações por ano |
Jackson, S. E.; Schuler, R. S.; Jiang, K. |
Academy of Management Annals |
2014 |
307 |
5,01% |
38,38 |
Stock, G. N.; Greis, NP; Kasarda, J. D. |
Journal of Operations Management |
2000 |
248 |
4,04% |
11,27 |
Heinric, C. J. |
Public Administration Review |
2002 |
209 |
3,41% |
10,45 |
Koh, S. C. L.; Demirbag, M.; Bayraktar, E.;
Tatoglu, E.; Zaim, S. |
Industrial Management & Data Systems |
2007 |
189 |
3,08% |
12,60 |
Croteau, A. M.; Bergeron, F. |
Journal of Strategic Information Systems |
2001 |
172 |
2,80% |
8,19 |
Lee, S. M.; Kim, S. T.; Choi, D. |
Industrial Management & Data Systems |
2012 |
137 |
2,23% |
13,70 |
Yeung, A. C. L. |
Journal of Operations Management |
2008 |
125 |
2,04% |
8,93 |
Del Giudice, M.; Della Peruta, M. R. |
Journal of Knowledge Management |
2016 |
114 |
1,86% |
19 |
Chet Miller, C.; Washburn. N. T.; Glick, W.
H. |
Organization Science |
2013 |
102 |
1,66% |
11,33 |
Bai, C.; Dhavale, D.; Sarkis, J. |
Supply Chain Management-An International
Journal |
2014 |
99 |
1,61% |
12,38 |
Fonte:
Elaboração
própria
Com relação ao levantamento das
referências mais citadas em cada artigo, os dados estão apresentados na Tabela
5. Constatou-se que há três referências: Fornell e Larcker
(1981), Barney (1991) e Kaplan (1992) que foram citados em mais 33 artigos, enquanto que
outros quatro autores foram citados em 21 a 30 artigos; também observou-se que
sete autores apareceram citados em 15 a 20 artigos, enquanto que outros 12
autores foram citados em 11 a 15 artigos. Assim foi possível identificar as
referências de autores mais utilizados pelos pesquisadores quando escrevem
sobre a temática do presente estudo.
Tabela 5 - Referências mais citadas nos artigos
Número de citações |
Referências |
35 |
Fornell C.,
1981, v.18, p.39, J Marketing Res, Doi 10.2307/3151312 |
35 |
Barney J.,
1991, v.17, p.99, J Manage, Doi 10.1177/014920639101700108 |
33 |
Kaplan R.,
1992, v.70, p.71, Harvard Bus Rev |
27 |
Nonaka I.,
1995, Knowledge Creating C |
24 |
Hair J., 2010, v.7, Multivariate Data An |
23 |
Grant R.,
1996, v.17, p.109, Strategic Manage J, Doi 10.1002/Smj.4250171110 |
22 |
Podsakoff P.,
2003, v.88, p.879, J Appl Psychol, Doi 10.1037/0021-9010.88.5.879 |
19 |
Anderson J.,
1988, v.103, p.411, Psychol Bull, Doi 10.1037/0033-2909.103.3.411 |
18 |
Teece D.,
1997, v.18, p.509, Strategic Manage J, Doi
10.1002/(Sici)1097-0266(199708)18:7<509::Aid-Smj882>3.0.Co;2-Z |
18 |
Lee H., 2003,
v.20, p.179, J Manage Inform Syst |
16 |
Alavi M., 2001, v.25, p.107, Mis Quart, Doi 10.2307/3250961 |
16 |
Huselid M.,
1995, v.38, p.635, Acad Manage J, Doi 10.2307/256741 |
15 |
Nonaka I.,
1994, v.5, p.14, Organ Sci, Doi 10.1287/Orsc.5.1.14 |
15 |
Gold A.,
2001, v.18, p.185, J Manage Inform Syst, Doi 10.1080/07421222.2001.11045669 |
14 |
Kaplan R.,
1996, Balanced Scorecard T |
13 |
Nunnally J, 1978, Psychometric Theory |
13 |
Richard P.,
2009, v.35, p.718, J Manage, Doi 10.1177/0149206308330560 |
12 |
Wernerfelt
B., 1984, v.5, p.171, Strategic Manage J, Doi 10.1002/Smj.4250050207 |
12 |
Sveiby K., 1997,
New Org Wealth Manag |
12 |
Delery J.,
1996, v.39, p.802, Acad Manage J, Doi 10.2307/256713 |
11 |
Hair J.,
2006, v.6, Multivariate Data An |
11 |
Eisenhardt
K., 2000, v.21, p.1105, Strategic Manage J, Doi
10.1002/1097-0266(200010/11)21:10/11<1105::Aid-Smj133>3.0.Co;2-E |
11 |
Kaplan R.,
1996, v.74, p.75, Harvard Bus Rev |
11 |
Freeman R., 1984, Strategic Management |
11 |
Venkatraman
N., 1986, v.11, p. 801, Acad Manage Rev |
11 |
Porter M., 1980, Competitive Strategy |
Fonte:
Elaboração
própria
A aplicação da Análise Fatorial
Exploratória (AFE) possibilitou a identificação das conexões entre os estudos
relacionados ao tema da pesquisa, sendo assim possível agrupá-los em três
fatores, os quais estão apresentados na Tabela 6, na qual é possível verificar
que utilizou-se para análise e separação nos três fatores uma variação superior
a 0,569, conforme sugerido por Lima et al (2020).
Tabela 6 - Análise fatorial exploratória para agrupamento de cocitação
dos artigos selecionados.
Artigo |
Fator1 |
Fator2 |
Fator3 |
Zahra S., 2002, v.27, p.185, Acad Manage Rev,
Doi 10.2307/4134351 |
0,805 |
|
|
Zollo M., 2002, v.13, p.339, Organ Sci, Doi
10.1287/Orsc.13.3.339.2780 |
0,803 |
|
|
Grant R., 1996, v.17, p.109, Strategic Manage
J, Doi 10.1002/Smj.4250171110 |
0,749 |
|
|
Podsakoff P., 2003, v.88, p.879, J Appl
Psychol, Doi 10.1037/0021-9010.88.5.879 |
0,732 |
|
|
Teece D., 1997, v.18, p.509, Strategic Manage
J, Doi 10.1002/(Sici)1097-0266(199708)18:7<509::Aid-Smj882>3.0.Co;2-Z |
0,708 |
|
|
Gold A., 2001, v.18, p.185, J Manage Inform
Syst, Doi 10.1080/07421222.2001.11045669 |
0,700 |
|
|
Anderson J., 1988, v.103, p.411, Psychol
Bull, Doi 10.1037/0033-2909.103.3.411 |
0,698 |
|
|
Fornell C., 1981, v.18, p.39, J Marketing
Res, Doi 10.2307/3151312 |
0,695 |
|
|
Nonaka I., 1995, Knowledge Creating C |
0,695 |
|
|
Zack M., 1999, v.41, p.125, Calif Manage Rev,
Doi 10.2307/41166000 |
0,693 |
||
Cohen W., 1990, v.35, p.128, Admin Sci Quart,
Doi 10.2307/2393553 |
0,663 |
||
Teece D., 2007, v.28, p.1319, Strateg Manage
J, Doi 10.1002/Smj.640 |
0,651 |
||
Lee H., 2003, v.20, p.179, J Manage Inform
Syst |
0,649 |
||
Subramaniam M., 2005, v.48, p.450, Acad Manage J, Doi 10.5465/Amj.2005.17407911 |
0,638 |
||
Wernerfelt B., 1984, v.5, p.171, Strategic
Manage J, Doi 10.1002/Smj.4250050207 |
0,633 |
||
Williamson O., 1985, Ec I Capitalism |
0,627 |
||
Hair J., 2006, v.6, Multivariate Data An |
0,61 |
||
Hair J., 2010, v.7, Multivariate Data An |
0,606 |
||
Penrose E., 1959, Theory Growth Firm |
0,606 |
||
Grant R., 1996, v.7, p.375, Organ Sci, Doi
10.1287/Orsc.7.4.375 |
0,604 |
||
Nonaka I., 1994, v.5, p.14, Organ Sci, Doi
10.1287/Orsc.5.1.14 |
0,604 |
||
Armstrong J., 1977, v.14, p.396, J Marketing
Res, Doi 10.2307/3150783 |
0,602 |
||
Darroch J., 2005, v.9, p.101, Journal of
Knowledge Management, Doi 10.1108/13673270510602809 |
0,6 |
||
Guthrie J., 2001, v.44, p.180, Acad Manage J,
Doi 10.2307/3069345 |
0,857 |
||
Arthur J., 1994, V37, P670, Acad Manage J,
Doi 10.2307/256705 |
0,852 |
||
Bowen D., 2004, v.29, p.203, Acad Manage Rev,
Doi 10.2307/20159029 |
0,851 |
||
Schuler R., 1987, v.1, Acad Manage Perspect,
Doi [10.5465/Ame.1987.4275740, Doi 10.5465/Ame.1987.4275740] |
0,846 |
||
Datta D, 2005, v.48, p.135, Acad Manage J,
Doi 10.5465/Amj.2005.15993158 |
0,834 |
||
Combs J., 2006, v.59, p.501, Pers Psychol,
Doi 10.1111/J.1744-6570.2006.00045.X |
0,831 |
||
Delery J., 1996, v.39, p.802, Acad Manage J,
Doi 10.2307/256713 |
0,826 |
||
Boselie P., 2005, v.15, P67, Human Resource
Management Journal, Doi 10.1111/J.1748-8583.2005.Tb00154.X |
0,82 |
||
Macduffie J, 1995, v.48, p.197, Ind Labor
Relat Rev, Doi 10.2307/2524483 |
0,799 |
||
Becker B., 2006, v.32, p.P898, J Manage, Doi
10.1177/0149206306293668 |
0,793 |
||
Huselid M., 1995, v.38, p.635, Acad Manage J,
Doi 10.2307/256741 |
0,778 |
||
Porter M., 1980, Competitive Strategy |
0,631 |
||
Hood C., 1991, v.69, p.3, Public Admin, Doi
10.1111/J.1467-9299.1991.Tb00779.X |
0,613 |
||
Pollitt C., 2004, v.3, Rd Ed, Public
Management Re |
0,574 |
||
Perry J., 1990, v.50, p.367, Public Admin
Rev, Doi 10.2307/976618 |
0,569 |
Fonte: Elaboração própria
Para facilitar a visualização e
consequentemente a compreensão das relações existentes entre os artigos
selecionados, referente às suas relações intelectuais, a AFE permitiu a confecção
do mapa de cocitação (Figura 2), no qual se observa a proximidade existente
entre os artigos. Quanto mais próximos os artigos estão um do outro no referido
quadrante, significa que foram citados conjuntamente em outros artigos.
Figura 2 -
Mapa de cocitação por MDS
Fonte:
Elaboração própria
4.3 Discussão dos Resultados
Após as análises realizadas, afirma-se
que os pesquisadores, ao longo dos últimos trinta anos, têm buscado responder
ao questionamento empresarial quanto à relação entre as ferramentas de gestão e
o desempenho empresarial.
Neste caminho, torna-se mister salientar
que foram identificados, na literatura, 23 estudos classificados no fator 1,
que trabalharam no desenvolvimento de algumas ferramentas econômicas simples
para analisar os recursos de uma empresa e seu gerenciamento ao longo do tempo
e a relação existente entre esses recursos e a lucratividade, sendo que Wernerfelt
(1984) realizou um estudo justamente para
deslindar a esse respeito. Outros pesquisadores também dedicaram atenção às
capacidades dinâmicas e sua importância para a estratégia empresarial, assim
como dedicaram especial atenção à gestão do conhecimento.
Vislumbrar as unidades econômicas em termos de suas
dotações de recursos é característico da área de Economia, e a ideia de olhar
para as empresas como um conjunto mais amplo de recursos (nomes de marcas,
conhecimento interno de tecnologia, emprego de pessoal qualificado, contatos
comerciais, máquinas, procedimentos eficientes, capital, etc.) remonta ao
trabalho seminal de Penrose (WERNERFELT,
1984).
Já Cohen e
Levinthal (1990) realizaram estudos quanto à capacidade
absortiva da organização, que depende da capacidade absortiva (aquisição ou
assimilação da informação e capacidade da organização de explorá-la) de seus
membros individuais. Os autores ainda afirmam que a capacidade absortiva de uma
organização tem como base o investimento prévio no desenvolvimento de suas
capacidades absortivas individuais, e ambas tendem a se desenvolver
cumulativamente.
Ademais, em seu estudo Cohen e
Levinthal (1990) propuseram um modelo para gestão de
capacidade absortiva e concluíram que pesquisa e desenvolvimento tanto gera
inovação quanto facilita a aprendizagem. Já Nonaka (1994) propôs uma teoria de criação do conhecimento construída em torno da
interação dinâmica entre duas dimensões (tácito e explícito) da transferência
de conhecimento: transformações do conhecimento tácito para o explícito e
vice-versa; e transferências entre os níveis individual, grupal, organizacional
e interorganizacional. Mais do que criar conhecimento e informações, neste
ambiente de constante mudanças, as organizações precisam, além de processar as
informações de forma eficiente, aplicar os conhecimentos gerados, o que vai ao
encontro do preceituado por Spender (NONAKA,
1994).
O modelo de gestão do conhecimento
denominado “espiral do conhecimento”, conforme Nonaka
(1994), salientou quatro modos de conversão
do conhecimento, responsáveis pela aprendizagem, explicitando como o
conhecimento dos indivíduos, organizações e sociedade podem ser simultaneamente
ampliados e enriquecidos, sendo a criação conjunta de conhecimento por
indivíduos e organizações a chave para a expansão do conhecimento. Já Schiuma
e Carlucci (2010) destacaram em seu estudo o papel e a
relevância dos ativos de conhecimento como fatores críticos de gerenciamento
para melhorar o desempenho de uma empresa.
Conforme Grant
(1996), o conhecimento é o recurso estrategicamente mais importante
das organizações e este, por sua vez, reside de forma especializada entre os
membros individuais da organização, sendo assim, a essência da capacidade
organizacional é a integração do conhecimento especializado dos indivíduos. Em
seu artigo, o mesmo autor desenvolve uma teoria da capacidade organizacional
baseada no conhecimento, utilizando pesquisas sobre a dinâmica competitiva, a
visão da empresa baseada em recursos, as capacidades e o aprendizado
organizacional. O autor destaca que neste contexto de mudanças constantes, o foco
deve estar nos recursos e capacidades organizacionais, pois são a principal
fonte de vantagem competitiva, ou seja, o conhecimento é o recurso
estrategicamente mais significativo da organização.
A busca de vantagem competitiva neste
ambiente turbulento e em constante mudança -no qual estão inseridas as
organizações - é uma constante e Teece,
Pisano e Shuen (1997) pesquisando a abordagem das
capacidades dinâmicas salientam que a teoria estratégica está repleta de
análises de estratégia, de sustentar e salvaguardar a vantagem competitiva
existente neste mundo Shumpeteriano de competição baseada em inovação, retornos
crescentes, competição em preços e desempenho, além da dita destruição criativa
de competências existentes.
É importante destacar que Porter (1980) explicita através das forças
competitivas a estratégia e, anos depois, Shapiro
(1989) adotou as ferramentas da teoria dos
jogos para analisar a natureza da interação competitiva entre empresas
concorrentes surgindo, a partir disso, uma nova abordagem para a estratégia de
negócios.
Segundo relatam Teece,
Pisano e Shuen (1997), vários pesquisadores evidenciaram em
seus estudos como as empresas podem desenvolver sua capacidade de se adaptar e
até mesmo capitalizar em ambientes voláteis, e a abordagem dinâmica procura
fornecer uma estrutura coerente que pode integrar o conhecimento conceitual e
empírico existente.
A partir desta definição inicial de capacidade dinâmica, esta evoluiu em diferentes bases e recortes teórico-analíticos. Para alguns pesquisadores, a ênfase é dada ora no caráter homogêneo das capacidades, ora no caráter deliberativo das capacidades e nos seus mecanismos de desenvolvimento, ou seja, cada autor enfatiza uma particularidade das capacidades dinâmicas.
Na presente pesquisa, doze artigos
foram classificados no fator 2. Esses estudos buscaram desenvolver a relação
entre a estratégia competitiva e as práticas de gestão de recursos humanos
(RH). Schuler
e Jackson (2011) verificaram que as organizações, ao
analisarem quais práticas de RH usar
para vincular à estratégia competitiva, acabam podendo decidir entre as
práticas de Gestão de RH, quer sejam planejamento, alocação de pessoal,
avaliação, remuneração, treinamento e desenvolvimento. Os autores ainda
concordam que, se trabalhadas de forma integrada, essas práticas podem aumentar
a eficácia organizacional.
É fundamental salientar que na busca de
uma relação causa e efeito, Arthur
(1994) testou empiricamente a relação entre a
Identificação de Sistemas de Recursos Humanos, a rotatividade e o desempenho
organizacional. Seguindo esta linha, Macduffie
(1995) avaliou a relação entre as prática de
RH e o desempenho econômico, e considerando que as práticas inovadoras de RH,
inter-relacionados em um “pacote” ou sistema de RH afetam o desempenho na
medida em que esses pacotes de RH contribuem para a produtividade e qualidade
da montadora quando são integrados às políticas de manufatura sob a “lógica
organizacional” de um sistema de produção flexível.
A
análise da relação entre as práticas de gestão de RH e o desempenho
organizacional é relevante, tanto para a própria área de gestão de RH como para
as áreas de relações industriais e psicologia industrial e organizacional,
conforme destacado por Boudreau (1991), Huselid
(1995), Jones e Wright (1992) e Kleiner
(1990).
Em
estudo realizado por Huselid
(1995) verificou-se que a utilização de
Práticas de Trabalho de Alto Desempenho, em diferentes setores e tamanhos de
empresas, está associada a uma menor rotatividade de funcionários e maior
produtividade e desempenho financeiro corporativo, indo ao encontro de trabalhos
anteriores. Ainda segundo o autor, a identificação de alguns dos processos por
meio dos quais essas práticas afetam os lucros das empresas ajuda a estabelecer
a plausibilidade de um vínculo com o desempenho financeiro corporativo, embora
parte de sua influência sobre os lucros da empresa permanece inexplicada.
Huselid (1995) constatou em seu estudo que
empresas que valorizam o comprometimento dos funcionários são menos propensas a
usar empregados temporários e mais propensas a investir em práticas de trabalho
inovadoras, como treinamento de habilidades e compensação por incentivos; a
empresa, focando no comprometimento do funcionário, ajudará a reduzir a rotatividades
e aumentar a probabilidade de retorno dos investimentos em treinamentos. Ainda
segundo Becker e Huselid (2006), o alinhamento das práticas de
gestão de RH com a estratégia competitiva resulta em um incremento no
desempenho organizacional. Essa relação, além de ter ganho mais aceitação entre
os gestores e pesquisadores nos últimos anos, também está na base de muitos dos
estudos nesse campo.
No que concerne ao campo de
pesquisa na área de gestão estratégica de RH, Delery e Doty (1996) e Delery (2016) destacam que as pesquisas
teórica nessa área utilizam como base as perspectivas universalistas, as
contingenciais e as configuracionais.
Os pesquisadores que adotam as
perspectivas universalistas defendem uma abordagem de melhores práticas de
gestão estratégica de RH postulando que algumas práticas de recursos humanos
são sempre melhores do que outras, e que todas as empresas devem adotar essas
práticas, pois elas melhoram o desempenho organizacional.
Os pesquisadores que adotam a
perspectiva contingencial explicitam que a relação entre o uso de determinadas
práticas de gestão de RH e o desempenho organizacional é considerada
contingente à estratégia de uma organização. Já os pesquisadores que adotam as
perspectivas configuracionais vão de encontro com os que defendem as
perspectivas universalistas e as contingenciais, pois utilizam o princípio
holístico de investigação, baseiam suas pesquisas em tipologias de tipos
ideais, supondo sistemas de equifinalidade. Os configuracionistas concentram
atenção e foco de suas pesquisas em entender como múltiplas variáveis
independentes (práticas de gestão de RH) estão relacionadas a uma variável
dependente (desempenho organizacional) e não o contrário como fazem os
universalistas e os contingencialistas, que focam na relação existente entre
cada prática de gestão de recursos humanos (variável dependente) e o desempenho
organizacional (variável dependente) (DELERY; DOTY,1996).
O estudo de Delery e Doty (1996) verificou ainda uma relação
maior entre as práticas de RH e as medidas de desempenho financeiro, assim como
vislumbraram que cada uma das três perspectivas, individualmente, são viáveis e
levam a diferentes suposições sobre a relação entre as práticas de RH, a
estratégia e o desempenho organizacional.
A
relação da gestão de RH no desempenho organizacional também foi objeto de
estudo de Guthrie
(2001), que destacou o impacto desta gestão
no desempenho organizacional. A prática de gestão de RH de alto comprometimento
voltados para aprimorar os níveis de habilidades, motivação, informação e
empoderamento dos funcionários foi destacada nos estudos de Lawler (1992),
Levine (1995) e Pfeffer (1998). Corroborando neste sentido, Arthur (1994),
Huselid (1995), Koch e McGrath, (1996) encontraram em seus estudos ligações
empíricas entre a utilização dessas práticas de gestão de RH e a performance
empresarial. Esta relação não havia sido encontrada em estudo de Arthur
(1994), que concluiu que há pouca evidência empírica
para sugerir que o RH estratégico influencia diretamente o desempenho
organizacional ou a vantagem competitiva.
Em seus estudos, Bowen e
Ostroff (2004), com base nas evidências de pesquisas
anteriores que verificaram que a Gestão de RH pode auxiliar a empresa a
tornar-se mais eficaz, avaliaram como a gestão de RH contribui para o
desempenho da organização e concluíram que a força do sistema dessa gestão pode
ajudar a explicar como os atributos individuais dos funcionários se acumulam
para afetar a eficácia organizacional.
Avançando um pouco mais no estudo da
vinculação entre a estratégia competitiva e a Gestão de RH, Delery e Shaw
(2001) examinaram como as características da indústria moderaram a eficácia dos
sistemas de trabalho de alto desempenho, sendo a produtividade do trabalho o
principal indicador de desempenho da força de trabalho.
A análise realizada no estudo de Datta,
Guthrie e Wright (2005), que examinou a relação entre os
sistemas de trabalho de alto desempenho e a produtividade do trabalho
(principal indicador do desempenho da força de trabalho) vai ao encontro de
pesquisas anteriores que sugeriram que a competitividade da empresa pode ser
aumentada por sistemas de trabalho de alto desempenho. Concordando com isso,
destacam-se as pesquisas de Arthur (1994), Guthrie (2001), Huselid (1995), Koch
e McGrath (1996), Kochan e Osterman
(1994), Lawler (1992), Levine (1995), MacDuffie
(1995).
A busca por evidências conclusivas
positivas da relação de interação entre a gestão de RH e o desempenho
organizacional, segundo Boselie,
Dietz e Boon (2005), é para muitos o "Santo
Graal" desta área de estudo. No
entanto, apesar do acúmulo de evidências empíricas sobre a relação existente
entre gestão de RH e o desempenho organizacional, os pesquisadores da área (BOSELIE et al., 2005), ainda exigem “uma teoria sobre gestão
de recurso humanos, uma teoria sobre desempenho organizacional e uma teoria
sobre como eles estão ligados”. Ainda segundo o autor, o desafio permanente
para pesquisadores e gestores de RH está em entender como garantir um “ajuste
empregado-organização”, mutuamente benéfico, de forma a impactar positivamente
a performance organizacional.
É importante salientar, conforme Bassem,
El Badawy e Magdy (2019), que há um esforço científico para
estudar a relação entre a gestão estratégica de RH e o desempenho
organizacional, evidenciando a relação positiva entre eles.
A
pesquisa desenvolvida por Katou et
al. (2014) vislumbrou que fortes sistemas de
gestão de RH, baseados em teorias de capital humano e social, moldam as
reações compartilhadas dos funcionários
que têm impacto positivo no desempenho organizacional.
A
gestão de RH, conforme salientaram Thathsara e Sutha
(2021), vem passando por uma transformação, adotando ferramentas tecnológicas
para aprimorar sua atuação surgindo o e-Gestão de RH (E-GRH), definido como o
planejamento, implementação e aplicação da tecnologia da informação para networking
e apoio a pelo menos dois atores
individuais ou coletivos em sua execução compartilhada de atividades de RH; o
E-GRH objetiva, ainda, otimizar procedimentos de forma a tornar mais rápida a
função de RH e reduzir despesas, sendo uma solução competitiva para as
organizações. Neste contexto, os autores identificaram que existe uma forte
relação positiva entre o E-GRH e o desempenho organizacional, assemelhando-se a
outras pesquisas que evidenciaram a relação positiva entre a gestão estratégica
de RH e o desempenho organizacional, como a de Posthuma
et al. (2013) e de Mitchell
et al. (2013).
A relação positiva entre as práticas de
gestão estratégica de RH e o desempenho organizacional é também evidenciada no
estudo de Combs et
al. (2006) que enfatizou que as práticas de
trabalho de alto desempenho (incentivos financeiros, treinamento e
desenvolvimento, arranjos de trabalho flexíveis, etc.) acarretam maior
satisfação no trabalho, menor rotatividade de funcionários, maior produtividade
e melhor tomada de decisões, consequentemente, um melhor desempenho
organizacional.
Utilizando
como base a gestão estratégica de RH, Becker e
Huselid (2006) enfatizaram o futuro deste campo de
pesquisa, no qual destacaram o desafio teórico da área para compreender como a
lógica estratégica entre a arquitetura de RH de uma empresa afeta seu
desempenho subsequente, de forma a contribuir para a criação de vantagem
competitiva sustentada. Essa arquitetura, segundo os autores, é composta por
sistemas, práticas, competências e comportamentos de desempenho dos
funcionários que refletem o desenvolvimento e a gestão do capital humano
estratégico da empresa.
Os três artigos classificados e inseridos no fator 3 analisaram,
com base bibliográfica, a reforma da gestão pública, a Nova Gestão Pública e a
natureza da motivação dos serviços públicos e seus efeitos no comportamento dos
funcionários públicos.
Entre estes artigos, Hood
(1991), citando outros autores, analisa a
Nova Gestão Pública acompanhado de outras megatendências como: tentativas de
desacelerar ou reverter o crescimento do governo em termos de gastos públicos e
com pessoal (DUNSIRE; HOOD, 1989); a mudança em direção à privatização com
ênfase na subsidiariedade na provisão de serviços (HOOD; SCHUPPERT, 1988;
DUNLEAVY, 1989); automação na produção e distribuição
dos serviços púbicos baseada em tecnologia da informação; e o desenvolvimento
de uma agenda mais internacional, cada vez mais focada em questões gerais de
gestão pública, elaboração de políticas, estilos de decisão e cooperação
intergovernamental.
Já Pollitt
(2003) abordou algumas questões relativas à
natureza do conhecimento sobre a reforma da gestão pública e, especificamente,
a possibilidade de transferências do conhecimento e práticas entre países e
contextos.
Perry,
Wise e Perry (2014) estudaram a natureza da motivação do
serviço público e identificaram e avaliaram pesquisas relacionadas aos seus
efeitos no comportamento dos funcionários públicos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a utilização dos métodos
bibliométricos e por meio da Análise Fatorial Exploratória foi possível
identificar as conexões entre os diferentes artigos relacionados à temática da
presente pesquisa. Foram encontrados 1.106 artigos relacionados a temática nas
bases de dados pesquisadas e estes foram devidamente separados em três fatores.
Os 23 artigos classificados no fator 1
trabalharam no desenvolvimento de algumas ferramentas econômicas simples para
analisar os recursos de uma empresa e seu gerenciamento ao longo do tempo e a
relação existente entre estes recursos e a lucratividade, além de relatar sobre
as capacidades dinâmicas e sua importância para a estratégia empresarial e
sobre a gestão do conhecimento. Nos artigos classificados neste fator ainda
foram abordadas as capacidades absortivas da organização, as capacidades
dinâmicas, a gestão e a teoria de criação do conhecimento e a espiral de
conhecimento, além da relevância dos ativos de conhecimento como fatores
críticos de gerenciamento para melhorar o desempenho de uma empresa.
Os 12 artigos classificados no fator 2
trabalharam na busca de relacionar a estratégia competitiva e as práticas de
recursos humanos (planejamento, alocação de pessoal, avaliação, remuneração,
treinamento e desenvolvimento) que, quando trabalhadas em conjunto, podem
aumentar a eficácia organizacional.
Corroborando na pesquisa de análise de
quais ferramentas de gestão impactam positivamente na melhoria da performance
organizacional e consequentemente na busca de relações causa e efeito, vários
pesquisadores, entre eles Arthur (1994), Boudreau (1991), Delery (2016), Guthrie
(2001), Huselid
(1995), Jones e Wright (1992), Kleiner (1990)
e Macduffie (1995), que avaliaram a Gestão Estratégica de Recursos Humanos e o
desempenho organizacional. Nos estudos há claramente um esforço para verificar
a relação entre a gestão estratégica de recursos humanos e a performance
organizacional, conforme destacado em algumas pesquisas como as de Bassem et al (2019),
Combs et al. (2006), El Badawy e Magdy (2019), Katou et al (2014), Mitchell et al (2013), Posthuma et al.
(2013) e Thathsara
e Sutha (2021), que
inclusive, evidenciaram a existência de uma relação positiva entre as práticas
de gestão estratégica de recursos humanos e o desempenho organizacional.
Completando o presente levantamento,
foram classificados três artigos no fator 3, e eles analisaram a reforma da
gestão pública e a nova gestão pública assim como, a natureza da motivação dos
serviços públicos e seus efeitos no comportamento dos funcionários públicos.
Essa pesquisa apresenta limitações que
são próprias de uma pesquisa bibliométrica. Uma delas se refere ao uso de
determinadas palavras-chave para realizar a busca dos artigos. Outras
limitações se devem às análises de citação e cocitação, pois a decisão de
analisar as obras mais citadas, mesmo que sejam mais expressivas, excluem as
demais obras e ignoram o que se passa em todo o campo científico atrelado ao
tema, além de não considerar o contexto no qual a citação foi empregada. Quanto
a cocitação, a limitação diz respeito à carência de análise de como e em quais
circunstâncias os artigos foram citados.
Todavia, essas constatações podem levar
a proposições de pesquisas futuras. Uma possibilidade de pesquisa futura para
complementar esse estudo seria o uso de outros métodos de análise de conteúdo
para avaliar como e em qual contexto as citações ocorreram, possibilitando uma
melhor compreensão da conexão entre os trabalhos. Outra possibilidade de pesquisa
seria considerar a evolução dos trabalhos ao longo do tempo e realizar análises
em períodos separados. Por fim, poder-se-ia também ampliar a pesquisa para as
obras que não estão entre as mais citadas, viabilizando um estudo ainda mais
abrangente do campo teórico.
A presente pesquisa possibilitou, por
meio da utilização das técnicas de citação, cocitação e análise fatorial,
traçar a estrutura intelectual do campo de avaliação de desempenho
organizacional e algumas das ferramentas de gestão, deixando aberta a
possibilidade de novas pesquisas com outras ferramentas e a relação destas com
a performance organizacional.
6
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[1] Atualmente são adicionados 10% de biodiesel ao diesel fóssil sendo que existe uma previsão de aumento para 11% até 2019, ANP (2021) e segundo o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o percentual será mantido ao longo de 2022, (BIODIESELBR, 2022).
[2] A Lei que promove o marco regulatório para adição de 10% do biodiesel foi aprovada em 01 de março de 2018 (ANP, 2018).