v.
7, n. 1, Janeiro-Abril/2023 This work is licensed
under a Creative
Commons
Attribution
4.0 International License
PERFIL
DOS EGRESSOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Paula
Cristina Maticolli
paula_maticolli@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/5823392963427344
https://orcid.org/0009-0008-2057-9423
Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Três Lagoas (CPTL)
Três Lagoas/MS
Tayná
Boscolo Tonon
http://lattes.cnpq.br/0006557084753123
https://orcid.org/0009-0003-4982-3630
Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Três Lagoas (CPTL)
Três Lagoas/MS
Tamires
Sousa Araújo
http://lattes.cnpq.br/7499540310685652
https://orcid.org/0000-0002-0926-151X
Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Três Lagoas (CPTL)
Três Lagoas/MS
Cleston
Alexandre dos Santos
cleston.alexandre@ufms.br
http://lattes.cnpq.br/7454296010892827
https://orcid.org/0000-0001-7014-6644
Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Três Lagoas (CPTL)
Três Lagoas/MS
RESUMO
O objetivo da presente pesquisa é
identificar o perfil dos egressos do curso de Ciências Contábeis de uma
universidade localizada no interior do estado de Mato Grosso do Sul. Para
tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva e quantitativa. Para a coleta de
dados, utilizou-se um questionário composto por 45 questões, que contemplavam o
perfil do respondente e suas informações profissionais após terem graduado no
curso em questão. A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2021 e
obteve 145 respostas válidas. Após o tratamento dos dados por meio do teste
Kruskal-Wallis, identificou-se que o título de bacharel proporcionou uma melhor
remuneração e oportunidade de trabalho aos egressos. As análises também
mostraram que a universidade foi importante para o amadurecimento pessoal e
maior responsabilidade, bem como o desenvolvimento das habilidades cognitivas
dos respondentes. Como também, aulas práticas (laboratório), estudos de caso e
conhecimento proporcionado pelas disciplinas específicas da área de
contabilidade foram fundamentais para o mercado de trabalho. Pode-se notar que
os egressos acreditam que a graduação em Ciências Contábeis influenciou
positivamente na sua carreira profissional. Tal pesquisa proporcionará
elementos para um possível estudo do perfil dos egressos em constante
atualização, a fim de agregar valor ao curso.
PALAVRAS-CHAVE: Egressos; Ciências Contábeis; Área de atuação.
PROFILE OF ACCOUNTING SCIENCES COURSE
ABSTRACT
The aim of the present research was to verify the profile of the graduates
of the Accounting Sciences course of a university located in the interior of
the state of Mato Grosso do Sul. For this, a descriptive and quantitative
research was conducted for this purpose. For data collection, a questionnaire
consisting of 45 questions was used, which included the respondent's profile
and information after graduating from the course in question. Data collection
was carried out in May 2021 and obtained 145 valid responses. After processing
the data using the Kruskal-Wallis test, it was found that the bachelor's degree
provided the graduates with better remuneration and job opportunities. The
analyzes also showed that the university was important for personal maturation
and greater responsibility, as well as the development of the respondents'
cognitive skills. As well, practical classes (laboratory), case studies and
knowledge provided by specific disciplines in the accounting area were
fundamental for the job market. It can be noted that the graduates believe that
graduation in Accounting Sciences has positively influenced their professional
career. This will provide
elements for a possible study of the profile of graduates in constant updating,
in order to add value to the course.
KEYWORDS: Graduates; Accounting Sciences; Occupation
Area.
Submetido:
08/08/2022
Revisões
Requeridas: 01/09/2022
Aceito: 06/02/2023
Publicado:
30/04/2023
A
Resolução do Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação Superior
(CNE/CES) nº 10, de 16 de dezembro de 2004, apresenta que os alunos egressos
dos cursos de Ciências Contábeis devem possuir habilidades e competências para
a entrada no mercado de trabalho (BRASIL, 2004). Sendo que o conhecimento
adquirido em toda a trajetória acadêmica do egresso é de fato essencial para o
seu sucesso profissional, tanto para estimular a competência profissional,
quanto para gerar responsabilidade e comprometimento.
Oro et
al. (2010, p. 47) afirmam que “o investimento em educação superior produz
alicerces no ser humano que influenciam o desenvolvimento individual, o
progresso profissional que estimula a responsabilidade social, além de gerar
melhor convívio na sociedade em geral”. Marion e Santos (2001) complementam que
o profissional de contabilidade além de ter responsabilidade com a sua
profissão, deve ter capacidade técnica para efetuar análises que contenham
informações necessárias e para detectar as reais necessidades para a elaboração
de planos individuais de gerenciamento econômico e financeiro de acordo com as
particularidades de cada empresa.
Como na
maioria das profissões, há alguns anos a técnica e prática contábil eram o
suficiente para um bom profissional ser reconhecido. Com o avanço da tecnologia
e das necessidades de cada tempo, tem sido cada vez mais exigente a procura de
contadores com pensamento crítico, habilidades cognitivas, administrativas e de
gestão (SANTANA JUNIOR, PEREIRA; LOPES, 2008).
Kruger et
al. (2013) ao analisarem as habilidades, as competências e o perfil esperado
dos egressos dos cursos de Ciências Contábeis pelas Instituições de Ensino
Superior (IES) de acordo com os seus Projetos Pedagógicos de Curso, com as
Diretrizes Nacionais de Educação e com as orientações do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), identificaram que as IES investigadas esperam formar um
profissional contábil que revele capacidade de comunicação e interação com as
organizações e a sociedade.
A
necessidade de conhecer o perfil dos egressos de forma continua pelas
instituições de ensino está relacionada à importância de se discutir a formação
de profissionais contábeis e as demandas do mercado, no intuito de se verificar
se estão sendo preparados para o mercado de trabalho e de serem reconhecidos
como profissionais do conhecimento. O perfil do egresso espelha as
características principais desejadas nos estudantes concluintes do curso e das
habilidades e competências entendidas como prioritárias para o desempenho da
missão profissional.
Diante do
apresentado, a presente pesquisa tem como objetivo identificar o perfil dos
egressos do curso de Ciências Contábeis de uma universidade localizada no
interior do estado de Mato Grosso do Sul, observando atributos relacionados com
a atuação profissional.
Desse
modo, espera-se que a pesquisa contribua com a instituição de ensino superior
pesquisada, pois os resultados encontrados podem ajudar em um futuro projeto de
melhoria contínua, especificamente no item que trata do perfil do egresso. Além
disso, contribui para a atualização do banco de dados dos alunos egressos. Os
dados também podem auxiliar a instituição a conhecer o perfil do egresso que
atua na sua região e a visualizar a contribuição do curso para a comunidade externa.
2 REVISÃO
DA LITERATURA
História da Contabilidade
Para Peleias et al. (2007), a origem do ensino comercial e de
Contabilidade no Brasil surgiu no século 19 com a vinda da Família Real
Portuguesa, em 1808. Segundo Candiotto e Miguel (2009), com a chegada da
Família Real no Brasil, surgiu o desenvolvimento nos campos da agricultura,
indústria e educação. Juntamente com a necessidade do ensino superior para
atender a nação que se formava.
Dessa forma, em 30 de junho de 1931, tornou-se regulamentada a profissão de contador
por intermédio do Decreto nº 20.158 (BRASIL, 1931). Em 22 de setembro de
1945, foi instaurado o curso superior de Ciências Contábeis e Atuariais por
meio do Decreto-lei nº. 7.988 (BRASIL, 1945). O curso com duração de quatro
anos permitia que o concluinte recebesse o título de Bacharel em Ciências
Contábeis (PELEIAS et al., 2007). Enquanto que em 1996, existiam 384
cursos de Ciências Contábeis ofertados, em 2018 foram apurados 1.489 cursos em
atividade (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA - INEP, 2018). De acordo com o Censo de Educação Superior de 2017, o
curso de Ciências Contábeis ocupa a quarta colocação entre os 10 maiores cursos
de graduação do Brasil quanto aos índices de matriculados, de ingressantes e de
concluintes (BRASIL, 2018).
Quanto a formação do contador, segundo o CFC, o
Decreto-Lei nº 9.295, de 1946, descreve que o profissional “é constituído de
personalidade jurídica e de direito público federativo, presta serviços de
natureza pública e tem como objetivo editar normas e exercer a função normativa
com disciplina e exercício profissional” (CFC, 2014). Em 11 de junho de 2010, a
Lei nº 12.249 normalizou, por meio dos princípios contábeis, o exame de
suficiência para registro de qualificação técnica e profissional (BRASIL,
2010). Sendo assim, os profissionais contábeis devem exercer a profissão
exclusivamente após a conclusão do curso em Ciências Contábeis, aprovação no
exame de suficiência e registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC)
(BRASIL, 2010).
Dessa forma, Marion (2006) recomenda que os
profissionais contábeis estejam, mais que qualquer outra pessoa, atualizados
das situações de uma empresa, visto que a tomada de decisão se baseia em todo
processo contábil. Em função disso Santos et al. (2014, p. 2) assevera
que:
As constantes mudanças no mundo dos negócios,
influenciadas, sobretudo, pelo avanço das novas tecnologias da informação e da
comunicação, tem exigido cada vez mais que o profissional contábil tenha
múltiplas habilidades. Nessa direção, a formação em nível superior se apresenta
como o elo principal entre o aluno e o mercado de trabalho capaz de propiciar o
entendimento do “todo” da organização e das atuais demandas para o ingresso na
vida profissional.
Marin, Lima e Casa Nova (2014) revelam que nos
tempos atuais o contador não é mais classificado como apenas um “guarda
livros”, mas sim como um integrante da equipe de tomada de decisões. Segundo
Dios e Cosenza (2019), a missão do
contador de uma empresa vai além da simples visão instrumentalista e pura da
realidade profissional, levando-se em consideração o elo vivo entre a estrutura
organizacional da empresa e os aspectos econômico-financeiros, ambientais e
sociais. Por esta razão, o curso superior em Ciências Contábeis tem
como intuito o estudo do patrimônio das entidades físicas e/ou jurídicas, com
finalidades lucrativas ou não. Sendo classificada como ciências sociais
aplicadas (LAFFIN, 2015).
Em vista disso, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, de 1996, assegura que o ensino superior tem o intuito de “formar diplomados
nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira,
e colaborar na sua formação contínua” (BRASIL, 1997, art. 43, inciso
II). Por isso, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)
declara que é “indispensável a consolidação do uso do acompanhamento do egresso
na busca de uma avaliação sobre as Instituições de Ensino Superior na qual se
formou” (INEP, 2015, p. 17). Da mesma forma, Andriola (2014, p. 207) alega que
“há que se enfatizar o acompanhamento de egressos como relevante estratégia
institucional para obtenção de informações acerca da qualidade da formação
discente e de sua adequação às novas exigências da sociedade e mercado de
trabalho”.
Perfil de egressos do Curso de CC
Por existir várias maneiras de empregar a palavra
egresso, faz-se necessário apresentar alguns contextos, principalmente o
educacional. De acordo com o dicionário Aurélio, egresso pode ser definido como
“1. Que saiu, se afastou. sm 2. Aquele que deixou convento. 3.
Detento que se retirou, legalmente, de estabelecimento penal. 4. Saída,
retirada” (FERREIRA, 2008). Pena (2000) ressalta
que a definição de egresso na esfera educacional é um tanto divergente, podendo
ser definido por alguns profissionais como o indivíduo que se retirou por
diversos motivos, e não apenas por terem concluído o curso, como: desistência,
ter ultrapassado o limite de tempo para concluir o curso ou transferência. No
presente estudo, o termo egresso foi considerado como sendo a pessoa que concluiu
o curso de graduação.
A portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 646,
de 1997, elucida que as instituições federais, especialmente as designadas à
educação, necessitam apontar novos perfis de profissionais e adaptar a demanda
pelos cursos às necessidades dos setores (BRASIL, 1997). Para isso, precisam
criar sistemas de acompanhamento permanente de egressos e estudos de demanda
profissional (BRASIL, 1997).
Quanto ao perfil do egresso do curso de Ciências
Contábeis, o parecer do CNE/CES nº 146, de 3 de abril de 2002, apresenta que:
O curso de graduação em Ciências Contábeis deve
contemplar um perfil profissional que revele a responsabilidade social de seus
egressos e sua atuação técnica e instrumental, articulada com outros ramos do
saber e, portanto, com outros profissionais, evidenciando o domínio de
habilidades e competências inter e multidisciplinares (BRASIL, 2002).
O art. 3º da resolução do CNE/CES nº 10, de 16 de
dezembro de 2004, também indica como deve ser o perfil do egresso:
O curso de graduação em Ciências Contábeis deve
ensejar condições para que o futuro contabilista seja capacitado a: I -
compreender as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e
financeiras, em âmbito nacional e internacional e nos diferentes modelos de organização;
II - apresentar pleno domínio das responsabilidades funcionais envolvendo
apurações, auditorias, pericias, arbitragens, noções de atividades atuariais e
de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais,
com a plena utilização de inovações tecnológicas; III - revelar capacidade
crítico-analítica de avaliação, quanto às implicações organizacionais com o
advento da tecnologia da informação (BRASIL, 2004).
As Diretrizes Curriculares Nacionais, de 2009,
definem o perfil do profissional contábil a ser desenvolvido nos cursos de
Ciências Contábeis no Brasil, propondo que os egressos saiam das universidades
dotados de prática e maestria para se engajarem no mercado de trabalho (CFC,
2009). Sendo assim, um desafio para as IES definirem o perfil almejado pelos
egressos. Portanto, é relevante para a formação deste profissional observar um
perfil que esteja embasado nas Diretrizes Nacionais de Educação e no
preconizado pelo Conselho Federal de Contabilidade, tendo em vista a perspectiva
na atuação na área. Autores como Lima e Andriola (2018) apresentam que acompanhar o perfil do
egresso é um instrumento relevante para as IES, pois pode-se analisar a real
atuação dos alunos na aréa. Não podendo esquecer das premissas do
mercado de trabalho para que a profissão tenha qualidade e seja bem-sucedida
pelo egresso (KRUGER et al., 2013).
Formação e o mercado de trabalho
De acordo com Anitha (2011), satisfação no trabalho
é a junção de tarefas e responsabilidades atribuídas regularmente a uma pessoa,
isso, à medida que o trabalho é entendido como um grupo
de posições que envolve, principalmente, os mesmos deveres, responsabilidades,
habilidades e conhecimentos. Para as IES é relevante analisar se está
almejando suas metas com a finalidade de formar profissionais com aptidões para
o diferencial do mercado de trabalho (VIANA et al., 2013). Segundo Colenci e Berti (2012), as exigências
crescentes de produtividade e de qualidade do mercado de trabalho torna cada
vez mais comum a implantação de exemplos de formação baseados em suas
competências profissionais.
Dessa forma Brito (2008 p. 844) aconselha que no:
Projeto
Político Pedagógico dos cursos deve ser estabelecido o perfil do profissional
que se deseja formar a partir do potencial dos ingressantes, do desenvolvimento
das habilidades acadêmicas, buscando alcançar as competências profissionais
necessárias para o exercício da profissão.
No que tange a educação contábil de nível superior, as IES gozam do
compromisso de graduar profissionais com capacidades de atuar nas mais diversas
áreas, como auditoria, finanças, controladoria, contabilidade societária,
planejamento tributário, custos, etc., visando suprir as demandas dos usuários
das informações contábeis (PIRES; OTT; DAMACEMA, 2010). Assim sendo, “o mercado
de trabalho dos contadores é composto, do lado da demanda, pelas organizações e
demais usuários dos serviços contábeis, que nada mais são do que clientes das
IES” (PIRES; OTT; DAMACEMA, 2010, p. 316).
Neste contexto, Leal, Soares e Souza (2008, p.148)
destacam que:
o mercado exige dos profissionais da área contábil
um conhecimento que transcende o processo específico pronto para o tecnicismo;
busca-se um profissional com competências para entender o “negócio”, visando
orientar o gestor e participar das decisões de forma consciente. Dessa forma,
recai para os profissionais a exigência de um novo perfil, mais condizente com
a atual dinâmica assumida pelas organizações.
Lima e Andriola (2018) discorrem que a metodologia de acompanhamento de
egressos é um instrumento importante para o aprimoramento da IES, posto que
auxilia nas modificações no modo de agir com as orientações para formação. Por
esse motivo, Pires, Ott e Damacena (2010, p. 316) apresentam que:
Os cursos orientados para o mercado podem tornar-se
um diferencial competitivo para os usuários dos serviços prestados pelos
profissionais contábeis, para estes profissionais e para as próprias IES. Daí a
importância de se ter um conhecimento mais completo do mercado de trabalho, a
fim de identificar as competências exigidas do profissional que atua ou que
pretende atuar na área contábil.
Leal, Soares e Souza (2008) evidenciam que, para os
empregadores da área contábil, as habilidades apontadas
como as mais importantes são: liderança, proatividade, motivação e capacidade
de gestão; enquanto que para os formandos são: relacionamentos interpessoais e
visão de negócios, assim nota-se que os dois perfis apresentam características
comuns, porém com divergências no que se refere as habilidades. Por esta razão,
Kruger et al. (2013) afirmam que as IES necessitam formar profissionais
aptos ao cenário da empregabilidade, auxiliando-os a ampliar as habilidades que
proporcionem maior segurança para atender as demandas do mercado de trabalho.
Acompanhamento de egressos nas universidades
brasileiras
Mediante tamanha dimensão do ensino superior, Dias
e Nunes (2017, p. 2) mencionam “é necessário realizar o acompanhamento do
egresso, como forma de implementar mais uma ferramenta de avaliação do curso e
conectar a formação oferecida pelo curso com as necessidades da sociedade e do
mercado de trabalho”
Deste modo Dias e Nunes (2017) também relatam que o
futuro profissional dos egressos já é de interesse e avaliação de vários
países, como Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha e Itália. No caso
do Brasil, a Lei nº 10.861, de 2004, instituiu o Sistema Nacional de Avaliação
do Ensino Superior (SINAES), um marco extremamente importante, no qual os
egressos são acompanhados e podem ser vistos nas políticas de autoavaliação
institucional, devido seu objetivo de medir a qualidade do ensino das IES
(BRASIL, 2004).
Segundo Dias e Nunes (2017) em 2008, o INEP
realizou alguns estudos, nos quais constatou-se que apenas 5 (3,1%) das 168 IES
avaliadas pelo SINAES apresentaram algum instrumento de avaliação de
resultados, evidenciando potencialidades e/ou fragilidades, sobre seus egressos.
O SINAES também retrata um movimento próspero quanto a garantia do ensino de
qualidade, ligado
a um sistema de avaliação apto a incentivar as transformações
interpeladas pela sociedade, além de apresentar a relevância de se conceituar a
percepção do egresso como forma de avaliação institucional.
No que
tange aos estudos correlatos que já pesquisaram sobre a temática da formação do
egresso no curso de Ciências Contábeis e sua atuação no mercado de trabalho,
identificou-se os trabalhos de Polli, Polli e Silva (2004), Lousada e Martins
(2005) e Muritiba et al. (2012).
Polli,
Polli e Silva (2004) buscaram identificar se o aluno do curso superior de
Ciências Contábeis está sendo preparado pela IES com formação teórica e
prática, e com condições de atender as exigências propostas pelo mercado de
trabalho. Os resultados apontam que as IES transmitem aos alunos a teoria
contábil, concomitantemente ao desejado pela categoria contábil, de aprender e
exercer a prática, dada a confiança e a esperança que a sociedade depõe nessa
profissão. Concluíram que há a necessidade de avaliar e reconhecer os
parâmetros de atendimento à sociedade, que demanda capacitação dos membros, que
terão de atualizar constantemente seus conhecimentos, para justificar sua
afirmação de que podem efetivamente atender a essas expectativas.
Lousada e
Martins (2005) apontaram a importância do planejamento e desenvolvimento de
sistemas de acompanhamento de egressos como um dos mecanismos que permita às
IES a contínua melhoria de todo o planejamento e operação dessas organizações,
particularmente do processo de ensino aprendizagem. Por meio da pesquisa,
constatou-se um reconhecimento por parte dos dirigentes das IES sobre a
necessidade de institucionalização da prática do acompanhamento dos egressos nos
cursos de Ciências Contábeis. Os dirigentes da IES, apontam que a utilidade
desse tipo de estudo é a de estabelecer e definir uma interação sistematizada
entre as IES e seus egressos, proporcionando uma observação da trajetória dos
ex-alunos, servindo como fonte de informações gerenciais, permitindo a tomada
de decisões sobre o planejamento de cursos, arranjos didático-pedagógicos e
modalidades de programas que desenvolvam uma polivalência e identidade
profissional capazes de interagir e de atender às mutações do mercado de
trabalho.
Muritiba et
al. (2012) analisaram como
se relacionam o estágio profissional atual e a satisfação dos egressos com
relação ao curso de graduação que eles fizeram. Os resultados dos estudos
mostraram que os egressos que avaliam melhor o curso que fizeram também são
aqueles que têm melhor desempenho profissional. Em especial, o fato de o aluno
se sentir orgulhoso do curso foi uma das variáveis que mais se relacionou com
um estágio profissional mais promissor, em termos de salário e posição
hierárquica na empresa. Assim apresentando que o grupo de ex-alunos mais
satisfeitos com o curso também são aqueles que assumiram posições hierárquicas
mais altas e com maiores salários depois de formados. Outro achado é com
relação à percepção de qualidade dos cursos por meio do instrumento
desenvolvido, o que traz elementos para que educadores e gestores educacionais
realizem melhorias nos cursos.
Eckert et al. (2020) analisaram qual atuação,
em termos de perfil profissional, dos bacharéis em Ciências Contábeis formados
no Rio Grande do Sul nos últimos dez anos. Os resultados apontaram para um
perfil jovem e em sua maioria de mulheres. Em que a maioria dos bacharéis atuam
na área contábil, estão satisfeitos com a graduação, e pretendem continuar na
área. Os egressos acreditam que a vantagem do curso de graduação é o
aprendizado, e sua desvantagem é o desgaste emocional, pela grande
responsabilidade da função exercida.
Observa-se
que os estudos correlatos apresentados estudaram o egresso como protagonista
das pesquisas, de tal forma que, com base no desempenho desses ex-alunos,
obtiveram resultados que contribuíram para uma melhor avaliação do Curso de
Ciências Contábeis e do mercado de trabalho, de modo a poder tornar os
formandos mais competitivos profissionalmente. Os resultados também permitiram
averiguar se os métodos de ensino adotados pelas IES são suficientes para
capacitar o egresso para o mercado de trabalho, e de modo a tornar consciente
as IES da necessidade de constante atualização do conhecimento ofertado no
curso. Desta forma, o presente estudo tem como diferencial analisar o perfil
dos egressos e a sua atuação no mercado de trabalho, com a finalidade de ajudar
na atualização do banco de dados dos ex-alunos e auxiliar a IES a conhecer o
perfil do egresso em que se localiza na sua região.
A próxima sessão apresenta os aspectos
metodológicos desta pesquisa.
3 ASPECTOS
METODOLÓGICOS
Classificação da pesquisa
Visando atingir os objetivos propostos de verificar
o perfil de egressos do curso de Ciências Contábeis, a pesquisa foi
desenvolvida de forma descritiva. Quanto a abordagem do problema, a pesquisa se
caracteriza como quantitativa.
Diante disso, a coleta de dados foi realizada por
intermédio de um levantamento de dados do tipo survey. O levantamento foi realizado com os egressos do curso de
Ciências Contábeis de uma Universidade do interior do estado do Mato Grosso do
Sul, com a finalidade de averiguar a influência do seu perfil. Por esta razão,
utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário que avaliou a
influência da graduação na vida profissional e pessoal dos egressos do curso de
Ciências Contábeis da instituição em questão.
Baseado
nessas informações na próxima sessão apresenta-se o levantamento de dados dessa
pesquisa.
Levantamento
de dados
O levantamento de dados, no primeiro instante,
buscou identificar a população integrada da pesquisa, isto é, os egressos do
curso de Ciências Contábeis de uma universidade do interior do estado do Mato
Grosso do Sul. Foram identificados, por meio dos dados compartilhados pela
secretaria acadêmica do curso, 492 formandos entre os anos de 1996 e 2020. O
contato inicial foi feito via e-mail informado nos dados repassados pela
secretaria. Os egressos cujo endereço de e-mail não era mais válido foram
procurados na rede social Facebook, no site de buscas Google ou contatados por
meio do aplicativo de mensagens instantâneas.
Em segundo momento, no mês de maio de 2021, entre
os dias 01 a 19, foi aplicado o questionário para a todos os 492 formandos. com
o objetivo de verificar o perfil dos egressos do curso de Ciências Contábeis de
uma universidade localizada no interior do estado de Mato Grosso do Sul, tendo
como respostas validas uma amostra 145 egressos. O questionário utilizado foi
adaptado das pesquisas de Oro et al. (2010) e Viana et al.
(2013), que já haviam sido validados. O questionário foi estruturado da
seguinte forma:
Quadro 1 – Construto da pesquisa.
Blocos |
Categorias |
Subcategorias |
Questões |
Proxy |
Autores |
|
I |
Contribuição do
Curso de Ciências Contábeis |
Contribuição do
curso de Ciências Contábeis para as atividades que o egresso desenvolve
atualmente |
1 a 4 |
Escala de 5 pontos,
onde: (1) Discordo Totalmente e (5) Concordo Totalmente |
Oro et al.
(2010) |
|
II |
Estratégias de
Ensino do Curso |
Estratégias de
ensino do curso que geraram maiores habilidades para a atuação profissional |
5 a 14 |
Escala de 5 pontos,
onde: (1) Discordo Totalmente e (5) Concordo Totalmente |
Elaborado pelos
Autores |
|
III |
Influência do
Título de Graduação |
Fatores que geraram
devido a influência do título de graduação em Ciências Contábeis |
15 a 33 |
Escala de 5 pontos,
onde: (1) Discordo Totalmente e (5) Concordo Totalmente |
Oro et al.
(2010); Viana et al. (2013) |
|
IV |
Perfil do Egresso |
Caracterização do
Respondente |
34 a 43 |
Alternativas |
Oro et al.
(2010); Viana et al. (2013) |
|
Fonte: Criado pelos autores
Fundamentado no que aqui foi exposto, o próximo
tópico apresenta o tratamento realizado com os dados coletados. Utilizou-se o
teste não paramétrico Kruskal-Wallis por postos, em que foi relevante para
evidenciar as variáveis significativas dessa pesquisa.
4 TRATAMENTO
DE DADOS
Análise descritiva
Inicialmente, apresenta-se o perfil dos
respondentes. Esta forma de descrição se faz importante, uma vez que não há
estudos anteriores com o público exposto de tal universidade. A amostra foi
composta por 145 egressos do curso de Ciências Contábeis da região interiorana
do estado do Mato Grosso do Sul, conforme demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1 -
Perfil dos egressos
Variáveis |
Total |
% |
|
Amostra
Geral |
145 |
100,0% |
|
Gênero |
Feminino |
83 |
57,2% |
Masculino |
62 |
42,8% |
|
Idade |
De 20 a 29 anos |
40 |
27,6% |
De 30 a 39 anos |
79 |
54,5% |
|
De 40 a 49 anos |
23 |
15,9% |
|
De 50 a 59 anos |
3 |
2,1% |
|
Formação |
Graduação |
77 |
53,1% |
MBA |
61 |
42,1% |
|
Mestrado |
4 |
2,8% |
|
Doutorado |
2 |
1,4% |
|
Área que atua |
Área Contábil |
99 |
68,3% |
Fora da área |
37 |
25,5% |
|
Não estou trabalhando |
5 |
3,4% |
|
Outro |
4 |
2,8% |
Fonte: Dados da pesquisa
(2021).
O perfil dos egressos até o ano de 2021
respondentes é composto por 57,2% (83 respondentes) de pessoas do gênero
feminino e de 42,8% (62) masculino. Embora o gênero feminino seja predominante
na pesquisa realizada em uma cidade do estado de Mato Grosso do Sul, em 2021,
do total de profissionais contadores registrados no país, apenas 43% eram de
mulheres, segundo o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo
(CRCSP, 2021).
No tocante a idade dos egressos, verificou-se que
27,6% (40) têm entre 20 e 29 anos e que a maioria (54,5%) (79) tem idade entre
30 e 39 anos. Além desses, 15,9% (23) têm entre 40 e 49 anos e apenas 2,1% (3)
têm entre 50 e 59 anos.
A análise dos dados permitiu apurar, quanto à
titulação, que a maioria dos respondentes, composta por 95,2% (138), tem entre
graduação e MBA, que apenas 2,8% (4) têm o título de mestrado e 1,4% (2) tem o
de doutorado. Percebe-se, com base nesses resultados, o baixo interesse dos
egressos quanto a seguir carreira acadêmica.
Cabe
destacar também que 68,3% (99) dos egressos seguem na área contábil, seguidos
de 31,7% (46) que atuam em outras áreas. Sendo possível notar um resultado
relevante da formação acadêmica agregado a carreira profissional.
Tabela 2 -
Setor de atividade dos respondentes
Variáveis |
Total |
% |
|
Amostra Geral |
145 |
100,0% |
|
Emprego atual está dentro da área desejada |
Não |
40 |
27,60% |
Sim |
105 |
72,40% |
|
Setor da atividade remunerada |
Privado |
80 |
55,20% |
Público |
36 |
24,80% |
|
Autônomo |
8 |
5,50% |
|
Proprietário |
17 |
11,70% |
|
Outros |
4 |
2,80% |
|
Sentir-se apto a profissão |
Não |
42 |
29,00% |
Sim |
103 |
71,00% |
Fonte: Dados da pesquisa
(2021).
Na Tabela 2 é possível identificar que a maioria
dos egressos respondentes está empregada dentro da área desejada ao ingressar
na universidade, representando 72,40% (105) do total. Isto indica que apenas
27,60% (40) não estão. Dos 145 respondentes, 75,20% (109) atuam no setor
privado, são proprietários de negócios, são autônomos ou estão em outros
setores de atividade remunerada. Já no setor público, 24,80% (36) indicaram
essa alternativa. Quando questionados em
relação à questão “sentir-se apto à profissão” é predominante os resultados
positivos para 71% (103) contra 29% (42) que não se sentiam aptos. Sendo assim,
é possível perceber que o curso de Ciências Contábeis agregou positivamente na
carreira do egresso, quanto ao setor em que exerce sua atividade atual e a
aptidão para exercer a profissão.
Os egressos foram questionados quanto à
contribuição e à importância atribuída ao curso de Ciências Contábeis para o
mercado de trabalho, sendo avaliadas a influência dos
quesitos citados e a formação acadêmica. Na Tabela 3, a seguir, as respostam
foram pontuadas de um a cinco, de acordo com a seguinte ordem: 1
discordo totalmente, 2 discordo parcialmente, 3 indiferente, 4 concordo
parcialmente e 5 concordo totalmente.
Tabela 3 - Avaliação dos egressos quanto aos conhecimentos adquiridos
durante a formação
Escala de concordância |
||||||||||||
Avaliação dos egressos quanto a: |
DT |
DP |
I |
CP |
CT |
TOTAL |
||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
||||||||
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
|
Formação teórica foi fundamental para atividade que desenvolvo
atualmente |
4 |
2,76% |
5 |
3,45% |
23 |
15,86% |
35 |
24,14% |
78 |
53,79% |
145 |
100,00% |
O conhecimento proporcionado pelas disciplinas específicas da área de
contabilidade foi fundamental para o mercado de trabalho |
1 |
0,69% |
3 |
2,07% |
26 |
17,93% |
33 |
22,76% |
82 |
56,55% |
145 |
100,00% |
O conhecimento proporcionado pelas disciplinas afins da área de
contabilidade, como: administração, direito e economia foram fundamentais |
0 |
0,00% |
7 |
4,83% |
27 |
18,62% |
36 |
24,83% |
75 |
51,72% |
145 |
100,00% |
Os contatos acadêmicos ou profissionais que obtive durante a graduação
foram fundamentais |
3 |
2,07% |
11 |
7,59% |
33 |
22,76% |
21 |
14,48% |
77 |
53,10% |
145 |
100,00% |
Aulas expositivas (o simples repasse explicação de informações) |
0 |
0,00% |
21 |
14,48% |
19 |
13,10% |
31 |
21,38% |
74 |
51,03% |
145 |
100,00% |
Estudo
de caso (análise detalhada de uma situação da vida real que promova a
investigação e o desafio para os alunos) |
3 |
2,07% |
9 |
6,21% |
19 |
13,10% |
26 |
17,93% |
88 |
60,69% |
145 |
100,00% |
Estudo dirigido (os alunos executam determinado trabalho com um
roteiro de estudo previamente construído) |
4 |
2,76% |
5 |
3,45% |
25 |
17,24% |
32 |
22,07% |
79 |
54,48% |
145 |
100,00% |
Seminários, Trabalhos em grupo (ocorre um encontro de um grupo de
pessoas, visando a estudar um determinado assunto) |
3 |
2,07% |
9 |
6,21% |
22 |
15,17% |
35 |
24,14% |
76 |
52,41% |
145 |
100,00% |
Ensino com pesquisa (utilização de busca em livros e artigos) |
5 |
3,45% |
5 |
3,45% |
15 |
10,34% |
41 |
28,28% |
79 |
54,48% |
145 |
100,00% |
Aulas práticas (laboratórios) |
10 |
6,90% |
6 |
4,14% |
26 |
17,93% |
20 |
13,79% |
83 |
57,24% |
145 |
100,00% |
Visitas dirigidas (visita técnica, excursões) |
11 |
7,59% |
16 |
11,03% |
26 |
17,93% |
25 |
17,24% |
67 |
46,21% |
145 |
100,00% |
Aulas com áudio Visual (vídeos, teatro, power point) |
6 |
4,14% |
15 |
10,34% |
35 |
24,14% |
31 |
21,38% |
58 |
40,00% |
145 |
100,00% |
Dramatizações (jogos, simulações, PBL, histórias) |
17 |
11,72% |
12 |
8,28% |
31 |
21,38% |
34 |
23,45% |
51 |
35,17% |
145 |
100,00% |
Quanto as atividades institucionais, como por exemplo: estágios
obrigatórios, projetos, iniciações cientificas |
7 |
4,83% |
10 |
6,90% |
21 |
14,48% |
38 |
26,21% |
69 |
47,59% |
145 |
100,00% |
Fonte: Dados da pesquisa
(2021).
Observou-se maior relevância de percentual para o
peso 5 (concordo totalmente) quanto a avaliação do curso em relação aos
‘estudos de caso’ expostos, com 60,69% (88 respondentes), seguido de 57,24% (83
respondentes) para a avaliação quanto as ‘aulas práticas (laboratórios)’ e
56,55% (82 respondentes) para a avaliação quanto ao ‘conhecimento proporcionado
pelas disciplinas específicas da área de contabilidade que foram fundamentais’
Na tabela 4, a seguir, destaca-se a influência do
curso quanto ao mercado de trabalho.
Tabela 4 - Avaliação
dos egressos quanto a influência do curso em relação ao mercado de trabalho
Escala de concordância |
||||||||||||
Avaliação dos
egressos quanto a: |
DT |
DP |
I |
CP |
CT |
TOTAL |
||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
||||||||
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
|
Proporcionou maior mobilidade
profissional |
3 |
2,07% |
6 |
4,14% |
18 |
12,41% |
34 |
23,45% |
84 |
57,93% |
145 |
100,00% |
Proporcionou mais oportunidades
de emprego (empregabilidade) |
7 |
4,83% |
10 |
6,90% |
20 |
13,79% |
22 |
15,17% |
86 |
59,31% |
145 |
100,00% |
Influenciou positivamente na
minha remuneração |
3 |
2,07% |
7 |
4,83% |
26 |
17,93% |
22 |
15,17% |
87 |
60,00% |
145 |
100,00% |
Influenciou meu estilo de vida |
7 |
4,83% |
10 |
6,90% |
23 |
15,86% |
22 |
15,17% |
83 |
57,24% |
145 |
100,00% |
Gerou estabilidade profissional |
7 |
4,83% |
11 |
7,59% |
35 |
24,14% |
16 |
11,03% |
76 |
52,41% |
145 |
100,00% |
Habilidades cognitivas |
3 |
2,07% |
8 |
5,52% |
25 |
17,24% |
24 |
16,55% |
85 |
58,62% |
145 |
100,00% |
Gerou prestígio |
3 |
2,07% |
14 |
9,66% |
30 |
20,69% |
14 |
9,66% |
84 |
57,93% |
145 |
100,00% |
Proporcionou amadurecimento
pessoal |
0 |
0,00% |
3 |
2,07% |
5 |
3,45% |
32 |
22,07% |
105 |
72,41% |
145 |
100,00% |
Contribuiu com minha promoção
social |
5 |
3,45% |
7 |
4,83% |
29 |
20,00% |
22 |
15,17% |
82 |
56,55% |
145 |
100,00% |
Gerou diferenciação
profissional |
4 |
2,76% |
5 |
3,45% |
23 |
15,86% |
28 |
19,31% |
85 |
58,62% |
145 |
100,00% |
Gerou maior produtividade |
3 |
2,07% |
6 |
4,14% |
21 |
14,48% |
31 |
21,38% |
84 |
57,93% |
145 |
100,00% |
Gerou maior responsabilidade
social |
1 |
0,69% |
5 |
3,45% |
16 |
11,03% |
32 |
22,07% |
91 |
62,76% |
145 |
100,00% |
Gerou maior competência
analítica |
2 |
1,38% |
2 |
1,38% |
14 |
9,66% |
36 |
24,83% |
91 |
62,76% |
145 |
100,00% |
Gerou maior autonomia
profissional |
2 |
1,38% |
5 |
3,45% |
19 |
13,10% |
28 |
19,31% |
91 |
62,76% |
145 |
100,00% |
Gerou produção acadêmica |
1 |
0,69% |
8 |
5,53% |
30 |
20,69% |
36 |
24,83% |
70 |
48,28% |
145 |
100,00% |
Gerou melhores oportunidades na
carreira |
3 |
2,07% |
9 |
6,21% |
18 |
12,41% |
29 |
20,00% |
86 |
59,31% |
145 |
100,00% |
Gerou status |
10 |
6,90% |
14 |
9,66% |
36 |
24,83% |
12 |
8,28% |
73 |
50,34% |
145 |
100,00% |
Gerou espírito acadêmico |
8 |
5,52% |
9 |
6,21% |
27 |
18,62% |
25 |
17,24% |
76 |
52,41% |
145 |
100,00% |
Gerou maior respeito e
reconhecimento acadêmico/ profissional |
5 |
3,45% |
8 |
5,52% |
24 |
16,55% |
22 |
15,17% |
86 |
59,31% |
145 |
100,00% |
Fonte: Dados da pesquisa
(2021).
De acordo com a Tabela 4, em relação à influência
do curso no mercado de trabalho, destaca-se que 72,41% (105 respondentes)
indicaram com nota 5 o fator ‘proporcionou amadurecimento pessoal’, seguidos de
62,76% (91 respondentes) de notas 5 para 3 fatores: ‘gerou maior
responsabilidade social’, ‘gerou maior competência analítica’ e ‘gerou maior
autonomia profissional’. Pode-se perceber que os alunos consideram que o curso
trouxe resultados positivos para a vida pessoal e profissional após a graduação
no contexto geral da pesquisa, tais como, oportunidade, estabilidade e
autonomia na vida profissional. Já os reflexos na vida pessoal, foram
percebidos resultados positivos no estilo de vida, bem como nas habilidades cognitivas,
amadurecimento pessoal e responsabilidades sociais.
Análise da influência da graduação dos egressos
Na análise da relação entre o perfil dos egressos e
gênero, foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis por postos. O
teste de Kruskal-Wallis é importante para decidir se K amostras independentes
provem de populações diferentes. A hipótese a ser rejeitada é de que não
existem diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos egressos
e dos gêneros. Caso o valor de probabilidade seja menor do que p < 0,05,
permite-se afirmar que há pelo menos um par de medianas populacionais
diferentes. Nas tabelas apresentadas a seguir são apresentadas estatisticamente
apenas os resultados significantes, em virtude de o questionário possuir
grandes quantidades de questões e do amplo resultado significativo.
Tabela 5 - Teste Kruskal-Wallis da relação entre os
fatores de contribuição para as atividades atuais e a variável gênero
Variável |
Gênero |
N |
Posto Médio |
Chi-Square |
Df |
Asymp. Sig. |
P1-O
conhecimento proporcionado pelas disciplinas afins da área de contabilidade,
como: administração, direito e economia foram fundamentais |
Feminino |
83 |
71,83 |
4,846 |
1 |
0,028 |
Masculino |
62 |
74,56 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P2-Aulas
expositivas (o simples repasse explicação de informações) |
Feminino |
83 |
67,27 |
4,280 |
1 |
0,039 |
Masculino |
62 |
80,68 |
||||
Total |
145 |
|
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se na Tabela 5, pelo teste Kruskal-Wallis para a variável P1, que
existem diferenças estatisticamente significativas (x² = 4,846; p = 0,028)
entre as medianas da percepção de que os conhecimentos proporcionados pelas
disciplinas afins da área de contabilidade foram fundamentais e o gênero. Verifica-se
pela análise dos postos médios dessa variável que a faixa masculino assumiu o
maior valor, com posto médio de 74,56. Esse resultado mostra que os egressos do
gênero masculino apresentam um maior nível de concordância em relação aos
egressos do gênero feminino quanto a percepção de que o conhecimento
proporcionado pelas disciplinas afins da área de contabilidade, como:
administração, direito e economia foram fundamentais.
Do mesmo modo, encontra-se estatisticamente dados
relevantes em relação a amostra para a variável P2 que relaciona aulas
expositivas e gênero (x² = 4,280; p = 0,039). Nesta análise, observa-se que o
gênero masculino tem o maior índice de posto médio, com 80,68, o que revela que
o fato de transferir informações dentro da sala de aula contribuiu com maior
intensidade para o egresso do gênero masculino do que o feminino.
Tabela 6 - Teste Kruskal-Wallis da relação entre os
fatores de contribuição para as atividades profissionais atuais e a variável
área de atuação
Variável |
Área de Atuação |
N |
Posto Médio |
Chi-Square |
Df |
Asymp. Sig. |
P1-A
formação teórica (básica ou aplicada) da graduação foi fundamental para
atividade que desenvolvo atualmente |
Fora da
área contábil |
37 |
55,04 |
7,256 |
1 |
0,007 |
Na área
contábil |
99 |
73,53 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P2-O
conhecimento proporcionado pelas disciplinas específicas da área de
contabilidade foi fundamental |
Fora da
área contábil |
37 |
55,15 |
7,285 |
1 |
0,007 |
Na área
contábil |
99 |
73,49 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P3-Aulas
expositivas (o simples repasse explicação de informações) |
Fora da
área contábil |
37 |
55,70 |
6,324 |
1 |
0,012 |
Na área
contábil |
99 |
73,28 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P4-Estudo
dirigido (os alunos executam determinado trabalho com um roteiro de estudo
previamente construído) |
Fora da
área contábil |
37 |
57,68 |
4,661 |
1 |
0,031 |
Na área
contábil |
99 |
72,55 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P5-Aulas
práticas (laboratórios) |
Fora da
área contábil |
37 |
58,26 |
4,280 |
1 |
0,039 |
Na área contábil |
99 |
72,33 |
||||
Total |
136 |
|
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Identifica-se na Tabela 6 a relação entre os fatos
que contribuíram para o egresso atuar no mercado de trabalho na área contábil
ou em outra área de atuação. A questão P1 apresenta bases significativas (x² =
7,256; p = 0,007) e dentre esses dados, é notório o fato de que os egressos que
atuam na área contábil (posto médio de 73,53) apresentam uma concordância maior
em relação a contribuição do conhecimento teórico para a atuação, do que os
egressos que atuam fora da área (posto médio de 55,04).
A P2 traz o elo entre o conhecimento proporcionado
pelas disciplinas específicas da área de contabilidade com a área que atua.
Partindo deste preceito, os resultados da tabela apresentam estatisticamente
informações relevantes (x² = 7,285; p = 0,007). Verifica-se que os egressos que
atuam na área que revelam uma maior faixa, do que os que não atuam. Concluindo
que o público que trabalha na área contábil presume que é fundamental o
alicerce de disciplinas específicas na área contábil para atuação.
A análise das variáveis P3, P4, P5 indicam que
também existe diferença significativa entre a contribuição das aulas
expositivas (x² = 6,324; p = 0,012), dos estudos dirigidos (x² = 4,661; p =
0,031) e das aulas práticas (x² =4,280; p = 0,039) com as atividades
profissionais do egresso. Verifica-se que em todas essas questões citadas o
público que apresenta o maior índice são os egressos que atuam na área
contábil, o que revela um posto médio de 73,28, 72,55 e 72,33, respectivamente.
Esse resultado identifica que os egressos que atuam na área contábil têm a
concordância maior com os fatores que contribuem para a atuação no ramo da
contabilidade, sendo eles: conhecimentos específicos, conhecimentos teóricos e
metodologias diversas de participação em aula.
Tabela 7 - Teste Kruskal-Wallis da relação entre a
influência do título de graduação e a variável gênero
Variável |
Gênero |
N |
Posto Médio |
Chi-Square |
Df |
Asymp. Sig. |
P1-Influenciou positivamente na minha remuneração |
Feminino |
83 |
67,61 |
4,066 |
1 |
0,044 |
Masculino |
62 |
80,21 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P2-Habilidades cognitivas |
Feminino |
83 |
64,94 |
9,063 |
1 |
0,003 |
Masculino |
62 |
83,79 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P3-Gerou prestígio |
Feminino |
83 |
67,22 |
4,619 |
1 |
0,032 |
Masculino |
62 |
80,73 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P4-Gerou maior produtividade |
Feminino |
83 |
66,18 |
6,455 |
1 |
0,011 |
Masculino |
62 |
82,13 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P5-Gerou maior competência analítica |
Feminino |
83 |
66,96 |
5,453 |
1 |
0,020 |
Masculino |
62 |
81,09 |
||||
Total |
145 |
|
||||
P6-Gerou
maior autonomia profissional |
Feminino |
83 |
67,43 |
4,596 |
1 |
0,032 |
Masculino |
62 |
80,46 |
||||
Total |
145 |
|
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Os dados da Tabela 7 indicam que existe influência
do título de graduação com o gênero. O fator P1 apresenta informações
relevantes (x² = 4,066; p = 0,044), o que indica estatisticamente que o gênero
dos egressos que consideram um maior grau de influência positiva do título de
graduação em Ciências Contábeis na atual remuneração é o masculino, com posto
médio de 80,21.
Os dados da questão P2 (x² = 9,063; p = 0,003)
mostram a significativa atuação da graduação no desenvolvimento das habilidades
cognitivas com a variável gênero. Ao analisar o posto médio, observa-se que o
gênero masculino possui maior índice (83,79) em relação ao feminino quanto ao
fato de evoluir suas habilidades cognitivas.
Do mesmo modo, a variável (P3), de gerar prestígio
devido ao título de graduado no curso de Ciências Contábeis com o gênero, exibe
bases estatísticas e significativas (x² = 4,619; p = 0,032). Nota-se que para
essa variável é o egresso masculino que também se destaca com maior posto médio
(80,73). Esse resultado mostra que o gênero masculino tem a maior concordância
do que o feminino em relação a influência do título de graduação proporcionar
mais prestígio.
Os resultados do teste Kruskal-Wallis das variáveis P4, P5 e P6, apresentadas na Tabela 7, afirmam por meio de postos médios mais
altos, respectivamente, 82,13, 81,09 e 80,46, que o gênero masculino apresenta
maior concordância significativa do que o feminino em relação a influência do
título de graduado em Ciências Contábeis com os fatores proporcionados após a
conclusão dessa graduação, tais como: produtividade, competência analítica e
autonomia profissional.
Tabela 8 - Teste Kruskal-Wallis da relação entre a
influência do título de graduação e a variável área de atuação
Variável |
Área de Atuação |
N |
Posto Médio |
Chi-Square |
Df |
Asymp. Sig. |
P1-Proporcionou
maior mobilidade profissional |
Fora da
área contábil |
37 |
52,61 |
10,491 |
1 |
0,001 |
Na área
contábil |
99 |
74,44 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P2-Influenciou
positivamente na minha remuneração |
Fora da
área contábil |
37 |
52,28 |
11,225 |
1 |
0,001 |
Na área
contábil |
99 |
74,56 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P3-Proporcionou
mais oportunidades de emprego (empregabilidade) |
Fora da
área contábil |
37 |
49,23 |
16,078 |
1 |
0,000 |
Na área
contábil |
99 |
75,70 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P4-Influenciou
meu estilo de vida |
Fora da
área contábil |
37 |
51,15 |
12,370 |
1 |
0,000 |
Na área
contábil |
99 |
74,98 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P5-Gerou
estabilidade profissional |
Fora da
área contábil |
37 |
48,57 |
15,756 |
1 |
0,000 |
Na área
contábil |
99 |
75,95 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P6-Habilidades
cognitivas |
Fora da
área contábil |
37 |
56,64 |
5,912 |
1 |
0,015 |
Na área
contábil |
99 |
72,93 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P7-Gerou
prestígio |
Fora da
área contábil |
37 |
57,34 |
5,238 |
1 |
0,022 |
Na área
contábil |
99 |
72,67 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P8-Contribuiu
com minha promoção social |
Fora da
área contábil |
37 |
49,7 |
14,448 |
1 |
0,000 |
Na área
contábil |
99 |
75,53 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P9-Gerou
diferenciação profissional |
Fora da
área contábil |
37 |
52,55 |
10,703 |
|
0,001 |
Na área
contábil |
99 |
74,46 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P10-Gerou
maior produtividade |
Fora da
área contábil |
37 |
52,31 |
10,952 |
1 |
0,001 |
Na área
contábil |
99 |
74,55 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P11-Gerou
maior responsabilidade social |
Fora da
área contábil |
37 |
57,14 |
5,750 |
1 |
0,016 |
Na área
contábil |
99 |
72,75 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P12-Gerou
maior competência analítica |
Fora da
área contábil |
37 |
56,43 |
6,602 |
1 |
0,010 |
Na área
contábil |
99 |
73,01 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P13-Gerou
maior autonomia profissional |
Fora da
área contábil |
37 |
53,7 |
9,832 |
1 |
0,002 |
Na área
contábil |
99 |
74,03 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P14-Gerou
produção acadêmica |
Fora da
área contábil |
37 |
54,23 |
7,683 |
1 |
0,006 |
Na área
contábil |
99 |
73,83 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P15-Gerou
melhores oportunidades na carreira |
Fora da
área contábil |
37 |
52,53 |
10,939 |
1 |
0,001 |
Na área
contábil |
99 |
74,47 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P16-Gerou
status |
Fora da
área contábil |
37 |
54,57 |
7,537 |
1 |
0,006 |
Na área
contábil |
99 |
73,71 |
||||
Total |
136 |
|
||||
P17-Gerou
espírito acadêmico |
Fora da
área contábil |
37 |
57,32 |
4,836 |
1 |
0,028 |
Na área
contábil |
99 |
72,68 |
||||
Total |
136 |
|
Fonte: Dados da pesquisa.
Os dados estatísticos apresentados na Tabela 8
mostram a relação entre a influência do título de graduação e a variável área
de atuação. Foram analisados diversos fatores que apontam diferenças
significativas. Observa-se que as questões P2, P3, P6 e P7 apresentam dados
notáveis, respectivamente, (x² = 11,225; p = 0,001), (x² = 16,078; p = 0,000),
(x² = 5,912; p = 0,015), (x² = 5,238; p = 0,022), nos quais verifica-se que
para os atuantes da área contábil, o diploma de graduação em Ciências Contábeis
gerou uma remuneração positiva, mais empregabilidade, maior prestígio e
melhorou as habilidades cognitivas.
No que tange as variáveis P9 (posto médio de 74,46)
e P15 (posto médio de 74,47), os respondentes que trabalham no setor contábil,
relatam com postos médios maiores dos que trabalham fora do setor, que o título
de graduação proporcionou maior diferenciação profissional e mais oportunidades
na carreira profissional, isto expondo uma concordância estatisticamente relevante
da atuação do título de contador para o mercado de trabalho.
Os itens P10 e P13 mostram diferenças importantes,
na devida ordem (x² = 5,238; p = 0,022) e (x² = 5,238; p = 0,022), no que se
refere a gerar maior produtividade e maior autonomia profissional em relação a
área de atuação do egresso. Sendo assim, os egressos que atuam na área
contábil, com posto médio maior de 74,05 e 74,03, respectivamente, apresentam
um índice significativo do título de graduação com a capacidade de gerar esses
devidos fatores após a conclusão do curso.
A análise
das demais variáveis mostrou que os egressos que atuam profissionalmente na
área contábil revelam, estatisticamente, uma concordância significativa maior
do que os que atuam fora da área contábil. Apresentam diferenças significativas
e postos médios maiores com relação a influência do título de graduação os
seguintes fatores positivos gerados na carreira profissional do egresso: maior
mobilidade profissional, estilo de vida, estabilidade profissional, promoção social,
maior responsabilidade social, maior competência analítica, produção acadêmica,
status e espírito acadêmico.
O
resultado da pesquisa corrobora afirmações anteriores, como o de Kruger et al.
(2013), que apontam a importância de as instituições formarem profissionais com
habilidades que permitam mais segurança para suprir as demandas do mercado.
Leal, Soares e Souza (2008) apontam que os egressos precisam ter liderança,
proatividade, motivação, capacidade de gestão, bons relacionamentos
interpessoais e visão de negócios. Lousada e Martins (2005) destacam a
necessidade de institucionalizar a prática do acompanhamento dos egressos nos
cursos de Ciências Contábeis, visando a melhoria de todo o planejamento do
processo de ensino aprendizagem e a formação de profissionais preparados para
as exigências do mercado de trabalho.
Desta
forma, a presente pesquisa evidencia que o conhecimento proporcionado e a forma
dinâmica da instituição de fornecer esse conhecimento auxilia positivamente o
egresso na sua atuação no mercado de trabalho, sendo o gênero masculino e os
atuantes da área contábil que manifesta maior concordância. Assim a pesquisa
encontrou resultados que contribuem com pesquisas anteriores, quanto ao gênero,
conhecimento adquirido e a melhoria da qualidade do curso, cujos resultados
podem também estar relacionados às características regional da localização do
curso e atuação dos egressos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa teve como objetivo verificar o perfil
dos egressos do curso de Ciências Contábeis de uma universidade localizada no
interior do Mato Grosso do Sul. Para isso, realizou-se uma pesquisa descritiva
e quantitativa, cuja coleta dos dados ocorreu pela aplicação de um questionário
composto por questões pessoais e profissionais. A amostra contou com a
participação de 145 respondentes.
A partir dos resultados obtidos, identificou-se que
a maioria dos respondentes é do sexo feminino e que a faixa etária predominante
está entre 30 a 39 anos. A maior parte dos egressos indicaram que sua atuação
profissional se concentra na área contábil e que eles estão inseridos no setor
privado. Além disso, mais da metade da amostra não buscou formação além da
graduação.
Investigou-se também o nível de influência do
título de graduação no desempenho profissional do egresso e o quanto o
conhecimento atribuído no curso contribuiu para a sua atuação. De acordo com a
amostra, os respondentes que apresentaram o maior índice de concordância
significativa foram os do sexo masculino. O que indica que para os homens, mais
do que para as mulheres, foi fundamental o conhecimento proporcionado pelas
áreas afins e isso proporcionou uma remuneração positiva. Outro dado relevante
que pode se observar na pesquisa é que os egressos que atuam na área contábil
responderam que o título de graduação provocou fatores positivos em sua vida
profissional, como: prestígio, habilidades cognitivas e maior responsabilidade.
Diante das análises realizadas, conclui-se que os
resultados desta pesquisa reafirmaram a necessidade do conhecimento de áreas
específicas que o curso proporciona para a formação dos bacharéis em Ciências
Contábeis e que auxiliam no cumprimento das exigências do mercado de trabalho.
Constatou-se também a contribuição de fundamental importância para o
amadurecimento pessoal e maior responsabilidade, bem como o desenvolvimento das
habilidades cognitivas dos respondentes.
Observa-se do mesmo modo que o auxílio da titulação de graduação em
Ciências Contábeis permitiu melhorar a remuneração e as oportunidades de
trabalho dos egressos contribuindo positivamente para sua carreira
profissional.
Cabe ressaltar que a amostra, embora expressiva,
corresponde à apenas 29% da população de 492 alunos formados em 25 anos de
curso de uma universidade do interior do estado do Mato Grosso do Sul. Esse
resultado pode ser atribuído a dificuldade de localizar a maioria dos egressos.
Sugere-se então, a fim de acrescentar a presente pesquisa, que o questionário
seja aplicado aos discentes do último ano do curso de Ciências Contábeis, dessa
universidade, comparando com outras universidades, ou até mesmo com outros
campus, afim de verificar, quais aspectos os deixam mais ou menos satisfeitos
e, assim, se possível, ter um estudo em constante atualização, a fim de agregar
valor ao curso.
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