v.
5, n. 2, Maio-Agosto/2021 This work is licensed under a Creative
Commons
Attribution
4.0 International License
A INSERÇÃO LABORAL DURANTE O CURSO UNIVERSITÁRIO: A realidade dos
estudantes de administração de uma instituição pública
Fernanda
Segui
fersegui28@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-0752-3915
http://lattes.cnpq.br/8025355154236603
Universidade
Estadual do Centro Oeste, Unicentro
Guarapuava,
Paraná, Brasil
Márcio
Luiz Bernardim
marcio@unicentro.br
https://orcid.org/0000-0003-3639-7938
http://lattes.cnpq.br/0503194694586499
Universidade
Estadual do Centro Oeste, Unicentro
Guarapuava,
Paraná, Brasil
Sílvio
Roberto Stefano
silviostefano@unicentro.br
https://orcid.org/0000-0002-5871-8686
http://lattes.cnpq.br/0852434853164544
Universidade
Estadual do Centro Oeste, Unicentro
Guarapuava,
Paraná, Brasil
Resumo
Esta pesquisa trata da inserção dos
alunos do curso de graduação em administração no mercado de trabalho. O
objetivo foi identificar como se dá a inserção profissional dos estudantes,
além de conhecer as suas expectativas quanto ao futuro profissional e educacional.
O estudo da transição da vida estudantil para a vida laboral pode contribuir
para a compreensão das dificuldades enfrentadas pelos jovens trabalhadores e
para a geração de uma rede de apoio para reduzir o abandono escolar e facilitar
o ingresso no mercado de trabalho. Os resultados da pesquisa survey com os estudantes apontaram que
eles desenvolvem alguma atividade laboral, seja por meio de estágio ou de
contratação formal ou informal, mas enfrentam inúmeras dificuldades para
conciliar estudo e trabalho. Por outro lado, quanto mais precoce começam a
trabalhar, mais experiência adquirem e menos dificuldade enfrentam na procura
de emprego depois de formados, ainda que isso não signifique melhor renda. A
pesquisa também revela que o interesse em obter trabalho qualificado e melhores
níveis de renda impulsionam os estudantes para um processo de formação
continuada, o que se percebe pelo interesse de continuar estudando mesmo depois
de concluído o curso de administração.
Palavras-chave: Emprego. Trabalho. Estudantes universitários. Curso de
administração.
WORK INSERTION DURING THE UNIVERSITY COURSE: The reality of
administration students at a public institution
Abstract
The present research
deals with the insertion of undergraduate Administration students in the labor
market. The objective was to identify how the students' professional insertion
occurs, besides knowing their expectations regarding the professional and
educational future. Studying the transition from student to working life can contribute
to the understanding of the difficulties faced by young workers, as well as to
the generation of a support network to reduce school dropout and to facilitate
entry into the labor market. The results of the survey with students showed
that they carry out some work activity, either through internship or through
formal or informal hiring, however they also face numerous difficulties to
reconcile study and work. On the other hand, the earlier they start working,
the more experience they acquire and the less difficulty they face in looking
for a job after they graduate, even if that does not mean better income. The
survey also reveals that the interest in obtaining qualified work and better
income levels propel students to a process of continuing education, what is
possible to verify by the interest in continuing to study even after completing
the Administration course.
Keywords: Employment.
Work. Undergratuate students. Administration course.
Submetido:
27/03/2021
Revisões
Requeridas: 31/07/2021
Aceito:
04/08/2021
Publicado:
31/08/2021
INTRODUÇÃO
É comum que os jovens que se inserem no meio universitário o façam
almejando uma formação que contribua para sua introdução ou permanência no
mercado de trabalho. Muitos acreditam que o curso de administração pode abrir
várias oportunidades de emprego com bons salários, em grandes companhias, ou
capacitá-los para abertura do seu próprio negócio, embora o desenvolvimento
desse potencial empreendedor demande grande esforço não só dos próprios alunos
como também da universidade (PIETROVSKI et al., 2019).
A maioria dos que iniciam o curso focam na carreira profissional,
acreditando que o diploma será a ponte para o sucesso, embora essa relação de
causa-efeito precise considerar a sintonia da formação com as demandas
empresariais, conforme alertam Moreira et al. (2014).
A inserção laboral ocorre de maneiras variadas, seja por meio da
efetivação em estágios ou programas de aprendizagem, seja mediante a conquista
de um emprego ou o início de um empreendimento próprio após a graduação. Além
disso, diferentemente da falta de interesse pelas licenciaturas, que visam à
formação para o magistério (ALMEIDA et al., 2014), depois de ingressarem em
cursos de bacharelado, como o de administração, parece que a perspectiva de
atuação na docência motiva os estudantes para o prosseguimento dos estudos.
O empreendedorismo é outra possibilidade de ingresso no mercado, pois
muitos pequenos negócios surgem justamente da necessidade de conciliar a busca
de experiência com a obtenção de renda. Se por um lado e especialmente para os
mais pobres as políticas públicas focadas na qualificação para um emprego e na
busca da empregabilidade representam o caminho mais acessível (TOMMASI;
CORROCHANO, 2020), também é preciso considerar que o empreendedorismo nos
moldes tradicionais já não apresenta os resultados esperados para os dias de
hoje. É necessário articular a ação de empreender com as ações de inovar e
trabalhar em redes (VALE; WILKINSON; AMÂNCIO, 2008).
Essa expectativa de muitos estudantes reforça os achados do estudo de
Ferreira e Abranches (2018), os quais discutem a inserção dos egressos de
administração no mercado de trabalho e o possível impacto que o conhecimento
tem sobre os seus rendimentos. Jacob e Weiss (2010) realizaram um estudo
empírico longitudinal destacando que a transição do ensino superior para o
mercado de trabalho envolve variadas situações, que são menos padronizadas nos
EUA e mais regulamentadas na Alemanha, por exemplo. Quando pesquisaram a
percepção de estudantes de administração sobre fatores que contribuem para o
aprendizado, Fontanini, Wollmann e Chiesa (2019) detectaram que há necessidade
de uma articulação consistente entre os fatores “professor”, “estudante” e
“universidade”, com destaque para o primeiro. Tais estudos revelam que as
relações de causa e efeito em termos de aprendizado e oportunidades de emprego
e renda são complexas e dependem de uma conjugação de esforços e fatores que se
somam para o objetivo desejado.
O desenvolvimento desta pesquisa foi motivado pela busca de respostas
para as seguintes questões: Como se dá o ingresso dos universitários no mercado
de trabalho? Quais as dificuldades encontradas pelos estudantes na caminhada
até a inserção profissional? Tais questões ecoam os conflitos vividos pelos
próprios alunos, que têm dúvidas se o tempo e o esforço investidos na formação
universitária darão os resultados esperados. Também podem lançar luz sobre
lacunas ainda existentes na literatura, como: a percepção dos próprios alunos
sobre sua trajetória estudantil e profissional e sobre a vinculação existente
entre elas; as estratégias desenvolvidas para enfrentar as dificuldades
sentidas nessa trajetória.
Pesquisar a formação universitária e os possíveis encaminhamentos
profissionais é uma necessidade em tempos de precarização e vulnerabilidades
dos jovens quanto à obtenção de trabalho e renda, conforme mostram estudos
inclusive na União Europeia (MARQUES, 2020). O curso de administração pode
abrir muitas portas, pois traz em seu repertório um amplo leque de opções para
atuação em áreas diversificadas, como Gestão de Pessoas, Finanças, Marketing,
Logística, entre outras. Logo, se em tese há mais oportunidades de trabalho
para os estudantes dessa carreira, é necessário investigar se isso se comprova
na prática, e nos casos em que há dificuldades, como elas efetivamente são
enfrentadas.
O
principal objetivo do estudo foi, portanto, identificar as formas de inserção
profissional dos estudantes universitários do curso de administração, além de
conhecer as suas expectativas quanto ao futuro profissional e educacional.
Nesse percurso, foi possível ampliar a compreensão de que há variadas situações
nessa transição da vida escolar para a vida profissional, e que se para alguns
esse percurso ocorre sem maiores problemas, para a maioria os obstáculos são
enormes, começando já no momento de conciliar estudo e trabalho. Além disso, o
estudo mostrou-se oportuno, contribuindo para a geração de conhecimentos novos
a respeito de um tema que interessa a todos: estudantes, professores,
universidade, empresários.
REFERENCIAL TEÓRICO
Quando o objetivo é estudar como se dá transição estudo-trabalho na vida
de universitários, é importante antes considerar o papel do trabalho na vida
desse público. Oliveira, Piccinini e Silveira (2010) empreenderam um estudo com
alunos de administração para verificar a representação social presente na sua
fala quanto se referem à palavra trabalho. Essa transição para a vida adulta,
que marca inclusive o período de escolha e ingresso na universidade, os jovens
sofrem diversas modificações, tanto mental quanto física e psicológica. Os
autores mostram que, de modo geral, o trabalho
continua a ocupar um lugar central no conjunto das atividades das pessoas e da
sociedade, sendo um elemento de integração social, de inserção e promoção da
realização profissional e financeira.
Tanto o valor do trabalho para os jovens quanto as
motivações que os levam a buscar formação para o exercício de uma
ocupação/profissão são aspectos importantes a serem considerados na análise da
transição da vida de estudante dependente dos pais para a vida de
trabalhador/profissional independente. A pesquisa realizada por Chaves, Ramos e
Santos (2016), em duas universidades de Lisboa, que levou em conta as
orientações intrínsecas e extrínsecas e suas relações com as condições
materiais de existência dos estudantes, revelou a coexistência de três padrões
explicativos dessas motivações: a supervalorização das aspirações, a busca de
autonomia financeira frente à família e a maior valorização das recompensas
intrínsecas que às extrínsecas.
Assim, é natural que antes mesmo de se formar os estudantes busquem
campos de emprego em suas áreas, relacionando sua capacidade profissional com a
compreensão conceitual da inserção no trabalho. Logo, a relação entre
experiência escolar e escolha de carreira acadêmica pode trazer ao jovem
empregado os conhecimentos e a desenvoltura necessários para as atividades
desenvolvidas/enfocadas na sua área de formação. Foi isso que o estudo
empreendido por Rueda, Martins e Campos (2004) procurou compreender ao abordar
jovens e adultos (estudantes ou já graduados), pesquisando como eles entendem o
conceito de empregabilidade e como veem o mercado de trabalho tendo em vista as
suas expectativas de carreira.
Essa compreensão do percurso a ser trilhado para se obter trabalho e
renda passa também pelas condições em que se encontra o mercado de trabalho.
Nesse caso, porte, características e estratégias desenvolvidas pelas
organizações na contratação de trabalhadores e na formação do seu quadro de
pessoal são importantes para a definição do perfil do trabalhador requerido
(FERREIRA; KUHN; KAIBER; ALVES, 2019). Se por um lado o avanço na escolaridade
e a obtenção de um diploma de nível superior sempre foram considerados fatores
importantes para o ingresso nas ocupações mais qualificadas, nas últimas
décadas a mudança estrutural no sistema de produção capitalista levou à
ressignificação ou “ressimbolização” do trabalho e do poder que ele tem sobre
as novas gerações, conforme termo cunhado por Marques (2009). Essa autora
elenca quatro processos distintos que se complementam para explicar a
vulnerabilidade laboral da classe trabalhadora na contemporaneidade, aí
incluídos os jovens: a) a “cultura do risco” e a maior responsabilização dos
atores, que precisam conviver em um ambiente de elevado grau de flexibilidade
(laboral, produtiva, mercadológica, salarial etc.); b) intensificação e
racionalização sob uma ótica não-taylorista da organização do trabalho, com
individualização dos contratos e foco na eficácia; c) não homogeneização ou linearidade
na profissionalização, concentrando-se nos arranjos e soluções situacionais
específicas e responsabilização individual para as demandas do trabalho; d)
incorporação da reversibilidade ou reconversão dos processos formativos como
meio para a manutenção da empregabilidade e ampliação geográfica do conceito de
mercado de trabalho. Assim, esses processos geram dualidades que se antagonizam
entre incluídos/excluídos, estáveis/precários, empregados/desempregados,
ativos/inativos, jovens/idosos etc., o que faz emergir entre os trabalhadores a
insensibilidade ou a quebra da solidariedade, fruto da fragmentação e do
estranhamento entre aqueles que se põe no mercado como iguais, mas que são
ressignificados ou ressimbolizados pelas diferenças com as quais se apresentam
ao mercado.
Nesse contexto, resta aos trabalhadores a busca da tal empregabilidade,
sem a qual não conseguem se inserir no mercado de trabalho, situação que é
bastante sentida pelos jovens. De acordo com Minarelli (2010), são seis os
pilares que sustentam a empregabilidade, a saber: adequação vocacional
(afinidade e prazer); competência profissional (capacitação pelo estudo ou
experiências); idoneidade (que gera confiança); saúde física, mental e
espiritual (equilíbrio entre trabalho e vida pessoal); reserva financeira
(necessária para os momentos em que precisa investir em si mesmo);
relacionamento (rede de contatos que constitui o capital social). Tomando como
referência esses pilares, uma pesquisa feita por Ferreira Filho, Andrade e
Souza (2013), com estudantes de administração de uma instituição localizada em
Volta Redonda (RJ), mostrou que o pilar menos atendido pelos alunos é o da
reserva financeira. Apesar disso, os acadêmicos estão conscientes da relação
existente entre conhecimento e empregabilidade e que a busca da aprendizagem
resultará em saberes que formarão suas competências e que serão utilizadas como
estratégia para sua inserção e manutenção no mercado, o que é também respaldado
pelo estudo de Ferreira, Kuhn, Kaiber e Alves (2019), as quais reforçam,
todavia, a carência de oportunidades que demandem os conhecimentos e
competências desenvolvidos pelos egressos de administração.
A esse respeito ganham importância as relações entre a carreira
universitária buscada e as oportunidades profissionais dela decorrentes.
Monteiro e Leite (2019) pesquisaram a influência da universidade sobre as
decisões de carreira de estudantes de administração. Um achado interessante é
que, quando analisados separadamente, os dados obtidos com os estudantes da
Geração X (faixa etária de 30 a 53 anos à época da pesquisa) mostram que eles
sofrem menor influência da universidade que a Geração Y (faixa etária de 18 a
30 anos à época da pesquisa), o que se explica pelo fato de terem ingressado no
curso já com certa clareza quanto a sua trajetória profissional. De qualquer
forma, ambos os públicos apresentam proximidade quanto a expectativas de
inserção profissional, destacando-se o concurso público como a principal e o
empreendedorismo como a escolha a longo prazo.
Também esclarecedora sobre essa relação dos estudantes universitários
com o mercado é o estudo de Oliveira (2011), que pesquisou os alunos de
administração do Estado do Rio de Janeiro, classificando-os em quatro perfis
(engajado, preocupado, cético e desapegado), de acordo com o confronto com a
realidade do mercado de trabalho, a confiança nas qualificações que conseguiram
construir e do significado que atribuem ao trabalho, fatores estes que acabam
por influenciar suas aspirações de carreira. Descobriu-se que a carreira
tradicional (emprego formal numa “boa” empresa) ainda faz parte do imaginário
da grande maioria dos entrevistados, ao mesmo tempo em que a carreira autônoma
não é vista como uma alternativa viável. Assim, são poucos os que pensam numa
carreira empreendedora, mas como uma alternativa para um futuro mais distante,
já que ainda lhes faltaria a experiência, o capital econômico e as redes de
relacionamento. Além disso, apesar de aceitarem a perspectiva de trabalhar em
diferentes empresas, e não mais numa empresa só galgando postos mais
importantes, os novos modelos de carreira podem gerar riscos e instabilidade
que eles não estão dispostos a assumir.
Tais desconformidades entre as aspirações profissionais e as
possibilidades reais de atuação profissional que vão se vislumbrando no
decorrer do curso, trazem à tona as discussões sobre as frustrações que podem
desembocar na evasão. Bardagi e Hutz (2012) investigaram a relação entre o
mercado de trabalho, o desempenho acadêmico e o impacto sobre a satisfação
universitária, revelando que a evasão escolar apresenta-se associada à falta de
identidade com o curso e ao desempenho escolar, de modo que a escolha da
carreira, o gosto pela profissão e a dedicação são fundamentais para o alcance
do sucesso na escolha e na inserção profissional. Em estudo comparativo entre
alunos mais integrados e menos integrados à universidade e ao curso escolhido,
Magalhães (2013) detectou, tanto pela literatura pesquisada quanto pelos
resultados obtidos na pesquisa empírica, que
atitudes e crenças negativas em relação à própria capacidade acadêmica podem
prejudicar o desempenho de estudantes, fragilizando sentimentos de
pertencimento à comunidade universitária, o que pode diminuir a autoconfiança e
enfraquecer o vínculo com a escolha do curso. Logo, o sucesso na escolha da
carreira depende também da autoafirmação permanente e da determinação em
relação à opção feita e o esforço para que os resultados sejam obtidos, qual
seja a de uma formação consistente e que potencialize um bom ingresso
profissional.
É esperado que a busca de uma graduação tenha relação com as
expectativas quanto ao trabalho e à carreira a seguir. Ainda que isso nem
sempre seja possível, tendo em vista as dificuldades de acessar uma área de
formação que atenda a esse quesito, por motivos os mais variados, é importante
que haja um esforço para relacionar a atuação profissional com a formação
escolar e vice-versa, de modo a contribuir desde logo para que o objetivo
traçado seja atingido. O estudo de Dias (2009) apontou justamente no sentido
dessa determinação dos estudantes universitários buscando carreiras e
deflagrando ações que contribuam para essa perspectiva de trabalho.
Em outra pesquisa, agora Dias e Soares (2012) mostraram que o estudante
universitário se defronta, durante e após o seu percurso acadêmico, com um
sentimento de insegurança quanto à área de atuação profissional. É comum a
escolha pensando na possibilidade de obtenção de renda mais imediata, o que
pode trazer frustrações futuras. Ainda que essas exigências econômicas sejam
importantes, decisões pautadas exclusivamente por esse critério podem
comprometer a realização pessoal e profissional desses indivíduos, conforme
revelaram as entrevistas feitas com estudantes, mostrando tanto as realizações alcançadas
quanto as insatisfações com o curso escolhido.
Mesmo assim, os esforços nem sempre proporcionam os resultados
esperados, tendo em vista que há fatores externos importantes associados ao
desenvolvimento individual e profissional, tais como: contextos social,
educacional e político. Essa foi a preocupação de Oliveira, Detomini e
Melo-Silva (2013), quando cotejaram as expectativas dos jovens ao ingressarem
na universidade com as suas expectativas por ocasião da conclusão dos
respectivos cursos. Os autores constaram que há dois grupos de expectativas: no
primeiro grupo, que considera uma perspectiva objetiva, os concluintes esperam
encontrar um emprego na sua área de formação, ingressar no serviço público
mediante concurso ou continuar os estudos fazendo pós-graduação; no segundo
grupo, que considera uma perspectiva subjetiva, os estudantes buscam satisfação
com o trabalho realizado e com a utilização das competências desenvolvidas,
além da possibilidade de exercer influência sobre terceiros e de se afirmar
como referência na área de atuação.
O cuidado com a escolha da área profissional tem impacto sobre o grau de
satisfação com a carreira. Closs e Rocha-de-Oliveira (2015) demonstraram isso
quando analisaram e apresentaram a trajetória de vida de profissionais
bem-sucedidos no mundo dos negócios, o que ganha relevância quando o estudo que
se relata no presente artigo está voltado à área da administração. Essa área
está tradicionalmente focada na capacidade de empreender e encontrar soluções
para os problemas que se apresentam no mundo dos negócios. Em um cenário de
desemprego e dificuldades de inserção profissional, desenvolver a capacidade
empreendedora pode ser um diferencial na formação. É disso que trata a pesquisa
de Cortez e Da Silva Veiga (2019), mostrando, por meio de modelos matemáticos,
que os estudantes da área de sociais aplicadas, entre eles os de administração,
podem levar vantagem na proposição de novos negócios.
Quando a perspectiva não é de empreender, ainda assim a grande área de
Ciências Sociais, Comércio e Direito leva vantagem sobre as demais, o que é
explicativo de uma maior valorização maior ou menor de determinadas carreiras
pela sociedade. Vieira e Marques (2014) mostram que a probabilidade de
integração ao mercado de trabalho em Portugal, após a graduação, é maior entre
os egressos dessas carreiras quando comparados com os egressos das humanidades,
por exemplo. Outro estudo europeu com profissionais com até cinco anos de
formação, realizado por Ramos, Parente e Santos (2014), mostra que as áreas de
saúde, economia, administração e direito continuam valorizadas, enquanto as
áreas de educação, artes e humanidade seguem com perda de importância.
A conclusão de um curso universitário, de toda sorte e independentemente
da área, assegura uma condição de melhor inserção quanto à ocupação e às
condições de trabalho (renda, horário de trabalho, outras vantagens etc.).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo classifica-se como descritivo quantitativo, mediante a
realização de um Survey (levantamento), com o objetivo de obter dados empíricos
(primários) a respeito dos estudantes universitários. A pesquisa quantitativa,
segundo Moresi (2003, p. 64), é utilizada “quando se quer determinar o perfil
de um grupo de pessoas, baseando-se em características que elas têm em comum”,
ou seja, esse estilo de pesquisa pode “criar modelos capazes de predizer se uma
pessoa terá uma determinada opinião ou agirá de determinada forma, com base em
características observáveis”.
Para a realização da pesquisa de
campo foi utilizado um questionário, que “consiste num elenco de questões que
são apreciadas e submetidas a certo número de pessoas com o intuito de se obter
respostas para a coleta de informações”, sendo indicada a aplicação
pessoalmente, pelo próprio pesquisador (FACCHIN, 2005, p. 147). O que incluir
em um questionário é uma etapa importante, conforme Dencker (2007), tomando-se
o cuidado para considerar nas perguntas os aspectos necessários para esclarecer
o problema a ser pesquisado e evitando-se questões que, além de dispensáveis,
podem ampliar o tempo de aplicação e cansar o respondente.
A elaboração do questionário levou em consideração as características do
público-alvo (estudantes de todas as séries do curso de administração de uma
universidade pública do interior do Estado do Paraná, de oferta matutina e
noturna), o local de aplicação (em sala de aula) e o tempo para preenchimento
(até vinte minutos). Foi procurado elaborá-lo com um layout claro, com
perguntas de fácil compreensão e respostas objetivas ou abertas, mas com espaço
previamente definido para evitar divagações. Conforme Gunther e Lopes Júnior
(2012), a pergunta fechada obriga o respondente a selecionar geralmente uma
alternativa numa lista de opções predeterminadas, enquanto a pergunta aberta
permite ao respondente a liberdade de expressar o que quiser sobre o assunto em
pauta, ou seja, quando ambos os tipos de pergunta são utilizados na pesquisa,
pode-se obter tanto respostas mais objetivas quanto mais reflexivas, quando for
o caso. De acordo com Chagas (2000), quanto melhor e mais adequada for a
apresentação, maior a probabilidade de se elevar o índice de respostas. O
questionário totalizou quatorze questões, sendo que o Bloco I colhia dados
sobre o “Perfil do estudante”, com preenchimento objetivo e sem numeração, o
Bloco II contemplava seis questões sobre os “Estudos” e o Bloco III abordava
oito questões sobre o “Trabalho”, conforme Quadro 1.
Quadro 1. Aspectos pesquisados com a
aplicação do questionário aos estudantes de administração
Bloco |
Conteúdos
pesquisados |
I – Perfil do estudante |
Série e turno que estuda, Idade,
Sexo, Cidade de residência, Raça/etnia, Estado civil, Quantidade de pessoas
no mesmo local de residência. |
II – Estudos |
Escola (pública ou privada)
frequentada no ensino fundamental e na educação básica, Se trabalhou durante
o ensino médio, Se fez curso pré-vestibular, Motivações para cursar
administração, Percepção sobre obtenção de emprego para estudantes de
administração, Planos para o futuro em termos educacionais. |
III - Trabalho |
Ocorrência e tipo de vínculo de
trabalho, Ocorrência e valor de renda com trabalho, Reflexos da experiência
laboral sobre a vida acadêmica, Dificuldades sentidas na busca de emprego, Se
há desempregados no núcleo familiar, Motivações para trabalhar e obter renda,
Planos para o futuro em termos profissionais. |
Fonte. Questionário utilizado na coleta de dados da pesquisa.
A pesquisa de campo dividiu-se em três partes: elaboração e aplicação do
questionário, organização e tabulação dos dados obtidos e análise e discussão.
Cada etapa foi cuidadosamente realizada para que os objetivos traçados fossem
obtidos, a saber: conhecer a realidade dos estudantes pesquisados quanto à sua
situação atual e perspectivas de trabalho.
Os questionários foram aplicados durante o mês de novembro de dois mil e
dezenove, totalizando cento e quarenta e cinco questionários respondidos por
alunos do primeiro, segundo, terceiro e quarto anos, conforme Tabela 1. Antes
da aplicação, todavia, passou por uma aplicação piloto com cinco alunos de uma
das turmas e, ainda, depois disso, passou por uma validação com dois
professores de Gestão de Pessoas (um com título de doutorado e outro com título
de mestrado). Deve-se registrar, também, que os pesquisados assinaram um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, ficando cientes de que os resultados
seriam utilizados exclusivamente para efeitos acadêmicos e sem a identificação
dos informantes.
Tabela 1. Número de estudantes
pesquisados, por série e turno, em números absolutos e participação % no total
MATUTINO (40%) |
NOTURNO (60%) |
TOTAL |
||||||
1º ano |
2 º ano |
3 º ano |
4 º ano |
1 º ano |
2 º ano |
3 º ano |
4 º ano |
|
14 (9,7%) |
14 (9,7%) |
14 (9,7%) |
16 (11,1%) |
18 (12,4%) |
23 (15,9%) |
20 (13,8%) |
26 (17,9%) |
145 (100%) |
Fonte. Dados
da pesquisa.
Como as matrículas ocorrem por disciplina e não por turno, não foi
possível identificar exatamente o número de matriculados por série, mas a
Secretaria do Curso estimou em 260 o número de alunos nos dois turnos
pesquisados, revelando que a pesquisa abordou aproximadamente 56% dos
matriculados.
Para facilitar a análise e interpretação, os dados foram
organizados em Planilha do Microsoft
Office Excel, o que facilitou a compilação específica por estudante e a
totalização por respostas obtidas. A análise foi enriquecida com a geração de
gráficos e tabelas e as questões do questionário foram tabuladas, inclusive as
questões abertas, mediante a criação de categorias específicas de respostas. As
questões fechadas, como as referentes à categorização do estudante ou que
apresentavam respostas pré-elaboradas, foram naturalmente tabuladas
estatisticamente de acordo com as respostas assinaladas/informadas. Já para a
categorização das questões abertas, pelas características da pesquisa e do
questionário, foram observados os seguintes passos sugeridos por Bardin (2011):
pré-análise das respostas, exploração do material obtido e tratamento dos
resultados e interpretação. No caso da pergunta sobre a “razão de ter optado
pelo curso de administração”, foram inicialmente listadas todas as respostas e
na sequência agregadas as respostas similares a partir de termos ou
conceitos-chave, da maior para a menor ocorrência, conforme se verá na análise
e discussão dos resultados. Resta esclarecer que, quanto à natureza da análise
de conteúdo das respostas abertas, o próprio trabalho de sistematização e
organização dessas categorias já as torna quantificáveis, resultando numa
apresentação quantitativa dos dados, conforme defende Lasswell (1982).
Depois de cumpridas as etapas de pesquisa bibliográfica e de
pesquisa de campo com os estudantes, foi possível analisar e discutir os
resultados, cumprindo-se os objetivos inicialmente traçados e contribuindo para
a geração de subsídios para a compreensão da inserção profissional dos
estudantes de administração, conforme apresentado a seguir.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na análise que permitiu a caracterização dos estudantes de administração
pesquisados, descobriu-se que, embora pequena, há maior participação masculina
(52,86%) do que feminina (47,14%), o que difere de outras carreiras, em que a
prevalência é bastante maior masculina (engenharias) ou feminina
(licenciaturas). Assim, os dados trazem uma perspectiva de maiores
oportunidades de carreiras também para as mulheres, possivelmente pela
variedade de campos de atuação proporcionadas pelo curso de administração.
Apesar disso, conforme Closs e Rocha-de-Oliveira (2015, p. 535) “para as
mulheres, questões de gênero podem se impor como limites nas suas trajetórias
profissionais”, pois apesar de se perceber iguais condições nas salas de aula,
no mercado de trabalho dificilmente isso ocorre.
Os estudos de Siqueira, Miranda e Cappele (2019) mostram que o próprio
público feminino, pelas condições em que se encontra na sociedade e tendo em
vista a construção social a seu respeito, nem sempre percebe as desigualdades
de gênero de que é vítima. Nas últimas décadas, é fato que as mulheres passaram
a desempenhar papéis diferentes dos tradicionalmente a elas reservados pela
sociedade, ocupando inclusive cargos de liderança no mercado de trabalho e
protagonizando ações importantes ocupando postos indispensáveis em momentos de
crise como no caso da pandemia da COVID-19 (SILVA, 2020), mas de acordo com
Biasoli (2016), isso ainda não é suficiente para retirá-las da condição de
marginalização em relação aos homens, o que se reflete sobre aspectos que
impactam na sua segurança, saúde e qualidade de vida. O estudo de Proni e Proni
(2018) é esclarecedor ao mostrar que as mulheres continuam sendo discriminadas
nos processos seletivos para ocupação de cargos mais elevados, sendo ainda
comum encontrar situações em que elas recebem remuneração menor, mesmo quando
ocupam funções iguais às dos homens.
Ao analisar a idade dos respondentes observa-se que os que tem até 21
anos, idade considerada adequada para o curso quando se observa o fluxo natural
de avanço do ensino médio para a universidade, representam 60% do total. Logo,
os outros 40% estão acima dessa faixa etária. Segundo o Estatuto da Juventude
(BRASIL, 2013), é considerado jovem o indivíduo com idade de até 29 anos.
Assim, dessa parcela de estudantes com mais de 21 anos, 34,48% (50) dos
respondentes têm de 22 a 29 anos e 5,52% têm 30 anos ou mais. Quanto menos
jovem for o estudante, entende-se que maior é a pressão social para obter
trabalho e renda. Ademais, segundo Rueda, Martins e Campos (2004, p. 64),
Considerando que, nesta época de mudanças, as empresas estão procurando
alternativas de modernização de seus sistemas e processos produtivos e passando
por constantes diminuições em seu quadro de pessoal, a condição de ser
empregável passa a ser mais importante do que o emprego, exigindo que as
pessoas tenham maior capacidade de aprender e de se adaptar à nova realidade de
mercado. Com a redução dos postos de trabalho, começa a surgir uma nova
proposta na qual as pessoas não procuram mais um emprego tradicional, mas sim
trabalho, passando a oferecer soluções para os diversos problemas que as
empresas e a própria sociedade possam enfrentar.
Essa demanda organizacional por profissionais que tenham condições
técnicas e atitudes adequadas para oferecer soluções para os problemas sociais
e organizacionais, conforme mencionado pelos autores, põe os jovens
universitários em evidência, tendo em vista o perfil etário e a relativa
vantagem de escolarização que apresentam. Há casos em que a falta de experiência
pode até pesar favoravelmente em relação ao objetivo de moldar os novos
trabalhadores, proporcionando mais liberdade no momento de encontrar soluções
para os problemas do trabalho, uma vez que os mais jovens veem na organização
oportunidades de “aprendizado”, de complementação da “escola” e melhoria da
“bagagem” profissional (OLIVEIRA; HONÓRIO, 2014). Ainda assim, a busca do curso
por pessoas menos jovens indica que precisam apresentar-se ao mercado em
condições pelo menos comparáveis aos mais jovens, ou seja, com uma escolaridade
que lhes dê alguma chance nos processos seletivos.
Quando se pesquisa o público universitário, é natural esperar que a
maioria seja solteira. Chama a atenção o fato de se ter encontrado outras
configurações (pelo menos 16 casados e 6 que não identificaram sua qualificação
civil), o que representa 11,03% do total. Isso pode implicar, somado à idade
mais elevada, ainda maior pressão para a inserção ocupacional e obtenção de
renda, pois se já é difícil enfrentar as obrigações sendo solteiro, tendo uma
família isso se torna ainda mais desafiador.
Uma informação importante para analisar a situação e as condições de
estudo dos universitários é a questão da moradia. Pela característica da
instituição pesquisada, que oferta o curso de administração nos turnos matutino
e noturno, e que está localizada numa cidade-polo, é relevante a informação de
que recebe estudantes oriundos de outros municípios. Assim, os dados revelam
que 91,8% dos respondentes residem na cidade-sede, enquanto os outros 8,2%
residem em outras cidades do entorno, o que os coloca, em muitos casos, em uma
situação de sobrecarga de atividades, a saber: tempo de estudos, tempo de
trabalho, tempo de deslocamento entre a casa, o local de trabalho e o local de
estudos. Nesse último caso, considerando a sua região de abrangência, há
estudantes que residem a mais de cem quilômetros de distância da universidade,
dando uma ideia do tempo que se gasta nesse deslocamento e a sobrecarga a que
estão expostos, em especial se conciliam estudo e trabalho. Mas
independentemente da distância, a perda de um tempo valioso no trajeto entre
casa-trabalho-escola coloca os estudantes numa situação de grande desvantagem
em relação aos colegas que não precisam trabalhar. De acordo com Vargas e Paula
(2013), o prejuízo acadêmico é considerável, gerando uma categoria de
estudantes excluídos ou deserdados no interior da própria universidade.
Verificou-se que a parcela dos que frequentaram escola pública na
educação básica foi de 80,0%, no caso do ensino fundamental, e de 75,9%, no
caso do ensino médio, ou seja, a grande maioria dos estudantes pesquisados são
oriundos da educação básica pública. Além disso, da totalidade dos
respondentes, 73,1% entraram na universidade sem ter feito preparação adicional
através de cursinho pré-vestibular, o que é positivo quando se considera que
esse curso apresenta uma grande procura, exigindo uma boa preparação para
aprovação no processo seletivo.
Os dados mostram que quase metade do total de estudantes (47,6%) tiveram
sua primeira experiência de trabalho já durante o ensino médio. Considerando-se
a sua situação de estudante universitário, nada menos do que 93,8% declarou já
ter desenvolvido alguma atividade laboral remunerada, seja através de estágio,
emprego formal ou informal, contrato de aprendizagem ou atuação como freelancer. Associando essa informação
com os dados econômicos, pode-se deduzir que os estudantes buscam precocemente
o trabalho em função da necessidade de renda, mas também para assegurar um
espaço no mercado de trabalho cada vez mais concorrido, além de se esforçar
para dar continuidade aos estudos. De acordo com Bernardim (2013, p. 205):
Os estudantes de Ensino Médio buscam realizar na escola as necessidades
mais imediatas, como a formação profissional e a convivência com os colegas,
além de potencializar a satisfação de outros desejos, como a obtenção de
emprego e o prosseguimento dos estudos. Essa última expectativa, portanto,
recoloca o ensino médio como uma etapa importante da formação, mas não
necessariamente a última. Só o prosseguimento nos estudos, em nível superior,
parece satisfazer as necessidades mais amplas do indivíduo no século XXI, pelo
menos para grande parte dos alunos.
A decisão de continuar estudando está bastante condicionada à
possibilidade de obtenção de emprego e renda ainda durante o curso ou logo
depois de tê-lo concluído. Nota-se que a quase totalidade dos respondentes
concordam que o curso trará boas oportunidades de emprego, pois 98,6% deles
acreditam nessa relação entre o curso e as vagas de trabalho. Uma parcela de
54,4% afirmou que a abrangência do curso é sua melhor vantagem no mercado.
A formação do nível superior está atrelada, segundo
estudos de Martins e Machado (2018), às características individuais (como sexo
e idade) e condições socioeconômicas, tais como rendimento no início de
carreira, concorrência, duração do curso e perspectivas de estar empregado.
As motivações para cursar administração mais apontadas pelos
universitários que participaram desta pesquisa foram as perspectivas de boas
oportunidades no mercado de trabalho (39,3%) e ao fato de gostar da área
(35,2%). Quanto a essa pretensão de se inserir como empregado e, portanto,
assalariado, Dias (2009, p. 56) esclarece:
A condição de assalariado e a promoção do acesso ao trabalho introduzem
uma questão contraditória, uma vez que, ao mesmo tempo em que libertam o
sujeito, aprisionam-no à tutela contratual. Esta condição encerra em si
mecanismos de inclusão e exclusão nos quais o trabalhador está constantemente
subordinado a uma economia capitalista excludente.
Apesar
de um emprego acenar como uma possibilidade de autonomia dos jovens-estudantes
em relação à família, por exemplo, o mesmo também aprisiona com contratos, leis
e normas a serem observados. Porém, se o sistema é regido por essas normas, é
inevitável ingressar nesse mercado, seja antes, durante ou após a graduação.
Além de tudo, os vínculos formais criados pelo emprego, ainda que não sejam os
melhores, são preferíveis aos empregos sem vínculo, que não asseguram aos
trabalhadores garantias e direitos estabelecidos na legislação trabalhista e
previdenciária.
Quando
se trata das expectativas dos entrevistados quanto ao futuro educacional, a
pesquisa revelou que a maioria pretende continuar os estudos, conforme o
Gráfico 1.
Gráfico
1. Expectativas dos estudantes de administração quanto ao
futuro educacional (em % do Total)
Fonte. Dados da pesquisa. Nota. Questão que aceitava múltiplas
respostas
O que se percebe é o interesse de continuar estudando como forma de se
manter em condições de obter uma boa inserção no mercado de trabalho. Quanto a
uma segunda graduação, o estudo de Chiocca, Favretto e Favretto (2016) mostra
que, além de não ser incomum, há inúmeras justificativas para isso nos dias de
hoje, desde a insatisfação com a primeira graduação, passando pela
complementação de conhecimentos e envolvendo até a busca da autorrealização,
quando isso é possível.
O Gráfico 1 mostra que o interesse de realização de estudos de
pós-graduação lato ou stricto sensu aparecem com 36 e 40%,
perdendo para cursos de aperfeiçoamento e uma segunda graduação, com 58 e 40%,
respectivamente. Sabe-se que a busca por qualificação profissional se
incorporou definitivamente na vida das pessoas nas últimas décadas, o que
justifica o interesse pelo aperfeiçoamento e especialização. O que aparece como
novidade, porém, é o desejo de buscar formação ou especialização em áreas
diferentes da formação original, o que justifica a permanência ou retorno das
pessoas à universidade com o interesse de cursar uma segunda graduação. Moura e
Menezes (2004) alertam que o processo de escolha de um curso não é simples,
requerendo uma tomada de decisão para a qual nem sempre as pessoas estão
preparadas, tendo em vista a falta de suporte familiar ou mesmo das instâncias
educacionais anteriores. Nesse sentido, por ocasião da escolha de uma nova
graduação, é de se esperar que o interessado tenha amadurecido enquanto
estudante, durante o tempo em que frequentou o primeiro curso, e enquanto
profissional, com alguma experiência de trabalho acumulada no período,
assegurando condições de maior assertividade em relação a essa segunda escolha,
pois o que está em jogo é o seu presente e futuro profissional.
No estudo ora relatado, o desejo de uma nova graduação pode estar
sinalizando que o curso de administração foi escolhido por apresentar uma
formação mais genérica com boas perspectivas de ingresso no mercado. Uma vez
isso assegurado, a busca de outra graduação representaria o retorno aos
interesses mais subjetivos dos respondentes, ou mesmo uma forma de
potencializar a formação e a inserção profissional mais robusta, conciliando
dois cursos que podem se complementar, em especial quando as carreiras citadas
como de preferência pelos respondentes foram: contabilidade, direito, economia
e psicologia.
Entre os estudantes pesquisados, 30,3% trabalham entre 31 e 40 horas
semanais e 29,6% entre 21 e 30 horas semanais, notando-se que boa parte do seu
tempo é consumida pelo trabalho ou estágio remunerado. Se forem considerados os
dois grupos, então constata-se que praticamente 60% dos estudantes têm alguma
atividade laboral com carga horária igual ou superior a quatro horas diárias, o
que implica em um esforço, quanto maior for a carga-horária de trabalho e a
necessidade de deslocamento, para conciliar as atividades de estudo e trabalho.
Esses dados revelam que há relações positivas e negativas entre as
experiências simultâneas de trabalhar e estudar. Para 48,3% dos estudantes o
maior ganho é o conhecimento prático ou a experiência que a atividade de
trabalho proporciona, enriquecendo ou permitindo a operacionalização dos
conhecimentos teóricos obtidos nas aulas. Apesar dessa positividade, há
aspectos negativos que não podem ser desconsiderados: o primeiro deles é a
declaração de 27,6% de que essa dupla função, de estudante e trabalhador,
acarreta sobrecarga, comprometendo a semana toda com atividades de trabalho e
estudo, sem disponibilidade de tempo para outras necessidades igualmente
importantes, em especial de lazer e de sociabilidade; além disso, para 26,2%
dos respondentes o cansaço é outro fator a ser considerado, o que se agrava
pela falta de tempo para atividades de descanso durante a semana. Ainda
recorrendo a Oliveira, Piccinini e Silveira (2010, p. 179), verifica-se que
O trabalho adquire múltiplos significados ao longo do tempo, quando tais
significados foram positivos, como meio de realização pessoal e formação de
identidades; quando negativos, como algo pesado e degradante ou explorador e
contribuindo para a desigualdade dos indivíduos. Considerando que estamos em um
período de expressivas transformações no universo de trabalho, acredita-se que
ele pode estar adquirindo novos significados ou reforçando antigas
representações.
Há
outros estudos que apontam para uma possível ressignificação do trabalho na
sociedade contemporânea. Quando os estudantes tomam consciência de que se
encontram em desvantagem frente a seus colegas que não precisam conciliar tempo
de trabalho com tempo de estudo ou que não dependem de renda própria enquanto
são estudantes, isso pode ter reflexos sobre a relação que estabelecem com a
escola ou com o próprio trabalho. Nos estudos que fez sobre a relação entre
juventude e trabalho, Ribeiro (2011) constata que, em termos socioculturais, há hoje uma “descronologização” do
percurso etário, uma desconexão dos atributos tradicionais de maturidade, uma
vivência de papéis tradicionalmente adultos (trabalho, família, finanças) ainda
na juventude, o que favorece trajetórias singulares determinadas pela incerteza
e imprevisibilidade. Já para Ribeiro e Léda (2004, p. 81), “o trabalho
precisa estar integrado à vida, ter um sentido, não pode se restringir a ser um
meio de sobrevivência. O indivíduo precisa vislumbrar a possibilidade de
realização dos seus planos e projetos, desvinculados do mero acesso a bens
materiais e suas simbologias”. Assim, a necessidade de trabalhar não pode
superar o valor intrínseco que do trabalho na vida das pessoas, devendo haver
um esforço social coletivo para que as pessoas possam estudar sem enfrentar o
dilema cruel de escolher entre “estudo ou trabalho”.
Os
pesquisados declararam encontrar dificuldade para conseguir emprego. Cerca de
49,6% deles afirmaram que a falta de experiência é o maior empecilho para
conseguir um trabalho, e 26,9% afirmaram não haver oportunidades suficientes
para todos que procuram vagas. Isso demonstra que apesar da escolarização de
nível superior, as dificuldades com o desemprego ainda são muitas. Mas o fato
de 93,8% deles já ter tido alguma experiência com atividades remuneradas,
conforme apresentado anteriormente, já é uma vantagem sobre os concorrentes no
momento da seleção. Segundo Dias (2009, p. 63):
Escolher uma trajetória após o período universitário pode se transformar
em um suplício, pois existem múltiplas alternativas: o caminho do estágio, a
busca de outra especialização e até o início das atividades profissionais.
Porém, estas podem ou não serem percebidas como opções de sucesso. A busca do
primeiro emprego se configura como um momento particular, objetivamente gerador
de inseguranças e ansiedades para o sujeito. Outra condição é a urgência da
tomada decisão, na qual o fator complicador é a falta de tempo para realizar a
escolha.
Outro
aspecto a ser considerado é que muitos estudantes não se sentem preparados
psicologicamente para ingressar no mercado formal de trabalho. As primeiras
impressões, causadas pelas entrevistas de emprego, são muito importantes e, sem
um preparo e auxílio adequado, essa experiência pode causar traumas e
frustrações que poderiam ser evitados.
Quando
se trata das expectativas dos entrevistados em relação ao futuro profissional,
a pesquisa revelou que já estão sob análise uma série de opções, desde que se
consiga obter trabalho e renda de qualidade, conforme o Gráfico 2.
Gráfico
2. Expectativas dos estudantes de administração quanto ao
futuro profissional (Foco em % do Total)
Fonte. Dados da pesquisa. Nota. Questão que aceitava múltiplas
respostas
Criar um pequeno negócio, disputar um espaço no concorrido serviço
público, obter um bom emprego ou avançar na carreira em que já está são as
opções consideradas pelos estudantes que se caracterizam como trabalhadores. De
acordo com Oliveira, Detomini e Melo-Silva (2013, p. 512), “os formandos têm
expectativas de que uma transição bem-sucedida seja aquela na qual poderão
encontrar um emprego na sua área de formação, de preferência sendo aprovados em
concurso público, ou que consigam continuar seus estudos, fazendo
pós-graduação”.
Nesta fase da pesquisa não estava previsto o aprofundamento das
respostas obtidas com o questionário, mas algumas manifestações espontâneas dos
estudantes chamam a atenção sobre alternativas de carreira. Alguns declararam
que já atuam ou que pretendem atuar como Microempreendedores Individuais- MEI.
Essa modalidade foi instituída pela Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro
de 2008 (BRASIL, 2008), tendo como um dos objetivos a simplificação do processo
de formalização e legalização de pequenos negócios individuais no território
nacional. Tanto pela facilidade e barateamento dessa legalização quanto pela
alternativa ao desemprego e desamparo social e trabalhista, essa política tem
dado resultados, uma vez que já são mais de 10 milhões de trabalhadores atuando
como microempreendedores no Brasil, engrossando o número de trabalhadores que
se encaminham para o “empreendedorismo por necessidade” (G1 ECONOMIA, 2020).
Outro achado importante, embora seja
residual no conjunto dos estudantes pesquisados, foi o desejo manifestado de
dedicar-se aos estudos na área de administração, desenvolver a competência em
uma língua estrangeira e buscar uma forma de inserção internacional, seja
através de intercâmbio ou participação em programas de internacionalização
dentro da própria universidade, seja mediante iniciativa individual de
colocação no exterior. Essa última opção converge com as necessidades
específicas de determinados países, dada a impossibilidade de suprimento de
vagas com trabalhadores nativos, muito comum no Japão (NIPPON.COM, 2018), ou
mesmo a dificuldade de preenchimento de determinados postos mais especializados
em algumas regiões do país, verificada no Canadá (ABRACOMEX, 2020).
Assim, os
estudantes alimentam grandes expectativas quanto ao seu futuro profissional, o
que é esperado e natural nessa fase da vida. O problema é que somente alguns
atingem suas metas com facilidade, restando à maioria muito esforço e
determinação para alcançar esse objetivo. Independentemente disso, todos precisam
dar mostras de empenho durante sua carreira escolar, submetendo-se a um longo
período de preparação que favoreça sua inserção profissional qualificada, que
assegure renda e alguma satisfação pessoal. Isso é o que move os universitários
na sua transição, nem sempre tranquila, da condição de estudante e de
estudante-trabalhador até chegar à condição de profissional inserido e
realizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este
estudo analisou a inserção profissional dos estudantes do curso de
administração de uma universidade pública paranaense, sendo possível
identificar que uma grande parcela deles já teve experiências de trabalho tanto
na educação básica quanto no ensino superior, em especial nesse último caso,
quando são maiores as chances de estágio remunerado e de envolvimento com
projetos desenvolvidos no ambiente acadêmico. Os estudantes percebem que tais
experiências são próprias da transição “vida estudantil” para a “vida
profissional”, através de estágios, envolvimento como bolsistas em pesquisas ou
atividades de extensão, contratos de aprendizagem, atividades informais ou
mesmo nos negócios da família.
Para uma parte dos estudantes as rápidas e não continuadas oportunidades
de trabalho (iniciação científica de um ano, estágio de seis meses etc.)
representam uma transição lenta, não determinantes quanto à renda, mas
importantes para o processo de formação e construção do currículo. Para os
demais, que apresentam alta necessidade de renda para si ou para a família,
nesse caso principalmente os estudantes do noturno, essas experiências (que
apresentam-se com menor diversidade de opções, tendo em vista a dependência
financeira) revelam que a atividade laboral simultânea ao curso torna-se não
somente uma iniciação para a posterior inserção profissional mais robusta; pelo
contrário, ganham contornos de “emprego”, ainda que não tenham as mesmas
garantias e direitos.
Apesar disso, embora a inserção precoce no mundo do trabalho possa expor
os estudantes a uma sobrecarga de atividades, por outro lado também proporciona
experiências positivas para pleitearem o ingresso em empresas maiores e/ou que
podem oferecer melhores salários e vantagens.
Aqueles que se ressentem dessas oportunidades de iniciação à vida
profissional sabem que irão encontrar maior dificuldade depois de concluída a
formação. Ainda assim, seguem alimentando a expectativa de buscar colocação em
grandes empresas, de obter aprovação em concursos públicos ou de trabalhar no
exterior. Enquanto isso não ocorre, incorporam a necessidade/possibilidade de
continuarem os estudos, cursando especialização ou mestrado, e de obterem
alguma experiência e salvaguarda financeira na condição de microempreendedores
individuais.
Os instrumentos utilizados e os objetivos perseguidos não permitem
afirmações conclusivas sobre o processo de planejamento de carreira dos
estudantes, mas o percurso e as análises feitas durante a pesquisa permitem
lançar a hipótese de que os estudantes universitários do curso pesquisado,
salvo exceções, apresentam um certo conformismo com a realidade do mercado e
com as possibilidades de carreira, o que é convergente com as descobertas de
Ribeiro (2011). Assim, as manifestações sobre os próximos passos estão
amparados no status quo vigente de
tentar um bom emprego numa grande companhia ou passar em concurso público. Se
isso não for possível, contentam-se com as demais possibilidades de emprego ou
mesmo de empreender algum negócio como alternativa para a obtenção de renda.
Tais circunstâncias reforçam a tese de que os jovens e adultos que
confrontam-se diariamente com a realidade de ter que estudar e trabalhar vão
construindo seu percurso equilibrando-se entre as possibilidades de inclusão
universitária e profissional, que nem sempre satisfazem suas necessidades ou
aspirações mais imediatas, e os riscos de exclusão, conforme já antecipava
Castel (1995). Tal marginalização pode se dar pela falta de oportunidade de
trabalho, pela impossibilidade de conciliar trabalho e estudo ou mesmo pela
vulnerabilidade socioeconômica decorrente dessas situações.
A
pesquisa permitiu compreender as dificuldades e oportunidades com as quais os
estudantes se deparam para conseguir sua inserção laboral. Embora haja estudos tratando da transição
dos estudantes da universidade para o trabalho, a exemplo daqueles apontados
neste artigo, trata-se de um tema relevante e dinâmico que apresenta lacunas a
serem continuamente perseguidas, como: qual a contribuição da
escola/universidade para o esforço de aproximação entre o mercado de trabalho e
os seus alunos/egressos? Há muitas diferenças nas carreiras abraçadas e nas
dificuldades de inserção profissional vivenciadas pelos universitários que
podem ser explicadas a partir de um recorte de gênero? Que aspectos formativos
ou curriculares diferenciam os estudantes que se inserem mais facilmente no
mercado de trabalho dos demais? Qual a relação existente entre a permanência
por mais tempo na universidade (especialização, mestrado) e as condições de
trabalho e renda? São todas questões pertinentes que se somam para a melhor
compreensão da temática.
Especificamente em relação à metodologia que
proporcionou os dados e resultados apresentados nesta pesquisa, uma limitação do estudo foi a utilização exclusiva de
questionário para a coleta de informações. Talvez a realização de entrevistas
com os respondentes de alguns questionários selecionados poderia complementar
as informações obtidas. A escolha exclusiva de estudantes do curso de
administração para a pesquisa empírica foi valiosa, tendo em vista as
oportunidades da carreira e a abrangência que o curso oferece para a formação,
mas em outras investigações seria recomendável abordar um número maior de
cursos e de estudantes. Outra possibilidade para o prosseguimento do estudo
seria a realização de uma pesquisa do tipo longitudinal de trajetórias
estudantis e profissionais, o que permitiria aprofundamento dos achados e
amplitude do período de alcance dos dados obtidos.
Por
fim, os resultados indicam a necessidade de que as coordenações de curso
conheçam melhor seu alunado, assim como suas condições socioeconômicas e
intenções profissionais e de continuidade dos estudos. Tal aproximação pode
favorecer o estreitamento das relações com os estudantes, tanto no âmbito
didático-pedagógico quanto no encaminhamento profissional.
REFERÊNCIAS
ABRACOMEX – Associação Brasileira de Consultoria e
Assessoria em Comércio Exterior. Quais são os países que mais contratam
brasileiros. Vitória, ES: 03 abr. 2020. Disponível em: https://www.abracomex.org/quais-sao-os-paises-que-mais-contratam-brasileiros.
Acesso em: 20 abr. 2021.
ALMEIDA, Patrícia A.; TARTUCE, Gisela L. B. P.;
NUNES, Marina M. R. Quais as razões para a baixa atratividade da docência por
alunos do Ensino Médio? Psicol. Ensino & Form., Brasília, v.
5, n. 2, p. 103-121, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-20612014000200007&lng=pt&nrm=iso. Acesso
em: 15 mar. 2021.
BARDAGI, Marucia P.; HUTZ, Claudio S. Mercado de trabalho, desempenho acadêmico e o
impacto sobre a satisfação universitária. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, V. 46, N. 1, p. 183-198. Disponível
em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/2178-4582.2012v46n1p183/23110. Acesso em: 06
mai. 2020.
BARDIN, L. Análise
de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BERNARDIM, Márcio Luiz. Educação e trabalho na
perspectiva de egressos do ensino médio e estudantes universitários. Nuances:
estudos sobre Educação. São Paulo: Ano XIX, n. 25, v. 01, p. 200-217,
jan./abr. 2013. Disponível em: https://unicentro.academia.edu/M%C3%A1rcioLuizBernardim. Acesso em: 10 jul. 2020.
BIASOLI, Patrícia K. Mulheres em
cargos de gestão: dificuldades vinculadas ao gênero. Revista Indicadores Econômicos FEE, v. 43, n. 3, p. 125-140, 2016.
Disponível em: https://revistas.dee.spgg.rs.gov.br/index.php/indicadores/article/view/3672. Acesso em: 27 mar. 2021.
BRASIL. Estatuto da Juventude. Brasília: Lei N.
12.852, de 5 de agosto de 2013. Presidência da República, 2013. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm. Acesso em: 8 jul. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro
de 2008. Altera a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006,
altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de
1991, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, 8.029, de 12 de abril de
1990, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 22 dez.
2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp128.htm. Acesso em: 20 mar. 2021.
CASTEL, R. De la exclusión como estado a
la vulnerabilidad como proceso. Arquipiélago, Barcelona, n. 21,
1995.
CHAGAS, Anivaldo T. R. O Questionário na
Pesquisa Científica. São Paulo: USP, 2000.
CHAVES, Miguel; RAMOS, Madalena; SANTOS, Rui. Convergences
and disparities of work orientations among recent graduates in Portugal. Sociologia, Problemas e Práticas,
Lisboa, n. 80, p. 9-29, 2016. Disponível em: https://journals.openedition.org/spp/2042. Acesso em: 16 mar. 2021.
CHIOCCA, Bruna; FAVRETTO, Liani H.; FAVRETTO,
Jacir. Escolha profissional: fatores que levam a cursar uma segunda graduação. ReCaPe Revista de Carreiras e Pessoas.
São Paulo. v. vi, n. 1, Jan/Fev/Mar/Abr 2016. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/205114417.pdf. Acesso em: 05 nov. 2020.
CLOSS, L. Q., ROCHA-DE-OLIVEIRA, S. História de
Vida e Trajetórias Profissionais: Estudo com Executivos Brasileiros. RAC,
Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, art. 6, pp. 525-543, Jul./Ago. 2015. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-7849rac20151951. Acesso em: 14 jul. 2020.
CORTEZ, Pedro A.; DA SILVA VEIGA, Heila M. Intenção
empreendedora na universidade. Cienc. Psicol., Montevideo, v.
13, n. 1, p. 134-149, jun. 2019. Disponível em: http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1688-42212019000100134&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 13 abr. 2020.
DENCKER, Ada F. M. Métodos e técnicas de
pesquisa em turismo: planejamento,
métodos e técnicas. São Paulo: Futura, 2007.
DIAS, Maria S. L. Sentidos do trabalho e sua
relação com o projeto de vida de universitários. Programa de Pós-Graduação
em Psicologia – Tese. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
2009. 270 fl. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/106654/265561.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 mai. 2020.
DIAS, Maria S. L.; SOARES, Dulce H. P. A escolha
profissional no direcionamento da carreira dos universitários. Psicol.
cienc. prof., Brasília, v. 32, n. 2, p. 272-283, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000200002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 14 jul. 2020.
FACCHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4.
ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FERREIRA, André; ABRANCHES, Caroline S. Desempenho
acadêmico versus renda: análise comparativa realizada com egressos de um curso
de administração. Revista GUAL,
Florianópolis, v. 11, n. 3, p. 01-19, setembro, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual/article/view/1983-4535.2018v11n3p01. Acesso em: 21 jan. 2021.
FERREIRA FILHO, Edson P.; ANDRADE, Aline F.; SOUZA,
Luciano Q. Contemporaneidade: a percepção dos acadêmicos do curso de
administração quanto ao desenvolvimento de sua Empregabilidade. X Simpósio de Excelência em Gestão e
Tecnologia, SEGeT. Resende, RJ: AEDB, Out. 2013. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/43318478.pdf. Acesso em: 7 jan. 2021.
FERREIRA, Juliana D.; KUHN, Nuvea; KAIBER, Natieli
P.; ALVES, Flávia L. Inserção profissional no mundo do trabalho: perspectiva de
egressos e formandos do curso de administração. Revista Foco, v. 12, n. 1, p. 158-179, nov./fev. 2019. Disponível
em file:///D:/Users/Meu%20Not/Downloads/Insercao_profissional_no_mundo_do_trabalho_perspec.pdf. Acesso em: 20 mar. 2021.
FONTANINI,
Carlos A. C.; WOLLMANN, Dewey M.; CHIESA, Amanda M. Fatores contribuintes para
o aprendizado dos estudantes de administração de uma escola de negócios. Ensaios pedagógicos UFSCAR, v. 3, n. 3,
2019. Disponível
em: http://www.ensaiospedagogicos.ufscar.br/index.php/ENP/article/view/161/0. Acesso em: 15 mar. 2021.
GUNTHER, H.; LOPES JÚNIOR, J.
Perguntas Abertas Versus Perguntas Fechadas: Uma Comparação Empírica. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v. 6, n. 2, p. 203-213, 15 ago. 2012. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/17094. Acesso em: 2
jun. 2020.
G1 ECONOMIA. Número
de MEIs no país ultrapassa a marca de 10 milhões de brasileiros. 27 abr.
2020. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/04/27/numero-de-meis-no-pais-ultrapassa-a-marca-de-10-milhoes.ghtml. Acesso
em: 20 mar. 2021.
JACOB,
Marita, WEISS, Felix. From higher education to work patterns of labor market
entry in Germany and the US. High Educ. v. 60, 529–542, 2010. Disponível
em: https://doi.org/10.1007/s10734-010-9313-y. Acesso em: 22 mar. 2021.
LASSWELL, Harold. Por que ser quantitativista? In:
LASSWELL, H; KAPLAN, A. (org.) A
linguagem da política. Brasília. Brasília, DF: Editora da Universidade de
Brasília, 1982.
MAGALHAES, Mauro O. Sucesso e fracasso na
integração do estudante à universidade: um estudo comparativo. Rev.
bras. orientac. prof., São Paulo, v. 14, n. 2, p.
215-226, dez. 2013. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-3902013000200007&lng=pt&nrm=iso. Acesso
em: 16 mar. 2021.
MARQUES, Ana P. "Novas" legitimidades de
segmentação do mercado de trabalho de jovens diplomados. Revista Portuguesa de Educação, Universidade do Minho, 2009, 22(2),
p. 85-115. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v22n2/v22n2a05.pdf. Acesso em: 16 mar. 2021.
MARQUES, Ana P. P. Na fronteira do mercado de
emprego: jovens, trabalho e cidadania. Trab. educ. saúde, Rio
de Janeiro, v. 18, supl. 1, 2020. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462020000400501&lng=pt&nrm=iso>. Acesso
em: 15 mar. 2021.
MARTINS,
Felipe S.; MACHADO, Danielle C. Uma análise da escolha do curso superior no
Brasil. Rev. bras. estud. popul., São Paulo, v.
35, n. 1, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-30982018000100155&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 mar. 2021.
MINARELLI, José A. Empregabilidade: Como entrar, permanecer e progredir no mercado de
trabalho. 25ª edição. São Paulo: Gente, 2010.
MONTEIRO, Mariana S. H.; LEITE, Diogo B. Perspectivas de carreira dos estudantes de
administração da Universidade Federal de Mato Grosso: comparativo entre
estudantes de gerações X e Y. Navus –
Revista de Gestão e Tecnologia. v. 9, n. 1, p. 87-104, fev. 2019.
Disponível em: http://navus.sc.senac.br/index.php/navus/article/view/780. Acesso em: 7 jan. 2021.
MOREIRA, Fábio M.; QUEIROZ, Timóteo R.; MACINI,
Nayele; CAMPEÃO, Gabriela H. Os alunos de administração estão em sintonia com o
mercado de trabalho? Avaliação (Campinas), Sorocaba, v.
19, n. 1, p. 61-88, Mar. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772014000100004&lng=en&nrm=iso. Acesso em:
15 mar. 2021.
MORESI, Eduardo. Metodologia da Pesquisa. Brasília:
Universidade Católica de Brasília, Mar. 2003. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/34168313/MetodologiaPesquisa-Moresi2003.pdf?response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DMetodologia_da_Pesquisa_PRO-REITORIA_DE.pdf&X. Acesso em: 5 abr. 2020.
MOURA, Cynthia B.; MENEZES, Mirtes V. Mudando de
opinião: análise de um grupo de pessoas em condição de re-escolha profissional. Rev.
bras. orientac. prof., São Paulo, v. 5, n. 1, p.
29-45, jun. 2004. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902004000100004&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 27 mar.
2021.
NIPPON.COM. Sociedade. La mano de obra extranjera, cada dia más necesaria en un Japón que
envejece. 20 ago. 2018. Disponível em https://www.nippon.com/es/features/h00242/. Acesso em: 20 abr. 2021.
OLIVEIRA, Lucia B. Percepções e estratégias de
inserção no trabalho de universitários de Administração. Rev. bras.
orientac. prof. São Paulo, v. 12, n. 1, p. 83-95, jun.
2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000100010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 7 jan. 2021.
OLIVEIRA, Lucia B.; HONORIO, Shanna R. F. S.
Atração e desligamento voluntário de jovens empregados: um estudo de caso no
setor jornalístico. Rev. Adm. (São Paulo), São Paulo, v.
49, n. 4, p. 714-730, dez. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-21072014000400714&lng=pt&nrm=iso. Acesso em:
19 mar. 2021.
OLIVEIRA, Marina C.; DETOMINI, Vitor C.;
MELO-SILVA, Lucy L. Sucesso na transição universidade-trabalho: expectativas de
universitários formandos. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 19,
n. 3, p. 497-518, dez. 2013. Disponível em: file:///D:/Users/Meu%20Not/Downloads/3261-Texto%20do%20artigo-25825-1-10-20140310.pdf. Acesso em: 14 jul. 2020.
OLIVEIRA, Sidinei R.; PICCININI, Valmiria C.;
SILVEIRA, Cássia S. O trabalho como representação: a visão dos jovens
universitários. Revista de Ciências da Administração, Florianópolis, p.
171-197, jan. 2010. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/view/2175-8077.2010v12n28p171. Acesso em: 14 jul. 2020.
PIETROVSKI, Eliane F.; SCHNEIDER,
Elton I.; REIS, Dálcio R.; REIS JÚNIOR, Dálcio R. Análise do potencial
empreendedor em alunos do ensino superior: aplicação da teoria à prática. Innovar, Bogotá, v.
29, n. 71, p. 25-42, Mar. 2019. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-50512019000100025&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15 mar. 2021.
PRONI,
Thaíssa T. R. W.; PRONI, Marcelo W. Discriminação de gênero em grandes empresas
no Brasil. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 26, n.
1, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2018000100212&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 05 nov. 2020.
RAMOS, Madalena; PARENTE, Cristina; SANTOS, Mónica.
Os licenciados em Portugal: uma tipificação de perfis de inserção profissional.
Educ. Pesqui. [online]. 2014, v. 40, n.2, p. 383-400. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022014005000001&script=sci_abstract&tlng=pt . Acesso em: 06 de mai. 2020.
RIBEIRO, Carla V. S.; LÉDA, Denise B. O significado
do trabalho em tempos de reestruturação produtiva. Estudos e Pesquisa em Psicologia, Rio de Janeiro, Ano 4, n. 2,
2004. Disponível em: http://www.revispsi.uerj.br/v4n2/artigos/ARTIGO5V4N2.pdf. Acesso em: 05 nov. 2020.
RIBEIRO, Marcelo A. Juventude e trabalho:
construindo a carreira em situação de vulnerabilidade. Arq. bras.
psicol., Rio de Janeiro, v. 63, n. spe, p. 58-70, 2011.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672011000300007&lng=pt&nrm=iso. Acesso
em: 18 mar. 2021.
RUEDA, Fabián J. M.; MARTINS, Luciana J.; CAMPOS,
Keli C. L. Empregabilidade: o que os alunos universitários entendem sobre isto?
Revista Psicologia -Teoria e Prática, v. 6, ed. 2, p. 63-73, 2004.
Disponível em: file:///C:/Users/Vivi/Downloads/1165-Texto%20do%20artigo-3256-1-10-20090728.pdf. Acesso em: 5 mai. 2020.
SILVA, Mara. R. R. Mulheres no
comando: Uma revisão na literatura sobre liderança feminina no campo do
trabalho no Brasil. Revista Estudos e
Pesquisas em Administração –Repad, v. 4, n. 3, p 147-169, set./dez. 2020.
Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/repad/article/view/10902/7584. Acesso em: 27 mar. 2021.
SIQUEIRA, Rafaela F. B.; MIRANDA,
Adílio R. A.; CAPPELLE, Mônica C. A. Mulheres na gestão universitária: a ótica
de docentes de Minas Gerais. Revista
Gestão Universitária na América Latina, v.12, n. 2, p. 48–71, mai. 2019.
Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual/article/view/1983-4535.2019v12n2p48. Acesso em: 27 mar. 2021.
TOMMASI,
Lívia; CORROCHANO, Maria C. Do qualificar ao empreender: políticas de trabalho
para jovens no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 34, n.
99, p. 353-372, ago. 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142020000200353&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 15 mar. 2021.
VALE, Gláucia V.; WILKINSON, John; AMÂNCIO, Robson.
Empreendedorismo, inovação e redes: uma nova abordagem. RAE-eletrônica, v. 7, n. 1, Art. 7, jan./jun. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/raeel/v7n1/a08v7n1.pdf. Acesso: 15 mar. 2021.
VARGAS,
Hustana M.; PAULA, Maria F. C. A inclusão do estudante-trabalhador e do
trabalhador-estudante na educação superior: desafio público a ser enfrentado. Avaliação
(Campinas), Sorocaba, v. 18, n. 2, p.
459-485, Jul. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772013000200012&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 18 mar. 2021.
VIEIRA, Diana A.; MARQUES, Ana P. Preparados para trabalhar? Um estudo com
diplomados do ensino superior e empregadores. Porto: Consórcio Maior
Empregabilidade, Instituto Politécnico do Porto, 2014. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/49890/1/%282014%29Preparados%20para%20Trabalhar.pdf. Acesso em: 16 mar. 2021.