v.
5, n. 2, Maio-Agosto/2021
ESTÁGIOS
DE CRESCIMENTO: Um estudo em empresas do setor financeiro na região oeste do
Paraná
Roberto
Francisco de Souza
robertofsouzajr@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-9776-9139
http://lattes.cnpq.br/7229026673672315
Universidade
Estadual do Oeste do Paraná
Salvador, Bahia,
Brasil
Delci
Grapegia Dal Vesco
https://orcid.org/0000-0002-0818-3142
http://lattes.cnpq.br/3321706750568197
Universidade
Estadual do Oeste do Paraná
Cascavel, Paraná,
Brasil
Adhmir
Renan Voltolini Gomes
adhmir.renan@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-2089-5924
http://lattes.cnpq.br/4313589612542355
Fundação
Universidade Regional de Blumenau
Blumenau,
Santa Catarina, Brasil
Resumo
O estudo teve por objetivo analisar qual
a fase de crescimento das cooperativas de crédito e os bancos públicos e bancos
privados situados na região oeste do Paraná. A metodologia utilizada
caracteriza-se como descritiva, realizada por meio de levantamento ou survey,
com abordagem quantitativa do problema e análise de dados por meio do Teste
Tukey e ANOVA. O universo de pesquisa contemplou 238 respondentes, sendo 80 de
bancos públicos, 63 de bancos privados e 95 de cooperativas de crédito,
empresas pertencentes à base territorial do Sindicato dos Bancários sediada em
Cascavel, PR, com amostra não probabilística e por conveniência, compreendendo
o período de maio a junho de 2017. O levantamento de dados foi realizado pela
aplicação de questionário direcionado aos gerentes e funcionários com poder
decisão nas empresas objeto de estudo. Os resultados mostram que os bancos
públicos e privados possuem características do quarto estágios de crescimento.
Embora a média das respostas indique uma fase de transição entre o terceiro
estágio. No entanto, as cooperativas diferem dos demais bancos (públicos e
privados), uma vez que apresentam caraterísticas do terceiro estágio, pois
possuem altas taxas de crescimento, tanto nas vendas quanto no número de
funcionários, a estrutura interna e a comunicação estão se tornando mais
formais, e cada vez mais indivíduos estão assumindo papéis especializados.
Palavras-chave:
Crescimento Interno; Estágios de Crescimento; Controle Gerencial
GROWTH
STAGES: A study in financial sector companies in the western region of Parana
Abstract
This study aimed to verify in which classify
companies once the growth stage of the companies under study, differ from each
other. The methodology used is characterized as descriptive, carried out
through survey, with quantitative approach of the problem and data analysis
through Tukey Test and ANOVA. The research universe included 238 respondents,
80 from public banks, 63 from private banks and 95 from credit unions,
companies belonging to the territorial base of the Bankers Union based in
Cascavel, PR, with a non-probabilistic and convenience sample, comprising the
period from May to June 2017. The data collection was performed by applying a
questionnaire directed to managers and employees with decision-making power in
the companies under study. The results show that public and private banks have
characteristics of the fourth stages of growth. Although the average of the
responses indicates a transition phase between the third stage. However,
cooperatives differ from other banks (public and private) in that they have
third-stage characteristics, as they have high growth rates in both sales and
headcount, internal structure and communication are becoming more and more
individuals are taking on specialized roles.
Keywords: Internal
Growth; Growth stages; Management control
Submetido:
25/02/2021
Revisões
Requeridas: 03/04/2021
Aceito:
24/07/2021
Publicado:
31/08/2021
INTRODUÇÃO
O
crescimento das empresas desperta atenção e atrai interesse de acadêmicos,
executivos e políticos. O primeiro procura entender o crescimento das firmas e
como ocorre esse processo testando as teorias existentes em setores industriais
de países distintos, o empresário utiliza as informações geradas na academia
para compreender os cenários e as variáveis que envolvem o crescimento da firma
afim de encontrar alternativas que induzam ao crescimento empresarial no
cenário ao qual estão inseridos, por fim os políticos, que são os responsáveis
pela criação de políticas públicas para impulsionar o crescimento e
desenvolvimento do país, dessa maneira a pesquisa apresenta contribuição
social.
Penrose
(1959) desenvolveu a Teoria do Crescimento da Firma redefinindo a firma como
“um conjunto único de recursos produtivos, cujas disponibilidades e diferentes
possibilidades de combinação irão determinar o seu potencial de expansão”,
expondo que existiam diferenciais importantes em cada empresa que lhes
emprestavam condições diferenciadas de desempenho.
Segundo
Penrose (2006), os limites de crescimento da firma estariam condicionados a uma
competência empresarial, no sentido do empresário, de conseguir imaginar
alternativas de negócios e de recombinar os recursos produtivos disponíveis, o
crescimento rentável de uma empresa poderá ser ampliado ou limitado em função
do gerenciamento de seus recursos, especialmente os recursos internos, tendo
como aspecto fundamental o trabalho em conjunto dos recursos humanos
(colaboradores e gerente), a experiência e o conhecimento dos envolvidos.
A
autora destaca os serviços gerenciais ou capacidades organizacionais da firma
como o principal responsável pelo seu crescimento; no segundo plano estão os
fatores estruturais que são comuns às firmas de um mesmo setor, sendo que o
argumento de sua teoria era o fornecimento de serviços gerenciais à empresa.
Penrose
(2006) argumenta que a taxa de crescimento de uma firma é limitada pelo aumento
dos conhecimentos nela existentes, mas que o tamanho de uma firma pode
continuar a crescer, por força de sua eficiência administrativa, até alcançar
suas fronteiras de expansão. Com a ênfase de Penrose a esses recursos internos,
a literatura sobre crescimento oferece suporte aos argumentos da autora,
ajudando a explicar o crescimento da firma.
No
cenário internacional diversos pesquisadores como Porter (1980), Williamson
(1985), Barney (1991), Chandler (1997), Geroski (1995; 1998) e Zhou (2009),
deram sequência a Teoria de Crescimento da Firma, agregando novos cenários e
variáveis. No Brasil, Fleck, (2003), Junior e Ruiz (2008), Sauerbronn,
Sauerbronn e Hansenclever (2011), têm estudado o crescimento das firmas,
buscando, entre outros aspectos, destacar as condições necessárias à expansão e
à sobrevivência destas ao longo do tempo. Dadas as pesquisas anteriores sobre o
tema, observa-se que os estudos se concentram em investigar o crescimento,
pouco se tem discutido como ocorre esse processo evolutivo das organizações.
Diante do contexto tem-se a seguinte questão norteadora da pesquisa: Em qual
fase de crescimento encontram-se as cooperativas de crédito e os bancos
públicos e bancos privados situados na região oeste do Paraná?
Dado
o contexto apresentado, este artigo tem por objetivo investigar se as empresas
objeto de estudo (cooperativas de crédito e os bancos públicos e privados)
apresentam diferentes estágios de crescimento, para tal formula-se a hipótese
de pesquisa:
H1
- Os bancos públicos e privados apresentam características semelhantes, e
encontram-se no mesmo estágio de crescimento; contudo, as cooperativas de
crédito diferem desses e encontram-se em estágio diferente.
Assim
a presente pesquisa justifica-se pela carência de investigações sobre o
crescimento da firma, bem como as fases de crescimento. Ainda por discutir os
fatores que conduzem as fases de crescimentos nas organizações do setor
financeiro sob a perspectiva de funcionários e gerentes para ampliar o debate
sobre a tomada de decisões estratégicas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta
seção constitui-se de revisão da literatura sobre fases e estágios de
crescimento.
Crescimento Interno
Penrose
(2006) argumenta que o crescimento interno não ocorre automaticamente e que o
planejamento e a alocação de recursos para a expansão são necessários. A fim de
poder aproveitar as oportunidades de crescimento no mercado, recursos
especializados e a capacidade gerencial precisam estar disponíveis para a
empresa. Durante o processo de ampliação, novos serviços gerenciais precisam
ser criados e uma melhoria geral em habilidades e eficiência ocorre. Ao longo
do tempo, os gestores acumulam experiência, demonstrada pelos seus
conhecimentos adquiridos e pela maior capacidade de utilizar esse conhecimento,
levando a uma base de recursos versátil em termos da gama de serviços que eles
podem oferecer.
A
autora discute o crescimento interno da firma em função de dois pressupostos: O
primeiro de que a oferta de recursos (materiais e imateriais) à firma não se
apresenta limitada, sendo passível de ser obtida a um determinado preço; e o
segundo de que sempre existem oportunidades disponíveis em algum segmento de
mercado. Por meio de um estudo detalhado, utilizando o histórico de empresas
privadas, ela fornece uma análise para além das empresas em um contexto
específico. Ela manteve seu foco em processos internos de mudança, enfatizando
a importância do posicionamento da empresa no ambiente industrial. Para a
autora, o empreendedorismo é um ingrediente chave de sua teoria, pois
compreende o julgamento empresarial necessário para reconhecer oportunidades de
mercado. O crescimento das empresas é impulsionado por uma "oportunidade
produtiva", em um processo cumulativo, endógeno e de interação entre a
base produtiva da empresa e oportunidades de mercado, que se refletem,
respectivamente, nas capacidades organizacionais da firma.
Segundo
Penrose (2006), a visão da firma fundamentalmente dinâmica sustenta que o
crescimento é conduzido por um impulso interno gerado por se aprender fazendo.
Os gestores se tornam mais produtivos ao longo do tempo, acostumando-se às
tarefas e funções executivas a que, inicialmente, colocavam restrições por
causa de problemas antes não percebidos, porém logo se tornariam familiares e
rotineiros. Os gestores ganharam experiência, portanto. Suas tarefas
administrativas exigiam menos atenção e menos energia. Como resultado, recursos
gerenciais continuamente estão sendo liberados. Esse excesso de talento
gerencial pode ser usado para se concentrar nas oportunidades de crescimento e
de criação de valor (em especial, a formação de novos gestores). As empresas
são confrontadas com fortes incentivos para crescer, porque enquanto "o
conhecimento possuído por pessoal de uma firma tende a aumentar automaticamente
com a experiência", há um desafio para tirar o máximo proveito do valioso
conhecimento específico da firma (PENROSE, 2006).
Bahadir, Bharadwaj e Parzen (2009), evidenciam
as variáveis endógenas (internas) que influenciam o crescimento das empresas,
sendo; (i) inovação, (ii) orientação de marketing, (iii) publicidade, (iv)
redes interorganizacionais, (v) orientação empresarial, (vi) capacidade de
gestão, (vii) idade firma, (viii) tamanho da empresa, (ix) competição, (x)
munificência, e (xi) dinamismo. No entanto as variáveis que estão sob o
controle de um gerente são: inovação, publicidade, orientação de mercado, redes
interorganizacionais, orientação empresarial e capacidade gerencial, e servem
como impulsionadores positivos do crescimento interno (BAHADIR; BHARADWAJ;
PARZEN, 2009).
Nesse sentido, cabe ao gestor
utilizar a experiência e o conhecimento disponíveis, proporcionando assim um
incentivo para o crescimento, a partir da otimização dos recursos internos ou
por meio de fusões e aquisição (PENROSE, 2006).
O crescimento por meio de fusões e
aquisições são mecanismos de crescimento externo da firma, tópico discutido a
seguir.
Crescimento Externo
O
crescimento externo da firma é um mecanismo advindo do mercado, que pode se dar
por meio de aquisições, fusões, incorporações de outras empresas ou até mesmo
de unidades de negócios ou parques fabris.
Penrose
(2006) também fornece argumentos diferentes para explicar porque as empresas
podem optar por adquirir empresas existentes. Os custos, bem como dificuldades
de gestão e técnicas de entrar em um novo campo poderiam ser reduzidos por
assumir outra empresa. Pode ser mais barato assumir uma unidade de produção
existente do que construí-la a partir do zero. A aquisição de outra empresa
também pode ser orientada por qualificações específicas do alvo de aquisição. A
aquisição pode ser utilizada como meio para obter os serviços produtivos e os
conhecimentos necessários para estabelecer-se num novo campo e esse acréscimo
de novos serviços administrativos e técnicos aos serviços produtivos que a
firma já detém assume muitas vezes maior importância do que a eliminação de um
concorrente ou a redução dos custos de ingresso. Assim, as aquisições frequentemente
constituem um meio bastante adequado para tomar conhecimento das técnicas e dos
problemas de um novo campo quando uma quer decidir se a expansão, no referido
campo, representa ou não uma utilização correta para seus próprios recursos.
No
entanto, os motivos para as aquisições têm sido discutidos, principalmente,
para o contexto de grandes empresas (Angwin,
2007; Trautwein, 1990), e incluem um aumento no poder de gestão e outras
ambições pessoais por parte dos gestores de topo, aumento da quota de mercado,
redução de custos, aumento da credibilidade financeira, aumento do valor de
empresas de baixo desempenho ou subvalorizadas, concorrência ou sobre a
capacidade numa indústria, reduzindo a ameaça de ter a própria empresa
assumida, bem como falta de imaginação de outros modos de crescimento do que
aquisição.
Para
as pequenas e médias empresas (PMEs), a expansão por meio da aquisição é
restringida pela base de recursos da empresa (Penrose, 2006). Consequentemente,
na literatura sobre fusões e aquisições, as PMEs são mais frequentemente
discutidas como objetivos de aquisição do que como adquirentes. Por exemplo,
Rogers et al. (2007) considerou que as PMEs ativas em matéria de propriedade
intelectual (em termos de patentes e marcas) eram mais suscetíveis de estarem
envolvidas em atividades de fusões e aquisições do que as PMEs não ativas no
domínio da propriedade intelectual. Hussinger (2010) investigou que a
tecnologia pode ser especialmente importante para a decisão de adquirir uma
empresa menor.
Por
fim, mesmo o crescimento externo pressupõe a existência de certos tipos de
qualidades empresariais internas da firma, e a integração bem-sucedida das
firmas adquirentes e adquiridas numa única nova, no sentido usado nesse estudo,
requer serviços administrativos da firma adquirente (PENROSE, 2006).
Mensuração do Crescimento
O
crescimento é visto por Zhou (2009) como um resultado da combinação dos
recursos, capacidades e rotinas. No entanto para medir o crescimento das
organizações vários autores contribuem com a temática propondo métricas, ou
modelos de mensuração do crescimento. Kimberly (1976), evidencia as métricas de
mensuração de crescimento mais utilizadas, como sendo as vendas (ou receitas),
número de funcionários e total de ativos.
De
acordo com Penrose (2006), o tamanho da empresa deve ser medido em relação ao
valor presente do total de seus recursos (incluindo seu pessoal), usado para
seus próprios propósitos produtivos. Isso é quase impossível de se descobrir na
prática e, na ausência de qualquer medida realmente satisfatória de tamanho,
tem-se uma ampla escolha a depender do propósito do gerente. As técnicas de
mensuração de crescimento das firmas são exclusivas de cada empresa; não podem
ser "redutíveis a qualquer denominador comum e são, portanto, incapazes de
tratamento quantitativo". Ela indica algumas métricas de mensuração do
crescimento das empresas: tamanho, ativo fixo, número de funcionários e vendas
– embora ressalte que, devido à natureza das informações contábeis, não há meios
para medir o tamanho e crescimento com precisão e isento de objeções
conceituais.
Geroski
(1995) indicou, em seu estudo, algumas métricas que podem ser utilizadas para
medir o crescimento das firmas: o valor financeiro ou de mercado de ações, o
número de funcionários, as vendas e receitas, a capacidade produtiva, o valor
da produção e o valor acrescentado da produção. Garnsey, Stam e Heffernan
(2006), em consonância com Geroski (1995), afirmam que, para examinar os
caminhos de crescimento da firma, são necessárias métricas, tais como os
insumos, o valor da empresa e as saídas. Os autores explicam que cada uma
dessas medidas, ilustram algumas características do crescimento da firma e
estão sujeitas a limitações, como o indicador de crescimento.
Para
Garnsey, Stam e Heffernan (2006), o crescimento de uma empresa pode ser medido
em termos de insumos, tais como fundos de investimento e funcionários (em
termos de valor da empresa), ativos, capitalização de mercado, valor econômico
adicionado, ou saídas (receitas de vendas, lucros). Para os autores, o número
de funcionários é a medida mais comumente utilizada, porque oferece dados
comparáveis e padronizados sobre a taxa e a direção em que uma empresa vem se
expandindo. As vendas (volume de negócios) devem ser ajustadas pela inflação e
são afetadas pela integração vertical (o quanto das vendas finais são
produzidas internamente ou compradas).
A
avaliação dos ativos da empresa é um indicador composto de crescimento. Isso
inclui bens tangíveis, como equipamentos produtivos e edifícios, e uma
avaliação de ativos intangíveis, a perícia da empresa e a reputação. A
avaliação da empresa varia com o sentimento do investidor ao longo do ciclo de
negócios. Uma bateria de índices financeiros é fornecida aos investidores, uma
vez que as empresas se tornem públicas (GARNSEY; STAM; HEFFERNAN, 2006).
Whetten
(1987) observa que o tamanho é uma medida absoluta, enquanto o crescimento é
definido como uma medida relativa de tamanho ao longo do tempo. Portanto,
discussões sobre conceitos de tamanho organizacional são valiosas ao procurar
identificar conceitos apropriados de crescimento organizacional. Estudos que
medem a organização e o crescimento foi foram criticados por se concentrarem em
uma única dimensão de mudança de tamanho, em vez de usar múltiplas dimensões
(BIRLEY; WESTHEAD, 1990).
Kimberly
(1976) identifica várias medidas de tamanho utilizadas na literatura, incluindo
funcionários, ativos, capacidade e vendas. Embora essas medidas possam ser
correlacionadas empiricamente, elas diferem conceitualmente. Por exemplo, o
número de funcionários que trabalha em um conjunto de organizações pode não
exibir o mesmo padrão de mudança em relação ao tempo como o volume de vendas
dessas organizações, devido às melhorias na eficiência do processo.
Em
Janssen (2003), o crescimento é um fenômeno complexo e multidimensional e uma
abordagem puramente interna (limitada ao impacto dos recursos e aos fatores
ligados ao gerente), negligencia o potencial de previsão das variáveis ligadas
à empresa, a estratégia, o meio ambiente e as interações entre essas variáveis.
No entanto Kimberly (1976) alega que o tamanho da organização não pode ser
medido simplesmente considerando-se as vendas. Múltiplas métricas devem ser
consideradas para medir o crescimento. Por isso, nesta pesquisa, optou-se por
analisar os fatores internos de crescimento das empresas relacionados aos
funcionários e gerentes.
Zhou
(2009) descreve os determinantes do crescimento da firma frequentemente
debatidos na literatura: idade e tamanho da firma, estratégias da firma (tais
como mercado orientação e orientação empreendedora), recursos internos da firma
(incluindo, humanos, capital, e recursos financeiros), e a estrutura
organizacional e a capacidade dinâmica.
Fases do Crescimento da Firma
A
criação e o crescimento das organizações continuam a ser um tema de interesse
de pesquisa (KIMBERLY; MILES 1980; QUINN; CAMERON, 1983). Nessa literatura, um
conceito amplamente empregado, mas ainda controverso, é o de estágios de
crescimento no ciclo de vida da organização. De acordo com Lima et al. (2015),
os estágios de ciclo de vida de uma firma podem exercer efeitos significativos
sobre os aspectos mercadológicos, estratégias de investimentos e financiamentos
em cada fase de vida da empresa. Foram propostos modelos de vários estágios que
assumem que existem padrões previsíveis no crescimento das organizações e que
esses padrões se desenvolvem com períodos de tempo discreto, ou seja,
considerados como estágios (SMITH; MITCHELL; SUMMMER, 1985).
Para
Kazanjian e Drazin (1989), estes modelos possuem diferentes características
distintivas. Por exemplo, Scott (1970) argumentou que os estágios são
impulsionados pela busca de novas oportunidades de crescimento, enquanto
Greiner (1972) vê os estágios como uma resposta às crises internas. Alguns
modelos sugerem que as empresas progridem por etapas de forma sequencial,
enquanto outras argumentam que podem haver vários caminhos através dos estágios
(ADIZES, 1979).
A
maioria dos modelos ignora os fatores que levaram à criação formal da empresa.
Van de Ven, Hudson Schroeder (1984) fornecem uma explicação explícita sobre
como e por que a empresa foi formada. Finalmente, os modelos diferem em termos
de número de estágios. Vários exemplos podem ser encontrados em modelos de três
estágios Moore (1959), Cooper (1979), Smith, Mitchell e Summer (1985), os
modelos de quatro estágios de Rhenman (1973), e Quinn e Cameron (1983), e
modelos de cinco, e mais etapas (ADIZES, 1979; MILLER; FRIESEN, 1984; VAN DE
VEN; HUDSON; SCHROEDER, 1984).
Para
Greiner (1972), as empresas evoluem ao longo de cinco fases, conforme
representadas na Figura 1. Cada fase é caracterizada por um período de
crescimento relativamente estável. Essas fases estão identificadas com a
natureza e a característica dos problemas de gestão de cada uma: criatividade,
direção, delegação, coordenação e colaboração. Também são separadas por quatro
crises: de liderança, autonomia, controle e burocracia.
Conforme
Greiner (1972), a primeira fase é a da criatividade, com as características do
período da evolução criativa: os fundadores da empresa são tecnicamente ou
empreendedoramente orientados. Normalmente, eles desprezam as atividades de
gestão. Suas energias mentais e físicas são absorvidas inteiramente na fabricação
e na venda de um novo produto.
Figura 1 – Modelo de Fases de Crescimento de
Greiner
Fonte.
Greiner (1972)
A
comunicação entre funcionários é casual. As longas horas de trabalho são
recompensadas com salários modestos e com a promessa de benefícios de
propriedade. O controle de atividades vem a partir do feedback do mercado imediato. A gestão funciona como os clientes
reagem a essas atividades (GREINER, 1972).
Na
segunda fase, o crescimento é constituído pela direção (gestão). Nela, as
empresas sobrevivem à primeira fase, por meio da nomeação de um gerente de
negócios, capaz de embarcar em um período de crescimento sustentado, geralmente
sob a liderança confiável e diretiva. A estrutura organizacional funcional está
em processo para separar a fabricação de atividades de marketing. As
atribuições de trabalho se tornam mais especializadas, sistemas de controle são
inseridos e a comunicação torna-se mais formal e impessoal, com o uma
hierarquia de títulos e posições construídas (GREINER, 1972).
A
próxima fase é a da delegação. O crescimento evolui a partir da aplicação bem sucedida
de uma estrutura organizacional descentralizada. Essa fase possui as seguintes
características: mais responsabilidades são dadas aos gerentes de plantas e
territórios de mercado. Os centros de lucro e bônus são usados para estimular a
motivação. Os principais executivos na sede restringem-se ao gerenciamento por
exceção, com base em relatórios periódicos de campo. O gerenciamento
concentra-se muitas vezes em decisões voltada ao crescimento das organizações
(GREINER, 1972).
Greiner
(1972) descreve a quarta fase como sendo a fase da coordenação. O período
evolutivo é caracterizado pelo uso dos sistemas formais utilizados para
conseguir uma maior coordenação e pelos altos executivos assumirem a
responsabilidade para a iniciação e a administração desses novos sistemas. Ou
seja, nessa fase, ocorre a descentralização. Os procedimentos de planejamento
formal são estabelecidos e intensivamente analisados. Certas funções técnicas,
como processamento de dados, são centralizadas na sede, enquanto as decisões
operacionais diárias ocorrem nas filiais.
Por
fim, a fase da colaboração enfatiza uma forte colaboração interpessoal em uma
tentativa de superar a crise da burocracia. Destacam-se a maior espontaneidade
na ação de gestão, por intermédio de equipes, o confronto hábil de diferenças
interpessoais, o controle social e a autodisciplina em assumir o lugar do
controle formal (GREINER, 1972).
Para
Kazanjian e Drazin (1989), o conceito de estágios de crescimento não é de forma
alguma universalmente compartilhado: os trabalhos empíricos sobre o estágio de
crescimento que emergiu nos últimos anos pouco têm feito para abordar este
argumento fundamental. A maioria das pesquisas baseadas em dados sobre o
crescimento organizacional simplesmente assumem a priori a existência de
estágios, mas não testam explicitamente a progressão das empresas em estágios
de crescimento ao longo do tempo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste
capítulo apresentam-se os procedimentos metodológicos adotados na condução da
pesquisa.
Delineamento da Pesquisa
A
pesquisa foi delineada conforme a tipologia de Sampieri, Collado e Lucio
(2006): quanto ao problema de pesquisa, é quantitativa; aos objetivos,
descritiva; aos procedimentos, é de levantamento ou survey.
A
parte descritiva foi embasada em um levantamento ou pesquisa do tipo survey. Tripodi, Fellers e Meyer (1981),
destacam que “pesquisas que procuram descrever com exatidão algumas
características de populações designadas são tipicamente representadas por
estudos de survey”. De acordo com Gil (2002), a pesquisa descritiva procura
descrever as características de determinada população ou fenômeno e as relações
existentes entre suas variáveis. Uma das características mais expressivas da
pesquisa descritiva está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados.
A
metodologia escolhida possui característica de estudo empírico analítico,
realizado por meio de coleta e análise dos dados. Conforme Hair Jr. et al.
(2010), ao utilizar da abordagem quantitativa em procedimentos descritivos, nos
quais se procura descobrir e classificar a relação entre variáveis, busca-se a
validação de fatos, o encontro de estimativas e relacionamentos e a testagem de
hipóteses.
Os
participantes envolvidos na análise foram selecionados intencionalmente e por
acessibilidade, conforme sugere Creswell (2010). Justifica-se a utilização
dessa metodologia pela dificuldade de acesso a todas as agências dos bancos e
cooperativas de crédito pertencentes à base territorial de Cascavel, seja pela
dificuldade de acesso e aceitabilidade por parte das empresas e dos
funcionários para participar do estudo, ou pela dificuldade nos contatos. A
intencionalidade também se justifica pelo critério de questionar apenas
gerentes, líderes, encarregados, supervisores e demais funcionários com poder
decisão das empresas objeto de estudo, a fim de investigar os estágios de
crescimento.
Constructo da Pesquisa e Modelo de Análise
Dessa
forma, estruturou-se o constructo da pesquisa, a fim de apresentar os objetivos
específicos, relacionando-os às variáveis, às sub variáveis, à operacionalização
e às medidas utilizadas, vide Quadro 1.
Quadro
1. Constructo referente aos Estágios de Crescimento
Objetivo
|
Autor
|
Hipótese |
Método
|
a) Classificar se o estágio de crescimento das empresas
objeto de estudo, diferem entre si; |
Greiner (1972) Najmaei (2014) |
H1 |
Estatística Descritiva Teste Tukey ANOVA |
Estágios/Afirmação |
|||
1 |
2 |
3 |
4 |
Dentro desta empresa, a maioria dos nossos funcionários
tem tarefas técnicas, são considerados mais generalistas do que
especialistas, pois todos nós executamos várias tarefas. Nós nos assemelhamos
mais a um grupo de tarefas do que a uma organização. Formalidade e
procedimentos são quase inexistentes nesta empresa, mas o presidente /
empresário é central para todas as funções e comunicações. O foco principal
de nossas atividades é o desenvolvimento de produtos e serviços |
Dentro desta empresa, a maioria dos nossos funcionários
tem tarefas técnicas, são considerados mais generalistas do que
especialistas, pois todos nós executamos várias tarefas. Nós nos assemelhamos
mais a um grupo de Dentro desta empresa, a maioria dos nossos funcionários
tem tarefas técnicas, são considerados mais generalistas do que
especialistas, pois todos nós executamos várias tarefas. Nós nos assemelhamos
mais a um grupo de |
A empresa é caracterizada por
altas taxas de crescimento, tanto nas vendas/receitas quanto no número de
funcionários. O foco interno principal é em torno de questões de como
produzir, vender e distribuir os produtos/serviços em volume com o objetivo
de atingir rentabilidade. A estrutura interna e a comunicação estão se
tornando mais formais e cada vez mais indivíduos estão assumindo papéis
especializados. |
Dentro desta empresa, as principais atividades internas
incluem: (1) comercializar produtos financeiros voltados para o setor
financeiro e / ou linhas de produtos totalmente novos; (2) assegurar o
financiamento do crescimento; (3) assegurar ou aumentar a quota de mercado;
(4) penetrar novos territórios geográficos. A empresa tem uma formalidade de
estrutura organizacional, regras e procedimentos. Orçamento e planejamento
estratégico são processos estabelecidos. Uma equipe de alta gerência composta
por alguns indivíduos com ampla experiência no seguimento está no local ou
está sendo contratado. |
Fonte.
Adaptado de Penrose (2006) e Najmaei (2014)
Classificação, Hipóteses e Equações
O
modelo de ANOVA utilizado classifica-se como Delineamento Inteiramente Casualizado
(DIC), vide Quadro 2.
Quadro 2. Análise Preliminar ANOVA
Análise |
Modelo A |
Modelo B |
Modelo C |
Modelo D |
Modelo D |
Modelo D |
Unidade
Experimental |
Percepção
sobre o Estágio de Crescimento |
Gênero |
Tempo
de empresa |
Tempo
de cargo |
Escolaridade |
Faixa |
Variável de
Interesse |
Percepção
de crescimento da firma dos colaboradores de Bancos Públicos, Privados e
Cooperativas de Créditos. |
|||||
Fatores em estudo |
Instituições
Financeiras |
|||||
Níveis dos
fatores |
Instituições
Públicas, Instituições Privadas e Cooperativas de Créditos |
|||||
Fatores |
Fatores
fixos (atribuídos de acordo com a classificação das instituições pesquisadas) |
Fonte. Elaboração
Própria
E as hipóteses propostas são:
A
hipótese nula descreve que a variância da percepção de crescimento da firma
para todos os fatores estudados é estatisticamente igual à zero. Dessa forma, a
Equação (X) descreve os modelos das ANOVA’s propostos.
Onde,
Refere-se à percepção
de crescimento da firma acordo com as unidades experimentais
Refere-se à média
amostra de cada nível dos fatores;
Refere-se aos fatores
estudados =
Refere-se às
percepções dos colaboradores de instituições financeiras públicas
Refere-se às
percepções dos colaboradores de instituições financeiras privadas
Refere-se às
percepções dos colaboradores de cooperativas de créditos
Refere-se ao erro.
Foi realizado para comparação de
média o teste de Tukey não balanceado.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Estatística
descritiva, ANOVA e Teste Tukey
Para caracterizar a amostra, um dos
critérios utilizados nas pesquisas foi a estatística descritiva. Neste estudo,
foi desenvolvida com o objetivo de compreender o comportamento dos dados. A
estatística descritiva compreendeu: a) Medida de tendência central, a escolha
foi a média; b) Medida de dispersão – o desvio padrão; c) Mínimos e Máximos.
Utilizou-se o teste e Análise de
Variância (ANOVA), conforme Hair Jr. (2009), para verificar a significância dos
fatores entre os grupos, estágios de crescimento, gênero, tempo na empresa,
tempo no cargo, nível de escolaridade e idade.
O teste de Tukey caracteriza-se como
um método que utiliza uma distribuição na mesma escala do teste t. O teste é
utilizado quando se deseja comparar todos os pares de médias de populações,
adotando-se um único nível de confiança. Ele consiste em calcular um valor tal
acima do qual a diferença entre duas médias amostrais (em absoluto) é
significativamente diferente de zero. O método de Tukey considera todas as
possíveis diferenças dois-a-dois na amostra para um ordenamento destas.
Estágios
de Crescimento de Empresas
Para identificar os estágios de
crescimento em que se encontram os bancos e cooperativas de crédito utilizou-se
os testes ANOVA e Tukey. Vide Tabela 1.
Tabela
1. Teste ANOVA
|
ANOVA
|
|
|
|
|
|
Soma
dos Quadrados |
Df |
Quadrado Médio |
F |
Sig. |
Entre
Grupos |
13,063
|
2
|
6,532
|
10,237 |
,000 |
EC
Nos
grupos |
149,933
|
235 |
,638
|
|
|
Total |
162,996
|
237 |
|
|
|
Entre
Grupos |
,302
|
2
|
,151
|
,600
|
,549 |
GEN
Nos
grupos |
59,160
|
235 |
,252
|
|
|
Total |
59,462
|
237 |
|
|
|
Entre
Grupos |
35,572
|
2
|
17,786
|
27,312 |
,000 |
TEMPO Nos
grupos |
153,037
|
235 |
,651 |
|
|
Total |
188,609
|
237 |
|
|
|
Entre
Grupos |
31,109
|
2
|
15,554
|
16,895 |
,000 |
TCARGONos
grupos |
216,358
|
235 |
,921
|
|
|
Total |
247,466
|
237 |
|
|
|
ESCOLA Entre
Grupos |
2,476
|
2
|
1,238
|
1,826
|
,163 |
Nos
grupos |
159,256
|
235 |
,678
|
|
|
Total |
161,731
|
237 |
|
|
|
Entre
Grupos |
28,446
|
2
|
14,223
|
18,742 |
,000 |
FAIXA
Nos
grupos |
178,332
|
235 |
,759
|
|
|
Total |
206,777
|
237 |
|
|
|
Fonte.
Elaboração Própria
Conforme observado na Tabela 1, há
diferença estatística na classificação e identificação das empresas nos
estágios de crescimento, tempo de empresa, tempo de cargo, e idade, ou seja,
existe diferença na composição do capital humano, dessas instituições. De
acordo com o teste F, foram encontradas evidências de diferenças
significativas, ao nível de 1 % de probabilidade, entre os tratamentos com
relação a composição dos estágios de crescimento. Rejeitando, portanto, a
hipótese de nulidade, ou seja, existe diferença entre média da percepção dos
estágios de crescimento entre as instituições públicas, privadas e cooperativas
de crédito.
Os Estágios de Crescimento,
representam as etapas de crescimento bem como recursos necessários ao
crescimento, ao mesmo tempo em que as empresas precisam lidar com as crises de
cada fase do crescimento. Nesse estudo as Cooperativas apresentam
características da primeira e da segunda fase de crescimento. Devido, a maioria
dos funcionários realizarem tarefas técnicas, que são mais generalistas do que
especialistas, assemelham mais a um grupo de tarefas do que a uma organização.
As Formalidade e procedimentos são quase inexistentes nesta empresa, as
decisões do presidente prevalecem todas as funções e comunicações. O foco
principal das atividades é o desenvolvimento de produtos e serviços. Essas
características podem ser justificadas pelo dinamismo das cooperativas em
captar recursos de seus associados e oferecer produtos e serviços com preços
abaixo dos praticado pelas instituições públicas e privadas, no entanto embora
o sejam mais acessíveis, são oferecidos em menor escala que os demais.
As Instituições públicas e privadas
diferentemente das cooperativas apresentam características da terceira e quarta
fase de crescimento, possuindo altas taxas de crescimento, tanto nas
vendas/receitas quanto no número de funcionários. O foco interno principal é em
torno de questões de como produzir, vender e distribuir os produtos/serviços em
volume com o objetivo de atingir rentabilidade. A estrutura interna e a
comunicação estão se tornando mais formal e cada vez mais indivíduos estão
assumindo papéis especializados, o que requer funcionários mais qualificados.
Ao mesmo tempo em que apresentam excessos de controles e burocracia.
Destacam-se ainda na comercialização
de produtos financeiros voltados para o setor financeiro e no desenvolvimento
produtos totalmente novos de forma a assegurar o financiamento do crescimento e
aumentar a quota de mercado além de penetrar novos territórios geográficos.
Essas empresas possuem formalidade de estrutura organizacional, orçamento e
planejamento estratégico estabelecidos, uma equipe de alta gerência composta
por alguns indivíduos com ampla experiência no seguimento está no local ou está
sendo contratado.
Quanto à variável gênero, os dados
da pesquisa apontam maior concentração para o gênero feminino nas cooperativas
de crédito, e masculino em instituições públicas e privadas. O tempo na empresa
destaca a permanência dos colaboradores em instituições públicas, devido a
forma de ingresso e plano de carreira. Em instituições privadas a média de
permanência na empresa e no cargo é relativamente menor.
A variável escolaridade é expressiva
em todas as instituições, no entanto funcionários com título de mestre foram
identificados apenas em instituições públicas. Isso ocorre devido ao fato de
existir flexibilidade por parte da instituição e do plano de carreira, o que
não ocorre em empresas do setor privado. Já a faixa etária é composta por
pessoas mais jovens na área privada, e pessoas com mais idade na área pública.
No entanto, para as variáveis gênero e nível
de escolaridade, não foi estatisticamente significante, ou seja, essas
variáveis são semelhantes nas empresas pesquisadas. As cooperativas crescem
conforme as características apresentadas nas fases 1 e fase 2, crescimento por
criatividade e por direção uma vez que são geridas por um grupo de pessoas
(diretoria), enquanto apresenta crises de liderança e autonomia, colidindo com Greiner
(1972). Diferentemente as instituições públicas e privadas apresentam
características de crescimento das fases 3 e 4, o crescimento é influenciado
pela deleção e coordenação, enquanto que, as crises são representadas pela
quantidade de controles e burocracia. Esses resultados se assemelham
complementam e justificam as fases de crescimento propostas por Greiner (1972).
Tabela
2. Teste Tukey
|
|
EC
|
Tukey HSDa,b |
|
|
EMP Subconjunto
para alfa = 0.05
N
|
|
1
|
2
|
Cooperativa |
95 |
3,011 |
|
Instituições Públicas |
80 |
|
3,413 |
Instituições Privadas |
63 |
|
3,556 |
Sig. |
|
1,000 |
,508
|
Fonte: Elaboração
Própria
Conforme indicado na Tabela 2, o
teste Tukey, as cooperativas apresentam média de 3,011 pontos, ou seja, elas
apresentam as características da terceira fase de crescimento a qual é
caracterizada por altas taxas de crescimento, tanto nas vendas/receitas quanto
no número de funcionários. O foco interno principal é em torno de questões de
como produzir, vender e distribuir os produtos/serviços em volume com o
objetivo de atingir rentabilidade. A estrutura interna e a comunicação estão se
tornando mais formal e cada vez mais indivíduos estão assumindo papéis
especializados.
Diferentemente, os bancos públicos
apresentam médias de 3,413 pontos embora nesta pesquisa são três os bancos
públicos pesquisados, dois federais e um estadual, á média apresentada indica
uma área de transição entre a fase 3, caracterizada por altas taxas de
crescimento, tanto nas vendas/receitas quanto no número de funcionários, para a
fase 4 caracterizada por comercialização de produtos financeiros voltados para
o setor financeiro e / ou linhas de produtos totalmente novos; (2) assegurar o
financiamento do crescimento; (3) assegurar ou aumentar a quota de mercado; (4)
penetrar novos territórios geográficos. No entanto se observados
individualmente as instituições financeiras federais se enquadram no quarto
estágio de crescimento.
Já os bancos privados apresentam
média de 3,556, ou seja, essas instituições apresentam as características da
quarta fase de crescimento, no qual as principais atividades internas incluem:
(1) comercialização de produtos financeiros voltados para o setor financeiro e/ou
linhas de produtos totalmente novos; (2) assegurar o financiamento do
crescimento; (3) assegurar ou aumentar a quota de mercado; (4) penetrar novos
territórios geográficos. A empresa tem uma formalidade de estrutura
organizacional, regras e procedimentos. Orçamento e planejamento estratégico
são processos estabelecidos. Uma equipe de alta gerência composta por alguns
indivíduos com ampla experiência no seguimento está no local ou está sendo
contratado. No entanto nesta pesquisa os estágios dois primeiros estágios não
apresentam resultados estatisticamente significante.
Conforme
demonstrado na Tabela 3 pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%,
as médias dos estágios de crescimento de acordo com o, TEMPO - tempo de
empresa, TEMPO - tempo de cargo, e FAIXA – idade, apresentam diferenças
significantes. As médias dos tratamentos das variáveis GEN - gênero e ESCOLA -
nível de escolaridade não apresentam diferença estatisticamente significante,
porém ressalta-se esse efeito advém da homogeneidade dos dados dessas
variáveis, que por sua vez, também não foram estatisticamente significante.
Dessa forma atingiu-se o objetivo proposto na pesquisa de classificar se o
estágio de crescimento das empresas objeto de estudo, diferem entre si.
Tabela
3. Teste
Tukey Comparações Múltiplas
Comparações múltiplas
Diferença
Intervalo de
Variável Modelo confiança
95% dependente padrão Limite Limite
(I) EMP (J) EMP média (I- Sig.
J) inferior
superior
EC
|
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,5450* |
,1298 |
,000 |
-,851
|
-,239 |
Instituições
Públicas |
-,4020* |
,1212 |
,003 |
-,688
|
-,116 |
||
Instituições Privadas |
Cooperativa Instituições
Públicas |
,5450*
|
,1298 |
,000 |
,239
|
,851
|
|
,1431
|
,1345 |
,538 |
-,174
|
,460
|
|||
Instituições
Públicas |
Cooperativa Instituições Privadas |
,4020*
|
,1212 |
,003 |
,116
|
,688
|
|
-,1431
|
,1345 |
,538 |
-,460
|
,174
|
|||
GEN
|
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,0079
|
,0815 |
,995 |
-,200
|
,184
|
Instituições
Públicas |
-,0783
|
,0761 |
,560 |
-,258
|
,101
|
||
Instituições Privadas |
Cooperativa Instituições
Públicas |
,0079
|
,0815 |
,995 |
-,184
|
,200
|
|
-,0704
|
,0845 |
,683 |
-,270
|
,129
|
|||
|
Instituições
Públicas |
Cooperativa Instituições Privadas |
,0783
|
,0761 |
,560 |
-,101
|
,258
|
,0704
|
,0845 |
,683 |
-,129
|
,270
|
|||
TEMPO |
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,4914* |
,1311 |
,001 |
-,801
|
-,182 |
Instituições
Públicas |
-,9013* |
,1225 |
,000 |
-1,190 |
-,612 |
||
|
Cooperativa |
,4914*
|
,1311 |
,001 |
,182
|
,801
|
Intervalo de Diferença
Variável Modelo confiança
95% dependente padrão Limite Limite (I)
EMP (J) EMP média (I- Sig.
J) inferior superior
Cooperativa
,9013*
,1225 ,000 ,612 1,190
Instituições
|
Públicas
|
Instituições Privadas |
,4099*
|
,1359 |
,008 |
,089
|
,731
|
TCARGO |
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,5051* |
,1559 |
,004 |
-,873
|
-,137
|
Instituições
Públicas |
-,8368* |
,1456 |
,000 |
-1,180 |
-,493
|
||
Instituições Privadas |
Cooperativa Instituições
Públicas |
,5051*
|
,1559 |
,004 |
,137
|
,873
|
|
-,3317
|
,1616 |
,102 |
-,713
|
,049
|
|||
Instituições
Públicas |
Cooperativa Instituições Privadas |
,8368*
|
,1456 |
,000 |
,493
|
1,180 |
|
,3317
|
,1616 |
,102 |
-,049
|
,713
|
|||
ESCOLA |
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,0119
|
,1338 |
,996 |
-,327
|
,304
|
Instituições
Públicas |
-,2204
|
,1249 |
,184 |
-,515
|
,074
|
||
Instituições Privadas |
Cooperativa Instituições
Públicas |
,0119
|
,1338 |
,996 |
-,304
|
,327
|
|
-,2085
|
,1387 |
,291 |
-,536
|
,119
|
|||
Instituições
Públicas |
Cooperativa Instituições Privadas |
,2204
|
,1249 |
,184 |
-,074
|
,515
|
|
,2085
|
,1387 |
,291 |
-,119
|
,536
|
|||
FAIXA
|
Cooperativa |
Instituições Privadas |
-,2834
|
,1415 |
,114 |
-,617
|
,050
|
Instituições
Públicas |
-,8046* |
,1322 |
,000 |
-1,116 |
-,493
|
||
|
Instituições Privadas |
Cooperativa Instituições
Públicas |
,2834
|
,1415 |
,114 |
-,050
|
,617
|
-,5212* |
,1467 |
,001 |
-,867
|
-,175
|
|||
Cooperativa Instituições
Instituições Públicas
Privadas
|
,8046*
|
,1322 |
,000 |
,493
|
1,116 |
||
,5212*
|
,1467 |
,001 |
,175
|
,867
|
Fonte.
Elaboração Própria. Nota. *A
diferença média é significativa no nível 0.05.
CONCLUSÃO
No que concerne ao objetivo
específico, classificar as empresas objeto de estudo nos estágios de
crescimento. Os resultados mostraram que os bancos públicos e privados possuem
características do quarto estágios de crescimento. Embora a média das respostas
indique uma fase de transição entre o terceiro estágio, essas instituições
apresentam altas taxas de crescimento, com foco e objetivo de atingir
rentabilidade. A comunicação é formal e requer funcionários mais qualificados,
mas apresentam excessos de controles e burocracia.
No
entanto, as cooperativas diferem dos demais bancos (públicos e privados), uma
vez que apresentam caraterísticas da segunda e da terceira fase de crescimento.
A maioria dos funcionários realizam tarefas técnicas, as decisões do presidente
e diretoria prevalecem em todas as funções e comunicações. O foco principal das
atividades é o desenvolvimento de produtos e serviços. Essas características
podem ser justificadas pelo dinamismo das cooperativas em captar recursos de
seus associados e oferecer produtos e serviços com preços abaixo do praticado
por outras instituições do mesmo seguimento, embora sejam mais acessíveis, são
oferecidos em menor escala que os demais.
Dessa
forma, a hipótese H1 foi aceita, ou seja, os bancos públicos e privados apresentam
características semelhantes, e encontram-se no mesmo estágio de crescimento,
contudo as cooperativas de crédito diferem desses e estão em estágio diferente.
Para futuras pesquisas, sugere-se verificar a influência dos estágios de
crescimento em seguimento distinto do setor financeiro, ou ainda investigar o
crescimento a partir de variáveis internas.
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