v. 4, n. 3, Setembro-Dezembro/2020

40 anos de produção científica em Administração: Mapeamento e sistematização do conhecimento

 

Cecília Arlene Moraes

http://orcid.org/0000-0002-8797-577X

http://lattes.cnpq.br/7925653704863410

Universidade Federal de Mato Grosso

Cuiabá-Mato Grosso, Brasil

 

Paula Cristina Pedroso Moi

paulacpmoi@gmail.com

http://orcid.org/0000-0002-7586-9072

http://lattes.cnpq.br/6621340926816422

Universidade Federal da Bahia

Salvador-Bahia, Brasil

 

 

RESUMO

O campo de pesquisa em Administração é caracterizado por uma considerável diversidade e multiplicidade de teorias e premissas. Assim, este estudo buscou investigar a evolução das produções científicas em trabalhos de conclusão do curso de administração no período de 1979 a 2017, na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, Brasil. Para isso, foi utilizada uma análise bibliométrica. Dada a falta de sistematização da produção de conhecimento neste curso de administração, esta investigação científica mapeou e organizou o conhecimento para resgatar e preservar a memória da produção científica em Administração e fornecer uma fonte de conhecimento à comunidade científica da universidade. A partir da análise de 753 trabalhos de conclusão de curso do período em análise, foram evidenciadas algumas características desses estudos, perfis dos pesquisadores e os principais resultados e impactos percebidos - nos contextos sociais, econômicos, tecnológicos e ambientais - na produção acadêmica científica do curso em que estavam inseridos. Além disso, os impactos e resultados identificados nessas pesquisas ajudam a fortalecer as relações sociais, com propostas valiosas baseadas em mudanças culturais em ética, moralidade, transparência e integridade nas organizações, com a intenção de impulsionar a concorrência saudável nos negócios, em um mundo complexo de relações humanas, tendo como prioridade o respeito pelos outros.

 

Palavras-chave: Administração. Produção científica. Bibliometria.

 

40 years of scientific production in Administration: Mapping and systematizing knowledge

 

ABSTRACT

The research field in Administration is characterized by a considerable diversity and multiplicity of theories and assumptions. Thus, this study seeks to investigate the evolution of scientific productions in completion works in administration course at the Federal University of Mato Grosso, Campus Cuiabá, Brazil, between 1979-2017. Hence, a bibliometric analysis was used. Given the lack of systematization of knowledge production in this course of Administration, this scientific investigation has mapped and organized knowledge to rescue and preserve the memory of scientific production in Administration and provide a source of knowledge to the university’s scientific community. It was evidenced that the qualitative method was the most commonly used. From the analysis of 753 course completion papers from the period under review, some characteristics of studies, researcher profiles and the main results and perceived impacts - in the social, economic, technological and environmental contexts - on the scientific academic production of the course in that they were inserted. In addition, the impacts and results determined in these surveys reinforce social relations, with valuable proposals based on cultural changes in ethics, morality, transparency and integrity in organizations, with the intention of promoting healthy competition in business, in a complex world of relationships, with respect for others as a priority.

 

Keywords: Administration. Scientific production. Bibliometrics.

 

Submetido: 26/06/2020

Nova Submissão - Correções: 15/07/2020

Aceito: 29/07/2020

Publicado: 30/09/2020

 

Introdução

 

As mudanças marcantes que vêm ocorrendo no século XXI são inexoráveis, com movimentos dinâmicos que impactam o campo do ensino superior brasileiro, com diferentes atores que podem ter finalidades distintas (AMUNDSEN; WILSON, 2012).

Silander e Stigmar (2019) mostram evidências das implicações do contexto social e cultural nos cursos de desenvolvimento educacional, a partir da elaboração de um currículo repleto de valores e padrões de ideologia educacional das disciplinas envolvidas no planejamento do curso, mostrado no Plano Pedagógico do Curso (PPC).

No caso da Suécia, considera-se que os professores universitários são formados em pesquisa, mas carecem de treinamento pedagógico formal (HOLT; PALMER; CHALLIS, 2011). No Brasil, o ensino superior público tende a ter um número maior de professores focados no desenvolvimento de pesquisas em comparação com o ensino superior privado (SILANDER; STIGMAR, 2019). Possivelmente, isso implica que o desenvolvimento do processo de aprendizagem da pesquisa no aluno e nas universidades públicas, aqueles que não participam voluntariamente de programas de iniciação científica, tendem a ter maior dificuldade em desenvolver o trabalho de conclusão de curso. Além disso, o envolvimento e o desenvolvimento dos professores decorrem de sua reflexão pessoal e voluntária sobre o ensino superior e o desenvolvimento de pesquisas (SILANDER; STIGMAR, 2019).

Nesse sentido, a gestão do conhecimento abrange processos gerenciais de infraestrutura física e digital, estimulando os processos humanos de criação, inovação no compartilhamento de conhecimento individual e coletivo (TERRA, 2005). Não existe gestão do conhecimento em si, pois o conhecimento reside nas pessoas. Existe, antes, uma gestão organizacional para promover o aprendizado e as habilidades, a fim de incentivar o compartilhamento de informações (MARQUES et al., 2006). No campo da Administração, não é diferente, é imperativo compartilhar conhecimentos de pesquisa a partir dos trabalhos de conclusão de curso desenvolvidos pelos alunos de graduação do curso de Administração.

Segundo Astley (1985), o campo de pesquisa em Administração é caracterizado por uma considerável diversidade e multiplicidade de teorias e premissas. Se, por um lado, essa situação oferece riqueza e pluralismo à área do conhecimento, então, por outro, tende a marcar um conhecimento gerado de maneira dispersa, fragmentada e não sinérgica, e talvez se torne um obstáculo para o aluno na fase final do curso.

Nesse contexto, na tentativa de contribuir com a ciência da administração, este estudo busca investigar a evolução das produções científicas em trabalhos de conclusão (TCs) do curso de administração no período de 1979 a 2017 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Cuiabá, Brasil. Para isso, foi realizada uma sistematização do conhecimento por meio de análise bibliométrica das produções científicas depositadas na UFMT no período de 1979 a 2017 de egressos do curso de Administração.

Sendo assim, este estudo trata do capital intelectual produzido em uma universidade pública brasileira, espelhado pelas coleções diversificadas dos TCs do curso de Administração, na tentativa de demonstrar o perfil desses egressos e as características da produção da pesquisa científica. Principalmente, pelo fato desses alunos serem ativos intangíveis no futuro, guiados por conhecimento, atitude e integridade; garantindo um posicionamento diferenciado no mundo do trabalho.

Portanto, este estudo contribui com a discussão, pois considera a rica pluralidade de temas no campo das Ciências da Administração e o desafio da produção do TCs. Visto que, se os temas de pesquisa fossem bem organizados e com acesso facilitado, proporcionaria discernimento aos estudantes, agregaria valor aos grupos institucionais de pesquisa e incentivaria a produção e a submissão de artigos a eventos científicos.

 

Referencial Teórico

 

A filosofia é o berço da trajetória do conhecimento humano, o qual foi construído pelas mãos dos filósofos Aristóteles, Francis Bacon, Maquiavel, Leibniz, Kant entre outros. Eles ponderavam que a base empírica era útil para a construção do conhecimento sobre o mundo natural. Segundo Volpato (2019), a ciência empírica apresentada no século XVII e reinante na atualidade, rompeu com a prática filosófica, para perseguir a confrontação com os fatos – prática e racionalismo (empírico, razão, lógica) com base no concreto e observável. Nessa perspectiva, “na ciência são aceitos apenas os enunciados teóricos que podem ser sustentados empiricamente” (VOLPATO, 2019, p. 77).

Na percepção de Hair Jr et al. (2005), o escopo amplo e dinâmico da pesquisa em Administração de fenômenos intermináveis trata-se de uma investigação científica e virtualmente ilimitada. Os objetos de estudo são distintos e céleres, logo os pesquisadores buscam constantemente novas questões e novos instrumentos. Segundo esses autores, essas pesquisas podem ser formais ou informais, podem-se estudar pessoas (consumidor, funcionários, gerentes, conselheiros, diretores etc.), comportamentos, sistemas ou grupos de pessoas, processos, culturas corporativas, comunidades, empresas, órgãos públicos, sistemas de auditoria, sistemas legais, práticas administrativas, sistema de produção entre outros. Desse modo, faz-se importante considerar que a boa pesquisa deve ser reproduzível.

A motivação da realização de pesquisa em administração básica advém pelo desejo de entender melhor certos fenômenos com possibilidades de desenvolver teorias, na tentativa de descrever e prever eventos administrativos de modo que todos possam ser beneficiados, na ascensão do conhecimento em conduzir melhores decisões (HAIR JR et al., 2005).

O curso de Administração no Brasil é relativamente recente. foi firmemente estabelecido na década de 1950 como um curso de ensino superior, inspirado no modelo americano da Graduate School of Harvard Business Administration em 1941, com parcerias para treinamento de professores, transferência de currículos e metodologias de ensino, além de coleções de temas para as primeiras bibliotecas. Inicialmente, envolveu a formação profissional em gestão de órgãos públicos e, posteriormente, do mundo dos negócios (Conselho Federal de Administração - CFA, 2018).

No entanto, o curso de ensino superior em Administração no Brasil se desenvolveu rapidamente como disciplina científica e como profissão institucionalizada na segunda metade do século XX, convergindo para a criação de várias associações científicas nacionais e internacionais. Também foram lançadas revistas científicas especializadas e organismos de certificação, além da regulamentação da produção científica. Dessa forma, os pesquisadores que atuam na área de Administração disputaram espaços com pesquisadores de outras áreas do conhecimento, com a intenção de obter apoio das instituições para a promoção de pesquisas científicas (MELO; SERVA, 2014).

Para compreender o desempenho do Curso de Administração no Brasil, Fischer (1985) pondera que os norte-americanos e brasileiros são parceiros para o desenvolvimento, e o governo dos EUA e as fundações norte-americanas tinham interesse na implantação do curso de Administração no Brasil. Na visão de Coelho e Nicolini (2013), documentos nos arquivos da Michigan State University (MSU) indicam que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) foi idealizada como um polo irradiador do ensino de Administração no Brasil com o apoio da Fundação Ford.

Salienta-se que o Ensino Superior em Administração veio anteferir a participação de grandes unidades produtivas que passaram a constituir um elemento fundamental na economia do país, principalmente a partir de 1964 (CFA, 2018). Nessa direção, o ensino de Administração se inicia em 1941 e se consolida em 1952 (Quadro 1).

 

Quadro 1. Evolução do Curso de Administração no Brasil

ANO

Evolução do Curso de Administração

1941

Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN/SP)

1946

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP).

1952

Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (EBAPE/FGV) no Rio de Janeiro. Graduação da primeira turma em 1954.

1954

Escola Brasileira de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), vinculada à FGV/SP. Graduação da primeira turma em 1959. Formatação do primeiro Currículo em Administração, embrião de outros cursos que surgiriam no país.

1960

FGV ministra cursos de Pós-Graduação nas áreas de Economia, Administração Pública e de Empresas.

1965

Regulamentação da profissão de Administrador, a promulgação da Lei n. 4.769, de 9 de setembro de 1965.

Fonte. Conselho Federal de Administração (2018)

 

A magnitude do Bacharelado em Administração foi apontada em pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) no Censo 2016, estando entre os 10 maiores cursos em termos no Ensino Superior brasileiro, demonstrado pela Tabela 1 a quantidade de matrículas, de ingressantes e de concluintes no curso de graduação em Administração.

 

Tabela 1. Curso de Graduação Administração em números de matrícula, ingressantes e de concluintes no Brasil 2013 a 2016

Ano

Posição

MATRÍCULAS

INGRESSANTES

CONCLUINTES

Número

%

% Acumu-lado

Número

%

% Acumu-lado

Número

%

% Acumu-lado

2013

1º lugar

800,11

11

11

286,159

10

10,4

116,188

12

11,7

2014

2º lugar

801,45

10

10,4

302,23

9,7

9,7

112,185

11

10,9

2015

2º lugar

853,21

11

10,6

267,013

9,1

9,1

124,986

11

10,9

2016

2º lugar

710,98

9.1

20,1

262,074

8,4

16,9

118,304

12

23,7

Fonte. Mec/Inep: Tabela 2.05 Brasil (INEP, 2018)

 

Ainda que em 2016 tenha diminuído o número de matrículas, as proporções de ingressantes e concluintes são relevantes, mantendo a posição em segundo lugar, em relação a primeira posição do curso de graduação em Direito.

Sem embargo, destaca-se a disparidade entre matrículas, ingressantes e concluintes, portanto, questiona-se se a finalização dos TCs pode ser uma das causas da falta de integralização do curso de Administração.

De 2013 a 2016 foram 3.165.763 matrículas no Bacharelado de Administração nas instituições de Ensino Superior no Brasil, contra o baixo nível de concluintes 589.967 conseguiram integralizar o curso de administração. Dentre a diversidade de fatores, uma das possíveis causas dessa expressiva diferença de acadêmicos não concluintes (2.575.796), possa ser a dificuldade em finalizar o Trabalho de Conclusão de curso, em tempo requerido pelo Projeto Político Pedagógico do Curso (PPC) da instituição de ensino superior. Portanto, trata-se de uma situação preocupante e alerta as instituições de ensino superior que oferecem o Bacharelado em Administração refletirem sobre o assunto. Sugere-se maior empenho em aprimorar o conteúdo e a didática de oferta da disciplina Metodologia da Pesquisa Aplicada em Administração aos acadêmicos.

Em 1975 em Mato Grosso, após 10 anos da regulamentação da profissão no Brasil, culminou o ingresso da primeira turma no Curso de Graduação em Administração na universidade pública em Cuiabá, sendo reconhecido em 27 de novembro de 1978, pelo Decreto n.º 82.737 assinado pelo presidente Ernesto Geisel.

Na lente de Ponski (2005), estamos na era da informação abundante em instituição de Ensino Superior com experiência milenar no trato do conhecimento. Ou seja, universidade que opera em várias perspectivas: na preservação, na representação, na inovação e na utilização. Na mesma direção, Ponski (p. XI) argumenta que “a notoriedade adquirida pela gestão do conhecimento deve ser, simultaneamente, fonte de satisfação e preocupação”. Para esse teórico, a dimensão satisfação, de acordo com seu objeto de atuação, traduz o reconhecimento público do valor econômico e social, pelas oportunidades de conexões com redes de conhecimento. O fator preocupação, por ser imprescindível a requalificação do seu papel institucional, portanto as instituições de ensino superior devem sempre reavaliar suas atividades como geradora do conhecimento, diante da complexidade e celeridade das demandas requeridas pela sociedade. 

Na perspectiva da Teoria da Contingência não existe solução única para a resolução de dilemas de estrutura organizacionais ou produção de conhecimento que sejam efetivas para todas as organizações, há fatores contingenciais, estratégias, variáveis ambientais, incertezas, sofisticação tecnológica entre outros fatores internos e externos, logo ao oportunizar um acervo de produção científica por egressos, incentiva o desdobramento e a produção de novas pesquisas científicas (DONALDSON, 1999).

A eclética Teoria da Contingência suscita novos modelos interativos, mais flexíveis e orgânicos, em estrutura matricial, em redes, em equipes, incentivando a liderança e a motivação, considerando a relativa conjuntura que estão inseridos. Deste modo, a forma e o método dos trabalhos de conclusão de curso podem ser revisados.

Incentivar a inclusão dos estudantes em programas de iniciação científica e valorizar o potencial do aluno de graduação são procedimentos ideais para transformá-lo em potência na produção do conhecimento, não apenas em trabalho de conclusão do curso, mas em outros textos publicáveis contribuindo efetivamente em desenvolvimento de produtos, processos, negócios e serviços inovadores.

 

Procedimentos Metodológicos

 

O estudo assenta-se na Teoria da Contingência, derivada das pesquisas entre as décadas de 1960 a 1970 (BURNS; STALKER, 1961; BUTTON; WOODWARD, 1966; HALL; LAWRENCE; LORSCH, 1968; LAWRENCE; LORSCH, 1967). Em 1972, recebeu grande influência da Teoria de Sistema sobre distintas variáveis dependentes que influenciam as organizações. Não há nada de absoluto, tudo é relativo. A abordagem contingencial explica condições, ambiente, dimensão social que interfere na relação funcional.

Há inúmeras variáveis internas e externas que impactam a tomada de decisão na produção científica, tudo depende da personalidade e atributos do estudante, de antecedentes pessoais e profissionais, de seu compromisso e engajamento em grupos de pesquisa durante o curso, de sua visão de futuro, de seus anseios, de suas relações sociais e interpessoais, do contexto socioeconômico e político vivido, e ainda do fácil acesso ao acervo das produções científicas disponíveis no campo da Administração.

Trata-se de uma pesquisa básica, quanto a sua natureza, pois “considera todas as informações relevantes para engendrar um plano de pesquisa a partir das informações oferecidas e da teoria disponível” (HAIR JR et al., 2005, p. 103).

Diante do vazio da sistematização da produção do conhecimento dos TCs do Curso de Administração, engendrou-se a recuperação de dados no período de 1979 a 2017 na intenção de mapear e ordenar esses conhecimentos para resgatar e preservar a memória da produção científica em Administração de uma universidade pública. Em vista disso, esse estudo sustenta-se no método da bibliometria proposto por Pritchard (1969), na aplicação de métodos de análise estatísticos e matemáticos de investigação, na análise dos TCs dos egressos do curso de Administração, no período de 1979 a 2017, na tentativa de subsidiar e incentivar pesquisas científicas em Administração e na relação das estatísticas apontadas pelo MEC/INPE (2013 a 2016) sobre matrículas, ingressantes e concluintes no curso de Administração.

O acesso aos TCs do curso foi realizado no acervo público de monografias e artigos depositados nas bibliotecas da universidade e em outros espaços do referido campus universitário. A pesquisa documental apoia-se em fonte de dados secundários na investigação do acervo das produções científicas no campo da administração da universidade estudada, e longitudinal, porque contempla uma amostra dos TCs do curso de Administração no período de 1979 a 2017. O acesso aos TCs engendrou-se no acervo público depositados na Biblioteca Central, na Biblioteca Setorial da universidade pública pesquisada e em outros espaços do campus universitário de Cuiabá. Na concepção dos autores Cellard (2008) e Sá-Silva et al. (2009), os documentos em pesquisa social são preciosidades que devem ser apreciados e valorizados pela riqueza de informações que trazem, acendendo a ampliação da compreensão da contextualização histórica e sociocultural, além da transmissão de informações ao longo do tempo, permitindo o dimensionamento temporal.

Trata-se de estudo exploratório e documental. Afilia-se ao esforço coletivo da pesquisa em administração fundamentado na análise bibliométrica dos materiais coletados de dados matemáticos, o qual utilizou uma abordagem exploratória buscando a “prospecção de materiais que possam informar a real importância do problema, o estágio em que se encontram as informações já disponíveis a respeito do assunto, e até mesmo, revelar novas fontes de informações” (SANTOS, 2015, p. 26).

A bibliometria, segundo Leite Filho (2008), é um conjunto de métodos de estudo que se utiliza de técnicas de análise quantitativa de dados para investigar um campo científico determinado e a criação do conhecimento por seus autores. Alia-se, nessa direção, o pensamento: [...] “os estudos bibliométricos podem colaborar na tarefa de sistematizar as pesquisas realizadas num determinado campo do saber e endereçar problemas a serem investigados em pesquisas futuras” (CHUEKE; AMATUCCI, 2015, p. 1).

Assim, esse estudo no campo da administração, suscita a possibilidade de contribuir com pesquisadores desta área e de outras áreas do conhecimento. Os “estudos bibliométricos podem colaborar na tarefa de sistematizar as pesquisas realizadas num determinado campo de saber e endereçar problemas a serem investigados em pesquisa futuras” (CHUEKE; AMATUCCI, 2015, p. 1).

O termo bibliometria foi criado por Pritchard (1969) acreditando que a geração do conhecimento se materializava pela produção científica, na aplicação de métodos matemáticos e estatísticos de livros e outros meios de comunicação. Os estudos bibliométricos são conduzidos com base na Lei de Lotka (autores), na Lei de Bradford (periódicos) e na Lei de Zipf (palavras) que podem ser utilizadas de maneira combinada ou individualmente (MACHADO JUNIOR et al., 2016).

De tal modo, foram utilizados TCs produzidos pelos estudantes egressos do curso de Administração de uma universidade pública em Cuiabá, Mato Grosso, com o propósito de sistematizar, mapear, ordenar, quantificar e sintetizar o processo dessa comunicação escrita.

A base da modelagem da estruturação da pesquisa buscou investigar: o perfil dos egressos; distinguir o enquadramento dessas produções alicerçadas nas subáreas do conhecimento: Administração de Empresas, Administração Pública e Administração de Setores Específicos em conformidade com a tabela do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) (2014); identificar os procedimentos metodológicos utilizados e distinguir os tipos de impactos socioeconômicos e ambientais dessa produção acadêmica.

Nesses moldes, entre um universo de 1.735 egressos no período de 1979 a 2017, foram coletados, catalogados e analisados todos os trabalhos disponíveis de 761 egressos. Sendo assim totalizou-se uma amostra com 753 TCs, uma vez que alguns deles foram produzidos em dupla e em trio.

Dentre os TCs disponíveis, não ocorreu uma seleção de trabalhos, buscou-se contemplar todos, contudo, alheios à vontade dos pesquisadores, alguns TCs, em particular da década de 1980, foram perdidos devido às diferentes práticas de armazenamento sofridas ao longo do tempo de monografias impressas e encadernadas, diferentes dos modelos digitais utilizados a partir de 2016 pela universidade, ou supostamente por falta de disponibilidade de catalogação efetiva não foram encontrados.

 

Resultados

 

A evolução e as tendências foram identificadas na produção de conhecimento científico no curso de Administração da universidade pública no campus de Cuiabá, Mato Grosso, de 1979 a 2017. Os resultados mostraram a evolução da participação feminina ao longo de mais de 40 anos de curso (Figura 1).

No geral, dentre os trabalhos analisados nesse período, 51,12% dos autores eram mulheres. No entanto, essa participação feminina nas autorias superou a masculina somente após 2010.

 

Figura 1. Participação entre os sexos ao longo dos 40 anos do curso de Administração

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Os resultados também apontaram as áreas e especialidades do conhecimento em Administração mais exploradas nos TCs. A Tabela 2 resume o número de estudos realizados por período e a área de conhecimento a que estão relacionados.

Ao longo de mais de 40 anos do reconhecimento do curso de Administração da universidade em análise, estudos que incluíam a Administração de Empresas como objeto de pesquisa se destacaram (69,46%), seguidos por estudos envolvendo a temática de Administração Pública (19,92%) e de Setores específicos (6,51%).

Visando identificar os Setores de Mercado mais explorados nas pesquisas analisadas, a Tabela 3 sintetiza o número de estudos realizados por período.

 

 

 

 

 

Tabela 2. Área de conhecimento em Administração explorada nas pesquisas analisadas

Código

Área de Conhecimento

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

6.02.00.00-6

Administração

23

109

333

288

95,88%

6.02.01.00-2

Administração de Empresas

11

88

237

187

69,46%

6.02.01.01-0

Administração da Produção

4

21

30

27

10,89%

6.02.01.02-9

Administração Financeira

3

11

41

27

10,89%

6.02.01.03-7

Mercadologia

1

44

92

82

29,08%

6.02.01.04-5

Negócios Internacionais

-

-

4

6

1,33%

6.02.01.05-3

Administração de Recursos Humanos

3

12

70

45

17,26%

6.02.02.00-9

Administração Pública

12

11

58

69

19,92%

6.02.02.01-7

Contabilidade e Finanças Públicas

1

1

2

2

0,80%

6.02.02.02-5

Organizações Públicas

8

1

18

14

5,44%

6.02.02.03-3

Política e Planejamento Governamentais

2

4

17

25

6,37%

6.02.02.04-1

Administração de Pessoal

1

5

21

28

7,30%

-

Outros

-

4

14

13

4,12%

6.02.03.00-5

Administração de Setores Específicos

-

6

24

19

6,51%

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Tabela 3. Setor de mercado explorado nas pesquisas analisadas

Período

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Comércio

2

18

52

58

17,26%

Indústria

1

24

35

30

11,95%

Serviços

9

27

114

88

31,61%

Cooperativa

-

2

5

4

1,46%

Associação

-

2

5

7

1,86%

ONG/OSCIP

-

-

3

1

0,53%

Fundação

1

1

7

18

3,59%

Instituto

-

-

1

4

0,66%

Sindicato

-

-

1

-

0,13%

Outros

10

35

100

78

29,61%

Total geral

23

109

333

288

98,67%

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Identificou-se que os setores de Serviços (31,61%), de Comércio (17,26%) e da Indústria (11,95%) foram os mais abordados ao longo da existência do Curso de Administração (Tabela 3).

No tocante ao porte da organização estudada, observou-se a prevalência de micro, pequena e média empresa (Tabela 4).

Ademais, é importante ressaltar que 18,19% dos TCs optaram por investigar órgãos públicos nas esferas municipais, estaduais e federal. No que se refere ao item ‘outro’ porte da organização, significa que os trabalhos não foram empíricos, e sim estudos de revisões bibliográficas em uma determinada área do conhecimento de administração.

 

 

 

 

Tabela 4. Porte da Organização Estudada

Porte da Organização

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Micro e pequena empresa

2

43

83

85

28,29%

Média empresa

4

26

65

63

20,98%

Grande empresa

2

7

42

31

10,89%

Órgão público municipal

-

4

6

3

1,73%

Órgão público estadual

3

3

23

18

6,24%

Órgão público federal

9

2

28

38

10,23%

Outro

3

24

86

50

21,65%

Total geral

23

109

333

288

100,00%

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Em relação aos procedimentos metodológicos mais utilizados nas pesquisas em Administração entre 1975 e 2017, foi possível classificá-las quanto ao método, objetivos e procedimentos adotados, de acordo com a Tabela 5.

 

Tabela 5. Principais procedimentos metodológicos identificados.

Método

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Quantitativa

0

1

9

19

3,85%

Qualitativa

23

108

315

261

93,89%

Mista

0

0

8

8

2,12%

Total geral

23

109

333

288

100,00%

 

Objetivos

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Exploratória

3

55

82

96

31,34%

Descritiva

20

54

247

190

67,86%

Explicativa

-

3

2

0,66%

Total geral

23

109

333

288

100,00%

 

Procedimentos

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Bibliográfica

1

37

94

17

5,90%

Documental

2

7

16

16

5,56%

Levantamento

13

7

61

52

18,06%

Estudo de Campo

1

23

24

53

18,40%

Estudo de Caso

6

34

138

149

51,74%

Pesquisa-ação

-

1

-

1

0,35%

Total geral

23

109

333

288

100,00%

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Por meio da Tabela 5, há evidências que o método qualitativo foi o mais utilizado no decorrer dos anos (93,89%). Quanto aos objetivos, destacam-se pesquisas descritivas (67,86%) e exploratórias (31,34%), respectivamente. Por último, quanto aos procedimentos utilizados, ficou evidenciada a participação significativa de Estudo de Caso (51,74%), seguida dos procedimentos: Estudo de Campo (18,40%) e Levantamento (18,06%).

Ao analisar os principais resultados e impactos percebidos na produção acadêmica científica no referido período (Tabela 6), constatou-se a participação das temáticas econômicas, sociais e ambientais.

 

 

 

 

 

Tabela 6. Resultados e impactos percebidos na produção acadêmica científica do curso

Impactos

1975-1989

1990-1999

2000-2009

2010-2017

∫r

Sociais

1

8

82

60

20,05%

Econômicos

7

21

78

78

24,44%

Tecnológicos

-

6

17

19

5,58%

Meio Ambiente

-

8

14

22

5,84%

Urbano

-

2

3

6

1,46%

Rural

-

6

13

13

4,25%

Outro

15

58

125

90

38,25%

Total geral

23

109

333

288

100,00%

Fonte. dados da pesquisa (2020)

 

Discussão

 

Ficou evidenciada a evolução da participação feminina ao longo dos mais de 40 anos de curso (Figura 1). Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) (2018), o curso de Administração no Brasil é o segundo maior curso em número de matrículas (766.859), sendo 56,1% realizadas pelo público feminino e 43,9% pelo masculino. Esses dados revelam ainda a tendência do empoderamento da mulher ao longo do tempo. De acordo com Bruschini (1994), a participação das mulheres em cargos de liderança nas organizações vem se tornando expressiva, demonstrando um contexto econômico e social de significativo crescimento em relação ao trabalho feminino. Na visão de Dwibedi (2016), o potencial empreendedor oculto das mulheres tem mudado gradualmente com a crescente sensibilidade ao papel do status econômico na sociedade.

Analisando os dados por período das áreas e especialidades do conhecimento em Administração mais exploradas nos TCs (Tabela 2), observa-se uma tendência dos acadêmicos em buscar a iniciativa privada para efetuar seus trabalhos, logo pode-se suscitar o avanço do empreendedorismo no universo acadêmico.

Dentre os estudos que compreendem a área de Administração de Empresas, a subárea Mercadologia (Marketing) obteve um crescimento expressivo no decorrer das décadas. Isso se confirma por meio do estudo de Rossi (1995), Bortoli e Castilhos (2014), cuja área de gestão de negócios recebe significativa influência dos estudos de marketing, principalmente, por possuir atribuições relevantes nas relações sociais e de mercado da sociedade contemporânea. Segundo Rossi (1995), a finalidade essencial da gestão é favorecer um clima de inovação, sobretudo, em uma era em que o ativo mais importante da organização se caracteriza pelo domínio da mente sobre a matéria e ainda pelo capital social e capital intelectual.

Fator importante para a inovação foi a abordagem do empreendedorismo nos trabalhos produzidos pelos egressos. Identificou-se fartos estudos de planos de negócios, estudos de viabilidade econômica para implantação de novos negócios e de constituição de startups. Nessa trilha, há estudos sobre a Empresa Júnior – Fácil Consultoria – constituída por estudantes e considerada uma usina de empreendedores que viabiliza ações empreendedoras propiciando a produção de projetos que oportunizam vivências no campo da Administração. Os resultados dos estudos empíricos sugerem que o acesso ao ensino superior demonstrou um engajamento e incentivo ao empreendedorismo (BLANCHFLOWER; MEYER, 1994; İLHAN ERTUNA; GUREL, 2011; ZHANG; DUYSTERS; CLOODT, 2014).

Ainda de acordo com a Tabela 2, analisou-se também as subáreas da Administração Pública, observando alta incidência de pesquisas relacionadas à Administração de Pessoal, Política e Planejamento Governamentais e Organizações Públicas. No que diz respeito a Administração de Pessoal, Marques Junior et al (2016) afirmam que a produção científica sobre gestão de pessoas no setor público, entre 2006 a 2016, foi bastante assimétrica quando considerada a quantidade de publicações por ano. Esses autores afirmam, também, que a discussão sobre a gestão de pessoas no setor público é diversificada e não está concentrada em uma temática exclusiva. Por esse motivo, essa variedade de tópicos abordados, faz da produção do conhecimento a respeito da gestão de pessoas no setor público, uma discussão múltipla e variada.

Constatou-se que os setores de Serviços (31,61%), de Comércio (17,26%) e da Indústria (11,95%) foram os mais abordados dos TCs do Curso de Administração (Tabela 3). O setor de serviços vem se desenvolvendo em relação a sua participação na economia. Por outro lado, pela ótica de Jacinto e Ribeiro (2015), esse setor possui baixa produtividade, o que contribui para a redução do crescimento da produtividade na economia e constrange o crescimento econômico.

Na Tabela 4 foi possível observar as empresas de porte micro e pequenas (28,29%) e médias (20,98%) foram as mais selecionadas para realização do TC. Para Everton Junior (2017), o Brasil possui uma peculiaridade em relação as micro e pequenas empresas, justamente por serem as responsáveis por 27% do PIB nacional e as maiores empregadoras. Nesse sentido, na visão de Silveira et al (2012), quanto maior o número de micro e pequenos negócios, maior será o número de empregos gerados nessas economias.

Outra peculiaridade que deve ser levada em conta é a de que, geralmente, as pequenas empresas não desfrutam de uma gestão especializada, tornando-as suscetíveis às fraquezas impostas pelo mercado (TAVARES, 1991). Assim, para Teixeira et al (2014), profissionais de administração e de controladoria estratégica buscam realizar estudos neste setor para auxiliar e prover aos gestores orientações, com o intuito de fazer suas organizações de pequeno porte evoluírem no âmbito de um mercado ainda novo, mas com grandes chances de sucesso.

Com base na Tabela 5, percebe-se que a preferência por pesquisa qualitativa (90,63%), no ramo das ciências sociais, reflete a carência da inserção de instrumentos metodológicos quantitativos no ensino da produção científica. Para Rey (2005), produzir conhecimento versa sobre um sistema de produção humana, o que permite pensar o método de pesquisa qualitativa como ponto de partida. Entretanto, Paes de Paula (2005) acredita que há uma demanda por um material de caráter prático que se dedique aos métodos e técnicas quantitativos em cursos de Administração nas instituições de ensino superior.

Ainda de acordo com os resultados obtidos na Tabela 5, percebe-se que a classificação da pesquisa do TC, quanto aos objetivos, visa mais amplamente a pesquisa descritiva se tratando de um levantamento ou observação sistemática das características que compõem o fenômeno observado e a exploratória que trata da primeira aproximação com o objeto de estudo (SANTOS, 2015).

Outro fato a ser destacado é a maior utilização do procedimento Estudo de Caso na elaboração dos TCs (Tabela 5). Para Bell (2010), a grande vantagem em utilizar o método de estudo de caso consiste em permitir ao investigador a possibilidade de se concentrar num caso específico e identificar os diversos processos interativos que envolvem a situação.

Nesse sentido, ficou evidenciado o papel das pesquisas realizadas em 40 anos do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, demonstrando o comprometimento com a sociedade, com o meio ambiente e estímulo à economia local.

 

Conclusões

 

Durante este estudo, diversas análises foram realizadas com o objetivo de explorar a evolução e as tendências da produção de conhecimento científico no curso de administração da Universidade Federal de Mato Grosso no período de 1979 a 2017, utilizando dados bibliométricos e estatísticos do MEC/INEP como parâmetros norteadores.

A partir da análise de 753 trabalhos de conclusão de curso, foram evidenciadas algumas características desses estudos, perfis dos pesquisadores e os principais resultados e impactos percebidos - nos contextos sociais, econômicos, tecnológicos e Ambientais - na produção acadêmica científica do curso em que estavam inseridos.

Os fundamentos teóricos da teoria da contingência revelaram e levaram à reflexão de que não há um único eixo norteador, principalmente, pela pluralidade da ciência da Administração; há uma gama de oportunidades temáticas oferecidas, provocando inúmeros objetos de estudo.

Diante dos resultados encontrados, foi possível observar a evolução da participação feminina ao longo dos 40 anos do curso de Administração. Isso sugere um contexto econômico e social com um aumento significativo na cultura de empoderamento e empreendedorismo feminino pelos novos chefes de família no curso de Administração.

Outro resultado importante mostrou a ênfase em estudos na subárea de Administração de Empresas, a área de negócios, seguida de estudos na subárea de Administração Pública e na subárea de Setores Específicos. Esse comportamento favorece a iniciativa dos egressos de estudar novos negócios e sugerir mudanças nos processos organizacionais existentes em busca da inovação, elevando assim as intenções empreendedoras em micro, pequenas e médias empresas dos setores de serviços e comércio.

Entre os estudos analisados, observou-se que o método qualitativo foi o mais utilizado. Quanto aos objetivos, predominaram os estudos descritivos e exploratórios. Com relação aos procedimentos utilizados, o estudo de caso foi o mais utilizado como forma de entender o desenvolvimento do negócio. Portanto, o incentivo ao uso do método quantitativo é sugerido nas aulas de metodologia de pesquisa em Administração, com o uso de softwares para análise de dados, a fim de incentivar estudos de natureza quantitativa, bem como a formação contínua de professores.

Esses resultados servem como um indicador para as instituições de ensino superior refletirem e discutirem o aprimoramento e a direção da disciplina Métodos de Pesquisa Aplicada em Administração, na promoção de pesquisas científicas pelo sistema de Iniciação Científica, na tentativa de mitigar o abandono escolar, taxas supostamente causadas pela impossibilidade de produzir o Trabalho de Conclusão necessário. Ademais, apontam a necessidade de melhorar o formato das diretrizes do trabalho de conclusão pelos professores, recomendando ampliar o uso do método quantitativo, visando maior eficiência e efetividade no processo de ensino-aprendizagem e erudição do aluno nas construções dos trabalhos de conclusão, para que essas pesquisas possam ser mais elaboradas, o que contribuiria efetivamente para a ciência da Administração.

O que foi aprendido nessa jornada é a necessidade em se construir trabalhos com rigor metodológico que possam ser incentivados desde os primeiros semestres do curso. Nesse sentido, o Curso de Administração da UFMT, Campus Cuiabá, poderia implantar um periódico científico e realizar eventos científicos, que estimulassem os docentes a produzirem ciência e ao mesmo tempo engajarem os docentes na orientação e desenvolvimento de pesquisas.

Além disso, os impactos e resultados identificados nessas pesquisas ajudam a fortalecer as relações sociais, com propostas valiosas baseadas em mudanças culturais em ética, moralidade, transparência e integridade nas organizações, com a intenção de impulsionar a concorrência saudável nos negócios, em um mundo complexo de relações humanas, tendo como prioridade o respeito pelos outros.

Por fim, este estudo colaborou na tarefa de sistematizar os trabalhos de conclusão de curso, produzidos entre 1979 e 2017, no curso de Administração de uma universidade pública. Abordou características interessantes, merecendo a atenção de estudantes e pesquisadores, para o aprimoramento da produção científica de trabalhos futuros, baseados na Teoria da Contingência, porque tudo é relativo; no entanto, busca-se aumentar o número de graduados no curso de Administração e aumentar o engajamento e a melhoria na pesquisa científica.

Nessa perspectiva, o esforço realizado para apresentar alguns elementos importantes da análise bibliométrica de estudo na área de administração contribuiu na tentativa de valorizar e estimular discussões profundas sobre pesquisas científicas realizadas por estudantes de graduação em Administração.

 

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