Melancolia Pop
Confissões do Rapaz mais Triste do mundo
Resumen
Na adolescência fui seduzido por um universo das bandas inglesas e brasileiras dos anos 80. Me atraía o gótico pelo gosto sóbrio das roupas pretas e adorava andar pelas ruas de Brasília de cabelo comprido, camisas de gola de padre e sobretudo. Mas a atração não era só por uma forma de se vestir era por uma forma de estar no mundo. Londres, Brasília, Berlin ocidental e São Paulo pareciam estar vizinhas nas fitas cassetes trocados de álbuns só disponíveis a quem viajava ao exterior ou enviadas pelo correio. As referências também se estenderam no tempo desde a descoberta dos dilemas do protagonista de A náusea de Sartre, cujo nome original seria Melancolia. Creio que meu gosto por poesias românticas e simbolistas do século XIX, temas do meu projeto de Iniciação Científica, vieram pelas canções de Siouxsie and the Banshees, The Cure, Smiths, Echo and the Bunnymen. Diante do negacionismo da dor e o culto da felicidade a qualquer custo, a discussão sobre a melancolia através da arte foi um aprendizado sustentado por um embate com a morte que tem uma história na Modernidade, que passa pelos príncipes em crise do Barroco, pelos românticos suicidas, pelos dândis decadentistas. Estou tentando mapear esta sensibilidade em diálogo com a cultura midiática, aqui partindo de uma experiência pós-punk nos anos 1980 bem de uma leitura queer que tem resgatado afetos menores como a melancolia.
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