Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
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Apresentação
É com imenso prazer que apresentamos ao público leitor esta edição do periódico
científico Polifonia, número 37, revista articulada ao Programa de Pós-Graduação em
Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Dada a
quantidade de artigos submetidos, apreciados e aprovados, o número 37 precisou ser
dividido em dois, 37.1 e 37.2. Dessa forma, o número 37 contém 16 artigos que refletem
a fecundidade do campo de estudos linguísticos, abordando áreas como Análise do
Discurso, Gêneros Textuais, Sociolinguística, Metáfora, Linguagem e Tecnologia,
Formação de Professores, Sintaxe, Crítica Textual. Como a proposta desse volume era
recobrir a diversidade linguística, acreditamos que o objetivo foi alcançado.
Os artigos foram divididos em dois volumes, sendo que primeiro, 37.1, está
composto por entrevista e oito artigos que versam nas áreas de Análise do Discurso,
Gêneros Textuais, Linguística Histórica. E o segundo, 37.2, composto por oito artigos
que abordam discussões sobre a linguagem nos termos da metáfora, das interfaces com a
tecnologia, dos desafios para a formação de professores e materiais didáticos, sintaxe,
sociolinguística a partir de corpus diversificado.
Os quatro primeiros artigos tratam da relação entre os discursos e outros campos,
como a mídia e a ciência. No primeiro artigo, A apropriação do discurso da Lava Jato
pela mídia: a formação de arquivos de memória sobre o evento e seus personagens
principais, Eliane Righi de Andrade apresenta, de maneira muito atual, o papel que
diferentes mídias exercem na disseminação de sentidos referentes a enunciados
amplamente divulgados nas coberturas da Operação Lava Jato.
No segundo, As várias formas de designar: a historicidade inscrita em
dicionários, Marco Antônio Adamoli e Elisane Pinto da Silva Machado de Lima
apresentam, baseados nos pressupostos da Análise de Discurso de Pêcheux, um gesto de
análise acerca das designações “Bela, recatada e do lar”, recentemente utilizadas na capa
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de uma revista de circulação nacional, analisando a representação da mulher no cenário
atual brasileiro.
No terceiro, Expressões nominais, referenciação e discurso em cinco notícias
sobre crimes, Helcius Batista Pereira parte da relação entre as expressões nominais, o
processo de referenciação e o discurso em notícias sobre crimes para estudar o mecanismo
pelo qual o uso de tais expressões colabora para a produção de sentido e de leitura do real,
o que acrescenta à discussão sobre a manipulação do discurso pela imprensa.
No quarto, Uma análise discursiva das designações em “Bela, recatada e do
lar”, Angela Corrêa Ferreira Baalbaki, a partir dos dispositivos teóricos da Análise do
Discurso francesa, identifica alguns efeitos de sentidos produzidos na relação entre os
termos vulgarização e divulgação científica em um corpus composto por diferentes
materialidades textuais (artigos, capítulos de livros e verbetes de dicionários).
O quinto e sexto artigos analisam gêneros textuais em diferentes perspectivas. O
quinto artigo, Análise retórica do gênero discursivo sermão oral, de Max Silva da
Rocha e Maria Francisca Oliveira Santos, realiza uma análise retórica do gênero
discursivo sermão, na modalidade de língua oral, procurando identificar os elementos
retóricos que foram utilizados pelo retor para proferir seus argumentos. Esse estudo parte
da definição da própria Retórica, que é definida como a arte de persuadir pelo discurso.
Nathan Bastos De Souza e Fabiana Giovani, no sexto artigo, Reflexões
enunciativas acerca do ensino na área de linguagem: entendendo projetos de dizer,
a partir da teoria bakhtiniana de gêneros, apresentam uma análise dos projetos de dizer
inscritos em textos produzidos por alunos de ensino médio, que foram estudados à luz do
paradigma indiciário de Carlo Ginzburg.
Partindo da análise de documentos históricos, o sétimo e oitavo artigos propõem
discussões no campo da Linguística Histórica e Comparada. No sétimo artigo, Edição
diplomática e comentários paleográficos de manuscritos do final do século XIX, da
cidade de Santa Maria, Tatiana Keller e Alcides Fernando Campos Gonçalves analisam
quatro manuscritos pertencentes ao Arquivo Histórico Municipal da cidade de Santa
Maria (RS), os quais datam do final do século XIX e propõem a comparação do sistema
de escrita dos documentos e o atual, a fim de identificar modificações sofridas pela língua
portuguesa em pouco mais de um século.
No oitavo artigo, Um estudo filológico-ortográfico da Língua Portuguesa em
Goiás: variações vocálicas e consonantais no Livro de Notas 02 (Jataí-GO), Carolina
Faleiros Felício e Vanessa Regina Duarte Xavier investigam a ortografia da Língua
Portuguesa em uso em Goiás no final do século XIX, partindo de um viés filológico.
A partir do nono artigo, estamos tratando do volume dois da edição 37. Assim, o
número é aberto com o artigo de Ricardo Yamashita Santos, Metáforas da economia:
uma análise da construção de sentido em notícias veiculadas na mídia, cuja intenção
é explicar a teoria da metáfora primária e da metáfora congruente, presentes em nossa
linguagem cotidiana, analisando essas construções metafóricas no campo semântico da
economia.
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Na sequência, o cimo artigo é de Cíntia da Silva Pacheco, Encaixamento
linguístico da ausência da concordância de gênero no português europeu e no
português brasileiro, que compara os dados de ausência de concordância de gênero no
português europeu escrito com a observação participante do português brasileiro em
diversos estilos, sendo possível, dessa forma, identificar que o fenômeno da variação da
concordância de gênero no sintagma nominal e no sintagma predicativo.
O décimo primeiro artigo, Mobile learning e zona de desenvolvimento
proximal: transformando o ensino e aprendizagem de línguas através da tecnologia
móvel, de Giselda dos Santos Costa, apresenta a interface entre linguagem e tecnologia.
O texto discute, apoiado em Vygotsky e seu conceito de zona de desenvolvimento
proximal, a potencialidade do uso do celular na interação do aluno versus aluno versus
professor no ensino e aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira.
Na esteira da relação professor e aluno, o décimo segundo artigo, Professores em
formação ou aprendizes de inglês? Identidade, complexidade e valores
compartilhados, apresenta a formação de professores como foco. Rafael Vetromille-
Castro e Gabriela Bohlmann Duarte analisam, pelo viés das teorias do Caos e da
Complexidade, um grupo de professores de inglês em formação no 6º semestre do curso,
interagindo em um blog, com vistas ao desenvolvimento da escrita e à sua atuação
docente, a fim de averiguar suas construções identitárias.
Outra faceta do fazer pedagógico de nguas, no décimo terceiro artigo,
Atividades de gramática no livro didático de língua estrangeira, Maria Fabiola
Vasconcelos Lopes, analisa a tipologia das atividades gramaticais reveladas no livro texto
buscando compreender de que forma as atividades de gramática são desenvolvidas no
livro didático de inglês.
Partindo para a relação entre língua e sociedade, o décimo quarto artigo, Uma
fotografia sociolinguística dos verbos botar, colocar e pôr em Alagoas, Ceará e Piauí
a partir de dados do ALIB, os autores, Cassio Murilio Alves de Lavor, Aluiza Alves de
Araújo e Rakel Beserra de Macedo Viana, buscaram descobrir, a partir de dados do Atlas
Linguístico do Brasil (ALiB), qual verbo é mais produtivo e quais variáveis linguísticas
e sociais podem influenciar seus usos.
Em termos sociolinguísticos, o décimo quinto artigo, Variação linguística entre
surdos negros e surdos brancos na ASL: desenvolvimento histórico, de Carla
Damasceno de Morais e Myrna Salerno Monteiro, abordou a segregação racial nos
Estados Unidos e as implicações para o surdo negro.
Por fim, o décimo sexto artigo, Estigma e preconceito na escola: relatos de
imigrantes, Sidney de Souza Silva e Heloísa Augusta Brito de Mello, por meio de um
estudo etnográfico, buscam provocar um debate sobre a discriminação e o preconceito no
contexto escolar, geralmente direcionados às minorias linguísticas e culturais. O pano de
fundo para as reflexões são relatos de imigrantes bolivianos que reportam eventos de
preconceito e discriminação em escolas na cidade de São Paulo, SP.
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Na seção entrevista, a professora Reinildes Dias, Professora Associada da
Faculdade de Letras da UFMG, Ph.D. em Tecnologia Educacional, Montreal Concordia
University discorre sobre temas como as perspectivas da Linguística Aplicada,
Letramentos, relação entre Linguagem e Tecnologia, sugerindo orientações ao trabalho
pedagógico e indicações de leituras que podem enriquecer os estudos e análises sobre
temas tão relevantes nos estudos linguísticos atualmente.
Flávia G. Botelho Borges
Záira Bomfante