Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
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PERIÓDICO CIENTÍFICO POLIFONIA CELEBRA UM QUARTO DE SÉCULO
Célia Maria Domingues da Rocha Reis
Como se manifestam, efetivamente, a consciência e
a percepção do tempo nas sociedades humanas?
Bernard Piettre
Não é de pouca monta o que se comemora em 2018 no Instituto de Linguagens da
Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá-MT: quinze anos do Programa de
Pós-Graduação em Estudos de Linguagem; vinte e cinco anos do periódico científico
Polifonia, que neste ano alcançará a 40ª edição
1
. Nessas “horas redondas do tempo”, disse
Hilda Magalhães (1994, p.252), valorizadas culturalmente, coube-me apresentar uma
trajetória da Polifonia.
O periódico Polifonia foi criado em 1993 pelos docentes Maria Inês Pagliarini
Cox, Manoel Mourivaldo Santiago Almeida e Irene Baleroni Cajal, da área de Língua
Portuguesa do Departamento de Letras, com o objetivo de dar visibilidade à produção
intelectual que acontece fora do eixo Rio-São Paulo. Honra ao mérito, ressaltamos a
participação vigorosa da Profa. Maria Inês, que acompanhou a Polifonia desde a sua
criação até os dias de hoje, organizando e apresentando dossiês, auxiliando os
organizadores, dando parecer a artigos, entre outras atividades pertinentes ao periódico.
Ressalte-se também que, embora não fazendo parte da Editoria Executiva, conforme
denominação constante no Expediente da n. 00, mas como parecerista do Conselho
Editorial, a Profa. Ana Antônia de Assis-Petterson, da área de Língua Inglesa,
desenvolveu importante trabalho desde a sua fundação e por muitos anos subsequentes,
convidando autores do exterior, acompanhando o processo dos originais para publicação,
emitindo pareceres etc. Nas áreas da Literatura, brasileira e hispano-americana, a
contribuição de destaque foi da competência, respectivamente, das professoras Franceli
Aparecida da Silva Mello e Rhina Landos Martinez André.
1
40º edição no registro da sequência numérica, sem considerar o n. 00 e o desdobramento do n. 12 (1 e 2) e do n.35 (1
e 2).
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Não se pode deixar de observar, na apresentação do número 00, que as
circunstâncias que originaram o periódico foram de desconforto e irônico ressentimento.
Segundo a Editoria Executiva, modo como vem assinada a apresentação, havia na UFMT
uma revista chamada Universidade, criada em 1981, com publicação quadrimestral de
“excelente qualidade”. Não obstante, ainda naquela década, a revista foi, "por incontáveis
(des)razões, abruptamente interrompida.” Um dos argumentos foi o “[...] de que ela, uma
revista sincrética, quer dizer, cientificamente suspeita, deveria ceder seu lugar para as
revistas especializadiiissimas.” (1993, p.5). O emprego polissêmico de recursos
linguísticos e estilísticos nesse enunciado
2
mostra a crítica acirrada a um estado de coisas
com a qual os docentes não se conformavam: tirar de circulação um periódico de êxito
reconhecido, e fazê-lo sem reflexão, sem autonomia, em obediência a uma demanda de
mercado, a da ramificação das áreas em subáreas de conhecimento, em busca de melhorar
a produção, do lucro e da competitividade, do maior alcance de público dos segmentos
emergentes etc.
Mesmo assim, criada a revista, a “obediência” se faz em termos relativos:
E agora, já quase 1993, cria-se a revista POLIFONIA. Especializada, sim, mas
nem tanto. Não é uma revista de lingüística. Não é uma revista de literatura.
Não é uma revista de língua. É uma revista de linguagem. POLIFONIA é o
instrumento que porá em circulação as vozes dificilmente ouvidas daqueles
que fazem linguagem falando de/em/por linguagens nas regiões periféricas do
Brasil. Essas vozes não costumam alcançar os instrumentos de publicação dos
grandes centros que cada vez mais se especializam. Não bastasse a
especialização por áreas epistemológicas, agora, as revistas se tornam,
internamente às áreas, temáticas. Como as periferias nunca sabem de que vai
tratar o próximo número de uma revista, acabam ficando de fora.
Principalmente, mas não só, como instrumento de ouvir "os de fora" é que
aparece POLIFONIA. (1993, p.5)
Os propósitos anunciados no número de inauguração foram mantidos e ampliados
na edição de n. 1, de 1994, assinada pela Profa. Maria Inês. O anúncio denotou um esforço
em direção a uma autonomia intelectual, de gestão coerente do periódico em consonância
com as demandas internas das pesquisas dos docentes do Departamento de Letras e dos
docentes de Letras de outras instituições do Centro-Oeste, afastados da movimentação
intelectual dos grandes centros procedimento acertado, contrário à busca novidadeira
de alternativas alheias, externas, para acomodá-las apressadamente à situação interna em
vigência:
Lembrando, com Derrida, que "sem tomar emprestado, nada começa",
gostaríamos de evocar os desejos inaugurais da revista, enunciados no 0.
Polifonia veio a ser com o desejo de não reverenciar demasiadamente os ideais
de ascese, assepsia e gravidade que marcaram/marcam a publicação de
periódicos em tempos de fascínio positivista. Polifonia veio a ser com o desejo
de dar voz àqueles que querem falar da língua, extraída do caos da linguagem
pela revolução coperniciana, seja, saussureana, àqueles que se imaginam
2
Recursos linguísticos e estilísticos vislumbrados no enunciado: o prefixo de negação entre parênteses, criando uma
ideia contrária ao que se afirma (“(des)razões”); a locução que retifica o que foi dito anteriormente (“uma revista
sincrética, quer dizer, cientificamente suspeita”), retificação feita sem correspondência entre os termos, que se refere
claramente à ideia expressa em seguida (as “astúcias da enunciação”, disse Fiorin (1999)) e o alongamento da vogal
medial aguda na forma superlativa do adjetivo (“especializadiiissimas”).
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fazendo uma ciência séria, dura, sem, todavia, excluir aqueles que se
enamoram dos resíduos, dos dejetos, aqueles que se imaginam fazendo uma
ciência alegre, mole. Polifonia veio a ser com o desejo de acolher a voz de
autores famosos, que têm espaço garantido em revistas nacionais e
internacionais, sem deixar, contudo, de ser generosa com aqueles literalmente
infames que não podem contar com a autoridade do nome para publicar. Não
são outros os desejos que animam a edição deste número. Polifonia n° 1 chega
a seus leitores tão vária quanto a n° 0.
Apresentando variedade de conteúdos, abordagens e reunindo pesquisadores
renomados nacional e internacionalmente, e aqueles ainda no anonimato, a apresentação
é encerrada com a conclusão de que a Polifonia chega ao leitor babélica”.
Babélicas continuaram a ser as edições de 1995 (n. 2), 1997 (n. 3); de 2002 (n. 4
e 5); 2003 (n. 6 e 7). As dificuldades de captação de recursos para a impressão dos
números e o volume considerável de atividades dos docentes que não estimulavam as
vontades de boa parte deles para assumir a produção do periódico, de maneira que sempre
estava na mão dos mesmos podem explicar as lacunas na periodicidade. De todo modo,
de um número anual até 1997, passou-se a dois números em 2002. Foi feita uma alteração
do layout a palavra “polifonia” fica centralizada, perde o eco dos fonemas que, como
um holofote, ia se fechando até o limite inferior da capa; a letra /f/, “fonia”, é alongada e
posicionada na diagonal, com maior alcance para ambos os lados; os antigos fonemas são
simbolicamente colocados na forma digital depixels coloridos na parte inferior da capa,
representando os vários tons, várias vozes, com a subtitulação: “revista de
linguagens/Universidade Federal de Mato Grosso” e ISSN colocado na parte superior. Ao
assumir a condição de ser uma revista “de linguagens”, a Polifonia amplia o seu alcance
aos cursos que compõem o Instituto de Linguagens Letras, Comunicação e Artes,
sobretudo em relação aos dois primeiros, de onde sairá um grupo de docentes para compor
o projeto de um curso de pós-graduação stricto sensu.
O projeto é aprovado pela CAPES. Em agosto de 2003 passa, então, a funcionar
o Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem Mestrado (MeEL). Pelo
motivo de os docentes envolvidos no projeto lidarem diretamente com a Polifonia, e
constituir a pesquisa o eixo central da dinâmica da pós-graduação stricto sensu, decidiu-
se que a Polifonia passaria a publicar pesquisas dos docentes do Programa. A partir do
vol.8, n.8, de 2004, a inscrição na capa da Polifonia, na parte inferior, passa a ser: revista
do programa de pós-graduação em estudos de linguagem-mestrado/Universidade Federal
de Mato Grosso”
3
. Em estreita sintonia com as duas áreas de concentração do Programa,
o periódico se remodelou, cabendo a organização do número do primeiro semestre à área
de Estudos Linguísticos e a do segundo, à área de Estudos Literários e Culturais. Essa
nova configuração se patenteia no n. 9, conforme anunciam os professores Franceli
Aparecida da Silva Mello e Mário Cézar Silva Leite:
Este número 9 da Revista Polifonia implicitamente reflete, na sua estrutura e
organização, um percurso e uma história do próprio Instituto de Linguagens da
Universidade Federal de Mato Grosso. Criada em meados dos anos 90, a
Revista, sendo produzida pelo departamento de Letras, destinava-se,
3
Houve uma opção pelo estilo despojado das minúsculas.
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preferencialmente, ao público desta Área, o que configurava uma situação
acadêmica de distanciamento entre os três departamentos
(Artes/Letras/Comunicação Social). A partir de 2002, uma outra percepção do
funcionamento acadêmico resultou numa primeira ampliação, tornando-se a
Polifonia periódico do Instituto de Linguagens, sendo um dos meios de
integração entre os Departamentos. Com a criação do Mestrado em Estudos de
Linguagem, em 2003, uma segunda ampliação fez-se necessária. Sem perder
sua função no interior do Instituto e o perfil definido desde seus primeiros
números, qual seja, de publicar também trabalhos de pesquisadores de outras
instituições, quer nacionais quer internacionais a Polifonia tornou-se o
veículo de divulgação da produção acadêmica dos professores vinculados ao
MeEL. Em decorrência da especificidade das Áreas de Concentração, o
terceiro movimento de transformação resultou na subdivisão da Revista em
duas” correspondendo, semestralmente, a cada uma das Áreas. Assim, o
primeiro número desta nova fase 2004/01 (Número 8) destinou-se à Área
de Estudos Lingüísticos; o segundo, que ora apresentamos, destina-se à Área
de Estudos Literários e Culturais. É importante frisar que esta subdivisão não
fragmenta nem a Revista, nem o Instituto, nem o Mestrado, pelo contrário,
consolida-os e sustenta sua integração no campo da pesquisa e práticas
acadêmicas.
É interessante refletir que a resistência inicial à particularização de área da revista
foi sendo diluída em razão de políticas adotadas por órgãos de fomento, como a CAPES,
que passam a valorizar periódicos específicos.No caso da publicação de periódicos em
áreas de especialização, principalmente as temáticas, a iniciativa se constituía como
estratégia planejada para dar força à formação e disseminação do corpo da área no seu
conjunto”
4
.
Grande parte das edições da Polifonia foram financiadas pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT). Os sucessivos organizadores
foram submetendo projetos e concorrendo aos editais anuais
5
lançados por este órgão de
fomento.
Chegando em 2008 ao Departamento de Letras do Instituto de Linguagens,
transferida do campus da UFMT do Médio Araguaia, comecei a contribuir, na área de
Estudos Literários, com o trabalho de editoração da Profa. Maria Inês, então bastante
auxiliada pela Profa. Maria Rosa Petroni, entre 2008 e 2010. Naquele ano, organizamos
o volume 14, n. 15, de Estudos Linguísticos, e 16, de Estudos Literários. Alteramos
novamente o layout da revista, colocando uma área preenchida de pixels na parte inferior
e desenhos lacunares na parte superior; no todo, compondo as cores do espectro.
Eis a evolução das capas:
4
Disponível em: http://www.uesb.br/anpuhba/artigos/anpuh_II/suely_moraes_ceravolo.pdf
5
A Fapemat liberou, até onde pudemos averiguar, cinco recursos para financiamento das edições da Polifonia.
Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
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Em 2009 foram lançados quatro números, dois contendo trabalhos apresentados
no IV Encontro Nacional do Grupo de Estudos do Centro-Oeste (GELCO), ocorrido no
período de 04 a 11 de novembro de 2008.
Em 2011, ao assumir a coordenação do Programa, assumi também a editoria geral
da Polifonia, à época com Qualis CAPES B3. Nesse momento, são empossados o Prof.
Dermeval da Hora, como Coordenador da Área de Letras e Linguística da CAPES, e a
Coordenadora Adjunta, Profa. Sandra R. G. Almeida, que estabeleceram uma intensa
política de trabalho para elevação de notas dos programas de pós-graduação do país com
nota 3, por 3 avaliações sucessivas, o que era o caso do nosso MeEL. Nesse período, ele
estimulou a realização de encontros de responsáveis pelos periódicos nos programas de
pós-graduação do país, nos quais foram dadas orientações importantes para todas as
etapas de sua produção, visando melhor qualificá-los. Para tanto, foi estimulada a criação
da figura do “editor”, personagem que, de posse desses conhecimentos e mantendo-se
mais tempo nessa função, teria condições de desenvolver uma certa “profissionalização”,
garantindo, na medida do possível
6
, uma padronização e incrementação das publicações.
À época, vários periódicos estavam migrando do suporte impresso para o digital,
o que, se por um lado demandava certo conhecimento e disposição do editor para a lida
com a tecnologia, por outro, os custos ficavam bem menores e a circulação, facilitada. A
circulação dos periódicos impressos sempre constituiu um grande entrave para os
organizadores, pela dificuldade de distribuição e transporte, volume, peso, falta de tempo
para essa finalidade etc
7
. Por isso, a alternativa de migração de suporte, no seu
nascedouro, já se apresentava assinalada.
Tomando excelente iniciativa para contribuir nesse aspecto, o Prof. André de
Souza Pena, do curso de Biblioteconomia do campus da UFMT de Rondonópolis
6
Posto que os tais “editores” são docentes com encargos didáticos, pesquisas, orientações, funções administrativas,
membros de comissões etc, dispondo de exígua carga horária para esses fins.
7
Havia no MeEL, no início de minha gestão, centenas de revistas guardadas, envelhecendo, ocupando armários inteiros,
sem cumprirem o seu objetivo de se constituir como fonte de pesquisa aos alunos, professores. Não contando com um
funcionário fixo, um técnico (que chegou meses depois), mas com quatro estagiários, e também com mestrandos
voluntários, conseguimos colocar em circulação uma média de 1200 exemplares, participando de semanas de calouros,
eventos científicos, feiras nacionais, internacionais, divulgando números recentes, anteriores; enviamos exemplares a
outros PPG, escolas, bibliotecas etc.
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desenvolveu, em 2011, um curso para uso do Open Journal System (OJS), em português,
Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), instituído pelo Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
8
. Trata-se de um software desenvolvido
para a construção e gestão de publicações periódicas eletrônicas.
Aproveitando a oportunidade, busquei criar condições para que uma estagiária do
Programa, Gabriela Saldanha (aluna do IFMT/Cuiabá) fizesse o curso. Após adquiridos
os conhecimentos básicos, obtivemos do IBICT o ISSN para periódico eletrônico e,
contando com uma supervisão do Prof. André Pena, preparamos e inserimos a edição de
2011 n. 23 e 24 no portal de periódicos online https://periodicoscientificos.ufmt.br
9
.
Foram números de transição, em cujas capas constaram o ISSN impresso e o eletrônico,
sendo distribuído o conteúdo e informações de expediente nos campos “Editorial”,
“Apresentação”, “Dossiê” (com artigos de mesmo eixo temático) e “Outros lugares”
(artigos com temáticas variadas). O número 24 foi o último a ser impresso. Com isso, o
periódico Polifonia adota a política do SEER, de “acesso livre imediato ao seu conteúdo,
seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao
público proporciona maior democratização mundial do conhecimento
10
. Também adota
a política de avaliação cega, feita segundo diretrizes pré-estabelecidas.
Providências tomadas, solicitei a reclassificação da Polifonia para a CAPES. Em
15 de dezembro de 2011 recebemos a confirmação de que a Polifonia havia alcançado o
Qualis B1.
Com a experiência adquirida, assumi em caráter oficial a função de editora
gerente
11
, organizando e/ou auxiliando no longo processo de recepção, tramitação e
preparação dos originais para publicação
12
. Os números passaram a ser organizados por
coordenadores/membros de grupos de pesquisa do Programa, propondo dossiês segundo
suas linhas, o que tem propiciado a produção de números de referência nas áreas,
aproximação de pesquisadores, parcerias. Reciprocamente, as parcerias têm dado origem
a dossiês, eventos.
Em contínua busca de trazer inovação para a Polifonia, outra oportunidade se abre
em 2011, com o ingresso de surdos no recém-criado curso de licenciatura em LIBRAS e
a entrada de uma aluna surda no MeEL primeiro caso da UFMT, no Instituto de
Linguagens. Criou-se, então, a demanda de estreitar linguisticamente a interação entre
eles e a comunidade receptora e viabilizar o seu acesso ao conhecimento científico.
Atendendo a orientação da CAPES de articular ações entre graduação/pós-graduação, e
por sugestão do Prof. Dánie Marcelo de Jesus, vislumbramos o periódico Polifonia como
8
Maiores informações: http://www.ibict.br/pesquisa-desenvolvimento-tecnologico-e-inovacao/sistema-eletronico-
de-editoracao-de-revistas-seer
9
O trabalho do Prof André Souza Penna, de estagiários e de outros colaboradores consta oficialmente no campo
Editorial, nas concernentes edições.
10
Ver em http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/about
11
Denominação constante no SEER.
12
Algumas das etapas do trabalho: auxílio na elaboração e divulgação de editais de chamada; triagem das submissões
para observar adequação normativa e titulação de autores; acompanhamento da tramitação de artigos entre pareceristas
e autores; envio de resumos para revisão de línguas estrangeiras e para preparação dos vídeo-registros em LIBRAS,
organização de sumários, layout, verificação final para publicação, cooptação de entrevistas etc. Para melhor diálogo
com os organizadores foram criadas tabelas de tramitação do material recebido no Google Drive.
Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
12
um canal competente dessa articulação, por meio da publicação de vídeos contendo
resumos dos artigos em LIBRAS, implantação ocorrida na edição 19, n.25, de 2012
13
.
Para tanto, auxiliou-nos nesse processo o Prof. Anderson Simão Duarte, um dos
principais responsáveis pela implantação da licenciatura. Conforme explica o Prof.
Anderson, a LIBRAS é um sistema linguístico de caráter visual-motor, com estrutura
gramatical específica, usada para transmitir situações, ideias de pessoas surdas do Brasil.
Considerando o seu recente acesso à esfera acadêmica, muitos termos técnicos dos
conteúdos estudados não constituem ainda sinais signos ideológicos, consoante Bakhtin
(1929), criados por meio de interação social. A simples soletração do alfabeto
(datilologia) não traduz informações, significados. Como, na área da LIBRAS, o tradutor
e intérprete, como ouvinte, não tem autonomia para criar sinais o que é da competência
da comunidade surda após pesquisas e discussões os resumos dos artigos das edições
da Polifonia passam a ser traduzidos e interpretados em LIBRAS segundo uma
abordagem dialógica interacional, contextualizada, obediente às suas estruturas
gramaticais e linguísticas.
Ainda na referida edição 19, n. 26, introduzimos o campo “entrevistas”. Trata-se
de entrevistas exclusivas, algumas em língua estrangeira, concedidas por eminentes
pesquisadores, artistas, escritores, com pequenas resenhas introdutórias feitas pelos
entrevistadores, e cujos assuntos sempre estão articulados aos dossiês, ampliando-lhes o
horizonte de reflexões
14
. Até 2017, computamos catorze entrevistas, cinco com
pesquisadores nacionais, nove com internacionais (Angola, Portugal, Itália, França,
Inglaterra).
Em 2012 houve um problema e ficamos sem acesso ao SEER por alguns meses.
Sem o apoio do Prof. André, afastado para capacitação, solicitei à Secretaria de
Tecnologia e Informação uma providência. Foi designado um técnico para aprender a
operar com esse sistema e atender a solicitação
15
. Houve necessidade de fazer a
atualização da versão. Muitos dados se perderam nesse processo.
Em paralelo à produção do periódico, foi preciso criar uma página do MeEL no
site da UFMT, que era terceirizado, apresentava alguns problemas e não tínhamos
recursos para mantê-lo. Além disso, deliberamos inserir os números anteriores da
Polifonia no SEER
16
. Para realizar o conjunto das atividades, que incluiu digitação e
diagramação de todo o conteúdo de documentos a serem inseridos na página, além da
inserção de todas as dissertações defendidas até então, conseguimos um estagiário do
curso de Ciências da Computação, Ben-Hur da Rocha Reis Júnior. O estagiário assumiu
também o trabalho de preparação dos originais para publicação após a saída de Gabriela
13
Ver em https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/585
14
A exemplo, o número 26 teve o dossiê “Redes e fluxos das literaturas africanas e afrodescendentes”, organizado por
Marinei Almeida e Divanize Carbonieri, e as entrevistas: Ondjaki: o premiado angolano fazedor de estórias” (por
Beatriz Rolon); “Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi: autores da Antologia Poética da Guerra Colonial (por
Marinete Luzia Francisca de Souza).
15
No vol. 19, 2012, números 25 e 26 constam como Suporte técnico a Secretaria de Tecnologia e Informação da UFMT.
Apoio Técnico de Gabriela Saldanha e Ben-Hur da Rocha Reis Júnior.
16
Esse trabalho foi um pouco facilitado em razão de, em gestão anterior, a coordenadora do Programa, Cláudia
Graziano Paes de Barros ter providenciado a digitalização desses números, que foram inseridos na página do próprio
Programa. Facilitado mas não menos trabalhoso, posto que, no SEER, os artigos são inseridos individualmente.
Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
13
Saldanha, e continuou dando suporte técnico até o número 31, em 2015, mesmo findo o
contrato de estágio. No final de 2015, preparei um projeto concorrendo a edital de
publicação de periódicos da FAPEMAT. Fui contemplada com um recurso, segundo
orçamento apresentado pela Editora Sustentável, de Téo de Miranda, que nos auxiliou na
editoração e publicação dos números 32, 33, 34, 35/1, 35/2, 36.
Em 2013, com a Profa. Divanize Carbonieri na coordenação do PPGEL, foi
realizado um evento e uma edição especial que levou o selo de comemoração dos 10 anos
do MeEL, o n. 27, organizado pela Prof. Simone de Jesus Padilha. Nesse número foram
publicados os depoimentos “Trinta e cinco anos de UFMT e dez anos de MeEL...um
tributo à Linguística...”, e “Dez anos do MeEL: experiência e acontecimento”, da Profa.
Ana Antônia. O número 28 foi organizado por mim e pela Profa. Franceli, no qual foram
colocados depoimentos de alunos egressos do Programa: de Ariagda Moreira, “Entre
memórias e esquecimentos: 10 anos do MeEL e 22 anos de fecunda história com a
UFMT”; de José Alexandre Vieira da Silva, “O MeEL e eu: 10 anos de parceria e
conquistas”; de Paulo Sesar Pimentel, “Da margem ao centro: o MeEL como “Cota Zero”
em minha trajetória”. Nesse período, após termos elevado a nota do Programa para 4.0,
ao final de minha gestão, graças a um esforço concentrado dos coordenadores de área da
CAPES e dos segmentos do Programa coordenação, mestrandos, docentes, técnico e
estagiários, a Profa. Divanize começou a preparar o projeto para abertura do doutorado,
que foi autorizado pela CAPES, passando a funcionar em agosto de 2015, com a
denominação “Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem” – PPGEL.
O periódico, cuja vinculação anterior ao Programa se fazia
apenas pela responsabilidade de sua produção pelos docentes,
passou a ser, em todas as suas instâncias, da responsabilidade do
Colegiado do Programa. Os sucessivos coordenadores do PPGEL,
Divanize Carbonieri, Danié Marcelo de Jesus, Henrique de Oliveira Lee, Vinícius de
Carvalho Pereira colaboraram de muitas formas para a sua manutenção, com apoio
financeiro, dentre outros, para filiação à Associação Brasileira de Editores Científicos
(ABEC), organização de dossiês, pareceres, entre outras necessidades.
Chegamos, então, ao n.36 em 2017, num total de 436 artigos escritos em língua
portuguesa, inglesa, francesa e espanhola. Para 2018, conforme dito inicialmente, está
sendo empreendido um esforço de publicação de quatro números, sendo dois deles, o 38
e 39, organizados com artigos provenientes do Grupo de Estudos Linguísticos do Centro-
Oeste (GELCO), a exemplo do que ocorreu em 2009.
2018. O periódico Polifonia completa 25 anos. Bodas de Prata, para a comunidade que
celebra determinados ciclos humanos com metais preciosos. O layout
17
recebeu os
matizes da comemoração, assim, a edição especial dos 25 anos da Revista Polifonia
apresenta em sua capa um selo comemorativo. A Capa ilustra o que de mais belo numa
17
Arte feita pela Secretaria de Comunicação e Multimeios (SECOMM/UFMT) sob supervisão de Jessica
Bastos (Supervisão de Design e Gerência de WEB e Marketing).
Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
14
edição histórica: a união entre o tradicional e o moderno. Tradicional, pois apoia-se
graficamente nas cores e grafismos das edições anteriores, mantendo assim um caráter
sólido que uma revista de longa data e prestígio deve ter. E moderno, pois o equilíbrio
entre linhas curvas e retas, cria uma estética elegante e jovial.
18
Empenhei-me em fazer um levantamento histórico mais detalhado de cenas,
situações, personagens, com um tom de despedida. As imagens e diálogos vieram fáceis,
porque a experiência foi vivida com dedicação e afeto. Muito tempo passado, é neste ano
de 2018 que, depois de inúmeras dificuldades atrasos, conflitos, equívocos, busca de
recursos e de acertos, de trabalho com pessoas de muita competência, que não mediram
esforços para atender às solicitações, deixo o trabalho frente à editoria, legando-o à Profa.
Carolina Akie Ochiai Seixas Lima.
Acredito termos alcançado um vigoroso e sólido veículo de publicação. Pela
estatística de acessos
19
, a Polifonia é, hoje, largamente consultada no Brasil e no exterior,
em mais de 35 países. A expectativa é a de o periódico atender cada vez melhor à
comunidade universitária e extrauniversitária, por meio da circulação de pesquisas
qualificadas, de modo acelerado, gratuito e com qualidade, fomentando o crescimento de
grupos, a ampliação e surgimento de novas pesquisas.
Referências
FIORIN, José Luiz. As astúcias da enunciação. São Paulo: Ática, 1999.
MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. Herança. Cuiabá-MT: EDUFMT, 1994.
PIETTRE, Bernard. Filosofia e ciência do tempo. Trad. Maria Antonia Pires de C.
Figueiredo. Bauru-SP: EDUSC, 1997. p.17.
CERÁVOLO, Suely Moraes. Publicações e revistas da década de 80 do Século XX na
área de museologia. Disponível em:
http://www.uesb.br/anpuhba/artigos/anpuh_II/suely_moraes_ceravolo.pdf Acesso em
20/04/2018.
18
Justificativa da arte da capa (SECOMM).
19
Ver http://clustrmaps.com/site/pqsz