Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
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Uma análise discursiva das designações em “Bela, recatada e do lar”
A Discursive Analysis of the Terms in “Beautiful, Maidenlike and a
Housewife”
Marco Antônio Adamoli
Instituto Federal Sul-rio-grandense
Elisane Pinto da Silva Machado de Lima
Instituto Federal Sul-rio-grandense
Resumo
Mesmo com o avanço das discussões sobre gênero e com a conquista de papéis importantes em nossa sociedade,
as mulheres ainda não se livraram do peso da violência simbólica advinda de segmentos sociais portadores de
concepções e de atitudes androcêntricas, as quais estão ancoradas em práticas e discursos historicamente
construídos. Neste estudo, a partir dos pressupostos da Análise de Discurso de Pêcheux, apresentamos um gesto
de análise acerca das designações presentes na matéria da revista Veja, “Bela, recatada e do lar”, acerca da
primeira-dama Marcela Temer. Como mostraremos, o funcionamento de tais designações remete a uma posição-
sujeito filiada a uma formação discursiva androcêntrica, que relega a mulher a uma condição de inferioridade e
invisibilidade. No ensaio a seguir, mostraremos também que o preconceito às mulheres pode fazer-se presente
mesmo no uso de algumas palavras aparentemente inocentes, como foi o caso das designações empregadas na
matéria da Revista Veja sobre Marcela Temer.
Palavras-chave: Análise de Discurso, designações, androcentrismo.
Abstract
Even after all the progress regarding gender discussions and the achievement of important roles in our society,
women still cannot be free from the burden of the symbolic violence, which comes from social groups that hold
androcentric conceptions and attitudes, linked to historically built types of practices and discourses. In this study,
based on Pêcheux’s Discourse Analysis, we analyze the designations found in an article in the Veja magazine
about Brazil’s first lady, Marcela Temer: “Beautiful, maidenlike and a housewife”. As we will show, this type of
designation is related to a subject-position connected to an androcentric discursive formation, which understands
the woman in inferior and invisible conditions. In the following essay, we will also evidence that the prejudice
against women can be found even in apparently innocent words, like those used in the article from the Veja
magazine about Marcela Temer.
Keywords: Discourse Analysis, designation, androcentrism.
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Resumen
Aunque haya avance en las discusiones sobre género y conquista de roles importantes por las mujeres en nuestra
sociedad, persiste el peso de la violencia simbólica proveniente de segmentos sociales portadores de
concepciones y de actitudes androcéntricas, que están ancladas en prácticas y discursos históricamente
construidos. En este estudio, basado en el Análisis del Discurso de Pêcheux, presentamos un modelo de análisis
acerca de las designaciones presentes en el titular del reportaje de la revista Veja, “Guapa, recatada y del hogar”,
sobre la primera-dama Marcela Temer. Como mostraremos, el funcionamiento de tales designaciones remite a
una posición sujeto afiliada a una formación discursiva androcéntrica, que relega la mujer a una condición de
inferioridad e invisibilidad. En el ensayo a seguir, señalaremos también que el prejuicio a las mujeres puede
hacerse presente incluso en el uso de algunas palabras aparentemente inocentes, como fue el caso de las
designaciones empleadas en el reportaje de la Revista Veja sobre Marcela Temer.
Palabras-clave: Análisis del Discurso, designaciones, androcentrismo.
1. Introdução
Um dia após a instalação no Congresso Nacional da admissibilidade do processo de
impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, a revista Veja, em sua versão on-line do dia
16/04/2016, publicou matéria
1
na qual apresentava um perfil de Marcela Temer, esposa do
Presidente da República Michel Temer (PMDB-RJ). Pela primeira vez, Marcela Temer
ganhava os holofotes de uma das revistas de maior circulação do país. Sob o título Bela,
recatada e do lar, a matéria
2
é composta de uma imagem de Marcela e de um texto no qual
sobraram adjetivos endereçados a ela. Dessas designações, emergem, como pretendemos
mostrar aqui, saberes ideológicos historicamente construídos sobre as mulheres.
Ao direcionarmos nosso olhar a algumas sequências discursivas de referência (SDRs)
presentes nessa reportagem, despertou-nos a atenção o emprego de determinadas marcas
linguísticas notadamente, adjetivos e predicativos , cujo funcionamento aponta, como
veremos, para determinados efeitos de sentido, mostrando a posição-sujeito que ali enuncia.
Não obstante, essas designações reforçam um posicionamento preconceituoso em relação às
mulheres, o qual acaba por sustentar tal discurso. A fim de observar como se constroem tais
sentidos, este artigo analisa o gesto de interpretação do sujeito discursivo envolvendo saberes
a respeito das mulheres, expondo os efeitos de sentido que emergem da materialidade
linguística, mais precisamente, do emprego de designações presentes em algumas SDRs na
matéria mencionada.
1
Disponível em: http://veja.abril.com.br/brasil/marcela-temer-bela-recatada-e-do-lar/
2
Quando da data de publicação da matéria, o hoje Presidente da República do Brasil, Michel Temer (PMBD),
ocupava o cargo de presidente interino, período em que tramitava no plenário da Câmara a admissibilidade do
processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Vivendo uma relação profissional conturbada
com Dilma nos últimos meses antes do impeachment, Temer deixou a base do governo, em março de 2016, para
apoiar o processo que tramitava na Câmara dos Deputados e que, meses depois, em agosto do mesmo ano, após
o final do julgamento no Senado, assumiria definitivamente como Presidente do Brasil.
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Recorremos, para empreender nosso trabalho analítico, à Análise de Discurso de
Pêcheux (AD), de cujo constructo teórico nos valemos para subsidiar a investigação
pretendida. Esclarecemos, desde já, que a escolha de um dispositivo teórico como esse se
justifica por reconhecermos, como bem menciona Orlandi (2012), a impossibilidade de um
acesso direto ao sentido, que trabalha a opacidade do texto, a não transparência, na qual vê,
atuando, a presença do político, do simbólico e do ideológico. Logo, ao adotarmos neste
trabalho o suporte teórico e metodológico da AD, entendemos que alguns conceitos atinentes
a essa proposta teórica precisam, aqui, ganhar relevo, os quais entrecruzados fornecerão a
base necessária para apontar posições-sujeito assumidas ainda que de forma inconsciente
no discurso.
Para tanto, organizamos o texto em quatro partes principais, sendo que as três
primeiras, com a finalidade de subsidiar teoricamente o estudo, convergem para uma quarta,
na qual apresentamos a análise discursiva das SDRs. Primeiramente, considerados os
propósitos deste estudo, apresentamos sintetizadas as concepções de sujeito e de sentido sob a
ótica da AD, bem como os conceitos de formação discursiva e de interdiscurso, tidos como
fulcrais para esta análise. Em seguida, tratamos de alguns aspectos gerais concernentes às
discussões feitas sobre gênero na atualidade. Logo após, na terceira parte, discorremos sobre
questões atinentes às designações aqui em foco numa ótica discursiva. A análise propriamente
dita das SDRs encontra-se na última parte.
2. Questões teóricas
Quando, em seu Curso de Linguística Geral, Saussure (1995, p. 21, 22) apresenta uma
de suas mais famosas dicotomias langue x parole e desvincula o individual do social, ele
postula que a fala é sempre individual e que dela o indivíduo é sempre senhor. Ao
argumentar em favor dessa proposição, esse autor dissocia a parole de fatores ligados à ordem
do histórico e do social, elegendo, assim, a langue como objeto de estudo da Linguística,
como o produto que o indivíduo registra passivamente. Com isso, ele abre mão, em seus
estudos, do sujeito enunciador.
Muitas décadas depois dos postulados saussurianos, a Análise de Discurso de Pêcheux
confere ao sujeito lugar de destaque, compreendendo-o fundamentalmente como um ser
histórico e ideológico, dando, pois, lugar ao que Saussure havia relegado. Logo, nossa análise
enfocará o sujeito discursivo que se pronuncia na matéria veiculada pela Revista Veja, pois
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nosso foco é observar seus gestos de interpretação, a partir da mobilização de saberes que
determinam seu olhar em relação à figura da primeira-dama, Marcela Temer.
A AD considera que o sentido das palavras e de expressões, tal como menciona
Pêcheux (1997), não existe ‘em si mesmo’. Em outros termos, isso significa que o sentido não
está ligado ao significante, como propôs Saussure, mas, sim, ao que é determinado pelas
posições ideológicas que estão em jogo nos processos sócio-históricos em que são produzidas
as palavras, expressões e proposições. É a ideologia, segundo Pêcheux (1997, p. 160), que
cumpre o papel de determinar os sentidos: as palavras, expressões, proposições... mudam de
sentido segundo as posições sustentadas por aqueles que as empregam, o quer dizer que elas
adquirem seu sentido em referência a essas posições, isto é, em relação às formações
ideológicas. Logo, para esse autor:
Todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de
si mesmo, se deslocar discursivamente de sentido para derivar por um outro
(a não ser que a proibição da interpretação própria ao logicamente estável se
exerça sobre ele explicitamente). Todo enunciado, toda sequência de
enunciados é, pois, linguisticamente descritível como uma série
(lexicosintaticamente determinada) de pontos de deriva possíveis,
oferecendo lugar à interpretação (PÊCHEUX, 1997, p. 53).
Pelo fato de o discurso se constituir na incompletude, a questão do sentido torna-se
aberta, tendo em vista sua dependência da Formação Discursiva (FD) a que pertencem os
sujeitos. Esse é o motivo, pois, pelo qual o sentido, conforme mencionamos anteriormente,
sempre pode ser outro, justamente por ser determinado pelas formações discursivas.
Considerando, então, a base teórica da AD, o sentido não possui origem nos interlocutores ou
na língua usada por estes, mas corresponde a um efeito do processo de interlocução.
Cabe-nos, aqui, fazer menção ao conceito de formação discursiva, a qual, conforme
Pêcheux, é aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada
numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina ‘o que pode e
deve ser dito’” (PÊCHEUX, 1997, p. 147). Esse conceito é complementado por Orlandi, para
quem diz que tal noção permite compreender o processo de produção dos sentidos, a sua
relação com a ideologia e também ao analista a possibilidade de estabelecer regularidades
no funcionamento do discurso (ORLANDI, 1999, p. 43). Portanto, são as FDs que, em um
dado momento histórico, determinam, no discurso do sujeito, o sentido do seu dizer. Como
refere essa autora, por meio do processo de identificação, o sujeito se inscreve em uma FD
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por meio da qual suas palavras passam a ter um sentido sob um modo que lhe parece natural.
Isso é resultando do mecanismo ideológico, pois, segundo Pêcheux,
é a ideologia que fornece as evidências pelas quais ‘todo mundo sabe’ o que
é um soldado, um operário, um patrão, uma fábrica, uma greve, etc.,
evidências que fazem com que uma palavra ou enunciado ‘queiram dizer o
que realmente dizem’ e que mascarem, assim, sob a ‘transparência da
linguagem’, aquilo que chamaremos o caráter material do sentido das
palavras e dos enunciados (PÊCHEUX, 1997, p.160).
Assim sendo, o sujeito desconhece o modo como os sentidos o afetam, tendo a ilusão
de que a relação entre a língua e aquilo que diz é natural, evidente e inequívoca. No entanto,
o sentido é uma relação determinada do sujeito com a história e é o gesto de interpretação
que realiza essa relação do sujeito com a língua na produção dos sentidos (ORLANDI, 1995,
p. 17).
Consensual em AD, o sentido de uma palavra, empregada em um determinado
enunciado, é visto pela sua incompletude. Isso significa que ele não é local de caminhos
determinados, uma vez que nasce do gesto de interpretação; em outros termos, não sentido
sem interpretação: é preciso interpretar para dizer, estabelecer sentido ao que diz. Eis por que,
então, sempre a possibilidade de o sentido ser outro. Por isso, o analista, para realizar seu
gesto de análise, deve remeter o discurso a determinada(s) FD(s), as quais são regionalizações
do interdiscurso, a fim de que o efeito de sentido seja compreendido, uma vez que ele poderá
ser um dentre outros. Courtine desenvolve a noção de interdiscurso dizendo que é a partir dele
que
poderão ser analisadas as modalidades de assujeitamento. Com efeito, o
interdiscurso é o lugar no qual se constituem, para um sujeito falante que
produz uma sequência discursiva dominada por uma formação discursiva
(FD) determinada, os objetos de que esse sujeito enunciador se apropria para
fazer deles objetos de seu discurso, bem como as articulações entre esses
objetos, pelos quais o sujeito enunciador vai dar uma coerência a seu
propósito... (COURTINE, 1981, p. 54).
Sendo assim, faz-se presente, no interdiscurso, uma voz que se apropria de outros
discursos que são reatualizados, fazendo surgir novos dizeres. Esse é, portanto, o instante em
que aquele que fala torna-se, por meio da interpelação ideológica, sujeito de seu discurso,
conforme definiu Althusser (1992) em sua obra Aparelhos Ideológicos do Estado. Para
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Pêcheux (1997), tal interpelação, a qual transforma os indivíduos em sujeitos de seu discurso,
se deve às formações discursivas que representam na linguagem as formações ideológicas que
lhes são correspondentes.
De acordo com Pêcheux, o sujeito discursivo “se constitui pelo ‘esquecimento
daquilo que o determina’ (PÊCHEUX, (1988 [1975], p. 163). O sujeito apresenta uma
característica que lhe é peculiar, qual seja, é constituído de dois tipos de esquecimentos. O
primeiro, chamado de Esquecimento número 1, “não pode, por definição, se encontrar no
exterior da formação discursiva que o domina”. Apresenta, como marca fundamental, a
inconsciência, ou seja, é desprovido da consciência da maneira como os acontecimentos
passam a fazer para ele sentido. Sendo assim, seria impossível para o sujeito ser a fonte de seu
dizer, ainda que creia ser o senhor de suas palavras. Diferentemente do primeiro, o
Esquecimento número 2 caracteriza-se pela ilusão do sujeito de que é ele o senhor daquilo que
fala, podendo escolher as palavras e controlando o(s) sentido(s) nos enunciados.
Esses dois tipos de esquecimento são necessários ao sujeito, que precisa crer-se como
fonte e dono de seu dizer. Assim, tendo a ilusão de que aquilo que fala apresenta um
significado apenas, acredita que seu interlocutor captará suas palavras de forma semelhante a
ele. O sujeito, então, não pode ser concebido como aquele que possui controle das intenções
em seu dizer, uma vez que em AD não intenções, como se estivessem em sua origem os
sentidos do que diz.
A AD considera que o sujeito, para além de enunciar a partir da(s) posição(ões)
ocupada(s) na sociedade, enuncia a partir do lugar ideológico que ocupa. Assim, no instante
em que este sujeito profere uma determinada palavra, ativa processos histórico-sociais dos
quais nem mesmo ele tem consciência. Nesse aspecto, Orlandi (1999) diz que os sentidos não
estão contidos apenas nas palavras proferidas nos enunciados, mas, sim, presentes igualmente
no exterior à língua, independentes, portanto, das intenções dos sujeitos.
No discurso aqui em análise, há, por meio do uso de um conjunto de palavras, saberes
historicamente construídos acerca do papel de submissão e de exclusão ocupado pela mulher
na sociedade brasileira ao longo dos séculos, os quais são responsáveis por determinar não
as palavras usadas pelo sujeito discursivo, como também os sentidos que delas emergem; em
outros termos, esse sujeito, inconscientemente, se apropria de tais saberes para fortalecer o
discurso androcentrista em seu dizer.
3. Discursos habitam corpos: a questão de gênero
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As questões de gênero na sociedade brasileira são ainda marcadas por uma forte
tensão de poder, gerando desigualdades entre homens e mulheres e fortalecendo-se no interior
de determinados grupos sociais cujas práticas e discursos excludentes submetem-nas, muitas
vezes, à invisibilidade. Graças ao surgimento de movimentos feministas, que ganharam força,
principalmente no culo passado, cria-se um tipo de discurso, até então inexistente, pautado
pela luta das mulheres em prol de seu espaço na sociedade. Tais movimentos promoveram,
conforme aponta Butler (2010), o surgimento de uma linguagem capaz de representá-las
completa ou adequadamente, com o objetivo de promover a sua visibilidade política, tirando-
as, assim, da condição de invisibilidade a que estiveram submetidas ao longo dos séculos.
Iniciavam-se, assim, discussões sobre a constituição das mulheres como sujeitos políticos,
partícipes da sociedade, não somente para fazer parte desta, mas, sobretudo, para ajudar a
construí-la e a modificá-la com seu trabalho.
Desenvolve-se no campo discursivo, como dissemos, um discurso em defesa da
visibilidade política feminina, que, como mencionou Butler, a vida das mulheres era mal
representada ou simplesmente não representada (2010, p. 18). A autora adverte, no entanto,
que não
basta inquirir como as mulheres podem se fazer representar mais plenamente
na linguagem e na política. A crítica feminista também deve compreender
como a categoria das “mulheres”, o sujeito do feminismo, é produzida e
reprimida pelas mesmas estruturas de poder por intermédio das quais se
busca a emancipação (BUTLER, 2010, p. 19).
Louro (1997) menciona que esses movimentos feministas foram criados com o intuito
de as mulheres saírem da ocultação imposta pelo homem ao longo dos séculos e se tornarem
visíveis para a sociedade. Embora se reconheçam grandes conquistas das mulheres ao longo
dessas décadas, vivemos, como afirma a autora, em uma sociedade falocêntrica, na qual ainda
reina o homem, posição essa que, segundo Bourdieu, se afirma na objetividade de estruturas
sociais e de atividades produtivas e reprodutivas baseadas em uma divisão sexual do trabalho
de produção e de reprodução biológica e social que confere aos homens a melhor parte
(BOURDIEU, 1999, p. 45). Para o autor, o androcentrismo, por meio do habitus, torna-se
uma prática adotada inclusive por muitas mulheres.
Em nosso país, a origem disso remonta ao Brasil colonial, período em que as mulheres
passaram a ser vítimas de preconceitos tanto da parte do Estado, quanto da parte da Igreja
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Católica, sabendo esta explorar as relações entre homens e mulheres por meio de um discurso
que foi decisivo para a construção de uma imagem de mulher servil, submissa e frágil, presa
ao reduto do lar. A moral dominante da Igreja Católica contribuiu, e muito, segundo Louro,
para a construção de uma imagem feminina ideal:
Ainda que a República formalizasse a separação da Igreja Católica do
Estado, permaneceria como dominante a moral religiosa, que apontava para
as mulheres a dicotomia entre Eva e Maria. A escolha entre esses dois
modelos representava, na verdade, uma não-escolha, pois se esperava que as
meninas e jovens construíssem suas vidas pela imagem de pureza da
Virgem. Através do símbolo mariano se apelava tanto para a sagrada missão
da maternidade quanto para a manutenção da pureza feminina. Esse ideal
feminino implicava o recato e o pudor, a busca constante de uma perfeição
moral, a aceitação de sacrifícios, a ação educadora dos filhos e filhas
(LOURO, 2006, p. 447).
As diferenças de gênero construídas ao longo dos anos e fortalecidas por grupos
sociais determinados não cessaram, porém, com o surgimento e o fortalecimento dos
movimentos feministas; ao contrário, são reiterados continuamente discursos excludentes
endereçados à mulher, como poderemos observar na análise apresentada na quinta seção deste
trabalho.
4. Para além do sentido dicionarizado
Nas SDRs tomadas aqui como objeto de análise, deteremos nosso olhar
especificamente nas designações, identificadas pela presença de adjetivos e de locuções
adjetivas, que serviram para qualificar positivamente a primeira-dama e seu marido Michel
Temer, mas cujo funcionamento discursivo permite-nos, como veremos na próxima seção,
pensá-los sob outro viés, em que são apontados efeitos de sentidos a partir de tal uso.
O processo de designação é aqui entendido nos mesmos termos que o proposto por
Guimarães (2005), qual seja, a de um recorte do mundo carregado de historicidade. Conforme
esse autor, designação remete à significação de um nome, mas não enquanto algo abstrato.
“Seria a significação enquanto algo próprio das relações de linguagem, mas enquanto uma
relação linguística (simbólica) remetida ao real, exposta ao real, ou seja, enquanto uma
relação tomada na história” (GUIMARÃES, 2005, p. 9).
Para esse autor, o sentido atribuído hoje a um termo, em um discurso específico, é o
produto de um processo de nomeação iniciado no passado. Ou seja, se hoje esse mesmo termo
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significa de uma forma, e não de outra, é porque ele carrega sua historicidade de nomeações e
de referências realizadas
3
. Na visão do autor, é isso, portanto, que constitui as designações.
Concebê-las, então, como uma referência específica a determinado nome excluiria as diversas
maneiras pelas quais diferentes designações se referem ao mesmo sujeito.
Indo nessa direção, pensamos a designação como uma construção resultante não de
operações linguísticas, mas também de processos discursivos envolvidos. Sendo assim,
propomos identificar indícios que, em uma ligação particular do acontecimento discursivo
com aquilo que é evidenciado pelo interdiscurso, permitam considerar válidos, por meio do
uso das designações presentes nas três SDRs analisadas, sentidos outros atribuídos à
personagem aqui em foco, questão da qual nos ocuparemos na próxima seção.
Eis as três SDRs a serem analisadas:
SDR1 Marcela Temer: bela, recatada e “do lar”
SDR2 Marcela Temer é uma mulher de sorte.
SDR3 Michel Temer é um homem de sorte.
Nessas SDRs, tais designações organizam-se como componentes linguísticos presentes
na matéria jornalística chamados, pela gramática tradicional, como adjetivos e locuções
adjetivas , que caracterizam um nome, delimitando-o, segundo podemos observar pela
definição encontrada em uma gramática da Língua Portuguesa: É a classe de lexema que se
caracteriza por constituir a delimitação, isto é, por caracterizar as possibilidades designativas
do substantivo, orientando delimitadamente a referência a uma parte ou a um aspecto do
denotado. (BECHARA, 2007, p. 142).
Quando, como visto anteriormente, partilhamos do pensamento de que as palavras
mudam de significado segundo as posições ideológicas que estão em jogo nos processos
sócio-históricos, recebendo seus sentidos de formações discursivas em suas relações
(ORLANDI, 1999, p. 46), estamos chamando a atenção para o fato de que os sentidos
oferecidos pelo dicionário praticamente se esvaziam, perdendo seu efeito. Logo, ao
rejeitarmos o pensamento de que os significados atribuídos a um termo pelo dicionário são
verdades indiscutíveis, estamos concordando com a ideia de que fatores exteriores, como o
social e o histórico, participam do processo de significação de uma palavra.
3
No âmbito da AD, diríamos que o sentido desse termo seria oriundo da formação discursiva da qual este
provém.
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Assim, uma consulta a um dicionário da língua portuguesa nos mostraria que o termo
recatada, presente na SDR1, por exemplo, possui vários sentidos, entre eles, os de tímida,
casta, prudente e modesta. Logo, a tomada de qualquer um desses sentidos não pode e não
deve ser concebida como uma escolha trivial por parte do sujeito discursivo ao qualificar com
designações positivas Marcela Temer. Dizemos que são positivas tais designações por
reconhecermos a existência de saberes construídos historicamente que nos permitem remeter
bela, recatada e do lar’” a atribuições afirmativas endereçadas a uma mulher. Considerando,
então, o que acabamos de mencionar, analisaremos as designações que, ao serem reportadas à
Marcela Temer, permitem outros efeitos de sentido, mobilizando dizeres e sentidos outros que
a legitimam como deve ser a mulher ideal para um chefe de estado.
5. Um recorte, alguns sentidos
No corpus discursivo em questão, fazem-se presentes determinados termos e
expressões que, aparentemente, teriam a função de qualificar positivamente a primeira-dama
Marcela Temer. De acordo com a linguística imanente, esses elementos linguísticos são
apontados como qualificadores de um nome, mas, como mostraremos a seguir, o
funcionamento discursivo desses termos na materialidade linguística aponta a existência de
um discurso preconceituoso, carregado de valores sócio-historicamente constituídos a respeito
da mulher. Nosso gesto de análise irá na direção de salientar que emerge um conjunto de
saberes provenientes do interdiscurso, os quais foram produzidos por diferentes sujeitos em
distintas épocas e lugares.
Inicialmente, lançamos mão da SDR1 presente no título da matéria jornalística
Marcela Temer: bela, recatada e “do lar” , a qual veicula saberes discursivos construídos
ao longo da história sobre cada uma das três denominações, quais sejam, bela, recatada e “do
lar”. A primeira designação presente nessa SD é bela, elemento que funciona
linguisticamente como um dos caracterizadores usados pelo sujeito discursivo endereçados à
esposa do presidente Michel Temer e que apresenta um juízo de valor sobre ela: Marcela
Temer é uma mulher bonita. A questão, entretanto, que nos interessa aqui discutir é o que essa
palavra tem a dizer discursivamente e qual o efeito de sentido que emerge de tal emprego em
um discurso como esse.
A carga ideológica por trás dessa formulação aparentemente banal, nesse discurso em
específico, deixa entrever a força de um discurso que foi se constituindo ao longo da história
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e constantemente reiterado pela mídia acerca das mulheres, sustentado por uma visão
dominante que considera apenas as mulheres belas motivo de admiração e de desejo,
descartando as que são desprovidas dos atributos atinentes ao padrão de beleza feminino
construído culturamente. Assim, é do interdiscurso, ou seja, “do conjunto de formulações
feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos”, segundo (ORLANDI, 1999, p. 33), que
advêm dizeres sinalizando qual deve ser o perfil ideal de mulher, no qual deverão se fazer
presentes a beleza, a elegância, a jovialidade.
Com efeito, da força desse discurso advém a segregação das mulheres, dividindo-as
em grupos (as belas de um lado, as desprovidas de beleza de outro) e excluindo-as da
participação de algumas funções e de determinados setores da sociedade. Ser bela, então,
torna-se uma afirmação de poder, de maneira que a não adequação a esse contexto
historicamente construído, que perpetua concepções de belo e feio marcadas por
admiração/atração versus repulsa, confirma o androcentrismo pelo qual, de alguma forma,
ainda somos constituídos. Assim sendo, ao atribuir-se essa designação à Marcela Temer,
reafirma-se uma posição discursiva de intolerância para com as mulheres que se distanciam da
ditadura da beleza imposta pela sociedade.
O termo recatada, por sua vez, é outra designação usada pelo sujeito discursivo com a
finalidade de também caracterizar positivamente a primeira-dama, trazendo, conforme
apontam os dicionários, os sentidos de “quieta, tímida, envergonhada”. Tal como a palavra
bela, surgem do uso dessa designação alguns saberes resgatados pelo interdiscurso.
Historicamente construídos e aceitos pela/na sociedade, esses saberes mostram a visão
política e ideológica do que é ser uma mulher ideal, perspectiva essa que diz como ela tem de
ser e se comportar socialmente, devendo ser tolhida e comedida e ter total controle do corpo e
do desejo. Nesse enunciado, a presença de recatada confirma o fato de que a mulher brasileira
carrega o fardo do discurso moralizante que tem origem, como dissemos na seção anterior, em
práticas do catolicismo, o qual ainda permanece ditando regras e comportamentos a serem
seguidos pelas mulheres.
No corpus discursivo em questão, outros enunciados pertencentes à formação
discursiva falocêntrica que se relacionam e se articulam com essa SDR, constituindo-se,
assim, uma teia discursiva que irá sustentar e fortalecer a posição assumida pelo sujeito
discursivo acerca de Marcela Temer e das mulheres como um todo. É o caso das SDRs
aparece em público pouquíssimas vezes/gosta de vestidos na altura dos joelhos/gosta de
cores discretas/foi acompanhada pela mãe no primeiro encontro com Michel Temer, as quais
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remetem à memória discursiva de que comportamentos como esses são os esperados pelos
homens, que desejam casar-se com mulheres discretas e comportadas e que aceitem ordens,
enquanto permanecem em casa cuidando dele, dos filhos e dos afazeres domésticos.
O sujeito discursivo conclui a sequência de termos atribuídos à Marcela Temer com o
emprego da designação do lar. Por meio dessa expressão, percebemos também aqui a
presença de saberes sócio-históricos referentes à mulher. Mais uma vez o sujeito discursivo
resgata do interdiscurso esses saberes preconceituosos, segundo os quais uma mulher do lar
é vista perante a sociedade como a ideal para o casamento, servindo de modelo às demais.
Swain chama a atenção para o fato de que as representações sociais, em um tempo e local
determinados, são também reatualizações de imagens que permanecem alojadas nos nichos do
interdiscurso (SWAIN, 2001, p. 15). Assim, com o uso de tal expressão no discurso
veiculado pela revista Veja, observamos uma atualização desses valores endereçados às
mulheres, muitas vezes camuflados de misoginia, como fica claro nesta SD: Marcela é uma
vice-primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola,
cuidar da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também.
Em suma, a primeira-dama é relegada a uma vida servil, cuja função é cuidar do lar,
dos filhos e satisfazer o chefe da família, sustentando, assim, uma prática social de exclusão e
de submissão do feminino. Articuladas, essas três designações veiculam saberes que ratificam
a inscrição do sujeito discursivo a uma FD preconceituosa, machista, como pode ser constado
mais uma vez por este enunciado: é o braço digital do vice. Está constantemente de olho nas
redes sociais e mantém o marido informado sobre a temperatura ambiente, tudo isso numa
condição de quase invisibilidade social atuando na esfera do privado.
Uma vez mais a mulher é concebida sob o olhar machista. Esse sentido de mulher
encontrou amparo, como lembra Swain, no discurso religioso, para o qual ela tem de servir o
marido. Essa autora lembra que somente
os discursos religiosos integristas ou de extrema direita se permitem, na
atualidade, declarações de um tal teor pejorativo sobre as mulheres;
entretanto, os ditos populares, as piadas, as letras de música e as
representações sociais que encontramos em imagens e textos midiáticos
reformulam o atrelamento da mulher a seu corpo e à natureza “feminina”
(SWAIN, 2001, p. 17).
A outra SDR de que nos ocuparemos inicia a matéria Marcela Temer é uma mulher
de sorte, funcionando como mote para enumerar outras qualidades e características que fazem
Polifonia, Cuiabá-MT, v. 25, n.37.1, p. 01-170, jan.-abril.2018.
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de Marcela Temer, segundo o sujeito discursivo, uma mulher de sorte. Essa SDR compreende
um enunciado cuja estrutura não apresenta complexidade e cuja linguagem é bastante simples
aos interlocutores, não requerendo, pois, esforço de compreensão por parte destes.
Discursivamente, ela funciona como uma frase de efeito, da qual destacamos a expressão de
sorte.
Se recorrermos ao senso comum, constataremos que tal designação remete a um
fenômeno que possui a capacidade de influenciar positiva (com sorte) ou negativamente (sem
sorte) a vida daqueles que nela creem, sem que haja, para tanto, uma justificativa racional.
Aqui no Brasil, como em muitos outros lugares do mundo, um número expressivo de
sujeitos que acredita na existência da sorte e, consequentemente, na influência desta em suas
vidas. Para estes, a sorte pode vir de forças ligadas ao mundo espiritual.
Poderíamos nos perguntar qual a razão de ser Marcela Temer uma mulher de sorte: por
possuir todas as características enumeradas pelo sujeito discursivo que a tornam o sonho de
mulher para qualquer homem?; por ser ela casada com o homem que ocupa atualmente o mais
alto cargo político do país? Parece-nos que, quando relacionada à visão de sorte advinda do
senso comum, a resposta parece estar nessa última possibilidade. Assim, tal designação
veicula dizeres que apontam para a direção de que a primeira-dama é uma mulher de sorte por
ser casada com um homem importante e poderoso.
Depois de ser descrito todo um comportamento de Marcela Temer o qual é
compreendido como ideal para uma mulher (recatada, do lar, usa vestidos na altura do joelho,
gosta de cores claras) , o sujeito discursivo, mantendo a estratégia discursiva apresentada no
início da matéria, finaliza seu discurso arrematando-o com a SDR Michel Temer é um homem
de sorte. Como vemos, ele repete, no intradiscurso, a mesma estrutura linguística verificada
na SDR2, focalizando agora o presidente, mas cujos efeitos de sentido são tão ou mais
contundentes quanto os observados na SDR2.
Poderíamos nos perguntar, assim como fizemos anteriormente, por que seria Michel
Temer um homem de sorte: por ser casado com uma mulher 43 anos mais jovem e com a qual
possui um filho?; por ser casado com uma mulher que possui atributos que despertariam a
atenção de qualquer homem?; ou ainda por estar casado com uma mulher “perfeita” e que se
contenta a uma condição de quase invisibilidade ao seu lado?
Por meio desse enunciado, percebemos um efeito de sentido que potencializa a
posição machista que perpassa todo o texto, verificada mesmo a partir do título.
Considerando, então, todos os saberes veiculados pelas outras SDRs acerca da posição e da
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concepção que possui o sujeito discursivo acerca do feminino, poderíamos pensar que Temer
é um homem de sorte porque uma mulher que se anula ao seu lado numa condição de
quase invisibilidade , atendendo aos ideais machistas sócio-historicamente constituídos.
Swain diz que ao feminino, o mundo do sentimento, da intuição, da domesticidade, da
inaptidão, do particular; ao masculino, a racionalidade, a praticidade, a gerência do universo e
do universal (SWAIN, 2001, p. 17). Assim é a vida do casal Temer: à mulher, a esfera
privada; ao homem, a pública.
6. Algumas palavras a mais
Embora tenha havido muitos avanços em tordo das discussões sobre gênero e as
mulheres venham conquistando cada vez mais espaços em nossa sociedade, o gesto de análise
realizado neste estudo apontou que elas ainda presenciam as amarguras do preconceito
advindo de grupos sociais portadores de atitudes machistas, ancoradas em práticas e discursos
historicamente construídos. Assim, neste trabalho, procuramos mostrar, baseados nos
pressupostos teóricos da AD de Pêcheux, que tal preconceito pode fazer-se presente mesmo
no uso de algumas palavras aparentemente inocentes, despretenciosas, como foi o caso das
designações empregadas na matéria da Revista Veja sobre Marcela Temer, esposa do
Presidente da República.
Logo, as escolhas “linguísticas” resultantes do esquecimento número 2, as quais
remetem a saberes de uma FD machista, reforçam a ideia da posição de invisibilidade
assumida pela primeira-dama, existindo como sombra do presidente, e também como a
imagem ideal de esposa de político. Portanto, nesse discurso, uma posição-sujeito que
Marcela Temer como uma figura feminina ideal, como o ideal de mulher para um presidente
da república.
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