“pedio” e “compareceo”, em que podemos notá-lo constituindo um ditongo. Além disso, parece
ter havido também aqui a hipercorreção, pela suposição de que o “u” é a semivogal do ditongo
final de palavra, devido à sua pronúncia como tal, conquanto na escrita alterne-se com “o”. Os
vocábulos “arueira” (4) e “quatru” (2), que fazem parte da variação do grafema “o” (Tipo 5),
possivelmente foram grafados desta maneira por influência da pronúncia.
Das variações com “u” por “i” (Tipo 6), tivemos apenas os vocábulos “dous” (29) e
“cousas” (5). A esse respeito, Nunes (1945, p. 170-204) afirma que: “O ditongo ou, quer latino,
quer romântico, alterna na língua moderna com oi, dizendo-se hoje indiferentemente ouro,
touro, cousa, couro, tesoura, agouro, etc., ou oiro, toiro, coisa, coiro, tesoira, agoiro, etc.” Na
obra de Feijó (1861, p. 259;240), assim como na de Viana (1945, p. 170;204), os dois vocábulos
encontram-se escritos nas duas formas referidas. Isso mostra que a alternância entre elas era
admitida pelos padrões gráficos da língua naquele momento.
As variações na ditongação final nasal (Tipo 7) representam o segundo maior número
de variantes gráficas encontradas no corpus, com cento e trinta e três (133) vocábulos. Alguns
vocábulos têm sua marca de nasalidade no sinal gráfico til sobre a vogal “a” e, em outros, ela
expressa-se através do grafema “m”, como observa-se respectivamente em tinhão e procuraçam.
Podemos observar que alguns dos verbos encontrados no documento, como “houverão”
(2), “achão” (3), “tinhão” (6), “assignarão” (6) e “comparecerão” (3), sempre vêm grafados
com “ão”. No corpus, esses verbos remetem ora ao presente, ora ao pretérito perfeito ou, ainda,
ao imperfeito do indicativo, o que não se admite na grafia atual, em que o “ão” denota o futuro
do presente. Feijó (1861) discorda de alguns autores que propõem que todas as formas verbais
da terceira pessoa do plural, independente do tempo e do modo verbal, sejam grafadas com “ão”
e sugere uma forma de diferenciação:
Eu porém respondo com distincção, e digo: que todos os nomes, que acabão com som
forte, ou em que carregamos mais na pronunciação, se escrevão com ão, como Alemão,
Christão, João, Sebastião, &c. E os que forem breves, terão accento na penultima, ou
na vogal antecedente: como Christóvão, Estêvão, &c. Nas linguagens dos verbos, as
que acabarem breves, terão os mesmos accentos nas vogais penultimas ao dithongo,
como: Elles amárão, Ensinárão, Lérão, Ouvírão do pretérito; e as que forem longas,
não terão os taes accentos. (FEIJÓ, 1861, p. 80)
O autor propõe que no pretérito os verbos recebam um acento na penúltima sílaba, o
que não ocorreria quando os verbos estavam nos tempos futuros. Mas não se mostrou um
critério suficiente e, por isso, não se efetivou na marcação modo-temporal dos verbos referidos.
Nos dias atuais, a ortografia, para indicar o pretérito dos verbos e fazer essa diferenciação,