Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 128-133, 2023.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v11i1.15068
ISSN: 2318-7670
Otimização de pontos amostrais ao longo do fuste para determinação da
densidade básica da madeira de
Eucalyptus saligna
Laíse Vergara NÖRNBERG1* , Gabriel Valim CARDOSO1, Marco Antônio Muniz FERNANDES1,
Osmarino Pires dos SANTOS2, Nathalia PIMENTEL2
1 Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.
2 CMPC Celulose Riograndense, Guaíba, RS, Brasil.
*E-mail: laisenornberg@gmail.com
Submetido em 28/02/2023; Aceito em 13/04/2023; Publicado em 17/04/2023.
RESUMO: A densidade básica da madeira possui grande importância no controle de qualidade da madeira,
devido a fácil determinação e alta correlação com as demais características da madeira, porém esta possui grande
variabilidade no sentido longitudinal do tronco. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo analisar
possíveis otimizações de pontos amostrais ao longo do fuste para a determinação da densidade básica da
madeira de Eucalyptus saligna. As árvores foram amostradas em 0%, diâmetro na altura do peito (DAP), 33%,
66% e 100% da altura comercial. A partir da densidade básica pontual foram definidas a densidade média
ponderada pelo volume e a densidade média aritmética da árvore. Os resultados demonstraram que não se pode
assumir que a densidade média aritmética equivale ao valor da densidade média ponderada pelo volume da
madeira de Eucalyptus saligna. Não foi possível determinar um único ponto ótimo de amostragem, ressaltando
ainda que a amostragem na altura referente ao DAP não é indicada. Utilizando-se da combinação de dois pontos
amostrais, as posições DAP e 33% apresentaram melhor estimativa da densidade básica. com três pontos
amostrais, a estimativa da densidade básica pode ser obtida com alta precisão, se a amostragem for realizada
nas posições DAP, 33% e 66%.
Palavras-chave: qualidade da madeira; massa específica básica; variação longitudinal.
Sampling points optimization along the stem to determine the wood basic density
of
Eucalyptus saligna
ABSTRACT: The wood basic density is important for wood quality control, because it is easy to determine
and has high correlation with other wood characteristics, however, basic density has wide variability even in the
same tree, mainly along stem longitudinal direction. In this context, this study objective was to analyze different
possibilities to sampling points optimization along the stem to determine the wood basic density of Eucalyptus
saligna. At the trees were sampled at heights for 0%, diameter at breast height (DBH), 33%, 66% and 100%
commercial height. From punctual basic density, average density weighted by volume and arithmetic average
density of each tree were defined. The results showed that it is not possible to assumed with statistical certainty
that the arithmetic average density accurately estimates the value of Eucalyptus saligna wood weighted average
density. Determine a single optimal sampling point was not possible, it is worth mentioning that sampling only
at height referring to DBH is not indicated. Using two sample points combination, DBH and 33% positions
presented wood basic density best estimate. With three sampling points, density estimate can be obtained with
high precision, if sampling is performed in DBH, 33% e 66% positions.
Keywords: wood quality; specific gravity; longitudinal variation.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o setor de árvores plantadas conta com uma
área total de 9,0 milhões de hectares, onde desse total 77%,
ou seja, 6,9 milhões de hectares correspondem ao cultivo de
eucalipto (IBÁ, 2020). A elevada distribuição e representação
deste gênero se deve principalmente por este possuir alta
produtividade florestal e boa qualidade da madeira para
atender ao mercado do país, o que ocorre devido a diversos
fatores como as condições ambientais e de solo e o material
genético (COELHO et al., 2020).
Além disso, a madeira se caracteriza como um material de
grande variabilidade que permite ser aplicada para diferentes
finalidades. Entretanto, para cada finalidade onde a madeira
é empregada é exigido que a mesma apresente características
específicas, as quais estão diretamente relacionadas ao
processo produtivo e a qualidade do produto final (COUTO
et al., 2012).
Dentre as propriedades tecnológicas monitoradas pelo
controle de qualidade da madeira, destaca-se a densidade
básica que é definida como a quantidade de massa lenhosa
contida em um determinado volume. Este destaque é tido em
consequência da facilidade para sua determinação, da sua
correlação com as demais propriedades físico-químicas e,
também, devido seu efeito direto sobre o desempenho
operacional e econômico dos mais diversos processos
produtivos nos quais a madeira participa (BENJAMIN;
BALLARIN, 2003; COUTO et al., 2012; BOSCHETTI et al.,
2020).
Nörnberg et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 128-133, 2023.
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Apesar do fato de que a densidade básica tem sido
classificada como um dos principais índices de qualidade da
madeira, no momento de sua determinação se deve
considerar os diversos níveis de variação desta propriedade,
onde, se tratando a nível de um mesmo fuste, as principais
variações que podem ocorrer são no sentido radial e
longitudinal do tronco. Sobretudo, esta variação ressalta a
importância de se determinar uma amostragem adequada
para a determinação da densidade da madeira, principalmente
em relação a amostragem longitudinal, a qual deve abranger
toda variabilidade que ocorre da base ao topo da árvore
(COUTO et al., 2012).
Todavia, mesmo que o cenário ideal seja a amostragem
completa da altura do fuste, isto na maioria das vezes é
inviabilizado pelos custos econômicos envolvidos neste
procedimento e pela utilização pretendida para as árvores.
Ainda se ressalta que, comumente, na tentativa da otimização
da amostragem longitudinal a mesma é realizada apenas na
altura do peito (DAP), devido a sua facilidade laboral, porém
esta é uma prática de grande divergência na literatura, que
muitas espécies de Eucalyptus apresentam redução da
densidade na altura do DAP, podendo vir a subestimar a
densidade básica média da árvore por meio da amostragem
apenas neste ponto (BOSCHETTI et al., 2020).
Dentro deste contexto, o presente trabalho teve como
objetivo analisar diferentes possibilidades de otimização de
pontos amostrais ao longo do fuste para a determinação da
densidade básica da madeira de um clone de Eucalyptus saligna,
considerando o contraste de dois locais de plantio distintos e
visando analisar a variação longitudinal da densidade básica
da madeira.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Caracterização da madeira e da área de estudo
Para a realização deste estudo foram utilizadas árvores de
um mesmo clone de Eucalyptus saligna¸ oriundas de dois
plantios distintos pertencentes a empresa CMPC Celulose
Riograndense. Ambos os plantios amostrados possuíam 8
anos de idade, ficavam localizados no Estado do Rio Grande
do Sul. O Local A apresentava um espaçamento de plantio
quadrático de 3,00 x 3,00 (m x m), ficava localizado na região
Centro Sul do estado, e apresentava uma temperatura mínima
e máxima anual de 10,3 °C e 30,8 °C, respectivamente, bem
como uma precipitação média anual de 111,77 mm. Já o
Local B apresentava um espaçamento de plantio retangular
de 4,00 x 2,25 (m x m) ficava localizado na região Vale do Rio
Pardo do estado, e apresentava uma temperatura mínima e
máxima anual de 8,8 °C e 29,7 °C, respectivamente, bem
como uma precipitação média anual de 136,69 mm (IRGA,
2021).
2.2. Delineamento amostral
Conforme procedimento de amostragem para árvores em
pé, descrito por NBR 14 660 (ABNT, 2004), optou-se por
subdividir cada local de plantio em 7 parcelas e realizar a
amostragem ao acaso de 3 árvores em cada uma dessas
parcelas, evitando indivíduos localizados na bordadura do
plantio.
Cada árvore passou por uma amostragem, onde fora
seccionada nas alturas de 0%, DAP (referente a região da
altura do peito igual a 1,30 m), 33%, 66% e 100%, onde as
porcentagens foram referentes à altura comercial de diâmetro
mínimo igual a 5 cm. Para a definição do volume de cada
tora gerada, bem como o volume total do fuste comercial,
realizou-se a cubagem da árvore, onde se mensurou o
diâmetro de cada ponto analisado e também se definiu o
comprimento total de cada tora localizada entre os pontos
amostrais. Após, foram retirados discos de aproximadamente
4 cm de espessura, correspondentes as alturas citadas
anteriormente.
2.3. Determinação da densidade básica da madeira
Os discos, obtidos conforme o procedimento descrito
anteriormente, foram seccionados em quatro cunhas
passando pela medula, sendo estas cunhas com
aproximadamente ¼ de tamanho do disco. Posteriormente,
foi utilizado uma cunha de cada disco para a determinação da
densidade básica da madeira, com base na norma SCAN-CM
43:95 (1995).
Para a determinação da densidade básica média da
madeira, utilizou-se de dois métodos, sendo o primeiro deles
referente a densidade básica média ponderada pelo volume
(Equação 1). Destacando-se que a nível de comparação a
DBmp foi considerada como sendo o método de referência,
devido a sua capacidade de estimar a densidade média da
árvore considerando a sua forma.
DBmp=(DBm(0%-DAP)×V(0%-DAP))+ … +(DBm(66-100%)×V(66-100%))
V(0%-DAP)+V(DAP-33%)+V(33-66%)+V(66-100%) (01)
em que: DBmp = densidade básica média ponderada (g/cm³), DBm(p-
(p+1)) = densidade básica média entre duas posições consecutivas
(g/cm³) e V(p-(p+1)) = volume da seção entre as posições consecutivas
(cm³) determinado conforme a equação de Smalian (Equação 2).
Vs= gi+ g(i+1)
2 × Li (02)
em que: Vs = volume referente a cada tora entre os pontos
amostrados (cm³), gi = área transversal considerando o diâmetro do
início da tora (cm²), gi+1 = área transversal considerando o diâmetro
final da tora (cm²) e Li = comprimento total da tora (cm).
o segundo método de determinação da densidade
básica média da madeira, chamado de densidade básica média
aritmética (Equação 3), foi considerado como sendo um
método alternativo, pois, como não depende da cubagem
rigorosa para definição do volume da árvore, a amostragem
para a sua definição é considerada mais simples e mais usual
a nível operacional.
DBma= (DB0% + DBDAP+ DB33%+ DB66%+ DB100%)
5 (03)
em que: DBma = densidade básica média aritmética (g/cm³) e DB(p)
= densidade básica de cada posição (g/cm³).
2.4. Ponto ótimo de amostragem
Visando estimar a viabilidade da redução de pontos
amostrais ao longo do fuste, focando principalmente na
amostragem ao nível do DAP, foram estabelecidos modelos
de regressão linear simples entre a densidade básica média
ponderada pelo volume, considerado como o método de
referência, e a densidade básica referente a cada ponto
amostral, além da realização de análise de correlação entre os
métodos contrastados.
2.5. Otimização de pontos amostrais
Visando estimar a viabilidade da redução de pontos
amostrais ao longo do fuste, foram determinados modelos
Otimização de pontos amostrais ao longo do fuste para determinação da densidade básica da madeira ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 128-133, 2023.
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alternativos de combinação dos pontos amostrais analisados.
Estas alternativas, por sua vez, foram baseadas em todas as
combinações possíveis com dois e três pontos amostrais e o
valor de densidade básica de cada uma delas foi definido
como sendo a média aritmética da densidade dos pontos
amostrais utilizados na construção da mesma.
Estas alternativas foram elencadas com base nos maiores
coeficientes de correlação e de determinação, referentes,
respectivamente, às análises de coeficiente de correlação de
Pearson e de regressão linear simples, as quais foram
realizadas entre a densidade básica média ponderada pelo
volume e a densidade básica média da alternativa.
3. RESULTADOS
3.1. Densidade básica média da madeira e sua variação
longitudinal
Conforme pode ser observado na Tabela 1, a análise
comparativa entre a densidade básica média aritmética e
densidade básica média ponderada demonstrou que, apesar
das análises de correlação e de determinação demonstrarem
coeficientes significativos para ambos os locais de plantios
analisados, no Local A houve diferença significativa entre os
métodos de determinação de densidade, enquanto no Local
B a DBmp e a DBma não apresentaram diferença estatística
entre si.
Tabela 1. Análise comparativa entre densidade básica média
ponderada (DBmp) e densidade básica média aritmética (DBma).
Table 1. Comparative analysis between weighted average density
(BDwa) and arithmetic average density (BDaa).
Parâmetro
Local A
Local B
DB
mp
(g/cm³)
0,4644
bB
0,4734
aA
DB
ma
(g/cm³)
0,4736
aA
0,4750
aA
Correlação
0,8916
0,8996
R² (%)
79,49
80,93
DP = Desvio padrão. Correlação indica o coeficiente de correlação de
Pearson e se refere ao coeficiente de determinação da regressão linear
simples, todos respectivos a relação entre DBmp e DBma para um mesmo
local. Médias seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna e maiúscula
na linha, não demonstram diferença estatística pelo teste de Tukey, a um
nível de 95% de confiança.
na Figura 1 é possível analisar a variação longitudinal
da densidade básica da madeira de Eucalyptus saligna, para cada
um dos locais de plantio analisados. Observa-se que, em
ambos os locais, a densidade demonstrou um mesmo perfil
geral de variação, caracterizada pela redução da densidade
básica da base ao topo da árvore.
Entretanto, ao se deter nas especificidades da variação
longitudinal da densidade básica da madeira de cada um dos
locais de plantio, percebe-se que, apesar de ambos os locais
demonstrarem o mesmo perfil geral de variação, a densidade
básica entre as alturas 33% e 66% demonstrou aumento no
Local A e redução no Local B. Além disso, nota-se que na
região do ápice do fuste o Local A apresentou densidade
significativamente superior quando comparada com o Local
B.
3.2. Ponto ótimo de amostragem
Conforme pode ser observado na Tabela 2, a posição de
amostragem que apresentou maior coeficiente de correlação
e de determinação foi a altura de 33%, para ambos os locais
de plantio analisados. Entretanto, mesmo que a densidade a
33% de altura tenha se destacado nos dois locais de plantio
analisados, os resultados apontam coeficientes de correlação
abaixo de 0,85 e coeficientes de determinação menores que
70%, indicando baixa correspondência da densidade básica
do ponto amostral 33% em relação a densidade básica média
ponderada. Portanto, a extrapolação da determinação da
densidade média por meio de apenas esta posição de
amostragem não pode ser indicada.
3.3. Otimização de pontos amostrais
Na Tabela 3 podem ser observados os resultados das
análises visando a otimização com dois pontos amostrais ao
longo do fuste, para os dois locais de plantio distintos.
Percebe-se que a combinação dos pontos localizados na
altura do DAP e 33% pode fornecer, para ambos os locais de
plantio, uma boa estimativa da densidade básica média da
madeira de Eucalyptus saligna, visto que demonstrou
coeficientes de correlação de Pearson superiores a 0,85 e
coeficientes de determinação acima de 70%.
em relação a otimização amostral por meio de três
pontos amostrais (Tabela 4), a alternativa contendo a
combinação das amostragens em DAP, 33% e 66% da altura
comercial do fuste indicou uma ótima precisão na estimativa
da densidade básica média ponderada da madeira, uma vez
que em ambos os locais de plantio demonstrou coeficientes
de correlação de Pearson e de determinação acima de,
respectivamente, 0,95 e 95%.
Figura 1. Variação longitudinal da densidade básica da madeira em
dois locais de plantio distintos, onde médias seguidas por letras
iguais não apontam para diferença estatística, por teste de Tukey
com 95% de nível confiança, sendo que letras maiúsculas se referem
às diferentes posições no tronco em um mesmo local e letras
minúsculas se referem a mesma posição no tronco em locais
diferentes.
Figure 1. Longitudinal variation of wood basic density at two
different plantation sites, where averages followed by the same
lowercase letters in the different positions at the same site, and
capital letters in the same position between the different sites, do
not show statistical difference by Tukey's test, at a confidence level
of 95%.
Nörnberg et al.
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Tabela 2. Análise da estimativa da densidade básica média ponderada da árvore por meio de cada ponto amostral.
Table 2. Analysis of estimated weighted average density of tree through each sampling point.
Posição referente à altura comercial Local A Local B
Correlação R² (%) Correlação R² (%)
0% 0,3076 9,46 0,4316 18,63
DAP (altura do peito) 0,7447 55,46 0,5936 35,24
33% 0,8179 66,89 0,7603 57,81
66% 0,5553 30,84 0,3387 11,48
100% 0,1806 3,26 0,6876 47,79
Correlação indica o coeficiente de correlação de Pearson e se refere ao coeficiente de determinação da regressão linear simples, ambos respectivos a relação
entre a DB pontual e a DBmp para um mesmo local.
Tabela 3. Análise da otimização com dois pontos amostrais ao longo do fuste.
Table 3. Analysis of optimization with two sampling points along of stem.
Alternativa amostral
Local A Local B
Correlação R² (%) DB (g/cm³) ± DP Correlação R² (%) DB (g/cm³) ± DP
0% e DAP 0,5735 32,89 0,4758 ± 0,02 0,5910 34,93 0,49 ± 0,021
0% e 33% 0,7375 54,39 0,4793 ± 0,017 0,8138 66,22 0,4977 ± 0,018
0% e 66% 0,5610 31,47 0,4961 ± 0,022 0,5106 26,07 0,4941 ± 0,018
0% e 100% 0,3744 14,02 0,4876 ± 0,017 0,6046 36,55 0,4788 ± 0,02
DAP e 33% 0,8621 74,33 0,4519 ± 0,018 0,9096 82,74 0,4723 ± 0,017
DAP e 66% 0,8674 75,23 0,4686 ± 0,017 0,6983 48,76 0,4687 ± 0,015
DAP e 100% 0,5951 35,42 0,4601 ± 0,015 0,7395 54,67 0,4534 ± 0,018
33% e 66% 0,8742 76,43 0,4722 ± 0,019 0,7849 61,61 0,4764 ± 0,016
33% e 100% 0,6794 46,15 0,4637 ± 0,016 0,8700 75,70 0,4611 ± 0,018
66% e 100% 0,4842 23,45 0,4804 ± 0,021 0,6507 42,35 0,4575 ± 0,016
DB = Densidade básica média da alternativa. DP = Desvio Padrão. Correlação indica o coeficiente de correlação de Pearson e R² se refere ao coeficiente de
determinação da regressão linear simples, ambos respectivos a relação entre a DB média alternativa e a DBmp para um mesmo local.
Tabela 4. Análise da otimização com três pontos amostrais ao longo do fuste.
Table 4. Analysis of optimization with three sampling points along of stem.
Alternativa amostral Local A Local B
Correlação R² (%) DB (g/cm³) ± DP Correlação R² (%) DB (g/cm³) ± DP
0%, DAP e 33% 0,7968 63,49 0,469 ± 0,016 0,8568 73,41 0,4867 ± 0,017
0%, DAP e 66% 0,7433 55,25 0,4801 ± 0,017 0,6672 44,51 0,4843 ± 0,016
0%, DAP e 100% 0,6075 36,91 0,4745 ± 0,015 0,6789 46,09 0,4741 ± 0,019
0%, 33% e 66% 0,8300 68,89 0,4825 ± 0,017 0,8282 68,59 0,4894 ± 0,015
0%, 33% e 100% 0,7519 56,54 0,4769 ± 0,013 0,8323 69,28 0,4792 ± 0,017
0%, 66% e 100% 0,5570 31,03 0,488 ± 0,018 0,6430 41,35 0,4768 ± 0,017
DAP, 33% e 66% 0,9842 96,87 0,4642 ± 0,016 0,9752 95,10 0,4725 ± 0,013
DAP, 33% e 100% 0,8224 67,64 0,4586 ± 0,014 0,9234 85,26 0,4623 ± 0,016
DAP, 66% e 100% 0,7407 54,87 0,4697 ± 0,016 0,7937 62,99 0,4599 ± 0,014
33%, 66% e 100% 0,7720 59,60 0,4721 ± 0,016 0,8773 76,97 0,465 ± 0,015
DB = Densidade básica média da alternativa. DP = Desvio Padrão. Correlação indica o coeficiente de correlação de Pearson e R² se refere ao coeficiente de
determinação da regressão linear simples, ambos respectivos a relação entre a DB média alternativa e a DBmp para um mesmo local.
4. DISCUSSÃO
4.1. Densidade básica média da madeira e sua variação
longitudinal
A madeira de Eucalyptus saligna com 8 anos de idade
demonstrou densidade básica média ponderada (DBmp) entre
0,464 e 0,473 g/cm³, resultado próximo ao exposto na
literatura por autores como Beltrame et al. (2013), Dias Jr et
al. (2016) e Benjamin; Ballarin (2003), que observaram
densidade básica média variando de 0,442 a 0,493 para a
mesma espécie, em idades variando de 6 a 10 anos.
Benjamin; Ballarin (2003) comparando as mesmas
metodologias observaram um coeficiente de correlação 0,95
e não visualizaram variação significativa entre os todos
DBmp e DBma de indivíduos da espécie de Eucalyptus saligna,
diferente dos resultados apresentados anteriormente que
apontaram correlação abaixo de 0,90 para ambos os sítios de
plantio.
Além disso, também é possível observar que a densidade
básica ponderada apresentou diferença estatística quando
comparados os locais de plantio. Isto, de acordo com
Boschetti et al. (2020), pode ser explicado por a densidade da
madeira ser influenciada não pela genética da espécie e
idade da madeira, mas também pelas características do
ambiente de seu plantio.
Em relação a variação longitudinal da densidade básica da
madeira, Hsing et al. (2016) cita que o padrão mais observado
da densidade básica da madeira ao longo do fuste de árvores
do gênero Eucalyptus é o decréscimo da densidade até 50% da
altura da árvore e acréscimo a partir deste ponto, podendo
haver uma redução próxima ao topo. De modo geral, este
padrão citado foi observado neste estudo para a espécie de
Eucalyptus saligna.
Quanto a diferença da variação longitudinal da densidade
básica da madeira entre os Locais A e B pode ter sido
Otimização de pontos amostrais ao longo do fuste para determinação da densidade básica da madeira ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 128-133, 2023.
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influenciada por diferentes fatores, sendo um destes os
modelos distintos de espaçamento de plantio, pois o Local A
apresenta um espaçamento quadrático, que assegura um
adensamento proporcional de plantas em ambos os sentidos,
o que, segundo Ribaski (2003), acarreta em uma menor
desrama natural, que proporciona à árvore galhos mais
grossos e copas mais extensas. Além disso, é possível que este
fator tenha influenciado em uma maior densidade na região
superior do tronco, que, conforme Sette Jr et al. (2012),
esta característica se deve a exigência mecânica de
sustentação da copa da árvore e, de acordo com Coelho et al.
(2020), este incremento da densidade da madeira de eucalipto
também pode estar ligado ao aumento da presença de desvios
de grã, os quais ocorrem em maior frequência em regiões
nodosas.
4.2. Ponto ótimo de amostragem
Bruder (2010) encontrou um resultado semelhante ao
estudar a determinação de densidade básica de Eucalyptus sp.,
onde concluiu que o ponto ideal de amostragem se daria a
37,5% de altura do fuste. Do mesmo modo, Benjamin;
Ballarin (2003) visualizaram que o ponto amostral que
apresenta maior correlação com a DBmp da madeira de
Eucalyptus saligna se encontra a aproximadamente 25% de
altura.
Além disso, ressalta-se que, mesmo havendo um apelo
financeiro e laboral pelo uso exclusivo do ponto amostral a
altura do peito, devido a facilidade de sua amostragem, este
experimento demonstrou que a densidade obtida na região
do DAP não apresenta boa correlação com a DBmp,
indicando que a possibilidade de realização de amostragem
não destrutiva no ponto de fácil acesso pode ocasionar em
erro de estimativa da densidade básica da árvore.
4.3. Otimização de pontos amostrais
Quanto a otimização utilizando dois pontos amostrais,
Benjamin; Ballarin (2003) observaram um comportamento
semelhante ao analisar a madeira de Eucalyptus saligna, onde
apontaram que a melhor estimativa da densidade média da
madeira desta espécie pelo uso de dois pontos amostrais se
daria amostrando o DAP e 25% da altura do tronco.
Em relação a otimização utilizando três pontos amostrais,
um resultado bastante semelhante foi observado por Bruder
(2010), que analisando a madeira de Eucalyptus sp. determinou
que, ao se optar por reduzir o número de amostras
longitudinais na determinação da densidade básica da
madeira, deve-se utilizar três amostras localizadas a 12,5%
(região próxima ao DAP), 37,5% e 62,5% da altura comercial
do tronco, ressaltando ainda que esta alternativa garantiria
alta precisão e pouquíssima interferência na DBmp da árvore.
5. CONCLUSÕES
De modo geral, não se pôde assumir com segurança
estatística que a densidade básica média aritmética representa
a densidade básica média ponderada da madeira de Eucalyptus
saligna. Em relação a variação longitudinal da densidade
básica dentro do fuste, a espécie em estudo
demonstrou uma redução da densidade da base do tronco em
relação ao topo do mesmo.
A definição de um único ponto ótimo de amostragem se
mostrou inviável, ressaltando ainda que a amostragem apenas
na altura do peito (DAP), apesar de ser desejada devido a
facilidade de amostragem, não é indicada, que pode
subestimar a densidade básica média da madeira.
Referente a otimização de pontos amostrais, ao se utilizar
dois pontos amostrais para a estimativa da densidade da
madeira de Eucalyptus saligna é indicado que se faça a
amostragem nas regiões do DAP e 33% da altura comercial.
Ao se optar por utilizar três pontos amostrais, se pode obter
uma ótima precisão da estimativa da densidade básica da
madeira, desde que o fuste seja amostrado nas posições do
DAP, 33% e 66% da altura comercial.
6. REFERENCES
ABNT_Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR
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Contribuições dos Autores:
L.V.N. – Conceituação, Metodologia, Investigação ou coleta de
dados, Análise estatística, Administração ou supervisão, Validação,
Redação (esboço original); G.V.C. Conceituação, Metodologia,
Administração ou supervisão, Validação, Redação (revisão e edição);
M.A.M.F. - Conceituação, Metodologia, Investigação ou coleta de
dados, Redação (revisão e edição); O.P.S. e N.P. - Conceituação,
Metodologia, Administração ou supervisão, Validação, Redação
(revisão e edição). Todos os autores leram e concordam com a
versão publicada no manuscrito.
Financiamentos:
Não aplicável.
Revisões e/ou comitês institucionais:
Não aplicável.
Comitê de Ética da área:
Não aplicável.
Disponibilização dos dados:
Os dados desse estudo podem ser obtidos mediante solicitação
ao autor correspondente ou ao primeiro(a) autor(a), via e-mail.
Conflito de interesse:
Os autores declaram que não existem conflitos de interesses.