Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i4.14511 ISSN: 2318-7670
Efeito de extratos de secreções glandulares de anfíbios na ferrugem asiática
(
Phakopsora pachyrhizi
) e biometria de plantas de soja
Camila Rocco da SILVA1,2*, Monica Sayuri MIZUNO2, Solange Maria BONALDO3,
Stela Regina FERRARINI4, Domingos de Jesus RODRIGUES5,
Kátia Regina Freitas SCHWAN-ESTRADA2
1Botany and Plant Pathology Department, Purdue University, IN, United States.
2Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.
3Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil.
4Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil.
5Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil.
*E-mail: croccoda@purdue.edu
(ORCID: 0000-0002-2040-1157; 0000-0001-7398-9831; 0000-0002-2240-2700; 0000-0003-4339-1307;
0000-0002-8360-2036; 0000-0001-8384-8557)
Submetido em 14/10/2022; Aceito em 20/12/2022; Publicado em 22/12/2022.
RESUMO: Extratos de secreções de anfíbios da família Bufonidae têm sido estudados pelo potencial de
controle direto de fitopatógenos, bem como na ativação de mecanismos de defesa contra doenças em plantas.
Assim, este estudo analisa os efeitos de extratos de secreções glandulares de Rhaebo guttatus e Rhinela marina
contra o fungo Phakopsora pachyrhizi e na biometria de plantas de soja da cultivar TMG 132 RR. Aos 30 dias
após semeadura, notou-se o surgimento espontâneo da doença e, dois dias após o surgimento das primeiras
pústulas, as plantas foram tratadas com extratos de secreções glandulares nas concentrações de 0,1; 0,2; 0,3; 0,4
e 0,5 mg mL-1, acibenzolar-S-metil (500 L ha) e água destilada. Com relação ao número total de trifólios, teores
de clorofila a, b e total não houve diferença estatística entre os tratamentos. Nas avaliações biométricas, o
extrato de secreção glandular de R. guttatus proporcionou diferença estatística apenas na variável altura de
plantas. Quando as plantas foram tratadas com extrato de secreção glandular de R. marina, houve diferença
estatística no número de nódulos, porém, sem diferença estatística para as demais variáveis analisadas. Conclui-
se que extratos de secreções glandulares de R. guttatus e R. marina não controlam ferrugem asiática da soja;
porém concentrações de 0,1mg mL-1, 0,2 mg mL-1 e 0,3 mg mL-1 de extrato de secreção glandular de R. guttatus
promovem maior altura de plantas e extrato de secreção glandular de R. marina, nas concentrações de 0,1mg
mL-1, 0,2 mg mL-1 e 0,4 mg mL-1, afeta negativamente o número de nódulos.
Palavras-chave: altura de plantas; glândulas parotóides; Rhaebo guttatus; Rhinella marina; oleaginosa.
Effect of extracts from amphibian glandular secretions on asian rust
(
Phakopsora pachyrhizi
) and biometry of soybean plants
ABSTRACT: Extracts from secretions of amphibians of the Bufonidae family were studied for their potential
for direct control of phytopathogens, as well as for the activation of mechanism of defense against plant
diseases. Thus, this study assessed the effects of glandular secretion extracts from Rhaebo guttatus and Rhinella
marina against the fungi Phakopsora pachyrhizi and biometric responses on TMG 132 RR soybean cultivar. Thirty
days after seeding, a spontaneously arise of the disease was noticed and, two days after the arise of the first
pustules, plants were treated with glandular secretion extracts at the concentrations 0,1; 0,2; 0,3; 0,4 e 0,5 mg
mL-1, acibenzolar-S-methyl (500 L ha) and distilled water. None of the treatments resulted in statistical
differences at the photosynthetic rates of the plants for chlorophyll a, chlorophyll b and total chlorophyll
content. For the biometrical evaluations, glandular secretion extracts of R. guttatus resulted in statistical
difference only for the variable plant height variable. Glandular secretion extracts from R. marina resulted in
statistical difference only for number of root nodules but was not significant for the remaining variables. The
results showed that glandular secretion extracts from R. guttatus and R. marina does not control Asian soybean
rust; however glandular secretion extracts from R. guttatus at the concentrations 0,1mg mL-1, 0,2 mg mL-1 e 0,3
mg mL-1 promotes greater plant height. The glandular secretion extracts from R. marina at the 0,1mg mL-1, 0,2
mg mL-1 e 0,4 mg mL-1 negatively affects the number of plant nodules.
Keywords: height of plants; paratoid gland; Rhaebo guttatus; Rhinella marina; oleaginous.
1. INTRODUÇÃO
A ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) é uma
doença altamente destrutiva, e a alternativa de controle mais
utilizada é o uso de fungicidas (YORINORI, 2003).
Entretanto, a aplicação intensiva e inadequada de fungicidas,
com uso repetido de moléculas com mesmo mecanismo de
ação, utilização de doses diferentes das recomendadas na bula
e uso de produto de forma curativa, quando a doença está
estabelecida, contribui com a seleção de isolados fúngicos
menos sensíveis, e, por consequência, diminui a eficiência
Efeito de extratos de secreções glandulares de anfíbios na ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e biometria de plantas de soja
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
596
dos fungicidas no controle da doença (BRENT;
HOLLOMON, 2007).
A perda da eficiência de fungicidas no controle da
ferrugem asiática foi relatada em vários experimentos de
campo e, está sendo associada à menor sensibilidade de P.
pachyrhizi aos fungicidas (GODOY et al., 2015). Nesse
sentido, quanto maior o número de aplicações mais intensa
será a seleção direcional eliminado os indivíduos sensíveis e
aumentando a população dos resistentes ao fungicida sítio
específico (REIS et al., 2018).
Muitas pesquisas estão voltadas para a busca de novas
substâncias para desenvolvimento de produtos inovadores a
partir da biodiversidade, demonstrando a importância
econômica dos recursos naturais, com potencial científico e
tecnológico (MAGNUSSON et al., 2016).
Além das espécies da flora nativa, avaliações relacionadas
à utilização de secreções produzidas por animais podem
proporcionar novas alternativas para controle de pragas e
doenças, buscando substâncias com baixa toxicidade, ação
rápida e atividade antimicrobiana. Estas secreções podem
conter venenos que são utilizados por alguns animais como
defesa química na natureza. Nos anfíbios em geral, esses
compostos são basicamente sintetizados pelo metabolismo
do próprio animal (MAILHO-FONTANA, 2012).
Essa defesa química em anfíbios representa um conjunto
de adaptações defensivas que atuam na proteção contra
predadores, parasitas e microrganismos (SAVITZKY et al.,
2012).
Extratos metanólicos de secreções cutâneas de duas
espécies de anfíbios da família Bufonidae, encontrada no
bioma amazônico (Rhaebo guttatus e Rhinella marina), foram
avaliados na síntese de fitoalexinas em cotilédones de soja,
hipocótilos de feijão e mesocótilos de sorgo e; nas atividades
enzimáticas de β-1,3-glucanase, peroxidase e polifenol
oxidase e teor de proteína total. Os resultados indicaram que
o extrato metanólico das secreções cutâneas de R. guttatus
suprimiu a síntese de gliceolina e atividade de β-1,3-
glucanase, porém observou-se aumento das atividades de
peroxidade e polifenol oxidase em concentrações mais altas
e teor de proteína total na concentração de 0,2 mg/mL. Por
outro lado, o extrato metanólico de secreções cutâneas de R.
marina induziu a síntese de gliceolina nas cultivares de soja
'TMG 132 RR' e 'Monsoy 8372 IPRO' a 0,1-0,2 mg/mL e 0,2
mg/mL, respectivamente. O extrato metanólico das
secreções cutâneas de R. marina aumentou a atividade
específica de POX e PPO em ‘Monsoy 8372 IPRO’ e ‘TMG
132RR’, respectivamente, e diminuíram a atividade das β-1,3-
glucanases em ‘Monsoy 8372 IPRO’. Em uma concentração
de 0,3 mg/mL, estimulou a síntese de faseolina (RAASCH-
FERNANDES et al., 2019).
Os anfíbios anuros (Anura), por exemplo, possuem
glândulas granulosas em sua pele, também conhecidas como
macroglândulas parotóides, ou popularmente conhecidas
como glândulas de veneno, que são responsáveis pela
produção da maioria das substâncias xicas existentes na
pele destes anfíbios (HONORATO, 2009; MAILHO-
FONTANA, 2012).
Sabe-se que estas secreções são compostas por
substâncias que ainda não tem seu potencial completamente
conhecido, que carecem de análises e pesquisas para testar
seus efeitos sobre fitopatógenos, podendo ser utilizado pelas
indústrias químicas como alternativa aos agroquímicos
existentes ou mesmo na geração de novos fungicidas. Assim,
este trabalho avalia o efeito de extratos de secreções
glandulares de R. guttatus e R. marina no controle da ferrugem
asiática e biometria de plantas de soja em casa de vegetação.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Coleta das secreções glandulares de
Rhaebo
guttatus
e
Rhinella marina
Os anfíbios capturados (Licença de coleta do IBAMA nº
30034-1) e suas secreções glandulares coletadas pela equipe
de biólogos da Universidade Federal de Mato Grosso
UFMT (campus Sinop), sob a coordenação do Prof. Dr.
Domingos de Jesus Rodrigues. A realização do experimento
foi executada em parceria com o Laboratório de
Microbiologia/Fitopatologia, localizado na Universidade
Federal de Mato Grosso UFMT (campus Sinop) no Estado
de Mato Grosso.
2.2. Controle da Ferrugem asiática da soja em casa de
vegetação
Os ensaios foram conduzidos em casa de vegetação
localizada na Universidade Estadual de Maringá
(DAG/UEM) pertencente ao Departamento de Agronomia,
em delineamento experimental inteiramente casualizado.
Para tanto, sementes da cultivar TMG 132 RR foram
semeadas em vasos com capacidade de 3,6 L contendo uma
mistura de solo e areia (2:1) que foi utilizado na condução do
experimento. A adubação com Super Simples (00-18-00) e
KCl foi realizada a proximamente 7 cm de profundidade, a
partir dos resultados obtidos na análise química do solo, com
base nas exigências da cultura, de acordo com as
recomendações proposta pela Embrapa para solos do Paraná
(SFREDO et al., 1980). O raleio foi realizado quando as
plantas se encontravam em estádio fenológico V2 (segundo
nó; primeiro trifólio aberto), mantendo duas plantas por
vaso, as quais receberam tratamento com fipronil +
piraclostrobina + tiofanato-metílico (200 mL 100 kg-1) e
foram semeadas a uma profundidade de 2,5 cm, para um total
de sete tratamentos e cinco repetições para R. guttatus e R.
marina, onde os extratos de secreções glandulares de cada
espécie foram avaliados separadamente em ensaios
simultâneos.
Aos 30 dias após semeadura, quando as plantas se
encontravam em estádio fenológico V4 (quarto nó; terceiro
trifólio aberto), notou-se o surgimento espontâneo da doença
e, dois dias após o surgimento das primeiras pústulas, as
plantas foram tratadas com extratos de secreções glandulares
de R. guttatus e R. marina nas concentrações de 0,1; 0,2; 0,3;
0,4; 0,5 mg mL-1 de acordo com o trabalho de Raasch-
Fernandes et al. (2019). Como controle positivo utilizou-se o
produto comercial acibenzolar-S-metil (500 L ha-1) e água
como controle negativo. Cada planta recebeu um fitilho no
segundo trifólio para identificação onde foram aplicados os
tratamentos com o auxílio de um pincel para pintura 815
8 Tigre, sendo depositado 300 µL de cada tratamento por
trifólio, 100 µL em cada folíolo.
A avaliação da severidade da ferrugem asiática da soja
iniciou-se a partir da observação dos primeiros sintomas da
doença nas plantas (30 dias após a semeadura), sendo
realizadas quatro avaliações, em duas plantas, com intervalos
de sete dias, atribuindo-se notas percentuais (%) individuais
para cada trifólio avaliado, em dois trifólios da planta: o
trifólio que recebeu os tratamentos (segundo trifólio da
planta terço médio) e o trifólio com ausência de
tratamentos (terceiro trifólio da planta – terço superior), com
auxílio de escala diagramática (GODOY et al., 2006).
Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
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As notas de cada trifólio com e sem tratamento foram
considerados como severidade incidente na planta no
momento da avaliação e, com os dados das avaliações de
severidade foi calculado a porcentagem de eficiência dos
tratamentos (ABBOTT, 1925), AACPD e taxa de progresso
da doença, segundo Campbell e Madden (1990), que permite
uma avaliação mais estável e menos afetada pelo tempo de
análise e variação ambiental.
2.3. Determinação do teor de clorofila
Para a quantificação de clorofila, três discos de folhas
com aproximadamente 10 mm de diâmetro foram retirados
de três trifólios por planta, sendo o primeiro trifólio sem
tratamento, o segundo trifólio com aplicação dos tratamentos
e o terceiro trifólio sem aplicação dos tratamentos, aos 33, 36
e 39 dias após a semeadura e surgimento das primeiras
pústulas, respectivamente.
As amostras de tecido vegetal foram pesadas e
acondicionadas em frascos de vidro âmbar contendo 10 mL
de acetona 80% e mantidas por sete dias, no escuro e a 25°C.
Após esse período realizou-se leitura no espectrofotômetro a
663 nm e 645 nm para clorofila a e b, respectivamente. A
concentração de clorofila a obteve-se pela fórmula
(0,0127*A663)-(0,00269*A645) e para clorofila b (0,0229*A645)-
(0,00468*A663). O teor de clorofila total foi obtido pela soma
dos resultados. Os valores foram expressos em mg g-1 tecido
fresco (ARNON, 1949).
2.4. Número de folíolos
As avaliações foram realizadas semanalmente por um
período de quatro semanas, onde contou-se número total de
folíolos em duas plantas por vaso, com início 60 dias após a
semeadura, quando as plantas estavam com o penúltimo
com o trifólio aberto, antes da floração. Após a contagem foi
realizada a média de cada repetição e tratamento.
2.5. Biometria
As avaliações ocorreram aos 120 dias após o plantio,
quando as plantas apresentavam-se no estádio fenológico R6
(vagens com enchimento pleno (100%) e folhas verdes),
sendo consideradas as variáveis: Altura de plantas (cm),
medida com auxílio de fita métrica desde o solo até a última
folha da planta; Diâmetro de caule principal (mm) com
paquímetro digital no entrenó situado entre as folhas
cotiledonares e as folhas primárias; Massa fresca da parte
aérea das plantas (g) cortadas rente ao solo, pesadas em
balança de precisão eletrônica BL3200H da marca Shimadzu,
acondicionadas em sacos de papel e levadas para secagem em
estufa de circulação a 60ºC por sete dias até peso constante.
O valor obtido foi oriundo da média entre duas plantas.
Massa seca da parte rea das plantas de soja (g), foi
determinada em balança de precisão eletrônica.
Para avaliação da Massa fresca das raízes de soja (g), as
raízes foram retiradas de dentro dos vasos e lavadas em água
corrente com o auxílio de uma peneira e em seguida,
permaneceram dispostas sobre folhas de jornal para que
fosse retirado o excesso de água.
No momento em que as raízes se encontravam dispostas
sobre as folhas de jornal, contou-se o número de nódulos e
o resultado do número de nódulos foi representado pela
média de duas plantas por vaso. Posteriormente as raízes
foram pesadas em balança de precisão eletrônica e
acondicionadas em sacos de papel permanecendo por sete
dias em estufa de circulação a circulação a 60ºC até peso
constante. O valor obtido foi oriundo da média entre as duas
plantas. Após secas, as raízes foram pesadas em balança de
precisão eletrônica.
O número de vagens por planta foi determinado na
finalização do experimento, contando-se o número total de
vagens por planta e representado pela média de duas plantas
por vaso.
2.6. Análise estatística
Para verificar a normalidade dos dados e a
homogeneidade de variâncias realizou-se os testes de Levene
e Shapiro-Wilk. As variáveis que não atenderam aos
pressupostos da análise de variância (ANOVA), foram
transformadas. Posteriormente os dados foram submetidos à
(ANOVA), observados e comparados pelo teste de Scott-
Knott a 1% de probabilidade, utilizando-se o programa
estatístico SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2019).
3. RESULTADOS
3.1. Teor de clorofila
O conteúdo de clorofila a, b e total em plantas de soja
tratadas com secreções glandulares de R. guttatus, R. marina e
acibenzolar-S-metil e, desafiadas com P. pachyrhizi, não
apresentaram alterações estatisticamente entre os
tratamentos (Tabelas 1 e 2).
Tabela 1. Teores de clorofila a, b e total em soja aos 33, 36 e 39 dias após a semeadura (DAS), com plantas não tratadas e plantas tratadas,
respectivamente, com as diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhaebo guttatus, água e acibenzolar-S-metil. Os valores
estão expressos em mg-1 tecido fresco.
Table 1. Chlorophyll a, b, and total content in soybean 33, 36, and 29 days after plating (DAP), with untreatment and treatment plants,
respectively, with different concentrations of glandular secretion extracts of Rhaebo guttatus, water, and acibenzolar-S-metil. The values are
expressed in mg-1 fresh tissue.
Tratamentos 33 DAS 36 DAS 39 DAS
a b Total a b Total a b Total
Água
0,25* 0,11*
0,40* 0,35*
0,13* 0,46* 0,31* 0,13* 0,40*
Acibenzolar
-
S
-
(500 L
ha
-1
)
0,32 0,16 0,46 0,33 0,13 0,51 0,31 0,11 0,48
0,1mg mL
-1
0,30 0,11 0,39 0,23 0,09 0,44 0,27 0,13 0,30
0,2 mg mL
-1
0,32 0,14 0,42 0,36 0,14 0,49 0,32 0,11 0,39
0,3 mg mL
-1
0,30 0,12 0,37 0,37 0,15 0,47 0,26 0,08 0,39
0,4 mg mL
-1
0,29 0,12 0,34 0,33 0,16 0,44 0,30 0,12 0,40
0,5 mg
mL
-1
0,25 0,11 0,36 0,31 0,13 0,47 0,29 0,12 0,39
CV (%)
28,18 34,91 30,69
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01).
Efeito de extratos de secreções glandulares de anfíbios na ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e biometria de plantas de soja
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
598
Tabela 2. Teores de clorofila a, b e total em soja aos 33, 36 e 39 dias após a semeadura (DAS), com plantas não tratadas e plantas tratadas,
respectivamente, com as diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhinella marina, água e acibenzolar-S-metil. Os valores
estão expressos em mg-1 tecido fresco.
Table 2. Chlorophyll a, b, and total content in soybean 33, 36, and 29 days after plating (DAP), with untreatment and treatment plants,
respectively, with different concentrations of glandular secretion extracts of Rhinella marina, water, and acibenzolar-S-metil. The values are
expressed in mg-1 fresh tissue.
3.2. Controle da Ferrugem asiática da soja
Levando em consideração a avaliação da severidade da
doença e AACPD com base na presença de pústulas que
surgiram espontaneamente 30 dias após a semeadura, foi
possível constatar que os tratamentos não diferiram
estatisticamente do controle (Tabela 3). Entretanto, observa-
se que a severidade de todas as concentrações do extrato de
secreção glandular de R. guttatus foi menor numericamente,
em relação a testemunha. O mesmo comportamento foi
observado nas duas semanas seguintes, onde as mesmas
concentrações do extrato de secreções glandulares de R.
guttatus apresentaram menor severidade que o controle e o
indutor de resistência acibenzolar-S-metil (Tabela 3).
Na última semana de avaliação, apenas a concentração de
0,3 mg mL-1 do extrato de secreção glandular de R. guttatus
continuou com valores inferiores que o controle. Em relação
ao tratamento com acibenzolar-S-metil, verificou-se que este
não reduziu a severidade da doença em nenhuma das
avaliações ao longo de 30 dias e apresentou maior AACPD
dentre os tratamentos (Tabela 3).
Tabela 3. Severidade média (%), taxa de progresso da doença (r) e área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) de Phakopsora
pachyrhizi em plantas de soja à diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhaebo guttatus, água e acibenzolar-S-metil.
Table 3. Average severity (%), disease progress rate (r), and area under the disease progress curve (AUDPC) of Phakopsora pachyrhizi in
soybean plants at different concentrations of glandular secretion extracts of Rhaebo guttatus, water, and acibenzolar-S-metil.
Tratamentos
Rhaebo guttatus
Trifólios tratados
Trifólios não tratados
V5
V6
V7
-
8
R1
AACPD
r
V5
V6
V7
-
8
R1
AACPD
r
Água 2,28* 5,75* 26,34*
51,60*
413,23*
0,15*
0,99* 4,47* 8,96* 22,00*
174,46*
0,14*
Acibenzolar-S-
metil (500 L ha-1)
4,85 11,41 30,07 57,80 509,60 0,13 4,39 5,41 8,27 28,87 212,12 0,11
0,1 mg mL-1 2,17 10,17 32,47 62,40 524,46 0,15 0,16 4,17 6,57 26,50 168,49 0,07
0,2 mg mL-1 2,94 8,05 21,40 51,50 396,71 0,12 0,32 1,03 4,82 23,64 124,82 0,18
0,3 mg mL-1 2,31 9,27 30,87 54,00 478,08 0,14 0,23 2,62 5,20 18,38 119,86 0,15
0,4 mg mL-1 4,23 11,32 35,20 63,60 563,03 0,15 0,77 3,08 6,13 41,63 212,85 0,18
0,5 mg mL-1 0,93 6,16 26,93 50,00 409,83 0,18 0,64 2,87 5,47 31,43 170,64 0,13
CV (%)
30,82
27,27
20,30
15,00
15,77
2,20
35,56
45,78
28,46
24,51
26,06
2,93
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01). Dados transformados em (𝑥 + 1)0,5. V5 = quinto nó;
quarta folha trifoliada completamente desenvolvida; V6 = sexto nó; quinta folha trifoliada completamente desenvolvida; V7-8 = timo/oitavo nó;
sétima/oitava folha trifoliada completamente desenvolvida; R1 = início do florescimento; uma flor aberta em qualquer da haste principal; r = taxa de
progresso da doença e AACPD = área abaixo da curva de progresso da doença.
Para a severidade da doença no ensaio utilizando o
extrato de secreções glandulares de R. marina (Tabela 4),
pode-se verificar que os tratamentos não diferiram
significativamente (p<0,01). Entretanto, nota-se que os
trifólios não tratados apresentaram diferença numérica
inferior ao controle nas doses de 0,1; 0,2; 0,3; 0,4 e 0,5 mg
mL-1 do extrato de secreções glandulares de R. marina na
primeira semana de avaliação.
A concentração de 0,5 mg mL-1 reduziu em 15,7; 45,3 e
14,4% a severidade da doença nas três semanas seguintes de
avaliação, respectivamente, em relação ao controle, mesmo
não havendo diferença estatística. Assim como neste estudo,
Bigaton et al. (2013) constataram que extratos e óleos
essenciais de aroeira-pimenteira (S. terebinthifolius) e
quebra-machado (T. silvatica) não controlaram P. pachyrhizi.
Ao contrário, as plantas pulverizadas com extrato de aroeira-
pimenteira a 5% e óleo essencial da mesma espécie a 1%
mostraram maior intensidade da doença, comparadas às
pulverizadas com água.
Para os trifólios que receberam os tratamentos, não
houve diferença estatística significativa entre os tratamentos
em nenhuma avaliação, porém, nota-se que no estágio V5
observou-se menores valores de severidade nas
concentrações 0,1; 0,2; 0,4 e 0,5 mg mL-1 quando comparadas
ao controle. Este mesmo efeito não se repete nas três
seguintes avaliações, o que se leva a crer que o extrato de
Tratamentos
33 DAS
Sem tratamento
36 DAS
Com tratamento
39 DAS
Sem tratamento
a b Total a b Total a b Total
Água
0,27*
0,12*
0,37*
0,38*
0,18*
0,65*
0,28*
0,11*
0,43*
Acibenzolar
-
S
-
metil
(500 L ha-1) 0,26 0,11 0,36 0,41 0,17 0,63 0,29 0,11 0,42
0,1mg mL
-1
0,21
0,09
0,34
0,43
0,19
0,67
0,33
0,12
0,42
0,2 mg mL
-1
0,23
0,09
0,29
0,48
0,19
0,66
0,24
0,09
0,38
0,3 mg mL
-1
0,23
0,10
0,34
0,43
0,22
0,64
0,28
0,11
0,39
0,4 mg mL
-1
0,24
0,11
0,36
0,31
0,18
0,45
0,25
0,10
0,36
0,5 mg mL
-1
0,23
0,09
0,32
0,31
0,18
0,51
0,27
0,11
0,40
CV (%)
24,01
24,92
27,11
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis
analisadas pelo teste de Scott
-
Knott (p<0,01).
Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
599
secreção glandular de R. marina apresenta baixo poder
residual e não estaria mais ativo ou em concentrações
necessárias para ativar mecanismos de defesas na planta.
A taxa de progresso da doença refere-se ao aumento
percentual de uma doença policíclica em determinado
intervalo de tempo (VANDERPLANK, 1963). Neste estudo
foi observado que o maior valor de r está associado ao
tratamento cuja concentração é de 0,3 mg mL-1.
Os dados de severidade foram utilizados na estimativa da
porcentagem de controle em relação a testemunha,
mostrando baixa eficiência de controle nos trifólios tratados
(Tabela 5). A concentração 0,5 mg mL-1 do extrato de
secreção de R. guttatus apresentou controle equivalente a
60% quando comprado a testemunha, sendo a dose mais
efetiva entre os tratamentos. A menor eficiência de controle
foi observada para a concentração de 0,1 mg mL-1 (5%),
porém, sendo superior ao indutor acibenzolar-S- metil (500
L ha-1) e as concentrações 0,3 e 0,4 mg mL-1.
Os trifólios que não receberam os tratamentos
apresentaram valores satisfatórios e acima de 50% nas
concentrações de 0,1; 0,2 e 0,3 mg mL-1 do extrato de
secreções glandulares de R. guttatus quando comparados
com a testemunha, apresentando 84; 77 e 77% de controle,
respectivamente. O tratamento com acibenzolar-S-metil
apresentou apenas 8% de eficiência no controle.
Utilizando os extratos de secreções glandulares de R.
marina (Tabela 6), observa-se que a concentração 0,1 mg mL-
1 do extrato apresentou 42% de eficiência no controle da
ferrugem asiática da soja, seguido por 31; 18 e 10% das
concentrações 0,2; 0,4 e 0,5 mg mL-1, respetivamente.
Nota-se que entre os tratamentos com os extratos de
secreções glandulares de R. marina a porcentagem de controle
variou de 66% (0,1 mg mL-1) a 85% (0,3 mg mL-1). A menor
eficiência de controle foi observada com acibenzolar-S-metil
(500 L ha-1) em trifólios tratados e não tratados.
Tabela 4. Severidade média (%), taxa de progresso da doença (r) e área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) de Phakopsora
pachyrhizi em soja à diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhinella marina, água e acibenzolar-S-metil.
Table 4. Average severity (%), disease progress rate (r), and area under the disease progress curve (AUDPC) of Phakopsora pachyrhizi in
soybean plants at different concentrations of glandular secretion extracts of Rhinella marina water, and acibenzolar-S-metil.
Tratamentos
Rhinella marina
Trifólios tratados
Trifólios não tratados
V5
V6
V7
-
8
R1
AACPD
r
V5
V6
V7
-
8
R1
AACPD
r
Água
1,02* 1,56*
13,55*
29,20*
211,56* 0,17*
1,63* 2,23* 3,68*
17,17*
107,17* 0,14*
Acibenzolar
-
S
-
metil (500 L ha-1) 1,66 4,63 23,70 38,80 339,93 0,15 2,53 3,35 5,78 18,13 136,27 0,11
0,1 mg mL
-1
0,59 4,73 23,73 48,80 372,08 0,19 0,56 2,51 4,57 16,90 110,67 0,14
0,2 mg mL
-1
0,70 4,29 19,49 42,80 318,67 0,18 0,29 2,69 4,76 19,80 122,43 0,18
0,3 mg mL
-1
3,44 11,15
31,20 52,60 492,60 0,14 0,24 3,67 4,69 21,63 135,08 0,19
0,4 mg mL
-1
0,84 5,86 21,53 40,40 336,12 0,18 0,53 3,60 7,24 22,40 163,12 0,17
0,5 mg mL
-1
0,92 7,05 25,20 43,20 380,16 0,18 0,50 1,88 2,01 14,70 80,45 0,11
CV (%)
32,24
28,75
20,53
11,61
15,18
1,72
32,53
41,95
26,45
24,51
21,76
2,24
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01). Dados transformados em (𝑥 + 1)0,5. V5 = quinto nó;
quarta folha trifoliada completamente desenvolvida; V6 = sexto nó; quinta folha trifoliada completamente desenvolvida; V7-8 = timo/oitavo nó;
sétima/oitava folha trifoliada completamente desenvolvida; R1 = início do florescimento; uma flor aberta em qualquer da haste principal; r = taxa de
progresso da doença e AACPD = área abaixo da curva de progresso da doença.
Tabela 5. Porcentagem de eficiência dos tratamentos com relação a testemunha (água) em plantas de soja inoculadas com Phakopsora
pachyrhizi e tratadas com secreção glandular de Rhaebo guttatus e acibenzolar-S-metil.
Table 5. Efficiency of treatments over the nontreated control (water) in soybean plants inoculated with Phakopsora pachyrhizi and treated
with glandular secretion extracts of Rhaebo guttatus and acibenzolar-S-methyl.
Tratamentos Trifólios tratados Trifólios não tratados
V5 V6 V7-8 R1 V5 V6 V7-8 R1
Água - - - - - - - -
Acibenzolar-S-metil (500 L ha-1) 0 0 0 0 0 0 8 0
0,1 mg mL-1 5 0 0 0 84 7 27 0
0,2 mg mL-1 0 0 19 0 68 77 46 0
0,3 mg mL-1 0 0 0 0 77 41 42 16
0,4 mg mL-1 0 0 0 0 23 31 32 0
0,5 mg mL-1 60 0 0 3 35 36 39 0
V5 = quinto nó; quarta folha trifoliada completamente desenvolvida; V6 = sexto nó; quinta folha trifoliada completamente desenvolvida; V7-8 =
sétimo/oitavo nó; sétima/oitava folha trifoliada completamente desenvolvida; R1 = início do florescimento; uma flor aberta em qualquer da haste
principal.
3.3 Número de folíolos
Considerando as avaliações realizadas nos dois
experimentos (Tabela 7), observa-se que nenhum tratamento
proporcionou diferença estatística nas quatro avaliações
realizadas durante o período de 30 dias. Nota-se que em V7-
8 (sétimo/ oitavo com trifólio aberto, antes da floração),
as plantas apresentavam pequena quantidade de folíolos,
aumentando o número de folíolos nos estádios fenológicos
seguintes, sendo eles os estádios reprodutivos R1 (início da
floração com até 50% das plantas com uma flor), R2 (floração
plena, possuindo maioria dos ramos com flores abertas) e R3
(final da floração com vagens de até 1-5 cm de
comprimento). Acredita-se que este acontecimento está
relacionado ao fato das avaliações terem sido realizadas no
estádio vegetativo, onde as plantas ainda estavam emitindo
folíolos e ramos secundários. Observou-se que nos estádios
reprodutivos R1 e R2 o número de folíolos diminuiu.
Efeito de extratos de secreções glandulares de anfíbios na ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e biometria de plantas de soja
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
600
Tabela 6. Porcentagem de eficiência dos tratamentos com relação a testemunha (água) em plantas de soja inoculadas com Phakopsora
pachyrhizi e tratadas com secreção glandular de Rhinella marina e acibenzolar-S-metil.
Table 6. Efficiency of treatments over the nontreated control (water) in soybean plants inoculated with Phakopsora pachyrhizi and treated
with glandular secretion extracts of Rhinella marina and acibenzolar-S-methyl.
Tratamentos Trifólios tratados Trifólios não tratados
V5 V6 V7-8 R1 V5 V6 V7-8 R1
Água
- - - - - - - -
Acibenzolar-S-metil (500 L ha-1) 0 0 0 0 0 0 0 0
0,1 mg mL
-1
42 0 0 0 66 0 0 3
0,2 mg mL
-1
31 0 0 0 82 0 0 0
0,3 mg mL
-1
0 0 0 0 85 0 0 0
0,4 mg mL
-1
18 0 0 0 68 0 0 0
0,5 mg mL
-1
10 0 0 0 69 16 45 15
V5 = quinto ; quarta folha trifoliada completamente desenvolvida; V6 = sexto nó; quinta folha trifoliada completamente desenvolvida; V7-8 =
sétimo/oitavo nó; sétima/oitava folha trifoliada completamente desenvolvida; R1 = início do florescimento; uma flor aberta em qualquer nó da haste
principal.
Tabela 7. Número total de folíolos de plantas de soja na presença da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) da soja em função a diferentes
concentrações dos extratos de secreções glandulares de Rhaebo guttatus e Rhinella marina, água e acibenzolar-S-metil.
Table 7. Number of total folios of soybean plants with soybean asian rust (Phakopsora pachyrhizi) under different concentrations of glandular
secretion extracts of Rhaebo guttatus and Rhinella marina, water, and acibenzolar-S-metil.
Tratamentos
Rhaebo guttatus Rhinella marina
Número total de folíolos
Número total de folíolos
V7
-
8
R1
R2
R3
V7
-
8
R1
R2
R3
Água
29* 44* 34* 26* 27* 39* 31* 28*
Acibenzolar-S-metil (500 L
ha
-1)
31 37 28 24 27 33 28 23
0,1mg mL
-1
31 35 26 23 29 37 28 26
0,2 mg mL
-1
31 35 27 24 29 33 26 23
0,3
mg mL
-1
30 39 31 26 28 32 25 21
0,4 mg mL
-1
28 37 26 23 31 35 28 24
0,5 mg mL
-1
31 42 30 27 30 37 30 24
CV (%)
6,91
10,75
13,20
15,30
9,77
12,08
12,39
11,39
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01).
V7-8 = sétimo/oitavo nó; sétima/oitava folha trifoliada completamente desenvolvida; R1 = início do florescimento; uma flor aberta em qualquer nó da haste
principal; R2 = florescimento pleno; uma flor aberta num dos dois últimos nós da haste principal com folha completamente desenvolvida; R3 = início da
formação da vagem; vagem com 5 mm de comprimento num dos quatro últimos nós da haste principal com folha completamente desenvolvida.
3.4 Biometria
As secreções glandulares de R. guttatus nas concentrações
de 0,1; 0,2 e 0,3 mg mL-1 e acibenzolar-S-metil (500 L ha-1)
diferiram estatisticamente quanto à altura das plantas quando
comparados aos demais tratamentos (Tabela 8),
proporcionando incremento de 104, 110, 112 e 115%
superior ao controle, respectivamente. A variável diâmetro de
caule não apresentou diferença estatística entre os
tratamentos e não houve diferença significativa entre os
valores médios observados.
Tabela 8. Biometria de plantas, 120 dias após a semeadura submetidas à diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhaebo
guttatus, água e acibenzolar-S-metil.
Table 8. Biometric properties, 120 days after planting subjected to different concentrations of glandular secretion extracts of Rhaebo
guttatus, water, and acibenzolar-S-metil.
Tratamentos
Altura
(cm)
Diâmetro de
caule (mm)
Massa
fresca
aérea (g)
Massa
seca
aérea (g)
Massa
fresca raiz
(g)
Massa seca
raiz (g)
Número de
vagens
Número de
nódulos
Água
38,79 a
3,55*
30,90*
5,73*
5,77*
1,35*
27*
74*
Acibenzolar
-
S
-
metil
(500 L ha-1) 40,40 a 3,39 29,69 5,75 3,53 0,70 24 50
0,1mg mL-1 42,70 b 3,43 28,64 5,66 3,64 0,86 23 40
0,2 mg mL-1 43,30 b 3,58 33,02 6,72 5,14 1,41 26 50
0,3 mg mL-1 44,75 b 3,40 34,78 6,44 5,98 1,49 28 58
0,4 mg mL-1 40,28 a 3,32 30,86 5,91 5,70 1,19 24 77
0,5 mg mL-1 38,93 a 3,16 29,74 5,68 5,84 1,64 28 77
CV (%)
6,12
6,59
18,78
19,56
24,12
28,76
19,62
28,19
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01). Dados transformados em (𝑥)0,5.
O acúmulo de massa fresca e seca da parte aérea e das
raízes por parte da planta ao longo do ciclo não foi afetado
pelos tratamentos, não havendo diferença estatística. Quanto
ao número de vagens e dulos por planta, a análise de
variância não detectou diferenças significativas entre os
diferentes tratamentos.
Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
601
Para todas as análises biométricas das plantas tratadas
com o extrato de secreções glandulares de R. marina (Tabela
9), notou-se que não houve diferença estatística entre os
tratamentos nas variáveis altura das plantas, diâmetro de
caule, massa fresca e seca da parte aérea e raiz e número de
vagens, de maneira que se pode afirmar que não existe relação
entre a aplicação dos tratamentos e o desenvolvimento destas
variáveis nas plantas.
Tabela 9. Biometria de plantas 120 dias após a semeadura submetidas à diferentes concentrações do extrato de secreção glandular de Rhinella
marina, água e acibenzolar-S-metil.
Table 9. Biometric properties, 120 days after planting subjected to different concentrations of glandular secretion extracts of Rhinella marina,
water, and acibenzolar-S-metil.
Tratamentos
Altura
(cm)
Diâmetro de
caule (mm)
Massa
fresca
aérea (g)
Massa
seca
aérea (g)
Massa
fresca
raiz (g)
Massa
seca raiz
(g)
Número de
vagens
Número de
nódulos
Água
38,80*
3,74*
31,21*
5,93*
8,25*
2,25*
28*
62 b
Acibenzolar
-
S
-
metil
(500 L ha-1) 42,79 3,52 28,24 5,57 3,41 1,35 25 51 b
0,1mg mL
-1
42,03
3,55
31,48
5,89
3,24
1,47
27
36 a
0,2 mg mL
-1
40,18
3,40
27,62
4,80
2,49
0,81
22
37 a
0,3 mg mL
-1
39,85
3,47
29,91
4,96
4,83
1,45
22
53 b
0,4 mg mL
-1
40,85
3,51
28,62
4,70
4,82
1,21
25
34 a
0,5 mg mL
-1
42,28
3,63
33,22
5,61
5,49
1,44
24
53 b
CV (%)
5,75
9,60
21,37
26,35
25,45
28,47
14,80
26,83
*NS = não houve diferença estatística entre as variáveis analisadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,01). Dados transformados em (𝑥)0,5.
4. DISCUSSÃO
Estes resultados podem ser explicados pelo fato de que
na fase vegetativa as folhas de soja apresentam menor
conteúdo de clorofila, aumentando gradativamente em razão
da expansão da folha e pela demanda energética da planta,
onde a ordem prioritária é determinada em função do estádio
de desenvolvimento da cultura, sendo flores, vagens e grãos,
órgãos prioritários na fase reprodutiva, e folhas, raízes e
gemas vegetativas, no estádio vegetativo (JIANG et al., 2006).
Corroborando com os resultados obtidos neste estudo,
Campos et al. (2010) notaram que aplicação de giberelina em
plantas de soja também não alterou o teor de clorofila das
folhas. De acordo com Bigaton et al. (2013), ao trabalharem
com plantas de soja pulverizadas com extrato e óleo essencial
de quebra-machado (Trichilia silvatica) e extrato de aroeira-
pimenteira (Schinus terebinthifolius), não apresentaram
diferença estatística quanto ao índice de clorofila.
Diferente dos resultados encontrados por Gupta et al.
(2011) que relatam que plantas de milheto submetidas à
aplicação de fertilizantes à base de Trichoderma spp.
apresentaram maior teor de clorofila, melhor assimilação de
CO2 e foram influenciadas pelo fungo na transpiração.
Porém, paclobutrazol em Phaseolus vulgaris, proporciona
menor índice de clorofila foliar na ausência do regulador
(GITTI et al., 2012).
Soares et al. (2004) também não encontraram respostas
positivas da utilização do acibenzolar-S-metil para o controle
da bactéria Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens em
feijoeiro comum. Da mesma forma, Querino et al. (2005) não
observaram efeito positivo da utilização do acibenzolar-S-
metil sobre o mal-do-Panamá em bananeira.
Entretanto, em condições controladas e com aplicação do
acibenzolar-S-metil em tratamento de sementes, Debona et
al. (2009) observaram efeito positivo deste indutor sobre a
AACPD da ferrugem asiática da soja. Comportamento
semelhante foi observado em tomateiro, onde houve
aumento de eficácia dos fungicidas difenoconazole,
azoxistrobina e mancozeb com a adição de acibenzolar-S-
metil sobre o controle da pinta-preta (Alternaria solani)
(TÖFOLI; DOMINGUES, 2005).
Nos trifólios que receberam os tratamentos o houve
diferença estatística entre os tratamentos, sem redução da
severidade da doença quando comparado ao controle.
Porém, a concentração de 0,5 mg mL-1 em V5 apresentou
diferença numérica quando comparada ao controle,
proporcionando inibição de 57%.
De acordo com os resultados encontrados neste estudo,
Borges (2007), testando extratos aquosos de Tilia cordata,
Pelargonium sp., Lavandula officinalis e Mentha pulegium sobre a
ferrugem asiática da soja, em plantas com diferentes níveis de
resistência, não observou efeito dos extratos na severidade da
doença, mesmo em duas pulverizações, sendo 7 dias antes e
7 dias depois da inoculação.
Assim como neste estudo, Bigaton et al. (2013)
constataram que extratos e óleos essenciais de aroeira-
pimenteira (S. terebinthifolius) e quebra-machado (T.
silvatica) o controlaram P. pachyrhizi. Ao contrário, as
plantas pulverizadas com extrato de aroeira-pimenteira a 5%
e óleo essencial da mesma espécie a 1% mostraram maior
intensidade da doença, comparadas às pulverizadas com
água.
Semelhante aos resultados deste estudo, ao trabalharem
com feijoeiro, Iriti; Faoro (2003) utilizaram acibenzolar-S-
metil em uma única aplicação e, não detectaram diferenças na
taxa de crescimento, comprimento de entrenós e expansão
foliar ao longo do ciclo em casa de vegetação. Dados
semelhantes ao de Resende et al. (2004), que não obtiveram
incrementos significativos na altura de plantas de milho
inoculadas com Trichoderma harzianum.
5. CONCLUSÕES
Nas plantas de soja cultivadas em casa de vegetação
extratos de secreções glandulares de R. guttatus e R. marina não
controlam ferrugem asiática da soja.
Concentrações de 0,1mg mL-1, 0,2 mg mL-1 e 0,3 mg mL-
1 de extrato de secreção glandular de R. guttatus promovem
maior altura de plantas e extrato de secreção glandular de R.
marina, nas concentrações de 0,1mg mL-1, 0,2 mg mL-1 e 0,4
mg mL-1, afeta negativamente o número de nódulos
6. AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade
Estadual de Maringá.
Efeito de extratos de secreções glandulares de anfíbios na ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) e biometria de plantas de soja
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 595-603, 2022.
602
7. REFERÊNCIAS
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