Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 554-558, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i4.14447 ISSN: 2318-7670
Prospecção fitoquímica e atividade antifúngica de extratos florais
de
Tabebuia roseoalba
(Ridl.) Sandwith e
Jacaranda cuspidifolia
Mart.
João Manoel Almeida do PRADO1, Antonio Carlos Pereira de MENEZES FILHO2*,
Matheus Vinícius Abadia VENTURA1, Carlos Frederico de Souza CASTRO2,
Marconi Batista TEIXEIRA2, Frederico Antônio Loureiro SOARES2
1Centro Universitário do Sudoeste Goiano, Rio Verde, GO, Brasil.
2Instituto Federal Goiano, Rio Verde, GO, Brasil.
*E-mail: astronomoamadorgoias@gmail.com
(ORCID: 0000-0002-0991-746X; 0000-0003-3443-4205; 0000-0001-9114-121X; 0000-0002-9273-7266;
0000-0002-0152-256X; 0000-0002-4152-5087)
Submetido em 01/10/2022; Aceito em 07/12/2022; Publicado em xx/12/2022.
RESUMO: O estudo teve por objetivo, realizar triagem fitoquímica e avaliar a ação antifúngica sobre os
extratos florais de Tabebuia roseoalba e Jacaranda cuspidifolia. Flores de T. roseoalba e J. cuspidifolia foram coletadas e
os extratos hidroetanólicos produzidos por maceração. A triagem fitoquímica foi realizada qualitativamente
através de diferentes reagentes colorimétricos e de precipitação. A atividade antifúngica foi realizada em
diferentes concentrações dos extratos florais pelo método de difusão em ágar sobre Sclerotinia sclerotiorum,
Colletotrichum acutatum, Colletotrichum gloeosporioides e Rhizopus stolonifer. A triagem fitoquímica demonstrou a
presença de diversas classes fitoquímicas. A atividade antifúngica foi relatada para as quatro cepas de
fitopatógenos em especial para C. acutatum e C. gloeosporioides para o extrato floral de T. roseoalba e alto potencial
antifúngico para S. Sclerotiorum, C. acutatum e C. gloeosporioides. Os extratos hidroetanólicos florais de T. roseoalba
e J. cuspidifolia apresentaram potencial ação fungicida sobre fitopatógenos de interesse agrícola.
Palavras-chave: Sclerotinia; Colletotrichum; flavonoides; alcaloides; taninos; fungistático.
Phytochemical prospection and antifungal activity of floral extracts from
Tabebuia
roseoalba
(Ridl.) Sandwith and
Jacaranda cuspidifolia
Mart.
ABSTRACT: The objective of this study was to perform phytochemical screening and evaluate the antifungal
action on the floral extracts of Tabebuia roseoalba and Jacaranda cuspidifolia. Flowers of T. roseoalba and J. cuspidifolia
were collected and the hydroethanolic extracts were produced by maceration. Phytochemical screening was
performed qualitatively using different colorimetric and precipitation reagents. The antifungal activity was
performed at different concentrations of the floral extracts by the agar diffusion method on Sclerotinia
sclerotiorum, Colletotrichum acutatum, Colletotrichum gloeosporioides and Rhizopus stolonifer. Phytochemical screening
demonstrated the presence of several phytochemical classes. Antifungal activity was reported for the four
phytopathogenic strains, especially for C. acutatum and C. gloeosporioides for the floral extract of T. roseoalba and
high antifungal potential for S. sclerotiorum, C. acutatum and C. gloeosporioides. The floral hydroethanolic extracts
of T. roseoalba and J. cuspidifolia showed potential fungicidal action on phytopathogens of agricultural interest.
Keywords: Sclerotinia; Colletotrichum; flavonoids; alkaloids; tannins; fungistatic.
1. INTRODUÇÃO
Anualmente, diversas espécies vegetais de grande porte
nativas do domínio Cerrado florescem apresentando
diversificada composição de cores entre as fitofisionomias
desse ambiente natural. A família Bignoniaceae apresenta
distribuição Pantropical incluindo 120 gêneros e 800
espécies. No Brasil, são descritas mais de 400 espécies
tratando de uma família bem estabelecida e diversificada na
América do Sul (FILHO; BORGES, 2018). Espécies dos
gêneros Tabebuia conhecidas por “ipês” e Jacaranda
“jacarandás” apresentam belas e aromáticas flores que são
alvos de diversas espécies de insetos polinizadores, na
ornamentação de parques e jardins, no reflorestamento e na
economia, onde sua madeira apresenta grande diversidade de
usos (SILVA et al., 2020).
Além de fazerem importante papel ambiental, espécies
como Tabebuia roseoalba e Jacaranda cuspidifolia são utilizadas
pelas populações tradicionais com atividades antibacteriana,
antigonorréica, antimalárico, antitumoral, antiviral,
antirreumática, antifúngica, antiinflamatória, antineoplásica e
antiulcerativa (SERRA et al., 2020; OKI et al., 2020;
KRAUSE et al., 2022).
Embora não somente sejam utilizadas para cunho
humano no tratamento de afecções, os vegetais apresentam
diversos grupos de metabólitos especiais que apresentam
fitomoléculas capazes de inibirem o desenvolvimento de
diversos grupos de fitopatógenos, inclusive fungos como
Sclerotinia sclerotiorum “mofo-branco” da soja, (antraquinose)
por Colletotrichum gloeosporioides e Colletotrichum acutatum “mofo-
cinza” em diversas frutíferas como mamão, abacate e
morango e Rhizopus stolonifer em cultura de arroz que causam
sérios prejuízos aos produtores rurais todos os anos (WANG
et al., 2019; NJOKU et al., 2020; KHAN et al., 2021).
No entanto, ainda pouco se conhece sobre a constituição
fitoquímica e suas atividades biológicas, inclusive fungistática
sobre o órgão floral de T. roseoalba e J. cuspidifolia sendo assim,
Menezes Filho
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 554-558, 2022.
555
importante uma pesquisa acurada sobre essa constituição e
ação antifúngica.
Este estudo teve como objetivo avaliar através de triagem
fitoquímica e ensaio antifúngico sobre fitopatógenos
agrícolas avaliando extratos hidroetanólicos florais de
Tabebuia roseoalba (ipê-branco) e Jacaranda cuspidifolia
(carobinha).
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Coleta e identificação das espécies
Flores de T. roseoalba e J. cuspidifolia foram coletadas na
área experimental do Instituto Federal Goiano, Campus Rio
Verde no mês de Setembro de 2022. As espécies foram
identificadas pelo primeiro autor, e duas exsicatas, foram
herborizadas e depositadas no Herbário do Laboratório de
Sistemática Vegetal do Programa de Pós-Graduação em
Biodiversidade e Conservação com os seguintes Vouchers
(HRV: 2185 e 2186) respectivamente.
2.2. Produção dos extratos etanólicos florais
Os extratos hidroetanólicos florais de T. reseoalba e J.
cuspidifolia, foram obtidos utilizando etanol 70% (250 g de
flores) como solvente e refluxo em aparelho tipo Soxhlet a
esgotamento por 12 h. Os extratos foram então filtrados em
papel filtro quantitativo e secos em dessecadora a vácuo. O
rendimento obtido foi de 12,8 e 15,3% respectivamente.
2.3. Triagem fitoquímica
Os testes fitoquímicos para detectar a presença de ácidos
orgânicos, alcalóides, carboidratos, azulenos, resinas,
flavonoides, cumarinas, açúcares redutores, açúcares não
redutores, glicosídeos, glicosídeos cardíacos, aminoácidos,
taninos, flobataninos, florotaninos, fitosteróis, terpinóides,
Diterpenos, ligninas, quinonas, ácidos carboxílicos,
saponinas espumídicas, saponinas hemolíticas, óleos voláteis,
compostos aromáticos e alifáticos, proteínas, fenólicos,
triterpenóides, antraquinonas, antocianinas,
Leucoantocianinas, resinas, óleo fixo e oxilatos foram
realizados seguindo o método descrito por Menezes Filho et
al. (2022). Esses testes foram baseados na observação visual
de modificação de cor ou formação de precipitado após a
adição de reagentes específicos.
2.4. Ensaio antifúngico
O método de difusão em ágar (placa), foi utilizado para
determinar a atividade antifúngica sobre S. sclerotiorum, C.
acutatum, C. gloeosporioides e R. stolonifer conforme descrito por
Toigo et al. (2022) com adaptações. As cepas utilizadas estão
depositadas e identificadas no Banco Micológico do
Laboratório de Química Tecnológica (SS12-21, CA15-67,
CG 16-21 e RS 11-11) respectivamente, doadas pelo
Laboratório de Química de Produtos Naturais e
Microbiologia Agrícola do IF Goiano, Campus Rio Verde,
GO, Brasil. As cepas ngicas foram cultivadas a 20 °C por
10 dias para S. sclerotiorum e 28 °C por 3-5 dias para as demais
cepas.
Um disco de micélio com diâmetro de 7 mm foi
transferido para o centro das placas de Petri com diâmetro de
10 cm contendo meio batata, dextrose e ágar (BDA) estéril.
Diferentes concentrações dos extratos florais de T. roseoalba e
J. caroba foram dissolvidos em 0,1% de Tween 80 para
renderizar doses entre 25-300 µL mL-1, em cada placa foi
pipetado 500 µL da concentração. As placas foram
transferidas para incubadora a 20 °C (10 dias) e 28 °C (3-5
dias), respectivamente. O diâmetro da zona de inibição foi
medido e registrado como um indicador de atividade
antifúngica e expresso em porcentagem (%) utilizando
paquímetro digital. O fungicida comercial de referência
Frowncide 500 SC foi usado como controle positivo (dose de
5 µL mL-1). O emulsificante Tween 80 também foi avaliado
na dose mais baixa sob investigação (25 µL mL-1). Os ensaios
de difusão em ágar aplicados a ambos os extratos florais
contra os quatro fungos foram realizados em quadruplicata.
O crescimento micelial foi medido diariamente até o
crescimento completo dos fungos separadamente em placas
controle. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado. Os dados foram submetidos à análise de
variância (ANOVA) e as médias dos tratamentos foram
avaliadas pelo teste de Scott-Knott com 5% de significância
utilizando o programa estatístico ASSISTAT. A porcentagem
de inibição do crescimento micelial foi calculada pela seguinte
fórmula 1:
ICM= (Controle - Tratamentos)
Controle *100 (01)
em que: Controle: crescimento do controle; Tratamentos:
crescimento dos tratamentos.
3. RESULTADOS
Os extratos etanólicos de T. roseoalba e J. cuspidifolia
apresentaram inúmeros grupos de compostos presentes no
órgão floral. Em especial para os grupos de fitomoléculas
alcaloides, flavonoides, taninos condensados e compostos
aromáticos e alifáticos.
O extrato floral de T. roseoalba demonstrou efetiva ação
fungicida em especial para C. acutatum e C. gloeosporioides,
sendo essas duas cepas susceptíveis a composição
fitoquímica em todas as concentrações usuais (Tabela 2).
Sclerotinia sclerotiorum e R. stolonifer demonstraram ser
resistentes onde apresentaram inibição micelial em
concentrações superiores a 100 µL mL-1. O extrato
hidroetanólico floral de J. cuspidifolia apresentaram melhores
resultados quando comparados ao de T. roseoalba em especial
para os fungos que causam antraquinose, C. acutatum e C.
gloeosporioides com 100% de inibição equivalente ao fungicida
comercial Frowncide. Sclerotinia sclerotiorum pode ser inibido
em concentrações inferiores a 100 µL mL-1, e R. stolonifer
apresentou ser uma cepa resistente em concentrações
inferiores a essa concentração.
4. DISCUSSÃO
Diversas pesquisas realizadas com os neros Tabebuia e
Jacaranda, apresentam grupos fitoquímicos importantes
observados em extratos com diferentes solventes extratores,
bem como, com suas frações e subfrações. As classes
fitoquímicas observadas no órgão floral de T. roseoalba e J.
cuspidifolia em nossos achados, corroboram com diversos
autores (BRAGA et al., 2003; ARRUDA et al., 2012;
DUARTE et al., 2014; BARCELOS et al., 2017) que
apresentam grupos de fitomoléculas de igual importância,
observadas em outros órgãos como folhas e cascas de
Tabebuia sp. e Jacaranda sp.. Fitomoléculas como lapachol,
lupeol, ácidos orgânicos, depsídeos e depsidonas, ácido
ursólico e oleanólico, antraquinonas, auronas e chalconas,
saponinas, terpenos e triterpenos, flavonoides, taninos,
Prospecção fitoquímica e atividade antifúngica de extratos florais de Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith ...
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 554-558, 2022.
556
cumarinas e esteroides são relatados (ARRUDA et al., 2012;
DUARTE et al., 2014).
Os fitocompostos auxiliam na manutenção do vegetal
contra a irradiância e estresse hídrico (açúcares redutores e
não redutores); os ácidos orgânicos acumulados nos vacúolos
principalmente em frutas cítricas e os ácidos carboxílicos, o
utilizados na indústria de cosméticos como agentes
antioxidantes, no tratamento de acne e como fotoprotetor.
Os inúmeros alcalóides produzidos pelos vegetais agem
como inibidores de insetos sugadores que podem transmitir
doenças aos vegetais, além de serem empregados na medicina
com ação antimalárica, antitumoral, antiviral e antitussígeno;
fenólicos e depsídeos e depsidonas apresentam ações
antioxidantes, antivirais, antitumorais, analgésicas e
antipiréticas; as saponinas são emulsificantes e hemolíticas;
taninos empregados no controle de insetos, fungos e
bactérias, além de ações biológicas principalmente no
tratamento da hipertensão, hepatoproteção e anti-
inflamatório (DUARTE et al., 2014).
Tabela 1. Prospecção fitoquímica dos extratos hidroetanólicos
florais de T. roseoalba e J. cuspidifolia.
Table 1. Phytochemical prospection of floral hydroethanolic
extracts of T. roseoalba and J. cuspidifolia.
Grupo
EHTr
EHJc
Ácidos orgânicos
+
+
+
+
Carboidratos
-
-
Azulenos
-
-
Resinas
-
-
Flavonoides
+
+
Cumarinas
-
-
Açúcares
redutores
+
+
Açúcares não redutores
+
+
Glicosídeos
-
-
Glicosídeos cardíacos
+
-
Aminoácidos
-
-
Taninos
Verde
Verde
Flobataninos
-
+
Florotaninos
-
-
Fitosteróis
+
+
Terpinoides
+
-
Diterpenos
-
+
Ligninas
+
-
Quinonas
-
-
Ácidos
carboxílicos
-
-
Cumarinas
-
-
Saponinas espumídicas
+
-
Saponinas hemolíticas
+
+
Óleos voláteis
+
-
Proteínas
-
-
Fenólicos
+
+
Triterpenóides
-
-
Antraquinonas
-
-
Antocianinas
-
-
Leucoantocianinas
+
-
Óleos fixos
-
-
Oxilatos
-
-
Compostos aromáticos e alifáticos
Amarelo
Vermelho
Nota: EHTr: Extrato hidroetanólico de Tabebuia roseoalba; EHJc: Extrato
hidroetanólico de Jacaranda cuspidifolia. (+) presença; (-) ausência. (Verde)
condensados ou catéquicos. (Amarelo) composto carbonílico alifático;
(Vermelho) composto carbonílico aromático.
Note: EHTr: Tabebuia roseoalba hydroethanolic extract; EHJc:
Hydroethanolic extract of Jacaranda cuspidifolia. (+) presence; (-) absence.
(Green) Condensed or catechetical. (Yellow) aliphatic carbonyl compound;
(Red) aromatic carbonyl compound.
Tabela 2. Atividade antifúngica sobre fitopatógenos agrícolas em
diferentes concentrações de extratos hidroetanólicos florais de
Tabebuia roseoalba e Jacaranda cuspidifolia.
Table 2. Antifungal activity on agricultural phytopathogens at
different concentrations of floral hydroethanolic extracts of
Tabebuia roseoalba, and Jacaranda cuspidifolia.
Fungos
EHTr
-
Concentrações em µL mL
-1
(%)
25
50
100
200
300
S. sclerotiorum
0e
0e
20d
32c
66b
C. acutatum
38d
41d
62c
72b
77b
C. gloeosporioides
9e
22d
44c
51b
56b
R. stolonifer
0d
0d
0d
7c
21b
Fungos
EHJc
-
Concentrações em µL mL
-1
(%)
25
50
100
200
300
S. sclerotiorum
8f
22e
75d
82c
91b
C. acutatum
4e
20d
51c
92b
100a
C. gloeosporioides
81d
86c
93b
100a
100a
R. stolonifer
0e
0e
12d
33c
51b
Nota: Controle positivo Fungicida Frowncide 500 SC (100%) de inibição.
Controle Negativo Tween 80 (0%) de inibição.
Note: Frowncide Fungicide 500 SC (100%) inhibition positive Control.
Negative control Tween 80 (0%) inhibition.
No cenário agrícola onde se busca novas biomoléculas
capazes de fornecer biossegurança, os extratos
hidroetanólicos florais de T. roseoalba e J. cuspidifolia
demonstraram serem opções naturais sobre o controle de
quatro das diversas formas de fitopatógenos que causam
sérios prejuízos aos agricultores e ao agronegócio, e isso, se
deve às fitomoléculas do metabolismo especial dos vegetais.
Estudos com extratos florais apresentam uma linha tênue
na literatura, carecendo de dados, o que não é diferente com
os gêneros Tabebuia e Jacaranda avaliando atividades
biológicas. Embora, outros órgãos desses vegetais
apresentem uma vasta literatura antifúngica como
apresentada no estudo de revisão por Gómez; Luiz (2018).
As fitomoléculas dos grupos dos ácidos orgânicos,
flavonóides, saponinas e taninos apresentam formidável
interação com a parede de microrganismos, como os fungos,
agindo de diferentes formas, com interesse sobre a inibição e
desenvolvimento desses fitopatógenos (Ferreira et al., 2013).
Extratos de Tabebuia serratifolia, Tabebuia impetiginosa e
Jacaranda mimosifolia demonstraram em estudos, serem ótimas
opções de inoculação e tratamento de sementes agrícolas e
nativas para controle de fitopatógenos dos grupos
Colletotrichum sp. e Fusarium sp., em especial Fusarium
verticillioides discutido por Melo et al. (2016) e Naz et al. (2021).
Toigo et al. (2022) verificaram que o extrato dos frutos de
Capsicum chinense apresentou forte sinergismo positivo sobre
S. sclerotiorum, R. stolonifer e C. gloeosporioides nas mesmas
concentrações de nosso estudo com até 100% de inibição
micelial. O extrato de Caesalpinia ferrea apresentou potencial
antifúngico no controle de Colletotrichum guaranicola e Fusarium
oxyporum por Bariani et al. (2012).
Nossos achados para S. sclerotiorum, C. acutatum, C.
gloeosporioides e R. stolonifer sobre os extratos hidroetanólicos
florais de T. roseoalba e J. cuspidifolia, possuem potencial
atividade antifúngica sendo novas opções na linha de
produtos naturais que apresentam ação antifúngica
comparada à diversos extratos vegetais citados.
Complementa-se que, não somente a ação antifúngica
sobre fitopatógenos é relatada para o gênero Tabebuia sp., mas
a inibição fúngica foi constatada também para fungos
patogênicos sobre os neros Aspergillus (A. fumigatus),
Candida (C. albicans), Cryptococcus (C. neoformans), Microsporum
(M. gypseum), Penicillium (P. purpurogenum), Saccharomyces (S.
Menezes Filho
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 554-558, 2022.
557
cerevisiae) e Trichophyton (T. mentagrophytes) para o extrato
diclorometano da casca de T. avellanedae (KRAUSE et al.,
2022). Diversos estudos apresentam bons resultados sobre a
fitomolécula lapachol como sendo responsável pela eficiente
atividade fungicida e bactericida como é discutido em um
estudo de revisão proposto por Medeiros et al. (2015). Além
disso, atividade de inibição de gêneros bacterianos como
Micobacterium, Treponema e Neisseria são registrados para
extratos e frações produzidos a partir de espécies do gênero
botânico Jacaranda sp. (GACHET; SCHUHLY, 2009;
SERRA et al., 2020).
5. CONCLUSÕES
Os órgãos florais de Tabebuia roseoalba e Jacaranda
cuspidifolia demonstraram nos testes qualitativos, possuir
diversos grupos de fitomoléculas com alto grau de
importância a partir dos extratos hidroetanólicos. Em
especial, a grupos de compostos naturais com características
antifúngica no controle de fitopatógenos agrícolas Sclerotinia
sclerotiorum, Colletotrichum acutatum, C. gloeosporioides e Rhizopus
stolonifer.
6. AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde; aos
órgãos de fomento em pesquisa, CAPES, CNPq, FINEP e
FAPEG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Goiás; aos Laboratórios de Química Tecnológica e Águas e
Efluentes; ao Herbário do Laboratório de Sistemática Vegetal
do IF Goiano – Campus Rio Verde, GO, Brasil.
7. REFERÊNCIAS
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