Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v11i1.13538
ISSN: 2318-7670
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade
de artrópodes e na rentabilidade da cultura
Marina Cristina VASCONCELLOS1* , Janaina De Nadai CORASSA1,
Rafael Major PITTA1,2 Guilherme Gomes ROLIM3
1 Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil.
2 Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop, MT, Brasil.
3 Instituto Mato-Grossense do Algodão, Campo Verde, MT, Brasil.
*E-mail: marinacmvasconcellos@gmail.com
Submetido em 12/03/2022; Aceito em 21/01/2023; Publicado em 12/02/2023.
RESUMO: Objetivou-se com este estudo avaliar as comunidades de insetos-pragas e inimigos naturais nas
seguintes estratégias de controle de pragas: (1) pulverizações preventivas utilizando inseticidas de largo, (2)
pulverizações preventivas utilizando inseticidas mais seletivos aos inimigos naturais, (3) pulverizações apenas
quando atingido o nível de controle de determinada praga utilizando inseticidas de largo espectro, (4)
pulverizações apenas quando atingido o nível de controle de determinada praga utilizando inseticidas mais
seletivos aos inimigos naturais. Foram realizados dois ensaios, um localizado município de Lucas do Rio Verde
e outro em Campo Verde, ambos localizados no estado de Mato Grosso. Os parâmetros avaliados foram
infestações de insetos-pragas presentes na cultura por meio da batida de pano, levantamento de inimigos
naturais por meio de armadilhas tipo “pitfall” e da rede entomológica, produtividade da cultura e o custo com
inseticidas em cada estratégia de controle de pragas. Para comparar a abundância das espécies de insetos praga
e de espécies de inimigos naturais foi utilizada a escala multidimensional não métrica (NMDS). Os dados de
produtividade foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).
As espécies de lagarta Chrysodeixis includens e Spodoptera eridania e o percevejo Euchistus heros foram as pragas
predominantes. As infestações de insetos pragas foram menores quando utilizadas pulverizações preventivas
apenas em Campo Verde; entretanto as produtividades não diferiram entre as estratégias de controle nos dois
ensaios. Os inimigos naturais de maior ocorrência foram das ordens Coleoptera e Dermaptera e, as
comunidades de inimigos naturais foram semelhantes entre as estratégias de controle de pragas.
Palavras-chaves: manejo integrado de pragas; nível de controle; controle biológico.
Evaluation of insects pests and natural enemies in the adoption of mip as a function
of the different classes of insecticides
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the communities of insect pests and natural enemies
in the following pest control strategies: (1) preventive sprays using broad insecticides, (2) preventive sprays
using insecticides more selective to natural enemies, (3) sprays only when reached the level of control of a given
pest using broad-spectrum insecticides, (4) sprays only when the control level of certain pest using insecticides
more selective to natural enemies. Two trials were carried out, one located in the municipality of Lucas do Rio
Verde and the other in Campo Verde, both located in the state of Mato Grosso. The parameters evaluated were
insect-pest infestations present in the crop by means of cloth beat, lifting of natural enemies by means of pitfall
traps and entomological network, crop productivity and the cost of insecticides in each pest control strategy.
Graphs of population fluctuation of pest insects were generated in each control strategy, and to compare the
abundance of pest insect species and species of natural enemies, the multidimensional non-metric scale
(NMDS) was used. The productivity data were submitted to variance analysis and the means compared by the
Tukey test (P ≤ 0.05). The caterpillar species Chrysodeixis includens and Spodoptera eridania and the bedbug Euchistus
heros were the predominant pests. Respect for control levels allowed reducing the costs of insecticides. Insect
pest infestations were lower when preventive sprays were used only in Campo Verde; however, the yields did
not differ between the control strategies in the two sites. The most frequent natural enemies were the orders
Coleoptera and Dermaptera, and the communities of natural enemies were similar among pest control
strategies.
Keywords: integrated pest management; level of control; biological control.
1. INTRODUÇÃO
A cultura da soja (Glycine max (L.) Merrill) possui grande
importância econômica para o Brasil, sendo responsável por
significativa parcela do agronegócio nacional. Destaca-se
como um dos mais importantes produtos de exportação do
país, sendo o Mato Grosso responsável pela produção de
32,5 milhões de toneladas de grãos (IMEA, 2019).
O custo para controle dessas pragas nas lavouras vem
apresentando aumento cada vez maior, quer seja pela
elevação dos preços dos insumos ou pelo seu uso cada vez
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
29
mais frequente. Nos últimos anos houve uma substancial
redução na adoção do MIP e, como consequência o número
de aplicações de inseticidas aumentou, chegando em algumas
regiões com uma média de seis aplicações por safra
(EMBRAPA, 2010).
Segundo acompanhamento mensal do IMEA, o custo
com a aquisição de inseticidas subiu 23,5% na safra
2018/2019 em relação a safra anterior (IMEA, 2018). Deste
modo, existe a necessidade de se criar novas alternativas
visando minimizar os impactos ambientais que o controle
químico causa (Assis, 2005).
Umas das alternativas que vem sendo pesquisada e
desenvolvida ao longo das últimas décadas, tanto na cultura
da soja, quanto em outras monoculturas, é o controle
biológico de pragas, que consiste na utilização de inimigos
naturais para redução de pragas que causam danos às
lavouras. Os inimigos naturais têm sido caracterizados como
organismos especializados no controle biológico de pragas.
Todas as pragas têm seus inimigos naturais, quer sejam
entomopatógenos, parasitóides ou entomófagos
(THANCHAROEN, et al., 2018).
Por isso, independentemente do tamanho do dano que
possa ser causado por alguma praga não se recomenda o
controle preventivo com produtos químicos para não se
correr o risco de fazer aplicações desnecessárias, o que além
do problema da poluição ambiental pode eliminar os
inimigos naturais, selecionar insetos resistentes (EMBRAPA,
2010).
O excesso de aplicação de agroquímicos tem como uma
de suas consequências o desequilíbrio entre pragas e seus
inimigos naturais. Diante disso, ocorreram mudanças
sensíveis no status de pragas principais, na sua densidade
populacional e seus danos, com o surgimento de novas
pragas e a ocorrência de altas populações de pragas
anteriormente consideradas secundárias (GRIGOLLI, 2018).
De acordo com Correa-Ferreira et al. (2010), as práticas
utilizadas atualmente pelos agricultores, como o uso de
inseticidas de amplo espectro em mistura com herbicidas na
dessecação ou em pós-emergência ou com fungicidas, sem
critérios, tem gerado problemas de resistência e de
ressurgência das pragas principais. Isto vem ocorrendo com
certas espécies, anteriormente consideradas sem importância
econômica, como é o caso de Chrysodeixis includens, Spodoptera
sp., Clhoridea virescens e espécies de ácaros e tripes.
Com a ampliação da adoção do MIP a tendência é que
tenha uma diminuição na quantidade total utilizada de
agroquímicos como inseticidas/acaricidas, pois serão
utilizados produtos mais potentes, ou seja, que eliminam as
pragas em menor concentração. Embora o controle biológico
seja a primeira e preferida linha de defesa no controle de
pragas, nem sempre pragas, doenças ou ervas daninhas em
uma determinada cultura pode ser mantidos abaixo dos níveis
de controle. Portanto, os métodos de redução de pragas
utilizando também agroquímicos são necessários (VAN
LENTEREN, 2012).
Um ponto importante a se considerar é a utilização de um
inseticida ecologicamente seletivo, pois, permite que o
produto, mesmo quando não seletivo fisiologicamente,
preserve os inimigos naturais na área tratada, minimizando,
consequentemente, o impacto negativo dessa prática agrícola
(BUENO et al., 2012).
Ao invés de diminuir a dosagem de agentes químicos
contra pragas, o ideal é utilizar um inseticida seletivo, pois
assim poderia fornecer o controle necessário a praga,
mantendo uma porção necessária de inimigos naturais para
continuar com o controle natural. O primeiro passo para um
manejo de pragas sustentável é minimizar o uso de inseticidas
utilizando todos os métodos de controle não químicos
concebíveis (CASTLE et al. 2009).
Quando o manejo integrado de pragas é adotado, resulta
em reduções de custos e pode gerar benefícios reduzindo o
uso de defensivos e consequentemente, seu dano ambiental.
Portanto, este trabalho teve por objetivo avaliar a população
de insetos-pragas e inimigos naturais em áreas que adotam o
método de controle convencional, sem e com utilização do
sistema MIP.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Áreas experimentais e tratamentos
Foram conduzidos ensaios em duas localidades do
Estado do Mato Grosso, Brasil, na safra 2019/2020. Um
ensaio localizou-se no município de Lucas do Rio Verde, MT,
na estação experimental da Fundação Rio Verde (13°00’27”
S - 55°58’07” W e 12°59’34” S - 55°57’50” W, altitude 387
metros) e o outro no município de Campo Verde, MT, na
estação experimental do Instituto Mato-grossense do
Algodão IMA-MT CT Campo Verde (15°30'02.9"S -
55°02'29.6"W).
Em ambos os experimentos, o delineamento empregado
foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro
repetições, perfazendo 20 parcelas. Cada parcela constituiu
de 20 metros largura por 20 metros de comprimento no
espaçamento de 0,45 metros, distanciados por três metros
entre si eliminando 3 linhas de cada extremidade a fim de
determinar a parcela útil.
A semeadura da soja (cultivar transgênica TMG 1180 RR)
foi realizada em 06 de novembro de 2019 nos dois
experimentos, sendo semeada na modalidade de plantio
direto sobre a palhada de milho. Junto a operação de
semeadura foi realizada uma adubação de manutenção para a
soja, com 500 kg ha-1 do formulado 00-18-18 distribuídos
uniformemente nas linhas de semeadura, totalizando 90,0 kg
ha¹ de P2O5 e 90,0 kg ha¹ de K2O, com tratamento de
sementes utilizando piraclostrobina + tiofanato-metílico +
fipronil + na dose de 2,0 ml por kg de sementes e inoculação
com bactérias do gênero Bradyrhizobium na dose 100 ml/ha.
As pulverizações com inseticidas (Tabela 1) foram
efetuadas com um equipamento de pulverização CO2 costal
de pressão constante (50 psi), contendo barra de 3 m e 6 pontas
de pulverização Jacto tipo cone vazio J5-2 (disco J5, diâmetro
externo 15 mm) com volume de calda de 120 L ha¹. Os
tratamentos receberam todos os tratos culturais até o final do
ciclo, de acordo com as recomendações técnicas para a
cultura, exceto com relação à aplicação de inseticidas.
As aplicações preventivas ocorreram de forma
calendarizadas, de acordo com o manejo dos produtores da
região. Os inseticidas utilizados foram escolhidos de acordo
com os mais utilizados pelos agricultores da região (Tabela 1
e 2), sendo os ensaios conduzidos com a mesma
metodologia.
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
30
Tabela 1. Descrição dos tratamentos dos inseticidas avaliados e o período de aplicação no experimento em Lucas do Rio Verde com a
cultura da soja.
Tabela 2. Description of the insecticide treatments evaluated and the period of application in the experiment in Lucas do Rio Verde with
the soybean culture.
Tratamentos Ingrediente Ativo Dose (L/kg ha-1) DAS**
Pulverizações preventivas com
inseticidas de largo espectro
Cloripirifos 0,5 Dessecação
Lambda-Cialotrina 0,03 20
(Tiametoxam+
Lamdba
-
Cialotrina)
0,2 + 1,0 41
Benzoato de emamectina + Acefato 0,25 + 1,0 65
Acefato 1,0 97
Pulverizações preventivas com
inseticidas seletivos*
Flubendiamida 0,05 Dessecação
Metoxifenozida 0,5 20
Lufenurom + Beauveria bassiana 0,15 + 0,5 41
Clorantraniliprole + Beauveria bassiana 0,05 + 015 65
(Tiametoxan + Lambda-Cialotrina) 0,2 97
Pulverizações quando atingidos os
níveis de controle com inseticidas
de largo espectro
(Acetamiprido + Alfa-Cipermetrina) 0,5 61
Acefato 1 91
Pulverizações quando atingidos
os níveis de controle
com inseticidas seletivos*
Ciantraniliprole 0,5 61
Tiametoxam + Lambda-Cialotrina 0,5 91
Controle - - -
* não há no Brasil produtos registrados para o controle de percevejos em soja com ingredientes ativos seletivos aos inimigos naturais. **DAS: dias após
semeadura.
* There are no registered products in Brazil for the controlo f stink bugs in soybeans with active ingredientes selective for natural enemies. **DAS: days
after sowing.
Tabela 3. Descrição dos tratamentos dos inseticidas avaliados e o período de aplicação no experimento em Campo Verde com a cultura da
soja.
Tabela 4. Description of the treatments of the evaluated insecticides and the period of application in the experimente in Campo Verde with
the soybeans culture.
Tratamentos Ingrediente Ativo Dose
(L/kg ha-1) DAS
Pulverizações preventivas com
inseticidas de largo espectro
Cloripirifos 0,5 Dessecação
Lambda-Cialotrina 0,03 20
(Tiametoxam+ Lamdba-Cialotrina) + Metomil 0,2 + 1,0 41
Benzoato de emamectina + Acefato 0,25+1,0 65
Pulverizações preventivas com
inseticidas seletivos*
Flubendiamida 0,05 Dessecação
Metoxifenozida 0,5 20
Lufenurom + Beauveria bassiana 0,15+0,5 41
Clorantraniliprole + Beauveria bassiana 0,05+015 65
Pulverizações quando atingidos
os níveis de controle com inseticidas de largo espectro
Clorfenapir + (Tiametoxam+Lambda-Cialotrina) 1,2 + 0,2 48
Acefato 1,0 60
Pulverizações quando atingidos
os níveis de controle
(Tiametoxam+ Lambda-Cialotrina) 0,2 60
Controle - - -
* não no Brasil produtos registrados para o controle de percevejos em soja com ingredientes ativos seletivos aos inimigos naturais. **DAS: dias após
semeadura.
* There are no registered products in Brazil for the controlo f stink bugs in soybeans with active ingredientes selective for natural enemies. **DAS: days after
sowing.
2.2. Avaliações
2.2.1. Amostragem de insetos-pragas
As avaliações para identificação e quantificação de
lagartas, percevejos e coleópteros desfolhadores presentes na
área experimental ocorreram semanalmente durante todo o
ciclo da cultura. As amostragens foram realizadas em dois
pontos por parcela inspecionado as plantas em um metro até
a fase vegetativa de V3 e posteriormente utilizando o pano
de batida, adaptado de Panizzi et al. (1977).
O pano-de-batida foi confeccionado a partir de um tecido
branco com dimensões de 1m de comprimento e 1,4 de
largura preso a duas hastes de madeira nas laterais, de forma
a cobrir a fileira adjacente da soja, facilitando as avaliações.
Durante as avaliações, o pano-de-batida foi estendido entre
as linhas da área útil das parcelas e as plantas das fileiras
paralelas foram sacudidas vigorosamente sobre ele, para que
os insetos caíssem sobre o mesmo.
Para avaliação de mosca branca, foram coletados em cada
ponto amostral três trifólios por parcela do terço médio da
planta. Posteriormente foram conduzidos ao laboratório e
com auxílio de um microscópio estereoscópio, realizou-se a
quantificação de ninfas vivas.
2.2.2. Armadilhas
Para o levantamento dos inimigos naturais presentes nas
áreas experimentais foram utilizadas armadilhas do tipo
Pitfall (MAJER; DELABIE, 1994; OLIVEIRA et al., 1995) e
rede entomológica.
As armadilhas do tipo pitfall foram instaladas
quinzenalmente em dois pontos aleatórios dentro da área útil
de cada parcela e mantidas na área por 24 horas. Cada
armadilha foi composta de uma garrafa do tipo “PETde
dois litros cortada ao meio, sendo a base da garrafa
(aproximadamente 18 cm de altura) enterrada ao nível do
solo e adicionado solução de álcool 70% no interior. A parte
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
31
superior da garrafa, com formato de funil, foi destacada e, de
forma invertida, fixada no topo da parte superior da garrafa
para servir como um funil (Figuras 4A e 4B).
A B
Figura 1. Armadilha do tipo Pitfall utilizada na captura de
macrofauna epigea (A) - Fonte: Koller et al. (2017); armadilha
instalada no ensaio de Lucas do Rio Verde (B). Foto: Os Autores.
Figura 2. Pitfall trap used to capture epigeal macrofauna (A)
Source: Embrapa, 2017; trap installed in Lucas do Rio Verde (B).
Photo: The authors.
Os insetos coletados foram acondicionados em frascos
plásticos com tampas previamente identificados, contendo
álcool 70%, para posterior identificação e quantificação. Ao
final das coletas, os frascos foram conduzidos ao laboratório
e com o auxílio de microscópio estereoscópio trinocular
(XTB-2T) realizou-se a identificação, que foi efetuada
relativamente a cada espécie, família ou ordem, dependendo
dos recursos taxonômicos e das bibliografias disponíveis.
A coleta de insetos no dossel das plantas ocorreu por
meio da rede entomológica, realizada quinzenalmente,
durante os meses de novembro de 2019 a fevereiro de 2020.
A rede entomológica é constituída por um cabo de
madeira de mais ou menos 1m de comprimento, preso a um
aro de metal de aproximadamente 30 cm de diâmetro e um
saco de filó ou organza (voile) em forma de cone de
aproximadamente 60 cm de profundidade.
2.3. Produtividade
A produtividade foi determinada removendo
manualmente as plantas de duas linhas de cinco metros da
área útil de cada parcela quando a cultura se encontrava no
estádio de maturação plena. Posteriormente as plantas foram
trilhadas em trilhadeira estacionária e após a limpeza dos
grãos em equipamento específico, estes foram pesados e
determinado seu teor de umidade, então o rendimento foi
calculado em unidade de área com teor de umidade corrigida
para 13%. A massa de mil grãos foi estabelecida pela pesagem
de 100 grãos de cada parcela e convertidos para massa de mil
grãos com a umidade de comercialização padrão de 13%.
2.4. Análise estatística
Com os dados de número de inseto-praga por
amostragem, foram criados gráficos de flutuação
populacional com o programa Excel, indicando a quantidade
de cada um, em cada uma das amostragens.
As diferenças nos efeitos dos tratamentos foram
realizadas comparando a diferença média padronizada entre
parcelas com 95% de intervalos de confiança. Uma escala
multidimensional não métrica (NMDS) também foi usada
para comparar a abundância das espécies de insetos praga e
de inimigos naturais usando o indice de similaridade de Bray
– Curtis. A significância dos eixos NMDS foi testada usando
ANOVA com a = 0,05.
Os dados de produtividade foram previamente analisados
quanto a normalidade e homogeneidade por meio do teste de
Shapiro Wilk. Após confirmação os dados foram submetidos
à analise de variança (ANOVA) aplicando-se o teste F
(P<0,05) e então realizou-se a comparação de médias pelo
teste de Tukey (P<0,05). Todas as análises foram conduzidas
usando o pacote Vegan (Oksanen et al., 2013) em R software
(R Core Team, 2017).
3. RESULTADOS
5.1. Região de Lucas do Rio Verde - MT
Nas amostragens realizadas com o método do pano de
batida, para o controle de lagartas, foram contabilizadas 1.576
lagartas, com destaque para Anticarsia gemmatalis, Chrysodeixis
includens e o complexo de Spodopteras spp. e Heliothinae.
As lagartas das vagens (Spodoptera spp. e Heliothinae)
representaram 69,22%, seguido das desfolhadoras (A.
gemmatalis e C. includens) com 30,77%. As espécies S. eridanea e
C. includens predominaram em relação as demais lagartas,
apresentando 74,15% e 86,18% das lagartas respectivamente.
Ao longo do ciclo da cultura as infestações de lagartas
estavam abaixo dos níveis de controle em todos os
tratamentos durante todo o ciclo da cultura, que é de 20
lagartas acima de 1,5 cm por pano de batida para
desfolhadoras ou 10 lagartas de Spodoptera spp. e/ou 30 % de
desfolha no período vegetativo e 15% de desfolha no período
reprodutivo (BUENO et al., 2013). Portanto, não foram
realizadas aplicações de inseticidas para seu controle nos
tratamentos que utilizavam o nível de controle como fator de
decisão de controle.
Como os produtores da região decidem pulverizar
quando presença de lagartas, desconsiderando espécies,
nos tratamentos preventivos as aplicações de inseticidas
foram mantidas. As aplicações ocorreram de forma
calendarizadas, aos 20, 41 e 65 DAS visto que as populações
de lagartas desfolhadoras e de vagens apresentavam níveis
populacionais relativamente baixos.
Na primeira aplicação a média era de 0,12 lagartas/m no
tratamento preventivo com inseticidas de largo espectro e
1,62 lagartas/m no tratamento preventivo com inseticidas
seletivos para lagartas de vagens e sem presença de lagartas
desfolhadoras (Figura 5).
Na segunda aplicação houve redução da infestação no
tratamento preventivo com inseticidas seletivos,
apresentando média de 0,33 lagartas/batida de pano de
lagartas de vagens e sem presença de lagartas desfolhadoras.
Na terceira aplicação, no tratamento preventivo com
inseticidas de largo espetro, a média de lagartas desfolhadoras
foi de 3,18 lagartas/m e 3,5 lagartas/m de lagartas das vagens.
No tratamento preventivo com inseticidas seletivos, a média
de lagartas desfolhadoras foi de 2,37 lagartas/m e das lagartas
das vagens de 3,87 lagartas/batida de pano.
Durante o período reprodutivo da soja houve elevação
das infestações de lagartas desfolhadoras e de vagens em
todos os tratamentos, porém os valores estavam abaixo do
nível de controle (Figura 5).
Na avaliação de desfolha observa-se que a maior
porcentagem de dano foi 10% nos manejos não chegou a
atingir 15% (Figura 6), sendo que durante o período
vegetativo a soja tolera até 30% de desfolha e 15% de
desfolha no período reprodutivo. Entre as espécies de
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
32
percevejos, as principais espécies que ocorreram na cultura
foram Euschistus heros (91,65%) e Dichelops furcatus (8,34%)
atingindo maiores picos populacionais no mês de fevereiro,
quando a cultura estava no estádio R7.
Figura 3. Flutuação populacional de lagartas desfolhadora (A. gemmatalis e C. includens) e de lagartas de vagens (Spodoptera spp e
Heliothinae) e erro padrão respectivamente, na cultura da soja. Área experimental de Lucas do Rio Verde, MT, 2019. As setas pretas indicam
os períodos de aplicação dos inseticidas nos tratamentos preventivos.
Figure 4. Population fluctuation of defoliator caterpillars (A. gemmatalis and C. includens) and pod caterpillars (Spodoptera spp and
Heliothinae) and standard error respectively, in the soybeans culture. Lucas do Rio Verde, MT, 2019 experimental área. The black arrows
indicate the periods of application of insecticides in preventive treatments.
As aplicações nos tratamentos preventivos com inseticida
de largo espectro ou seletivos foram realizadas aos 41, 65, 97
DAS. Na primeira aplicação o havia presença de
percevejos na área experimental (Figura 7), mas como a
cultura estava em início de período reprodutivo (R1), foi
realizada a primeira aplicação por ser uma prática comum
entre os produtores que realizam pulverizações preventivas.
Na segunda aplicação, a média de percevejos foi de 0,75
adultos/m no tratamento preventivo com inseticidas de largo
espectro e de 0,5 adultos/m no tratamento preventivo com
inseticidas seletivos. Na avaliação realizada antes da terceira
aplicação, a média de percevejos adultos amostrados foi de
4,5 adultos/m no tratamento preventivo com inseticidas de
largo espectro e de 7,75 adultos/m no tratamento preventivo
com inseticidas seletivos, a mesma média observada no
tratamento Controle (Figura 7A).
Nos tratamentos que utilizavam o nível de controle para
realização das pulverizações, a aplicação com inseticida de
largo espectro (3,25 adultos/m) e seletivo (3 adultos/m)
ocorreu aos 91 DAS, pois o nível de controle para percevejos
em soja é de 2 percevejos/m para a produção de grãos. Nota-
se um aumento populacional de ninfas em ínstar de
percevejos, acima de 0,5 cm, a partir dos 77 DAS, alcançando
uma população média de 25,75 ninfas/m no tratamento
Preventivo + Seletivo e 23,25 ninfas/m no tratamento MIP
+ Seletivo, isso se deve provavelmente, a alta infestação de
adultos e à eclosão dos ovos presentes na área experimental
(Figura 7B).
Para o controle de mosca branca, as aplicações nos
tratamentos preventivos com inseticidas de largo espectro e
seletivos ocorreram aos 41 e 65 DAS, onde a população da
praga se encontrava acima do nível de controle,
apresentando média de 55,75 ninfas/trifólio no tratamento
preventivo + largo espectro e dia de 60,62 ninfas/trifólio
no tratamento preventivo + seletivo. Nos tratamentos do
sistema MIP a aplicação foi realizada aos 61 DAS,
apresentando média de 41,5 ninfas/trifólio (Figura 8).
Devido a elevada incidência da praga na área
experimental, as pulverizações com inseticidas sejam de largo
espectro ou seletivos utilizando ou não de nível de controle
como critério para aplicação não conseguiram manter a
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
07DAS 14DAS 21DAS 29DAS 35DAS 42DAS 48DAS 56DAS 63DAS 70DAS 77DAS 84DAS 93DAS 100DAS
Média de Lagartas Desfolhadoras
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Média de Lagartas de Vagens
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
33
infestação da praga abaixo dos níveis de danos econômico e
houve uma desfolha precoce das plantas.
Dos coleópteros desfolhadores, as espécies encontradas
em maiores abundâncias foram Cerotomoa arcuata (46,29%)
Colaspis sp. (46,09%) e Diabrotica speciosa (7,61%). Essas
espécies estavam presentes durante todo o ciclo da cultura.
De acordo com o gráfico de flutuação populacional
(Figura 9) nota-se que a infestação de vaquinhas foi baixa,
apenas com um pico populacional aos 64 DAS em todos os
tratamentos avaliados, apresentando média 8,8 vaquinhas/m.
Não foi necessário realizar aplicações de inseticidas para a
praga em questão.
Figura 5. Percentual médio de desfolha na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Lucas do Rio Verde, MT, 2019.
Figure 6. Average percentage of defoliation in the soybean culture and standard error. Lucas do Rio Verde, MT, 2019, experiemental area.
A
B
Figura 7. Infestação de adultos (A) e ninfas (B) de percevejos e erro padrão respectivamente. Área experimental de Lucas do Rio Verde,
MT, 2019. As setas pretas indicam os períodos de aplicação dos inseticidas nos tratamentos preventivos e as setas vermelhas indicam
aplicação nos tratamentos MIP.
Figure 8. Bed bug infestation of adults (A) and nymphs (B) and standard error respectively. Lucas do Rio Verde, MT, 2019 experimental
area. The black arrows indicate the periods of application of insecticides in preventive treatments and the red arrows indicate application in
MIP treatments.
-2
0
2
4
6
8
10
12
Desfolha (%)
Avaliações semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Média de adultos
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-5
0
5
10
15
20
25
30
Média de Ninfas
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
34
Figura 9. Flutuação populacional de ninfas de mosca branca na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Lucas do Rio Verde,
MT, 2019. As setas pretas indicam os períodos de aplicação dos inseticidas nos tratamentos preventivos e as setas vermelhas indicam
aplicação nos tratamentos MIP.
Figure 10. Population fluctuation of whitefly nymphs in soybean culture and standard error. Lucas do Rio Verde, MT, 2019 experimental
area. The black arrows indicate the periods of application of insecticides in preventive treatments and the red arrows indicate application in
MIP treatments.
Figura 11. Flutuação populacional de coleópteros desfolhadores (vaquinhas) na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Lucas
do Rio Verde, MT, 2019.
Figure 12. Population fluctuation of defoliating beetles (cows) in the soybean culture and standard error. Lucas do Rio Verde, MT, 2019
experimental area.
Na ordenação dos dados dos insetos-pragas obtidos pela
análise multidimensional não métrica (nMDS) mostrou-se
uma diferença na composição de insetos-pragas na área
experimental de Lucas do Rio Verde, MT (Figura 10). A
ordenação dos pontos sugere uma distinção entre os
tratamentos preventivos com o tratamento controle.
3.2. Região de Campo Verde – MT
Na região de Campo Verde, foram contabilizadas 949
lagartas, com destaque para Chrysodeixis includens, complexo de
Spodopteras spp. e Heliothinae. De acordo com as amostragens,
as lagartas pertencentes ao grupo de lagartas das vagens
(Spodoptera spp. e Heliothinae) representou 73,86% seguido das
desfolhadoras (C. includens) representando 26,13%.
Nos tratamentos preventivos com aplicação de
inseticidas de largo espectro e seletivo, as aplicações
ocorreram de forma calendarizadas, aos 20, 41 e 65 DAS
(Figura 11). Na primeira aplicação, a média de lagartas foi de
0,58 lagartas/m no tratamento preventivo + inseticida de
largo espectro e 0,16 lagartas/m no tratamento preventivo +
inseticida seletivo para lagartas de vagens e sem presença de
lagartas desfolhadoras na primeira aplicação.
Na terceira aplicação, no tratamento preventivo +
inseticida largo espetro a média de lagartas desfolhadoras foi
de 0,83 lagartas/m e 10,5 lagartas/m de lagartas das vagens.
No tratamento preventivo + inseticida seletivo a média de
lagartas desfolhadoras foi de 0,75 lagartas/m e das lagartas
das vagens de 8,5 lagartas/m. Nota-se um aumento
populacional de lagartas de vagens, isso se deve,
provavelmente, presença de ovos presentes na área
experimental. Nos tratamentos MIP com aplicação de
inseticida seletivo foi realizada uma aplicação aos 48 DAS,
para o controle de lagartas Spodopteras spp.
As lagartas desfolhadoras apresentavam média 0,25
lagartas/m no tratamento MIP + largo espectro e de 1,0
lagarta/m no tratamento MIP + seletivo. A densidade
populacional de lagartas de vagens encontrava-se com média
de 15,25 lagartas/m no tratamento MIP + seletivo e 4,25
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Média de ninfas de mosca
branca/trifólio
Avaliações semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-2
0
2
4
6
8
10
12
Média de coleopteros
desfolhadores/m
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
35
lagartas/m no tratamento MIP + inseticida largo espectro
(Figura 11).
Na avaliação de desfolha observa-se que a desfolha
causadas pelas lagartas manteve-se em veis inferiores a
15%, mantendo abaixo do nível de controle durante o
período de desenvolvimento da cultura (Figura 12).
Nas amostragens dos insetos sugadores, as principais
espécies de percevejos que ocorreram na cultura da soja
foram Edessa meditabunda (75,62%), Euschistus heros (23,22%) e
Diceraeus furcatus (1,14).
As aplicações nos tratamentos preventivos com inseticida
de largo espectro e seletivo foram realizadas aos 41 e 65 DAS.
De acordo com os dados da Figura 13, na primeira aplicação,
o tratamento preventivo + com inseticida de largo espectro
apresentava dia de 1,5 adultos/m e o tratamento
preventivo + com inseticida seletivo teve média de 1
adultos/m. Na segunda aplicação, a média de percevejos foi
de 4,5 adultos/m no tratamento preventivo + largo espectro
e de 2,5 adultos/m (Figura 13).
Nos tratamentos MIP com a aplicação de inseticida
seletivo ocorreu aos 48 DAS. Na primeira aplicação, no
tratamento MIP + seletivo a média era de 4,25 adultos/m. A
segunda aplicação ocorreu aos 69 DAS nos dois tratamentos.
O tratamento MIP + largo espectro apresentava média de
4,75 adultos/m e no tratamento MIP + seletivo a média era
de 2,5 adultos/m. Nota-se um aumento populacional de
ninfas de percevejos no mês de janeiro, alcançando uma
média de 40,25 ninfas/m (Figura 13), entretanto, não foi
realizado aplicação devido a cultura se encontrar no estágio
de maturação plena, onde já se realizaria a colheita.
Para o controle de mosca branca, as aplicações nos
tratamentos preventivos com inseticidas de largo espectro e
seletivos ocorreram aos 41 e 65 DAS, e nos tratamentos com
MIP foi realizada aos 77 DAS quando houve aumento de
população da praga na área experimental (Figura 14).
Entre os coleópteros desfolhadores, as espécies
encontradas em maiores abundância foram Colaspis sp.
(62,29%) e Diabrotica speciosa (37,70). De acordo com o gráfico
de flutuação populacional (Figura 15) observa-se que a
infestação foi baixa, apresentando média 10,77 vaquinhas/m
ao longo do ciclo da cultura, não sendo necessário realizar
aplicações de inseticidas para a praga em questão.
Na ordenação dos dados obtidos pela análise
multidimensional não métrica (nMDS) para insetos-pragas da
cultura da soja, não mostrou diferença na comunidade de
insetos-pragas para os tratamentos (Figura 16). Mediante
análise do gráfico, observou-se o distanciamento do
tratamento controle em relação aos demais tratamentos,
indicando variação na população de pragas.
5.3. Inimigos Naturais
Com o método de armadilha tipo Pitfall” e rede
entomológica foram coletados um total 1.282 insetos, onde
221 foram identificados como inimigos naturais nas áreas
conduzidas, sendo identificadas 18 espécies, pertencentes a 4
ordens, sendo as ordens Coleoptera a de maior abundância,
com 112 insetos amostrados seguido da ordem Dermaptera
com 105 insetos amostrados (Tabelas 3 e 4) e que ocorreram
em todos os tratamentos.
No município de Lucas do Rio Verde, a análise obteve
valor de estresse de 0,11 (k=2), indicando que o diagrama de
ordenação construído é adequado para interpretação, de
forma que a distância euclidiana dos pontos quadrantes
obtida no diagrama está correlacionada de forma negativa
com a similaridade dos inimigos naturais entre eles (Figura
17). Para a análise nMDS, o município de Campo Verde não
permitiu criar agrupamentos, pois a abundância das espécies
de inimigos naturais foi semelhante entre os tratamentos.
Figura 13. Diagrama de ordenação das parcelas produzidos pelo escalonamento multidimensional não-métrica (nMDS) com base na
população de insetos-pragas na área experimental de Lucas do Rio Verde, MT.
Figure 14. Ordering diagramo f the plots produced by non-metric multidimensional scaling (nMDS) based on the population of insect pests
in the experimental área of Lucas do Rio Verde, MT.
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
36
Figura 15. Flutuação populacional de lagarta desfolhadora (C. includens) (A) e de lagartas de vagens (Spodoptera spp e Heliothinae) (B) e
erro padrão respectivamente. Área experimental de Campo Verde, MT, 2019. As setas pretas indicam os períodos de aplicação dos inseticidas
nos tratamentos preventivos e as setas vermelhas indicam aplicação nos tratamentos MIP.
Figure 16. Population fluctuation of defoliator caterpillar (C. includens) (A) and pod caterpillars (Spodoptera spp and Heliothinae) (B) and
standard error respectively. Campo Verde, MT, 2019 experimental area. The black arrows indicate the periods of application of inseticides
in preventive treatments and the red arrows indicate application in MIP treatments.
Figura 17. Percentual médio de desfolha na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Campo Verde, MT, 2019.
Figure 18. Average percentagem of defoliation in the soybean culture and standard error. Campo Verde, MT, 2019 experimental area.
-1
0
1
2
3
4
5
6
Média de lagartas Desfolhadoras
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Média de Lagartas de Vagens
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-2
0
2
4
6
8
10
12
Desfolha (%)
Avaliações semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
37
Figura 19. Flutuação populacional de adultos e ninfas de percevejos na cultura da soja e erro padrão respectivamente. Área experimental de
Campo Verde, MT, 2019. As setas pretas indicam os períodos de aplicação dos inseticidas nos tratamentos preventivos e as setas vermelhas
indicam aplicação nos tratamentos MIP.
Figure 20. Population fluctuation of stink bug adults and nymphs in soybean culture and standard error respectively. Campo Verde, MT,
2019 experimental area. The black arrows indicate the periods of application of insecticides in preventive treatments and the red arrows
indicate application in MIP treatments.
Figura 21. Flutuação populacional de ninfas de mosca branca na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Campo Verde, MT,
2019. As setas pretas indicam os períodos de aplicação dos inseticidas nos tratamentos preventivos e as setas vermelhas indicam aplicação
nos tratamentos MIP.
Figure 22. Population fluctuation of whitefly nymphs in soybean culture and standard error. Campo Verde, MT, 2019 experimental area.
The black arrows indicate the periods of application of insecticides in preventive treatments and the red arrows indicate application in MIP
treatments.
-1
0
1
2
3
4
5
6
Média de Adultos
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-10
0
10
20
30
40
50
Média de Ninfas
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Média de Ninfas de Mosca
Branca/trfolio
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
38
Figura 23. Flutuação populacional de coleópteros desfolhadores (vaquinhas) na cultura da soja e erro padrão. Área experimental de Campo
Verde, MT, 2019.
Figure 24. Population fluctuation of defoliating beetles (cows) in the soybean culture and standard error. Campo Verde, MT, 2019
experimental area.
Figura 25. Diagrama de ordenação das parcelas produzidos pelo escalonamento multidimensional não-métrica (nMDS) com base na
população de insetos-pragas na área experimental de Campo Verde, MT.
Figure 26. Ordering diagramo f the plots produced by non- metric multidimensional scaling (nMDS) based on the population of insect pests
in the experimental area of Campo Verde, MT.
3.4. Produtividade x Custo de Produção
Em relação a produtividade da cultura, no município de
Lucas do Rio Verde, apenas o tratamento preventivo com
inseticida de largo espectro diferiu do tratamento controle
(P<0,05). No município de Campo Verde - MT, os
tratamentos avaliados no estudo não diferiram do tratamento
controle (P<0,05) (Tabela 5).
Quando se compara custo de produção, fica evidente que
a utilização dos níveis de controle como fator decisório para
o controle é economicamente mais vantajosa que o uso de
pulverizações preventivas (Tabela 6), pois nos tratamentos
que adotaram os níveis de controle o número de
pulverizações variou de 1-2 aplicações com valor médio de
US$ 73,81/ha, enquanto que nos tratamentos com
pulverizações preventivas (manejo produtor) foram
realizadas de 4-5 aplicações de inseticidas totalizando um
valor médio de US$ 132,92/ha para o controle de pragas.
4. DISCUSSÃO
Nas avaliações de insetos-praga, as lagartas de C. includens
e Spodoptera spp. foram as espécies de maior incidência nas
áreas experimentais. No Brasil, a ocorrência de espécies de
Spodoptera se tornou comum em cultivos de soja,
principalmente em variedades que expressam a proteína Bt
Cry1Ac por não controlar essas espécies (JUSTINIANO et
al., 2014). Em nossos experimentos houve um aumento
gradativo na infestação de lagartas das vagens em ambas as
localidades com maiores densidades ocorrendo no estádio
reprodutivo. Sosa-Goméz et al. (2006) afirma que na final da
fase vegetativa e os primeiros estágios da fase reprodutiva das
plantas foram os períodos mais favoráveis a incidência dessas
lagartas.
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Média de coleopteros
desfolhadores/m
Avaliações Semanais
Preventivo + Largo espectro Preventivo + Seletivo NA + Largo espectro NA + Seletivo Controle
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
39
Tabela 5. Distribuição da população de inimigos naturais representados pelas ordens nos tratamentos avaliados na cultura da soja, no ensaio
conduzido em Lucas do Rio Verde, 2019.
Table 6. Distribution of the population of natural enemies represented by the orders in the treatments evaluated in the soybean culture, in
the test conducted in Lucas do Rio Verde, 2019.
Ordem Espécie ou grupo
Tratamentos
Preventivo +
Largo espectro
Preventivo +
Seletivo
NA +
Largo espectro
NA +
Seletivo Controle
Coleoptera
Cicindelidae 3 6 3 7 6
Cicindelidae_2 18 7 9 5 14
Carabidae_1 1 2 1 0 0
Carabidae_2 1 1 0 2 2
Calossoma 0 0 1 0 0
Dolichopodidae 0 0 0 0 1
Staphilinidae_1 4 1 0 0 3
Staphilinidae_2 6 2 1 4 1
Dermaptera
Tesourinha_1 1 2 2 0 2
Tesourinha_2 3 1 2 1 8
Tesourinha_3 7 1 2 0 7
Tesourinha_4 9 11 24 8 12
Araneae Aranha 1 0 0 0 0
Scolopendromorpha Scolopendromorpha 0 0 2 0 1
Total
54
34
47
27
57
Tabela 7. Distribuição da população de inimigos naturais representados pelas ordens nos tratamentos avaliados na cultura da soja, no ensaio
conduzido em Campo Verde, 2019.
Table 8. Distribution of the population of natural enemies represented by the orders in the treatments evaluated in the soybean culture, in
the test conducted in Campo Verde, 2019.
Ordem Espécie ou grupo
Tratamentos
Preventivo +Largo espectro
Preventivo + Seletivo
NA + Largo
espectro
NA +
Seletivo
Controle
Coleoptera
Cicindelidae_1 0 0 1 0 0
Cicindelidae_2 1 0 2 0 4
Carabidae_1 0 0 0 0 2
Carabidae_2 0 0 1 0 0
Calossoma 0 0 1 0 0
Dolichopodidae
2 0 0 0 0
coccinelidae_1 0 0 1 0 0
coccinelidae_2 0 1 0 0 0
Dermaptera
Tesourinha_2 2 0 6 4 0
Tesourinha_3 8 6 4 13 6
Tesourinha_4 1 5 1 1 1
Araneae Aranhas 0 0 0 2 1
Hemiptera reduviidae 1 0 0 0 0
Total 15 12 17 20 14
Tabela 9. Produtividade e erro padrão em função de diferentes tratamentos na cultura da soja.
Table 10. Productivity and standard error as a function of diferente treatments in the soybean culture.
Tratamento Lucas do Rio Verde Campo Verde
Kg ha-1 Sacas ha-1 Kg ha-1 Sacas ha-1
Preventivo + Largo espectro 2.242,48 a 37,37± 1,34 a 2.440,50 a 40,67 ± 2,45 a
Preventivo + Seletivo 2.175,46 ab 36,25± 1,36 ab 2.485,00 a 41,41 ± 1,09 a
MIP + Largo espectro 2.131,27 ab 35,52 ± 0,30 ab 2.552,25 a 42,53 ± 3,04 a
MIP + Seletivo 2.103,20 ab 35,06 ± 0,45 ab 2.583,25 a 43,05 ± 4,59 a
Controle 2.001,67 b 33,50 ± 1,06 b 2.512,25 a 41,87 ± 2,88 a
C.V (%) 4,76 15,70
F 3,10 0,05
P 0,08 0,98
*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
*Means followed by the same letter, in the column, do not differ from each other by the Tukey test (P<0,05).
Estratégias de controle de pragas em soja e suas implicações na comunidade de artrópodes ...
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
40
Figura 27. Diagrama de ordenação das parcelas produzidos pelo escalonamento multidimensional não-métrica (nMDS) com base na
população de inimigos naturais. Área experimental de Lucas do Rio Verde, MT.
Figure 28. Plot ordering diagram produced by non- metric multidimensional scaling (nMDS) based on natural enemy population. Lucas do
Rio Verde, MT experimental area.
Tabela 11. Comparação dos custos de produção para o controle de
pragas no sistema MIP e convencional na cultura da soja.
Table 12. Comparison of production costs for pest control in the
MI and conventional system in soybean culture.
Ingrediente Ativo
Total
(US$)
1
Cloripirifos
129,28
Lambda-Cialotrina
(
Tiametoxam+Lamdba
-
Cialotrina) + Metomil
Benzoato de emamectina + Acefato
Acefato
2
Flubendiamida
136,56
Metoxifenozida
Lufenurom + Beauveria bassiana
Clorantraniliprole + Beauveria bassiana
Tiametoxan + Lambda-Cialotrina
3 Clorfenapir + Tiametoxam+Lambda-Cialotrina
72,78
Acetamiprido + Alfa-Cipermetrina
4 Acefato + Tiametoxam+Lambda-Cialotrina 74,83
Ciantraniliprole
5 Controle -
Alguns fatores são determinantes para o aumento da
população de insetos, tais como época de plantio,
precipitação, temperatura, estádio fenológico da planta e
região (KISHIMOTO-YAMADA; ITIOKA, 2015). Segundo
Gundappa et al. (2016), fatores abióticos têm relação direta
com a ocorrência de pragas agrícolas.
Nos tratamentos com uso de níveis de controle verificou-
se baixa infestação de lagartas em ambos os ensaios, sendo
necessário somente uma aplicação de inseticidas químicos na
área de Campo Verde, onde as lagartas de vagens atingiram o
nível de controle.
É importante salientar que a aplicação nesses
tratamentos em relação ao demais foi possível devido o
monitoramento periódico do experimento, qual constatava o
momento ideal para aplicação, nesse caso, quando o nível de
controle fosse atingido. Bueno et al. (2010) constataram que
com manejo correto de pragas é possível a redução de até
duas aplicações por safra.
Essas diferenças do ataque de lagartas ao longo do ciclo
da cultura demonstram que não se podem fazer
generalizações e que em cada região, com suas diferentes
características, pode apresentar variações nas interações que
ocorrem na entomofauna associada à cultura (MARSARO
JÚNIOR et al., 2010).
Na avaliação da flutuação populacional de percevejos, E.
heros ocorreu em maior abundância.
De acordo com Hoffmam-Campo et al. (2012) as
populações de E. heros estão aumentando devido a capacidade
de entrar em oligopausa na entressafra, passar por longos
períodos abrigado e protegido em extratos vegetais, além
serem favorecidas pelo aumento das médias de temperaturas.
Conforme os resultados obtidos no estudo, a maior
incidência de percevejos ocorreu na fase de enchimento de
grãos, corroborando com o trabalho de Conte et al. (2014)
que constatou que a população do inseto apresentou maiores
índices nos estádios reprodutivos da cultura da soja,
evidenciando a preferência alimentar dessa praga, que é
basicamente de grãos.
Após redução populacional devido a pulverização dos
tratamentos, a densidade populacional dos percevejos voltou
a atingir o nível de controle sendo necessária outra aplicação.
Segundo Corrêa-Ferreira et al. (2013) essa dificuldade de
controle dos percevejos pode ser explicada pela alta
população no experimento, pois em elevada densidade pode
haver uma redução numérica, mas as densidades
populacionais ainda permanecem ascendentes, acima do
nível de ação, necessitando nova aplicação.
Degrande; Vivan (2012), relatam também que em função
do uso de cultivares de soja pertencentes a diferentes grupos
de maturação, as primeiras lavouras colhidas servem de fonte
Vasconcellos et al.
Nativa, Sinop, v. 11, n. 1, p. 28-43, 2023.
41
de infestação de percevejos para as lavouras vizinhas e, por
isso, as cultivares mais tardias, que ainda estão desenvolvendo
vagens e grãos, devem ser levadas em consideração. Sendo
assim, recomenda-se muita atenção com essas lavouras de
período tardio, pois a intensa e rápida migração dos insetos
pode causar danos irreversíveis à soja.
Com os dados obtidos nas avaliações de mosca branca é
possível observar no ensaio conduzido em Lucas do Rio
Verde que a maior incidência da mosca branca ocorreu
durante o mês de janeiro. Esse aumento pode estar
relacionado a migração da praga de áreas vizinhas onde o
plantio ocorreu mais cedo para a área experimental com o
plantio tardio.
Normalmente, cultivos tardios, como foi o caso desse
ensaio, sofrem com elevadas infestações de mosca branca,
pois a frequência de migração de insetos provenientes das
áreas semeadas no início da janela de semeadura é muito
elevada.
Outro fator que podemos levar em consideração, é a
ocorrência nesse período de temperaturas mais elevadas.
Segundo Horas et al. (2018) é a condição favorável para a
reprodução e dispersão da espécie. Conforme Silva et al.
(2014) relata, a temperatura influencia a dinâmica população
de mosca-branca. Lima et al. (2011) evidencia que a
precipitação pluviométrica exerce grande impacto na
população, existindo relatos de que períodos de precipitação
intensa aumentam a mortalidade de ninfas.
Para os dados observados de coleópteros desfolhadores,
o nível populacional foi baixo nos ensaios conduzidos não
ocorrendo desfolhas significativa na cultura e sem
necessidade de aplicações para seu controle, corroborando
com as informações de Gallo et al. (2002).
Degrandre (2012) afirma que os coleópteros
desfolhadores dificilmente atingem índices de desfolha para
a realização de seu controle populacional.
Os inimigos naturais foram pouco abundantes ao longo
do período experimental, sendo as ordens Coleoptera e a
Dermaptera de maior incidência.
Segundo Chiaradia et al. (2011), estes resultados eram
esperados, pois nestas ordens está um grande número de
espécie de inimigos naturais da cultura da soja.
Em um estudo de diversidade, composição e dinâmica
populacional de artrópodes em soja RR (não-Bt), no campo
com aplicação de inseticidas foram coletados metade da
quantidade de insetos (pragas e inimigos naturais)
encontrados na soja sem aplicação de inseticidas (Justiniano
et al., 2014). Inseticidas de amplo espectro além de atingirem
o alvo, matam os inimigos naturais (RUSCH et al., 2013).
Segundo Bueno et al. (2010) as aplicações frequentes de
inseticidas de amplo espectro, principalmente na fase inicial
da cultura, têm contribuído para a eliminação dos inimigos
naturais e a rápida ressurgência de pragas.
Os resultados confirmam que a distribuição dos inimigos
naturais na área não apresentou variações espaciais marcantes
associadas às aplicações de cada área. Isso pode ser explicado
pela elevada dominância de espécies típicas da região,
evidenciado pelo baixo valor encontrado para a equabilidade.
Vários autores têm destacado a importância da
seletividade de inseticidas e dos artrópodes predadores na
manutenção dos insetos fitófagos abaixo do nível de ação de
controle em várias culturas (SOARES et al., 1994). O
controle de pragas tem sido feito com inseticidas químicos,
geralmente não seletivo aos inimigos naturais. De acordo
com Bueno et al. (2012), é importante combinar eficiência no
controle da praga-alvo com o mínimo de impacto sobre os
inimigos naturais do agroecossistema.
De acordo com dados de produtividade, os valores
observados neste ensaio apresentaram apenas um indicativo
do que pode ocorrer em situações normais de lavoura, uma
vez que estão muito baixos para a região médio-norte de Mato
Grosso, que está estimada em 3.604,8 kg ha¹ (60,1 sc ha¹)
para a safra 2019/20 conforme IMEA, 2020. À baixa
produtividade pode estar atrelada a época de semeadura, que
ocorreu fora da janela ideal de plantio, onde a semeadura ideal
para a cultivar 1180 RR é até dia 31 de outubro na região médio
norte do estado do Mato Grosso.
Apesar da janela de plantio da soja permitir semeadura até
final do mês de dezembro, os plantios tardios há um grande
risco com o aumento no custo de produção por incidência de
pragas, que migram das primeiras áreas semeadas, tornando-
se um problema para áreas plantadas mais tarde. Então nesse
caso, o uso do nível de controle se torna ainda mais vantajoso
para o produtor, pois sua produtividade é menor em
comparação a semeadura na época ideal e, portanto, uso do
sistema MIP permite uma maior rentabilidade.
Quando analisamos o custo de produção, os tratamentos
com uso de níveis de controle apresentaram menores custos,
porém produtividades semelhantes ao manejo produtor. O
mesmo não foi observado por Corrêa et al. (2013), onde
constatou que a produção da soja foi maior no sistema MIP,
o que confirma a eficiência e confiabilidade da tecnologia,
pois com número menor de aplicações a produção não foi
comprometida, mantendo os mesmos níveis esperados de
produção.
De acordo com a EMBRAPA (2016), em áreas de
monitoramento utilizando o MIP na região do Paraná,
produtores conseguiram reduzir aproximadamente a metade
das aplicações de produtos químicos levando em
consideração o sistema convencional, e produtividade
também superior no manejo com a utilização do MIP.
5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos demonstraram a importância da
amostragem e do monitoramento de pragas para a tomada de
decisão de controle. O uso dos níveis de controle como fator
decisivos para o controle das pragas torna-se uma ferramenta
viável, evitando a aplicações de defensivos químicos
desnecessárias, mantendo com isso a população de inimigos
naturais presentes na área desempenhando um controle
biológico natural para insetos-pragas e com isso reduzindo o
custo de produção.
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Agradecimentos
Opcional.
Contribuições dos Autores:
M.C.M.V. – conceituação, metodologia, coleta de dados, análise
estatística, supervisão, validação, redação (esboço original), revisão
e edição; J.D.N.C. - conceituação, redação (esboço original), revisão
e edição; R. M. P. - conceituação, metodologia, coleta de dados,
supervisão, validação, redação (esboço original), revisão e edição; G.
G. R. - conceituação, metodologia, revisão e edição. Todos os
autores leram e concordaram com a versão publicada do
manuscrito.
Financiamentos:
Não aplicável.
Revisões e/ou comitês instituticionais:
Não Aplicável.
Comitê de Ética da área:
Não Aplicável.
Disponibilização de dados:
Os dados desse estudo podem ser obtidos mediante solicitação
ao autor correspondente ou ao primeiro(a) autor(a), via e-mail.
Conflito de interesse:
Os autores declaram que não existem conflitos de interesses. As
entidades/instituições de apoio não tiveram nenhum papel na
concepção do estudo, na coleta, análise ou interpretação de dados,
na redação do manuscrito, ou na decisão de publicar os resultados.