Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i2.13522 ISSN: 2318-7670
Soluções baseadas na natureza na formação de corredor ecológico
em Pindamonhangaba, São Paulo, Brasil
Antonio Carlos Pries DEVIDE1, Debora de Oliveira Guerreiro SILVA2
1Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Unidade Regional de Pesquisa e Desenvolvimento, Pindamonhangaba, SP, Brasil.
2Curso de Ciência Ambiental, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.
*E-mail: antonio.devide@sp.gov.br
(Orcid: 0000-0003-26663-8611; 0000-0003-4488-3530)
Recebido em 16/03/2022; Aceito em 01/06/2022; Publicado em 06/06/2022.
RESUMO: O objetivo desta pesquisa é propor o planejamento integrado na gestão de áreas verdes públicas e
privadas para readequar a arborização com fins paisagístico e ecológico em uma área urbana no bairro
Residencial Lessa, em Pindamonhangaba/SP. A hipótese é de que o plantio de madeiras e frutas nativas em
áreas públicas e o cultivo da palmeira juçara (Euterpe edulis) em quintais agroflorestais (QA) são soluções
baseadas na natureza (SbN) que potencializam a formação de um corredor ecológico e reforçam a conservação
da Mata Atlântica. Apresentamos o resultado de um inventário amostral da arborização, antes e após o plantio
de enriquecimento, e o levantamento da área de QA apta ao plantio de juçara. O enriquecimento da arborização
urbana resultou no aumento da frequência de espécies nativas (16%), reduziu a fragmentação e ampliou a
conectividade entre áreas de relevante interesse ecológico. O plantio da juçara em QA é uma SbN que melhora
a conservação dessa espécie ameaçada de extinção, insere os moradores na restauração ecológica e reforça a
segurança alimentar e nutricional por meio do incentivo ao consumo da polpa de juçara, rica em antioxidantes.
Palavras-chave: arborização urbana; Euterpe edulis; inventário florestal; geoprocessamento.
Nature-based solutions in ecological corridor formation in
Pindamonhangaba, São Paulo, Brazil
ABSTRACT: The objective of this research is to propose integrated planning in the management of public
and private green areas to readjust the afforestation with landscape and ecological purposes in a urban area in
the Residencial Lessa neighborhood, in Pindamonhangaba/SP. The hypothesis is that the planting of native
wood and fruits in public areas and the cultivation of juçara palm (Euterpe edulis) in agroforestry backyards (QA)
are nature-based solutions (NbS) that improve the formation of an ecological corridor and reinforce the
conservation of the Atlantic Forest. We present the results of a forestry sample inventory, before and after
enrichment planting, and a survey of the QA area suitable for juçara planting. The enrichment of urban
afforestation resulted in an increase in the frequency of native species (16%), reduction in fragmentation, and
increase in connectivity between areas of relevant ecological interest. The juçara plantation in QA is an NbS
that improves the conservation of this species in danger of extinction, inserts the inhabitants in ecological
restoration and reinforces food and nutritional security by encouraging the consumption of juçara pulp, rich in
antioxidants.
Keywords: urban afforestation; Euterpe edulis; forest inventory; geoprocessing.
1. INTRODUÇÃO
A maior parte da população mundial vive nas cidades e
no Brasil 70% se concentra na faixa continental do bioma
Mata Atlântica. Esta é a mais antiga Floresta brasileira, o
hotspot de biodiversidade mais ameaçado do mundo pelas
agressões humanas (JOLY et al., 2019; CHAGAS et al, 2021).
A expansão urbana, na maioria das vezes, ocorre com um
planejamento precário e muito distante do padrão de cidades
sustentáveis neste bioma.
No Vale do Paraíba, situado entre a Serra do Mar e a Serra
da Mantiqueira, os remanescentes de Mata Atlântica
protegem as nascentes que formam o Rio Paraíba do Sul, que
abastece as populações dos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Embora o relevo de mares de morros
esteja ocupado por pastagens e eucalipto, e a planície fluvial
concentre a expansão urbana, industrial e mineração, este
vale tem importante papel na conservação da biodiversidade
ao conectar as duas serras.
Para adequar a dinâmica humana nessa paisagem, uma
nova cultura de integração socioambiental deve ser
trabalhada com Soluções baseadas na Natureza (SbN); cujo
conceito central emergiu durante a Convenção das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-15) (FRAGA;
SAYAGO, 2020). As SbN preveem a gestão integrada de
espaços públicos e privados e a reeducação da população para
mitigar os efeitos das mudanças do clima na paisagem urbana
(SILVA et al., 2011). Exemplos de SbN abrangem a
renaturalização de rios, ruas e sistemas de tráfego com
ciclovias arborizadas, espaços livres com áreas verdes e
florestas urbanas protegidas (CAICHE et al., 2021),
produção agroecológica de alimentos em agroflorestas e
agricultura urbana e periurbana com a promoção da inclusão
social e da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em
comunidades periféricas (ALTIERI; NICHOLLS, 2020;
FILHO et al., 2021).
Devide & Silva
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
251
A arborização urbana planejada com fins ecológico e
paisagístico traz diversos benefícios, tais como o controle dos
ventos e o conforto térmico (ZANLORENZI; SILVA
FILHO, 2018) que geram economia de energia elétrica ao
reduzir a necessidade de climatização artificial no ambiente
doméstico; reduz a poluição do ar e a poluição sonora e
reforça a conservação da biodiversidade, por servir de refúgio
e alimento para uma diversidade de organismos vivos
(DUARTE et al., 2017), principalmente abelhas nativas, aves
e morcegos, que são especialistas na polinização e dispersão
de sementes. Para adequar a arborização e potencializar os
serviços ecossistêmicos em áreas urbanas, o inventário das
espécies arbóreas é uma etapa primordial (SILVA; SOUZA,
2020).
Nas propriedades privadas as áreas verdes ao redor das
moradias são aptas ao cultivo de plantas nativas. Os quintais
agroflorestais (QA) com arranjos de espécies ornamentais,
alimentícias, condimentares e medicinais, combinando
plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, palmeiras e lianas,
além de trazer o conforto ambiental, também servem ao lazer
das famílias (VIEIRA et al, 2012).
A palmeira juçara (Euterpe edulis Mart.) é uma espécie
estratégica para os QA, por conta do valor ornamental e
excelente potencial paisagístico, com porte médio de 15m de
altura ideal para espaços reduzidos (DANELLI et al., 2016).
Além disso, é endêmica da Mata Atlântica e considerada a
espécie mais ameaçada de extinção devido às mudanças do
clima (COLOMBO; JOLY, 2010) e extrativismo do palmito
(CHAGAS et al., 2021). Atualmente, se perdeu 76% de área
potencial para sua propagação e restam somente 15% do
bioma Mata Atlântica com florestas e condições climáticas
apropriadas para esta palmeira (SOUZA; PREVEDELLO,
2019).
A juçara é uma espécie-chave em reflorestamentos, por
sua capacidade de produzir abundante quantidade de frutos
por longos períodos e alimentar um conjunto de animais
(SILVA et al., 2017). Além de atrair a fauna, que também
dispersa as sementes de outras espécies de plantas nativas, o
beneficiamento dos frutos da juçara para obtenção da polpa
gera renda em comunidades tradicionais e sementes para o
artesanato, novos plantios e comercialização (DANELLI et
al., 2016; SILVA et al., 2017). Atualmente, o incentivo
governamental no estado de São Paulo promove a compra de
sementes dessa palmeira para uso em projetos de restauração,
além de valorizar a inserção da polpa da juçara na merenda
escolar em regiões produtoras, como nas cidades litorâneas.
O objetivo desta pesquisa é verificar se a metodologia de
planejamento e ações executivas com SbN, que integram
áreas públicas e privadas, possibilitam formar um corredor
ecológico. A hipótese é de que as intervenções promovem o
bem-estar humano e a conservação da biodiversidade.
2. MATERIAL E METODOS
2.1. Caracterização da área de estudo
Esta pesquisa foi desenvolvida no bairro Residencial
Lessa (22°56’32.23”S 45°28’51.75”O), com altitude média de
540 m, em Pindamonhangaba (SP), região Sudeste do Brasil
(Figura 1). O município tem como principais atividades
econômicas a indústria metalmecânica, o comércio e a
agropecuária, com um centro urbano e comercial central e
áreas industriais e rurais periféricas que dividem espaços na
franja da expansão urbana (Figura 1).
A classificação das áreas do Residencial Lessa em
tipologias de uso abrangeu as áreas verdes internas e áreas
verdes limítrofes do bairro, cujo entorno contém três cursos
d’água. A interpretação das imagens foi feita com o software
de geoprocessamento livre QGIS (3.14) em um mapa
georreferenciado vetorizado para o cálculo das dimensões de
todas as áreas.
Figura 1. Localização do bairro Residencial Lessa (vermelho) no município de Pindamonhangaba (SP).
Figure 1. Location of the Residencial Lessa neighborhood (red) in the municipality of Pindamonhangaba (SP).
Soluções baseadas na natureza na formação de corredor ecológico em Pindamonhangaba, São Paulo, Brasil
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
252
2.2. Inventário das espécies arbóreas
O inventário da arborização urbana foi realizado no ano
de 2020 e atualizado em 2021, e abrangeu duas áreas verdes
públicas utilizadas como amostra (canteiros 1 e 2). Essas
áreas integram o continuum de áreas verdes que têm a função
de conectar áreas ciliares situadas nos extremos do bairro,
incluindo a transição rurbana.
O objetivo do inventário foi determinar a situação inicial
da arborização e verificar as mudanças que ocorreram
posterior ao plantio de enriquecimento, realizado com
espécies arbóreas nativas para fortalecer a formação do
corredor ecológico.
Todas as espécies arbóreas e palmeiras com mais de 5,0
cm de diâmetro basal e altura acima de 1,0 m do nível do solo
foram identificadas ao nível de gênero e agrupadas em
famílias botânicas. Determinou-se a frequência absoluta e
relativa de espécies nativas e exóticas, o total de frutíferas
nativas e o grupo ecológico (SECRETARIA DO MEIO
AMBIENTE - SMA, 2015). Estimou-se a densidade de
indivíduos arbóreos por hectare.
2.3. A palmeira juçara em quintais agroflorestais
Como subsídio à formação de quintais agroflorestais
(QA) no interior dos terrenos particulares, estimou-se a área
disponível para a palmeira juçara e a demanda por sementes
e mudas para o plantio. O levantamento foi feito com base
na análise amostral de quatro quadras, selecionadas de um
segmento diagonal traçado de Oeste a Leste que atravessou
todo o bairro (Figura 2). O objetivo do segmento diagonal
foi amostrar áreas ao acaso para avaliar a possibilidade de
reforçar o corredor ecológico com a maior conexão possível
por meio de QA com a palmeira juçara.
Com técnicas de geoprocessamento e fotointerpretação
de imagem georreferenciada, analisou-se um quarto de cada
quadra amostral, resultando em 24 lotes com área total de
19.775 m². No polígono amostral foram caracterizadas as
áreas internas de cada terreno, delimitadas em sub-polígonos
de área verde ou solo exposto. Criou-se um arquivo shapefile
com a medição dessas áreas e por meio da relação entre a área
total da amostra e a área dos quintais com aptidão ao plantio
obteve-se um fator de conversão, utilizado para estimar a área
total com aptidão ao plantio da palmeira juçara no bairro.
Para o cálculo da densidade de plantio da juçara foi
considerada uma área livre mínima disponível de 50 para
cada indivíduo adulto, em um modelo de cultivo que
possibilita associar a palmeira com outras espécies em QA no
interior dos terrenos. Determinou-se a demanda por
sementes e mudas de juçara e o potencial produtivo de polpa
a ser extraída dos frutos, conforme verificado por Souza
(2015), em áreas manejadas no município de Natividade da
Serra, distante, em linha reta, cerca de 60 km da área da
pesquisa e possui precipitação anual média de 1.275 mm e
temperatura média de 20,4 ºC similares a Pindamonhangaba.
Esse autor obteve produção de 1,69 infrutescência por
indivíduo adulto, biomassa de frutos de 3,913 kg ind.-¹ e um
número de frutos de 2.978 ind-¹, com um rendimento de 2,29
litros de polpa/palmeira.
3. RESULTADOS
3.1. Caracterização da área
A vetorização das tipologias de áreas do bairro
Residencial Lessa resultou no quadro de classes de uso do
solo, apresentado na Tabela 1. As áreas verdes do bairro
foram agrupadas em duas categorias: áreas verdes internas
(Avi) e áreas verdes externas (Ave) (Figura 3) que somam
12% da área total do bairro (Tabela 1). A Avi abrange a praça
do Residencial Lessa e um conjunto de canteiros situados
entre as duas ruas mais importantes do bairro, com espaços
de lazer e esportes. A Ave que contorna o bairro tem a
importante função de mata ciliar e proteção três corpos
d’água. Compõe a Avi a praça do bairro, com 16.696 m², e
cinco canteiros contínuos, dos quais quatro têm área média
de 3.974 m² e um menor com 1.684 m², que juntos conectam
duas áreas ciliares.
Tabela 1. Classes de uso do solo do bairro Residencial Lessa e seu
entorno em Pindamonhangaba (SP)
Table 1. Land use classes in the Residencial Lessa neighborhood and
surroundings in Pindamonhangaba (SP)
Classe
Área
(m²)
Comprimento
(m)
Percentual
(%)
Ocupações
379.217
-
63
Ruas
148.291
-
25
Avi
40.961
-
7
AveO
7.314
-
1
AveL
25.947
-
4
Curso
-
4.967
-
Total
601.730
4.967
100
Avi área verde interna (Canteiros e Praça), AveO área verde Oeste
(nascente), AveL – área verde Leste (córregos).
Compõem a Ave, a AveL – Área verde Leste e a AveO -
Área verde Oeste. Esta, com 7.314 m², é ocupada com
bosques de árvores esparsas que protegem uma nascente e o
córrego que define o limite do bairro, cuja manutenção sem
um padrão definido é realizada por moradores. No momento
predominava no sub-bosque o cultivo de feijão guandu
(Cajanus cajan), batata doce (Ipomoea batatas) e pitaia (Hylocereus
sp.), que configura agricultura urbana em sistemas
agroflorestais. Na margem oposta do corpo d’água,
desprovida de vegetação arbórea, ocorre o cultivo
convencional de grãos em área considerada rural.
A AveL - Área verde Leste, com 25.947 m², se subdivide
em duas áreas entrecortadas por córregos com largura de até
5,0 m. indícios de contaminação de montante por esgotos
doméstico, de atividades comerciais e indústrias. O primeiro
bloco de área possui 15.656 m², é dividido por córrego que
deságua à jusante em um canal retificado, com paredes
revestidas de pedras. O segundo bloco de área verde possui
10.291 m². Em ambos os casos a vegetação ciliar é
descontínua (Figura 3).
3.2. Inventário das espécies arbóreas
O inventário das espécies arbóreas em dois canteiros
amostrais na Avi serviu de subsídio ao planejamento do
plantio de enriquecimento, realizado com ênfase em
frutíferas e madeiras nativas da Mata Atlântica. Como
resultado desse levantamento, observam-se divergências em
termos qualitativos e quantitativos das espécies ocorrentes
nas duas áreas analisadas (Tabela 2).
O projeto inicial de arborização na Avi, que abrange os
cinco canteiros de ligação entre os dois corpos d’água (AveO
e AveL), foi restrito ao plantio de um renque central de
palmeira imperial (Roystonea oleraceae). Posteriormente, os
próprios moradores realizaram o plantio de mudas de
diferentes espécies arbóreas rente ao passeio.
Devide & Silva
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
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Figura 2. Áreas amostrais (amarelo) para determinação dos quintais agroflorestais para o cultivo de juçara no bairro Residencial Lessa,
Pindamonhangaba (SP).
Figure 2. Sample areas (yellow) for determining agroforestry backyards for the cultivation of juçara in the Residencial Lessa neighborhood,
Pindamonhangaba (SP).
Figura 3. Tipologias de áreas do bairro Residencial Lessa, Pindamonhangaba (SP). Fonte: Autores.
Figure 3. Typologies of areas in the Residencial Lessa neighborhood, Pindamonhangaba (SP). Source: Authors.
O Canteiro 1, localizado próximo da mata ciliar da
nascente (AveO), contava, inicialmente, com 69 árvores e
predomínio de espécies exóticas (64%), agrupadas em 11
famílias botânicas e apenas 4,4% de frutíferas nativas. Nesta
área, cada indivíduo ocupava cerca de 64 m², que equivale à
densidade de 157 ind. ha-¹ (Tabela 2, Figura 4).
Após o plantio de enriquecimento, a área do Canteiro 1
apresentou um incremento de 25% no total de espécies
nativas (Tabela 2), sendo introduzidas sete famílias botânicas
(Figura 4), elevando-se para 16,7% a ocorrência de frutíferas
nativas e 341 árvores ha-¹, com significativa redução da área
de cobertura para cada indivíduo (39 m² ind. -¹).
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No Canteiro 2 constavam 54 árvores com uma densidade
de 90 ind. ha-¹, cada árvore com cerca de 111 m² de área de
cobertura, em média, predomínio de nativas (63%) agrupadas
em 12 famílias botânicas – uma não identificada –, com 13%
de frutíferas nativas (Tabela 2, Figura 5).
O plantio de 70 novas árvores e palmeiras no Canteiro 2
resultou no incremento de 7% de espécies nativas. Isto,
porque as falhas do projeto inicial foram preenchidas com o
replantio de 40 mudas de palmeira imperial. Como esta área
dispunha de uma dominância de nativas em relação às
espécies exóticas, o percentual de exóticas declinou apenas
7%, mas com um incremento de sete famílias botânicas e
16,9% de crescimento de espécies frutíferas nativas,
resultando na elevação da densidade para 302 ind. ha-¹ e
redução da área de cobertura de cada indivíduo para 45
(Tabela 2, Figura 5).
As famílias com destaque de incremento pelo plantio de
nativas foram Fabaceae, Myrtaceae e Melastomataceae. As
famílias com menor frequência de nativas, mas com função
relevante na manutenção da diversidade biológica, foram:
Annonaceae, Apocynaceae, Araliaceae, Chrysobalanaceae,
Lauraceae, Lecythidaceae, Lytrhraceae, Meliaceae, Moraceae
e Rubiaceae (Figuras 4 e 5).
Tabela 2. Frequência, densidade e diversidade de espécies arbóreas, pré e pós plantio de enriquecimento, em duas áreas no bairro Residencial
Lessa, Pindamonhangaba (SP)
Table 2. Frequency, density and diversity of tree species, pre and post enrichment planting, in two areas in the Residencial Lessa
neighborhood, Pindamonhangaba (SP)
Pré – avaliação inicial (out./2020) e Pós – avaliação após o plantio de enriquecimento (jan./2021).
Famílias botânicas no Canteiro 1: Pré-plantio
Famílias botânicas no Canteiro 1: Pós-plantio
Figura 4. Famílias botânicas, antes e após o plantio no Canteiro 1
do bairro Lessa em Pindamonhangaba (SP).
Figure 4. Botanical families before and after planting in Area 1 of
Lessa neighborhood in Pindamonhangaba (SP).
Famílias botânicas no Canteiro 2: Pré-plantio
*uma espécie não identificada
Famílias botânicas no Canteiro 2: Pós-plantio
Figura 5. Famílias botânicas, antes e após o plantio no Canteiro 1 e
2 do bairro Lessa em Pindamonhangaba (SP).
Figure 5. Botanical families before and after planting in Area 1 and
2 of Lessa neighborhood in Pindamonhangaba (SP).
3.3. A palmeira juçara em quintais agroflorestais
Na análise da amostra de quatro quarteirões foi
observado um total 24 lotes com área média de 173 por
lote disponível para o plantio da palmeira juçara. Isto, com
base em uma amostra de 29 polígonos com área total de 4.315
m². Essa estimativa foi validada por meio da comparação
entre a taxa de ocupação obtida da amostra e o resultando da
área total das quadras do loteamento (379.217 ),
Área m² Época
Total de
árvores Exóticas % Nativas %
%Frutas
nativas m² ind-1 ind ha-1
4.400
Pré
69
44
64
25
36
4,4
64
157
Pós
114
44
39
70
61
16,7
39
341
6.012
Pré
54
20
37
34
63
13,0
111
90
Pós
134
40
30
94
70
29,9
45
302
Devide & Silva
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
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descontando-se a área de lotes ainda não ocupados. Assim,
na análise da imagem aérea, a diferença entre a amostra e a
área total do bairro foi de apenas 1% (Tabela 3).
Computando a área total dos lotes ocupados no
Residencial Lessa, desconsiderando as demais áreas de lotes
desocupados (sem moradias), obtém-se 82.747 de área
privada com aptidão ao plantio da juçara. Ou seja, é possível
uma conversão de 21,82% da área total dos lotes em QA.
Tabela 3. Resultados quantitativos do levantamento de quintais para
o plantio da palmeira juçara no bairro Residencial Lessa,
Pindamonhangaba (SP)
Table 3. Quantitative results of backyards to juçara palm planting in
the Residencial Lessa neighborhood and surroundings in
Pindamonhangaba (SP)
Taxa
ocupação
Área Total de
mudas
total1 QA2 Lote3
% unidade
Lessa 94 379.217 82.747 173 1.435
Amostra
95 19.775
4.315
¹ área do bairro com terrenos ocupados com moradia; ² área da amostra com
terrenos ocupados com moradia; ³ área de quintais agroflorestais para o
plantio. Fonte: Autores
Na análise do cultivo da palmeira juçara em um QA
tomado como referência nesse mesmo bairro, observa-se que
cada palmeira ocupa pequenas ilhas de 50 m² de área (Figura
6). Por ser uma espécie emergente, a juçara pode ser cultivada
em consórcio com o araçá amarelo (Psidium cattleianum),
mangueira (Mangifera indica), bananeira (Musa sp.), plantas
ornamentais (Orchidaceae) e trepadeiras diversas (Dioscorea
sp., Micania sp.), que neste caso utilizam o estipe da juçara
como suporte. Nos arranjos em que as espécies ocupam
diferentes estratos o paisagismo segue um padrão de sistema
agroflorestal (Figura 6).
Figura 6. Palmeira juçara em quintal agroflorestal no bairro
Residencial Lessa, Pindamonhangaba-SP. Detalhe para o consórcio
com bananeira (A), frutificação de juçara (B) e o estipe como
suporte para o cará – Dioscorea sp. (C).
Figure 6. Juçara palm in agroforestry backyards in the Residencial
Lessa neighborhood, Pindamonhangaba-SP. Detail for the
intercropping with banana (A), juçara fruiting (B) and the stem as a
support for yam – Dioscorea sp. (C).
4. DISCUSSÃO
A expansão do uso e ocupação do espaço terrestre levou
à severa fragmentação dos habitats naturais (SEOANE et al.,
2010). Nesta pesquisa foram identificadas áreas urbanas
relevantes para receberem ões de restauração. Dentre os
objetivos, estabelecer conexões por meio de corredores
ecológicos, ligando, principalmente, áreas verdes que m a
função de proteção dos mananciais hídricos, conforme
determina o Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/2012).
Foi identificado que a arborização urbana das áreas
verdes do bairro Residencial Lessa é descontínua e não segue
um planejamento definido. Assim, configuram-se ilhas de
vegetação em que árvores isoladas funcionam como
trampolins, colocando em risco a fauna que precisa se
locomover entre os fragmentos em busca de refúgio,
alimento e dessedentação.
Essa falta de padrão no planejamento da arborização, a
fragmentação da cobertura arbórea nas áreas verdes internas
e vizinhas, a necessidade de proteção dos recursos hídricos e
ligação das áreas de relevante interesse ecológico, como as
áreas ciliares, justificam o plantio de enriquecimento com
frutíferas e madeiras nativas, para fortalecer a criação de um
corredor ecológico e promover a conservação da Mata
Atlântica.
Em ambientes perturbados, os corredores de vegetação
interligam os fragmentos florestais e melhoram a locomoção
da fauna e o fluxo gênico da flora (PEREIRA; CESTARO,
2016). Um corredor ideal busca unir os fragmentos isolados
que funcionam como ilhas ou metapopulações que formam
uma rede de manchas de habitats conectados entre si dentro
de uma matriz (SEONE et al., 2010).
O planejamento integrado da arborização urbana nas Avi,
Ave e QA do Residencial Lessa deve fortalecer a agenda da
restauração ao nível municipal. Integrar essas áreas verdes em
um corredor ecológico, por meio de plantios de
enriquecimento com espécies nativas funcionais, deve
auxiliar na restauração da biodiversidade ao nível local e com
isso trará melhorias para o deslocamento da fauna, conforme
Seoane et al. (2010).
Herzog; Antuña Rozado (2019) destacam que Soluções
baseadas na Natureza (FRAGA; SAYAGO, 2020) devem
abranger ações na escala periurbana (cidade e arredores),
intraurbana (bairros, bacia urbana e espaço blico) e lote ou
edifício (residência uni ou multifamiliar), ao nível local e
municipal. Ao proteger e conectar áreas ciliares limítrofes na
transição de área urbana para periurbana, o corredor
ecológico ameniza os efeitos da fragmentação e auxilia no
combate aos efeitos das mudanças climáticas nos bairros e
imóveis vizinhos.
Para Caiche et al. (2021), as SbN abrangem a inserção de
espécies nativas para o preenchimento de espaços livres, a
proteção de áreas verdes, florestas urbanas e matas ciliares,
que se adequam aos objetivos da formação de corredor
ecológico no Residencial Lessa. Por abranger os canteiros e
praças, essas ações beneficiam os praticantes de esportes e
lazer, os sistemas de tráfego e a ciclovia arborizada.
Além disso, nas Ave, onde as agroflorestas e a agricultura
urbana e periurbana são praticadas, o incentivo à produção
agroecológica de alimentos, por meio da inserção das frutas
nativas, é um meio de promoção da inclusão social que
fortalece a SAN das comunidades periféricas (ALTIERI;
NICHOLLS, 2020; SÁ FILHO et al., 2021). Por tudo isso, é
estratégico aproveitar a iniciativa local como ponto de partida
para novas propostas de modelos de gestão de áreas verdes
Soluções baseadas na natureza na formação de corredor ecológico em Pindamonhangaba, São Paulo, Brasil
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
256
que visem reeducar a população e mitigar os efeitos das
mudanças do clima na paisagem urbana (SILVA et al., 2011).
Além disso, a arborização urbana planejada reduz os danos
dos ventos fortes e traz o conforto térmico, reduz a poluição
do ar e a poluição sonora (ZANLORENZI; SILVA FILHO,
2018) e melhora a conservação da biodiversidade (DUARTE
et al., 2017).
A formação do corredor ecológico no bairro Residencial
Lessa também pode contribuir para melhorar a qualificação
de Pindamonhangaba no Programa Município VerdeAzul
(PMVA). Lançado em 2007, pelo Governo do Estado de São
Paulo, por intermédio da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, o PMVA tem o propósito de medir e apoiar a
eficiência da gestão ambiental (SIMA, 2021). No quesito
arborização urbana o município obteve nota 5.07 (a nota
máxima é 100), ocupando o 64º dentre as cidades que se
destacaram por preservar o meio ambiente urbano. Porém,
com nota zero para este quesito e nota 10.56 para situação
geral em 2020, Pindamonhangaba passou a ocupar o 320º
lugar dentre os municípios paulistas que participam deste
Programa (SIMA, 2021). Com isso, deixou de receber
importantes subsídios que são destinados como prêmios,
como melhorias em infraestrutura e materiais. A participação
dos municípios é voluntária e ocorre por meio de um termo
de adesão. O principal objetivo do PMVA é estimular e
auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de
políticas públicas estratégicas para o desenvolvimento
sustentável do Estado de São Paulo (SIMA, 2021).
4.1. A palmeira juçara em quintais agroflorestais
Ocupar as áreas verdes ao redor das moradias com o
cultivo de plantas nativas pode resultar em arranjos
paisagísticos funcionais, que combinam espécies
ornamentais, alimentícias, condimentares e medicinais, quer
sejam elas herbáceas, arbustivas, arbóreas, palmeiras e lianas.
Isso fortalece a proposta dos quintais agroflorestais (QA),
que visa produzir alimentos, trazer o conforto ambiental e
servir ao lazer das famílias (SIVIEIRO et al., 2011; VIEIRA
et al, 2012).
A agricultura urbana e os sistemas agroecológicos de
produção são SbN e a agroecologia apresenta os princípios
metodológicos para projetar e gerenciar sistemas agrícolas
biodiversos, adaptados aos pequenos espaços, que são mais
resilientes por suportar os surtos de pragas, mudanças
climáticas, desafios de pandemias e colapsos financeiros
(ALTIERI; NICHOLLS, 2020). Além disso, os quintais são
espaços no ambiente urbano que garantem a interação
humana com elementos do mundo natural. As plantas
alimentícias cultivadas e coletadas em quintais urbanos são
importantes na complementação da dieta dos moradores
(SIVIERO et al., 2011).
No Residencial Lessa, a área média de quintal levantada
foi similar aos registros de Siviero et al. (2011), que estudaram
três bairros urbanos de Rio Branco, no Acre, obtendo-se uma
área média de 217 de QA com expressiva riqueza de
espécies frutíferas e arbóreas cultivadas, com destaque para a
palmeira (Euterpe oleracea) (SIVIERO et al., 2011). Essas
áreas quase sempre são manejadas com baixo vel
tecnológico e compostas, principalmente, por frutíferas que
fazem parte do hábito alimentar da população (VIEIRA et
al., 2012). O cultivo das plantas alimentícias não
convencionais (PANC) em QA e na arborização urbana,
como as frutas nativas, promove a conservação da
agrobiodiversidade de espécies alimentícias negligenciadas
(FRISON, 2016). Além do bem-estar aos moradores,
possibilita uma alimentação mais saudável que auxilia no
tratamento de diversas doenças, melhora a paisagem, a
ambiência e o microclima (SIVIERO et al., 2011).
Vieira et al. (2012) verificaram que o incentivo ao cultivo
de palmeiras na Amazônia, por meio de programas
governamentais, aumentou a ocorrência da família Arecaceae
em QA, com destaque para o aí, cujo fruto processado
produz o “vinho do açaí”, muito apreciado na região Norte,
disseminado no território brasileiro e atualmente é um
valioso produto de exportação (TROIAN; CORBELLINI,
2014).
Para o plantio de juçara no presente estudo são
necessárias 1.435 mudas. Conforme Souza (2015), o
potencial produtivo por QA é de 5,7 kg de infrutescência
com 11,7 kg de frutos, 8.934 frutos que rendem 6,87 litros de
polpa. Ao todo, o potencial produtivo é de 6.527 kg de
infrutescência, 4.967 mi de frutos e 3.819 litros de polpa. O
consumo da polpa extraída dos frutos da juçara cultivada em
QA pode fortalecer a segurança alimentar e nutricional e
representar uma alternativa econômica inovadora ao
considerarmos a escala de produção do Residencial Lessa.
Essa iniciativa pode ser estendida para outros bairros do
município com populações praticantes de agricultura urbana.
Também, outras espécies nativas estratégicas e
negligenciadas, tais como a palmeira jerivá (Syagrus
romanzoffiana) e o cambuci (Campomanesia phaea).
A polpa dos frutos da palmeira juçara é um alimento
funcional que auxilia no combate de diversas doenças e
previne o envelhecimento. Apresenta 61,85 mg do pigmento
antocianina para cada 100 ml de polpa, valor que supera 3,5
vezes os teores encontrados na polpa do açaí, com excelente
valor nutricional em valores energéticos, carboidratos totais,
lipídios, fibra alimentar, teores de potássio, cálcio, magnésio,
ferro, boro e cobalto, que também supera o açaí (TROIAN;
CORBELLINI, 2014).
Diante do padrão de consumo de alimentos
ultraprocessados advindos da globalização, é um desafio
reintroduzir as PANC na alimentação popular, tal como o
caso da polpa da juçara. Entretanto, o consumo do açaí
está consolidado no Centro Sul do Brasil e desenvolvem-se
no município de Pindamonhangaba projetos de SAN que
atendem aos profissionais de saúde e à população em geral, e
podem facilitar a introdução do consumo das frutas nativas.
Estudos sobre corredores ecológicos ainda estão pouco
desenvolvidos em ecossistemas tropicais, carecendo de bases
científicas para apoiar a sua utilidade. No entanto, os efeitos
da fragmentação florestal são tão severos que o planejamento
e a execução de medidas que busquem atenuá-las são
justificáveis, apesar de não estarem disponíveis resultados de
pesquisas que demonstrem a eficácia ou mesmo o acerto
destas medidas (SEOANE et al., 2010).
Considerando a proximidade do bairro Residencial Lessa
com a planície fluvial do Rio Paraíba do Sul, a formação de
corredor ecológico, conectando áreas privadas e públicas a
partir da franja da expansão urbana, como meio de fortalecer
a cobertura de matas ciliares até a APP do Rio Paraíba do Sul,
justifica o incentivo governamental ao plantio da palmeira
juçara que pode vir a ser disseminada pela fauna, passando a
colonizar áreas intensamente exploradas por mineração de
areia e agricultura convencional, que ocasionaram,
praticamente, o total desflorestamento de terras baixas e a
extinção da juçara nessa região.
Devide & Silva
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 250-258, 2022.
257
A ação planejada de plantio da palmeira juçara em QA
reforça a biologia da conservação das espécies, por ampliar a
oferta de alimentos para a fauna local (TROIAN;
CORBELLINI, 2014) e ao requalificar o ambiente, tornando
os QA em pequenas ilhas de refúgio, podem funcionar como
trampolins de ligação com as demais áreas verdes
circunvizinhas (canteiros, praças e matas ciliares), que juntas
passam a formar um mosaico de vegetação que facilita a
circulação da fauna (SEOANE et al., 2010).
Além de seu importante papel para a biologia da
conservação e função sociocultural, o corredor ecológico é
uma estratégia voltada à conexão de remanescentes florestais
e busca reduzir os efeitos do processo de fragmentação
florestal (PEREIRA; CESTARO, 2016). Um projeto dessa
natureza, com o apoio do poder público municipal, deve
fomentar a inserção dos moradores na governança, gestão e
proteção de áreas verdes.
Neste ponto, tem destaque as mensagens de moradores
que registraram em grupo de aplicativo por telefonia celular,
da Sociedade de Amigos do Residencial Lessa, a presença de
aves e mamíferos silvestres, tais como jacus (Penelope sp.),
tucanos (Ramphastidae sp.), maritacas (Pionus sp.), tuins (Forpus
sp.) e pequenos mamíferos, como os saruês (Didelphis aurita)
e furões (Mustela putorius furo), visitando os quintais deste
bairro. O jacu é uma das aves que mais se alimentam dos
frutos da palmeira juçara, sendo um importante agente
dispersor, pois o percentual e/ou a velocidade de germinação
são significativamente maiores em sementes regurgitadas ou
despolpadas pela fauna do que em sementes extraídas
diretamente da planta (SILVA et al., 2017).
O Brasil possui uma ampla variedade de instrumentos
de política e opções de governança socioambiental e
compromissos globais para um futuro sustentável.
Entretanto, a comunicação entre a ciência e a sociedade
precisa ser melhorada por meio de um fluxo contínuo que
torne a comunicação inclusiva e representativa, alcançando
os tomadores de decisão públicos e privados (JOLY et al.,
2019).
A arborização urbana com fins paisagísticos e ecológicos
é uma SbN. Entretanto, outras práticas de manejo de áreas
verdes também precisam ser readequadas, tais como o
manejo racional dos resíduos orgânicos da limpeza de áreas
públicas e privadas. Esses resíduos são estratégicos para
adubação das árvores e o controle do mato que cresce na base
dos vegetais, quando são depositados no entorno das árvores
como cobertura morta do solo. Esta SbN, ao ser empregada
em larga escala, reduz a demanda de mão de obra e o gasto
de combustíveis fósseis para o carregamento, transporte e
compactação dos resíduos. Além disso, melhora a condição
para o crescimento das mudas, uma vez que o adubo
orgânico contém nutrientes, retém umidade e a cobertura
morta no entorno das árvores impede o crescimento de
plantas espontâneas indesejáveis. Com isso, evita os danos
causados por roçada motomecanizada, que degrada o colo
das árvores e ocasiona a mortalidade precoce que gera a
fragmentação na arborização ou faz com que as árvores
remanescentes cheguem à idade adulta muito debilitadas.
5. CONCLUSÕES
O plantio de enriquecimento elevou a frequência de
espécies nativas, reduziu a fragmentação, ampliou a
conectividade entre as áreas de relevante interesse ambiental
e fortaleceu o propósito da criação do corredor ecológico.
O incentivo ao plantio da palmeira juçara em quintais
agroflorestais urbanos é uma atividade pioneira e estratégica
que pode melhorar a conservação dessa espécie tão ameaçada
de extinção. Além disso, essa iniciativa requalifica as políticas
públicas em prol do meio ambiente ao unificar ações em áreas
urbanas, periurbanas, públicas e privadas.
6. AGRADECIMENTOS
A Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal
de Pindamonhangaba, por disponibilizar as mudas e a equipe
técnica para o plantio.
A Sociedade de Amigos do Residencial Lessa (SAL) pelo
apoio ao desenvolvimento do projeto.
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