Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i2.13330 ISSN: 2318-7670
Biomassa e carbono em plantio comercial de paricá na Amazônia
André Henrique Bueno NEVES1, Alaide Carvalho de OLIVEIRA1, Geilton Costa ATAIDES2,
Cássio Marques Moquedace dos SANTOS3, Vinicius Lima PEREIRA2,
Luiz Fernando Pegorer de AQUINO2, Marta Silva Volpato SCCOTI2,
Kênia Michele de Quadros TRONCO2, Rafael Rodolfo de MELO4,
Adriano Reis Prazeres MASCARENHAS2*
1Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brasil.
2Universidade Federal de Rondônia, Rolim de Moura, RO, Brasil.
3Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
4Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN, Brasil.
*E-mail: adriano.mascarenhas@unir.br
(ORCID: 0000-0003-0764-9403; 0000-0002-6993-0180; 0000-0002-8984-5573; 0000-0002-7673-4524; 0000-0001-8299-1765;
0000-0003-3244-9526; 0000-0001-5979-3218; 0000-0003-0873-9582; 0000-0001-6846-2496; 0000-0002-7554-3590)
Recebido em 17/01/2022; Aceito em 10/03/2022; Publicado em 03/06/2022.
RESUMO: As florestas plantadas destacam-se no contexto da mitigação de gases de efeito estufa, pois são
estoques renováveis que dão perenidade aos estoques de carbono. Objetivou-se quantificar o estoque de
biomassa e carbono na parte aérea em plantio comercial de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum) em
Rolim de Moura, Rondônia. Selecionaram-se árvores distribuídas em cinco classes de diâmetro à altura do peito
(DAP), definidas pelo inventário florestal. As árvores foram abatidas e tiveram os compartimentos fuste, casca,
galhos e folhas separados. Para densidade básica, os maiores valores foram encontrados nas classes de DAP
entre 19,4 e 28,2 cm (380 kg m-3 e 345 kg m-3). O plantio acumulou 41,94 Mg ha-1 de biomassa total e as classes
intermediárias (10,6 até 19,4 cm) representaram 84% dessa biomassa. Em relação aos compartimentos,
observou-se que tanto a biomassa quanto o teor de carbono acumulados foram crescentes na seguinte ordem:
fuste > galho > folha > casca. A biomassa de fuste representou 72,2% do total estimado no plantio. O estoque
de carbono total encontrado para o plantio foi em torno de 16,6 Mg ha-1, que foi distribuído em 74,9% para o
fuste, 6,3% para casca, 10,4% para galhos e 8,3% para folhas. O plantio de paricá apresentou acúmulos
consideráveis de biomassa e carbono e pode contribuir para programas de crédito de carbono.
Palavras-chave: serviços ecossistêmicos; gases de efeito estufa; silvicultura tropical.
Biomass and carbon in commercial paricá plantations in the Amazon
ABSTRACT: Planted forests stand out in the context of greenhouse gas mitigation, because they are renewable
stocks that provide perpetuity to carbon stocks. The objective was to quantify the aboveground biomass and
carbon stock in a commercial plantation of paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum) in Rolim de Moura,
Rondônia. Trees were selected in five diameters at breast height (DBH) classes, defined by the forest inventory.
The trees were cut down and the stem, bark, twigs and leaves were separated. For basic density, the highest
values were found in DBH classes between 19.4 and 28.2 cm (380 kg m-3 and 345 kg m-3). The plantation
accumulated 41.94 Mg ha-1 of total biomass and the intermediate classes (10.6 to 19.4 cm) represented 84% of
this biomass. The biomass and carbon content accumulated in each compartment increased in the following
order: stem > twig > leaf > bark. The stem biomass represented 72.2% of the total estimated in the plantation.
The total carbon stock found for the plantation was around 16.6 Mg ha-1, which was distributed in 74.9% for
the stem, 6.3% for bark, 10.4% for branches and 8.3% for leaves. The paricá plantation presented considerable
accumulations of biomass and carbon and can contribute to carbon credit programs.
Keywords: ecosystem services; greenhouse gases; tropical forestry.
1. INTRODUÇÃO
As ações antrópicas, realizadas nas últimas décadas, têm
promovido impacto negativo ao meio ambiente, como, por
exemplo, alteração da quantidade e composição gasosa da
atmosfera e transformação da paisagem (MASCARENHAS
et al., 2021). Em consequência das atividades industriais e
supressão da vegetação natural para expansão da fronteira
agrícola, o aumento das concentrações de gases do efeito
estufa na atmosfera e degradação do solo e cursos de água
foram intensificados (SANTANA et al., 2020).
Uma alternativa plausível para atenuação dos teores de
CO2 atmosférico está ligada a prestação de serviços
ambientais das florestas, por meio da fixação de carbono na
biomassa e no solo. O Brasil destaca-se por possuir extensas
áreas de florestas nativas com viabilidade de manejo
sustentável e ainda florestas plantadas, que são responsáveis
pelo estoque de, aproximadamente, 1,7 bilhões de toneladas
de CO2, e que contribuem para provisão de matéria-prima
em diversas aplicações da madeira (FAO, 2020; IBÁ, 2020).
Em relação as florestas plantadas, o Brasil possui 7,8 milhões
Neves et al.
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de ha, sendo a maioria representada por espécies exóticas dos
gêneros Eucalyptus (5,7 milhões de hectares) e Pinus (1,6
milhões de hectares). Mesmo assim, estudos sobre os
estoques de biomassa e carbono acima do solo em plantios
florestais destas espécies na Amazônia são escassos.
No entanto, pesquisas indicam potencial de estocagem de
carbono nesta região a partir de florestas plantadas. Por
exemplo, Oliveira et al. (2020) encontraram estoques de
carbono acima do solo variando entre 42 Mg ha-1 e 45 Mg ha-
1 em plantios de Eucalyptus com 55 meses de idade no estado
do Pará. Estudando plantios florestais no estado do
Amazonas, Costa et al. (2014) encontraram estoques de
carbono de 19,6 Mg ha-1, 19,5 Mg ha-1 e 9,8 19,6 Mg ha-1 para
plantios de Parkia multijuga, Parkia nítida e Parkia pendula,
respectivamente.
Diante disso, a introdução de espécies nativas nos
plantios pode contribuir para aumento da diversificação e
quantidade dos produtos madeireiros, bem como para
incremento de carbono na biomassa, tendo isso em vista que,
o cultivo de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum
(Huber ex. Ducke) Barneby) se destaca na silvicultura
nacional, com cerca de 90 mil ha plantados, localizados
principalmente no bioma amazônico (IBÁ, 2020).
A justificativa para o destaque dessa espécie está
relacionada às características silviculturais, apresentando
crescimento rápido, fácil adaptabilidade e grande potencial de
produção, principalmente para painéis de madeira laminada,
e ainda, por ser uma espécie pioneira, tem sido amplamente
utilizada na recuperação de áreas degradadas e sistemas
agroflorestais (GONÇALVES et al., 2020; SALES et al.,
2021a). Assim, é muito importante avaliar se os plantios
comerciais de paricá possuem capacidade de estocar
biomassa e carbono, como é observado em outras florestas
cultivadas com espécies mais difundidas.
Neste contexto, a implantação de plantios florestais é
uma alternativa viável para o equilíbrio do ciclo do carbono,
porque estocam grande quantidade deste elemento na
biomassa acima e abaixo do solo. Diante disso, objetivou-se
quantificar e compartimentar a biomassa e o carbono na
parte rea em plantio comercial de paricá no Bioma
Amazônia.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Localização e caracterização da área de estudo
O presente estudo foi desenvolvido em um plantio de 40
ha da espécie paricá localizado no município de Rolim de
Moura, Rondônia, Brasil (Figura 1). As árvores do plantio
possuíam 6 anos de idade e são oriundas de mudas seminais
cultivadas no espaçamento 3 x 3 m.
O relevo da área é levemente inclinado sem presença de
ondulações e o tipo de solo é o latossolo vermelho-amarelo
distrófico (GONÇALVES et al., 2020). Antes da
implantação, a área era utilizada para pecuária de corte e
coberta por pastagem composta pela espécie Brachiaria sp.
Antes do plantio, a pastagem foi dessecada, o solo foi
revolvido (gradeado e subsolado) e realizou-se calagem em
área total na dose de 1,5 t ha-1. Para cada cova, realizou-se
adubação de base com adição de 150 g de NPK (4-14-8). Esta
dose também foi aplicada para cada planta em cobertura
durante 3 anos após plantio.
Nos quatro primeiros anos houve o desbaste seletivo na
porção leste de área, removendo as árvores suprimidas. Além
disso, foram realizados tratos silviculturais (desramas e
controle de plantas daninhas).
Figura 1. Localização do plantio de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) aos seis anos de idade em
Rolim de Moura, Rondônia, Brasil.
Figure 1. Location of the paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) plantation area at six years of age in
Rolim de Moura, Rondônia, Brazil.
Biomassa e carbono em plantio comercial de paricá na Amazônia
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
156
A tipologia climática da região é do tipo Am, conforme a
classificação de Köppen-Geiger. A temperatura média anual
é 27,6 ºC e a precipitação total anual varia entre 2000 e 2200
mm, com chuvas mais intensas entre os meses de outubro e
abril e menos de 50 mm nos meses de junho e agosto (BECK
et al., 2020).
2.2. Seleção e abate das árvores
Foi realizado um inventário florestal piloto empregando-
se o processo de amostragem aleatória simples. Para isso,
implantou-se inicialmente seis unidades amostrais com
dimensões 25 × 100 m de forma aleatória. Posteriormente,
realizou-se o cálculo de intensidade amostral (equação 1), a
partir do qual foi possível observar que oito unidades
amostrais seriam suficientes para representar a área do
plantio, visando garantir a precisão requerida de 10%. Então,
foram implantadas mais duas unidades amostrais de forma
aleatória.
n =
t
S
E
(01)
em que: n = número de amostras necessárias para um erro máximo
de 10% em torno da média a 95% de probabilidade; t = distribuição
de Student, a 95% de probabilidade e n – 1 graus de liberdade; N =
número total de unidades de amostra possíveis na população S2=
Variância (m³ ha-1)2; E = precisão requerida de 10%.
Assim, em cada unidade amostral foram medidos o
diâmetro à altura do peito (DAP) e altura total de todas as
árvores (Ht) das unidades amostrais. A partir do DAP,
também foi calculada a área basal (G). A árvores foram
distribuídas em cinco classes de DAP com amplitude de 4,4
cm. Com as classes de DAP definidas, selecionou-se e
abateu-se quatro árvores representativas e com boas
condições fitossanitárias em cada classe, totalizando 20
árvores.
Em seguida, obteve-se o volume do fuste das árvores
com e sem casca por meio da cubagem rigorosa. Para isso, os
fustes das árvores foram seccionados em toretes de 100 cm
de comprimento, os quais tiveram seus volumes calculados
em função do comprimento e da área transversal de suas
extremidades (equação 1). Os volumes do toco e do cone
foram obtidos com as equações 2 e 3, respectivamente. O
volume rigoroso das árvores abatidas foi obtido aplicando-se
o método de Smalian.
A altura das demais árvores das unidades amostrais, foi
estimada pelo modelo ajustado para o plantio pelo método
dos mínimos quadrados parciais com = 64,47%, Syx =
4,16% e p < 0,01 (equação 5). Utilizando a equação 6,
calculou-se o volume com casca levando em consideração
um fator de forma médio de 0,7 (HOFFMANN et al., 2011).
em que: vi = volume dos toretes (m³); g1 e gi+1 = áreas transversais
das extremidades dos toretes (m2); li = comprimento dos toretes
(m); v0 = volume do toco (m3); g0 =; área transversal do toco (m2);
l0 = comprimento do toco (m); vc = volume do cone (m3); gb = área
transversal da base do cone (m2); lc = comprimento do cone (m); vr
= volume rigoroso da árvore (m3); e = 2,718281; DAP = diâmetro
a altura do peito (cm); Ht = altura total (m); Vcc = volume com casca
(m³); e f = fator de forma artificial (0,7).
O volume sem casca (Vsc) foi calculado pela subtração
entre o volume do fuste com casca e o volume de casca,
obtido a partir da medição da espessura da casca.
2.3. Obtenção de amostras e estimativas da biomassa
Para determinar a biomassa do fuste utilizou-se discos
com espessura de 5 cm, retirados a cada 100 cm ao longo do
fuste das árvores. As folhas e galhos foram separados do
fuste e imediatamente pesados em campo na condição úmida.
Amostras de galhos e folhas, com aproximadamente 5 kg,
foram armazenadas em sacos plásticos hermeticamente
vedados para evitar a desidratação. Estas amostras foram
pesadas úmidas e posteriormente secas em estufa (105 ±
5 °C), para obtenção da umidade na base seca do material de
cada compartimento. Esta umidade foi utilizada para
determinar a massa seca das amostras de galhos e folhas
pesadas em campo.
Já para obter a biomassa da madeira e da casca, os discos
tiveram a casca removida e em seguida cortados em quatro
cunhas. Utilizou-se duas cunhas para determinação da
densidade básica (ρb) da madeira por meio da norma ASTM
D2395-17 (ASTM, 2017). As outras duas cunhas de cada
disco foram utilizadas para determinação do teor de carbono.
Com os dados de ρb e volume rigoroso das árvores,
calculou-se a densidade básica ponderada (equação 7).
Utilizando-se os dados de densidade básica ponderada e
volume sem casca de cada árvore calculou-se a biomassa seca
do fuste (equação 8). Os valores encontrados em cada
compartimento foram multiplicados pelo volume sem casca
obtido para cada classe, obtendo-se assim as estimativas dos
valores de biomassa por área.
ρbp=
ρb× vi
v
r
(07)
Bs=
vi× ρbp (08)
em que: ρb = densidade básica; ρbp = densidade básica ponderada
(kg m-3); vi = volume da seção amostrada entre duas posições
sucessivas (m3); vr = volume rigoroso do fuste sem casca (m3); Bs =
Biomassa seca (kg).
Para a quantificação da biomassa da casca, saturou-se
amostras em água para obtenção de seus respectivos volumes
pelo método de imersão em água, também conforme a
ASTM D2395-17 (ASTM, 2017). Na sequência, as cascas
foram secas em estufa de circulação forçada de ar ajustada em
105 ± 5 °C.
Ao final obteve-se os dados de massa seca das amostras
por meio de balança (0,001 g), que juntamente com os
respectivos volumes foram utilizados para cálculo da ρb das
cascas. Seguindo o mesmo raciocínio para ρb da madeira,
calculou-se a ρbp da casca, para melhor representatividade
das estimativas.
Por serem compartimentos mais leves, os galhos e folhas
não apresentaram a necessidade do cálculo da biomassa por
vi=
(
g
1
+
g
i+1
)
2
× li (02)
v0=g
0
× l0 (03)
vc=
1
3
gb × lc (04)
H
t
=
e
(
0,7967+0,682×lnDAP
)
(05)
Vcc=
󰇧
(
DAP
)
2
× π
40000 × h×f
󰇨
(06)
Neves et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
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meio da densidade e volume, de forma que ambos tiveram a
massa total obtida em campo, com o auxílio de uma balança
de mola portátil. Por fim, os valores obtidos encontrados em
cada compartimento foram multiplicados pelo mero de
árvores em cada classe para a estimativa dos valores de
biomassa por área
2.4. Estimativas de carbono da parte aérea
Para a obtenção do teor de carbono, as amostras da
madeira do fuste, da casca, folhas e galhos foram moídas em
moinho de facas tipo Willey. Para determinação do carbono
na casca e no fuste, as amostras foram retiradas da base, meio
e topo de cada árvore. Para os demais compartimentos
(folhas e galhos) obteve-se uma amostra composta por partes
representativas de cada árvore.
As estimativas de biomassa em Mg ha-1 foram obtidas por
meio da multiplicação entre os valores dios calculados
para os compartimentos de cada árvore e o número de
árvores por ha em cada classe diamétrica, obtido por meio do
inventário florestal realizado no plantio.
Na sequência as partículas moídas foram peneiradas em
malha de 20 mesh e determinou-se o teor de carbono pelo
método baseado na oxidação da matéria orgânica em
presença de ácido sulfúrico e dicromato de potássio, e
posterior dosagem, por titulação, do excesso de dicromato,
com solução padrão de sulfato ferroso amoniacal
(BEZERRA NETO; BARRETO, 2011).
Os resultados de teor de carbono o expressos em
valores percentuais relativos à amostra analisada. Com isso, o
estoque de carbono foi obtido pela multiplicação entre o
percentual de carbono de cada compartimento e seu
respectivo estoque de biomassa em cada classe diamétrica.
O fluxograma de procedimentos para coleta, preparo e
análise das amostras encontra-se na Figura 2.
Figura 2. Esquema da amostragem e abate das árvores de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) e
separação de compartimentos para obtenção da biomassa e estoques de carbono acumulados.
Figure 2. Scheme of sampling and felling of paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) trees and separation
of compartments to obtain biomass and accumulated carbon stocks.
2.5. Análise dos dados
Os resultados obtidos para ρbp, estoques de biomassa e
estoques de carbono do fuste, casca, galhos e folhas foram
analisados por meio de estatística descritiva, indicando
valores mínimos, médios, máximos e coeficiente de variação
(CV).
3. RESULTADOS
As classes de DAP com maior frequência situaram-se
entre 10,6 até 15,0 cm e 15,0 até 19,4 cm, representando,
respectivamente, 54 e 27% do número total de árvores ha-1
(N) no plantio de paricá (Figura 3 e Tabela 1).
Para as classes de 19,4 até 23,8 cm e 23,8 até 28,2 cm,
observou-se as menores quantidades de árvores ha-1. Os
valores observados para área basal (G) seguiram a mesma
tendência verificada em N (Tabela 1).
Figura 3. Frequência de árvores de paricá (Schizolobium parahyba var.
amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) em função das classes
diamétricas aos seis anos de idade em Rolim de Moura, RO, Brasil.
Figure 3. Frequency of paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum
(Huber ex. Ducke) Barneby) trees as a function of diametric classes
at six years of age in Rolim de Moura, RO, Brazil.
Biomassa e carbono em plantio comercial de paricá na Amazônia
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
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Tabela 1. Número de árvores (N), área basal (G) e volume com casca
(Vsc) nas classes de DAP em plantio comercial de paricá
(Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby)
aos seis anos de idade em Rolim de Moura, Rondônia, Brasil.
Table 1. Number of trees (N), basal area (G) and volume com casca
(Vcc) for different DBH classes in a commercial paricá (Schizolobium
parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby) plantation at
6 years of age in Rolim de Moura, Rondônia, Brazil.
Classes de
DAP (cm) N
(árvores ha-1) G
(m2 ha-1) Vsc
(m3 ha-1)
6,2 - 10,6 141 1,02 7,40
10,6 - 15,0 493 6,52 58,67
15,0 - 19,4 251 5,58 59,57
19,4 - 23,8 29 0,99 12,17
23,8 - 28,2 2 0,10 1,46
Total 917 14,20 139,28
A classe de DAP entre 15,0 e 19,4 cm tiveram valores de
Vsc muito próximos à classe de 10,6 até 15,0 cm, mesmo com
valor de N sendo 49% menor. Em conjunto estas classes
representam 85% do volume total por ha. Os valores de Vsc
para a classe de 19,4 até 23,8 cm foram quase duas vezes
maiores que os observados na classe de 6,2 até 10,6 cm,
enquanto a classe de 6,2 até 10,6 cm possui volume cinco
vezes maior comparado às árvores compreendidas entre 23,8
e 28,2 cm, pois a primeira classe apresenta 141 árvores ha-1
enquanto que a última classe possui duas árvores ha-1.
As médias encontradas para ρbp da madeira de paricá
apresentaram valores semelhantes para diâmetros
compreendidos entre 6,2 e 19,4 cm, com uma diferença
média de 9,16% entre os valores. A maior média foi na classe
de DAP compreendida entre 19,4 e 23,8 cm seguida da classe
de 23,8 até 28,2 cm, na qual observou-se o maior CV (Tabela
2).
Tabela 2. Densidade básica ponderada (ρbp) da madeira para
árvores de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex.
Ducke) Barneby) em diferentes classes de DAP aos 6 anos de idade
em Rolim de Moura, Rondônia, Brasil.
Table 2. Weighted basic density (ρbp) of wood for paricá trees
(Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby)
in different DBH classes at 6 years of age in Rolim de Moura,
Rondônia, Brazil.
ρbp
(kg m-3)
Classes de DAP (cm)
6,2 - 10,6
10,6 - 15,0
15 - 19,4
19,4 - 23,8
23,8 - 28,2
Mínimo 235,28 255,72 263,78 303,63 264,65
Média 251,98 277,19 275,13 340,65 302,20
Máximo 263,51 311,02 293,18 380,36 345,99
CV (%) 5,12 8,55 4,68 9,41 11,06
em que: CV = coeficiente e variação.
Os valores obtidos para biomassa seca por hectare
apresentaram-se em ordem decrescente, sendo fuste > galhos
> folhas > casca (Tabela 3). Percebe-se que, apesar das
classes compreendidas entre 19,4 e 28,2 cm conterem as
árvores de maior diâmetro, a biomassa acumulada é menor.
No entanto, nestas classes encontram-se o menor número de
árvores por ha. Nas classes intermediárias (entre 10,6 e 19,4
cm) contabilizou-se 84,6% da biomassa total.
Independentemente da classe diamétrica, observou-se
que o fuste foi o compartimento que mais contribuiu com a
biomassa total, na qual encontra-se com 72% da biomassa
total estimada. A biomassa total da casca correspondeu a
7,3% da biomassa, enquanto a fração correspondente aos
galhos representou 11,2% do total estocado no plantio, com
os maiores valores observados para as classes compreendidas
entre 10,6 até 15 cm e de 15 até 19,4 cm. O compartimento
das folhas apresentou o terceiro menor percentual de
biomassa, sendo responsável por 9,2% do estoque.
Assim, os valores podem ser agrupados como biomassa
da copa (folhas e galhos) e a biomassa do fuste (casca e
madeira), as quais representaram, respectivamente, 20,5% e
79,5% da biomassa total acima do solo. Em relação ao
carbono estocado nos compartimentos estudados, a
distribuição observada seguiu a mesma tendência encontrada
para biomassa (fuste > galho > folha > casca) (Tabela 4). Os
estoques de carbono dos compartimentos da casca, galhos e
folhas somados representam por volta de 25% do total de
carbono da parte aérea no plantio.
Tabela 3. Biomassa seca (Mg ha-1) nos compartimentos de árvores
de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke)
Barneby) por classes de DAP aos seis anos de idade, em Rolim de
Moura, Rondônia, Brasil.
Table 3. Dry biomass in the different compartments for paricá trees
(Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke) Barneby)
in different DBH classes at 6 years of age in Rolim de Moura,
Rondônia, Brazil.
Biomassa
(Mg ha-1)
Classes de DAP (cm)
Total
(Mg ha-1)
6,2 - 10,6
10,6 - 15,0
15 - 19,4
19,4 - 23,8
23,8 - 28,2
Fuste 1,41 13,61 12,29
2,68 0,30 30,29
Casca 0,16 1,35 1,26 0,27 0,02 3,06
Galhos 0,16 1,44 2,25 0,74 0,11 4,70
Folhas 0,16 1,62 1,66 0,42 0,03 3,89
Total 1,89 18,02 17,46
4,11 0,46 41,94
Tabela 4. Estoques de carbono dos compartimentos das árvores de
paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke)
Barneby) em diferentes classes de DAP aos seis anos de idade, em
Rolim de Moura, Rondônia, Brasil.
Table 4. Carbon stocks in the different compartments for paricá
trees (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex. Ducke)
Barneby) in different DBH classes at 6 years of age in Rolim de
Moura, Rondônia, Brazil.
Estoques
de carbono
(Mg ha-1)
Classes de DAP (cm)
Total
(Mg ha-1)
6,2 - 10,6
10,6 - 15,0
15 - 19,4
19,4 - 23,8
23,8 - 28,2
Fuste 0,57
5,56 5,10 1,13 0,12 12,48
Casca 0,06
0,46 0,43 0,09 0,01 1,05
Galhos 0,06
0,54 0,82 0,28 0,04 1,74
Folhas 0,06
0,56 0,61 0,15 0,01 1,39
Total 0,75
7,12 6,95 1,65 0,18 16,66
Nas classes de 6,2 até 10,6 cm e de 10,6 até 15 cm, em
torno de 77% do estoque de carbono das árvores encontra-
se no fuste, enquanto que para os demais compartimentos os
Neves et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
159
percentuais do estoque foram e média de 8% para cada
compartimento. Nas classes de 15 até 19,4 cm; 19,24 até 23,8
cm; e 23,8 até 28,2% os percentuais do estoque de carbono
para o fuste foi inferior às demais classes, mas não foi inferior
à de 6,2 até 10,6 cm que apresentou o menor estoque.
Quanto ao estoque de carbono na casca, a terceira classe
apresentou o maior valor (~43,8%) e a quinta classe o menor
(~0,95%). para galhos e folhas, os maiores estoques de
carbono foram obtidos para terceira classe com percentuais
de 43,8 e 47,1%, respectivamente.
4. DISCUSSÃO
Os parâmetros dendrométricos obtidos para o plantio em
estudo adequam-se ao comportamento pico para florestas
plantadas, pois as classes intermediárias (10-19,4 cm)
concentraram a maior quantidade de árvores e o maior
percentual de volume do plantio. Isso ocorre porque nestas
classes encontram-se as árvores dominantes, ou seja, as 100
árvores de maior diâmetro por ha (POMMERENING et al.,
2021).
As classes de maior diâmetro (19,4 até 28,2 cm),
geralmente contém árvores próximas das bordas ou em
falhas do plantio devido à morte de árvores suprimidas,
regiões em que existe favorecimento da exposição à luz e
menor competição entre plantas (SALES et al., 2021a).
Os resultados encontrados neste trabalho estão em
consonância com outras pesquisas recentes. Por exemplo,
Sales et al. (2021b) avaliando árvores de paricá aos 60 meses
no espaçamento 5 x 2 m na Amazônia, encontraram DAP
variando de 16 até 20 cm; altura total situada entre 15 e 21 m
e Vsc entre 120 e 180 m3 ha-1.
Mascarenhas et al. (2021) ao estudarem o crescimento de
árvores de paricá com 20 anos de idade, cultivadas no
espaçamento 5 x 2,5 m em sistema agroflorestal
multiestratificado na Amazônia, obtiveram valores de N por
volta de 450 árvores ha-1, altura total em torno de 23 m, DAP
de aproximadamente 24 cm e Vsc na ordem de 516 m3 ha-1.
Estes resultados demonstram que o plantio em estudo
apresenta potencial para expressar maiores estoques de
madeira ao longo dos anos.
Quanto à ρb, a proximidade nos valores entre as classes
de menor diâmetro pode ser explicada pela maior proporção
de alburno e de lenho inicial. Ou seja, existe maior
homogeneidade na composição do lenho entre as árvores,
mesmo se tratando de madeira juvenil, nas classes superiores
(>19,4 cm) existe maior proporção de cerne, maior
quantidade de lenho tardio e maior variabilidade dos valores,
como por ser visto na Tabela 2.
Reportou-se em outras pesquisas que a heterogeneidade
da madeira tende a aumentar no sentido medula-casca ao
passo com que se aumenta o diâmetro das árvores, pois existe
a distribuição heterogênea de lenho inicial e tardio, presença
de madeira de transição e diferenças de proporção entre
cerne e alburno (SALVO et al., 2017). Variações ambientais
também podem ocasionar essas alterações. Almeida et al.
(2020) e Faria et al. (2021) relataram que deficiências
nutricionais, temperatura elevadas e déficit hídrico podem
reduzir a proporção de cerne, a densidade da madeira e,
consequentemente, o ritmo de crescimento.
Ao estudarem diferentes estágios de crescimento da
espécie Parkia velutina, Morel et al. (2018) verificaram que a
densidade aumentou significativamente no sentido medula-
casca entre as árvores, influenciando diretamente os
resultados dos estoques de biomassa e carbono. Saeedi et al.
(2018) observaram que variações nas classes diamétricas
exerceram forte influência das propriedades da madeira de
Quercus brantii. Os autores verificaram que, a densidade foi
15% maior em relação região próxima a medula.
A densidade da madeira de paricá é altamente
correlacionada com o espaçamento e densidade de plantas
(GONÇALVES et al., 2020). Além disso, a densidade varia
significativamente em ambientes tropicais, o que pode
influenciar diretamente na quantificação da biomassa (JATI
et al., 2014; SILVA et al., 2020).
De modo geral, os resultados experimentais para ρb estão
em acordo com os encontrados na literatura. Vidaurre et al.
(2018) obtiveram valores de ρb variando de 260 até 360 kg
m-3 no sentido base-topo em árvores de paricá com 5 e 11
anos de idade. Melo et al. (2018) observaram que a ρb da
madeira de paricá variou entre 330 e 340 kg m-3 para estandes
de 624 e 312 árvores ha-1, respectivamente.
A variação encontrada para os valores de biomassa entre
as classes diamétricas é explicada pela variabilidade genética
entre as árvores, pois o plantio é oriundo de mudas seminais.
Além disso, parte das variações também podem ser atribuídas
às condições de sítio e podem ser minimizadas com a
melhoria da fertilidade do solo, induzindo o maior
crescimento das árvores sustentado pelo equilíbrio
nutricional (CORRÊA et al., 2019). Sabe-se que cada árvore
apresentará diferentes graus de rusticidade e respostas
diferentes aos tratos silviculturais, disponibilidade de água e
adubação (CARVALHO et al., 2021).
As maiores quantidades de biomassa no fuste observada
em todas as classes de DAP pode ser explicada pela dinâmica
de crescimento inicial em florestas plantadas, pois à medida
que as árvores se desenvolvem ocorre uma gradual redução
da biomassa da copa das árvores e maior acúmulo de
biomassa no fuste ao longo dos anos (RIBEIRO et al., 2017).
Além disso, a tendência de aumento de biomassa do fuste é
paralela ao incremento em área basal e volume (BERGE et
al., 2021), conforme observado no presente trabalho.
Os valores observados para as classes entre 10,6 até 15 e
de 15 até 19,4 cm estão relacionados com diâmetro médio do
povoamento, no qual, ocorre a maior frequência de
indivíduos e consequentemente maiores volumes e biomassa,
o que biometricamente era esperado, pela alta correlação
existente entre estas variáveis (SCHNEIDER, et al., 2005).
Outro aspecto relacionado às maiores quantidades de
biomassa no fuste está ligado à expressiva quantidade de
fibras, cujas paredes celulares apresentam maior quantidade
de celulose e lignina, diferentemente de outros
compartimentos (folhas e cascas) que são constituídos
predominantemente por células parenquimáticas e epiteliais
com paredes celulares mais delgadas (HUANG et al., 2019).
Em relação aos maiores valores de biomassa encontrados
para o compartimento de galhos nas classes de DAP
compreendidas entre 10,6 até 15 e 15 até 19,4 cm o
justificados pela presença de árvores dominantes. Essas
árvores têm maior capacidade de crescimento em relação às
árvores suprimidas, dessa forma suas copas possuem maior
acesso à luz e produzem mais galhos.
Costa et al. (2014) também observaram este
comportamento ao estudarem o acúmulo de biomassa das
espécies Parkia multijuga e Parkia pendula em um plantio de
quatro anos. Os autores explicaram que as árvores de classes
diamétricas com maiores frequências apresentam maior
dominância no terço superior do dossel. Isto favorece o
Biomassa e carbono em plantio comercial de paricá na Amazônia
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 154-162, 2022.
160
desenvolvimento das copas tornando o dossel mais denso e
homogêneo (MCCABE et al., 2019).
O mesmo raciocínio se aplica ao paricá, porque a copa
desta espécie caracteriza-se por ser ampla, dicotômica,
galhosa e com presença de multitroncos (LOBÃO et al.,
2012). Em virtude disso, variáveis relacionadas ao tamanho
das copas, como profundidade e diâmetro, devem ser levadas
em consideração no momento da realização destas
estimativas.
Outros fatores também influenciam no acúmulo de
biomassa, tais como disponibilidade de luz, temperatura,
umidade e fertilidade do solo, ocorrência de doenças, idade
das árvores, estrutura e disposição das folhas, distribuição e
comportamento dos estômatos, teor de clorofila, entre
outros (MARTINS; MASCARENHAS, 2018).
Em relação aos estoques de carbono, verificou-se que aos
seis anos o plantio estocou 16,7 Mg ha-1 acima do solo,
resultando em um incremento médio de 2,8 Mg ha-1 ano-1.
Estes resultados podem subsidiar estudos relacionados a
venda do crédito de carbono, que pode ser uma renda extra
ao silvicultor, haja vista que este mercado se apresenta em
expansão e com valores de venda dos créditos de carbono em
torno de U$$ 40,0 a U$$ 80,0 por Mg em 2020 e em 2030
estima-se que esses valores podem ultrapassar os U$$100,0
por Mg (BANCO MUNDIAL, 2020).
Dessa forma, o interesse em implantar florestas com
espécies tropicais pode ser despertado e pode estimular o
reflorestamento em áreas degradadas e alteradas. Além disso,
o silvicultor pode viabilizar economicamente áreas não
agriculturáveis como, por exemplo, reserva legal e áreas de
preservação permanente. Em casos de plantios comerciais,
como o caso do presente estudo, podem funcionar como
uma “poupança verde” (QASIM et al., 2020).
No entanto, os resultados obtidos para o plantio de paricá
em estudo poderiam ter sido superiores. Isso porque o
manejo e a implementação de tratos silviculturais
(principalmente desbaste) mais adequados reconhecidamente
proporcionam estímulos ao crescimento, aumentado a
produção de madeira.
Ainda, a pouca uniformidade em diâmetro pode ter
influenciado nos resultados. Com isso, pode-se explorar a
oportunidade para aperfeiçoar o manejo desta espécie e
investir em pesquisas de melhoramento genético e
silvicultura para o paricá que são ainda muito limitadas, pois
é muito provável que a maioria dos plantios desta espécie não
expressem o real potencial produtivo.
O investimento em estudos que forneçam informações
dessa natureza pode melhorar a produtividade e incremento
de biomassa e, consequentemente, aumentar o estoque de
carbono nos plantios de paricá, assim como é observado para
os cultivos de Pinus e Eucalyptus, os quais podem apresentar
acúmulos de carbono na biomassa de 18,8 Mg ha-1 e 47,7 Mg
ha-1, respectivamente. Isto é possível porque o suporte
tecnológico e científico para estas espécies é mais amplo e
totalmente consolidado (OLMEDO et al., 2020).
Com base nos resultados, é possível afirmar que o plantio
de paricá apresentou capacidade de armazenar biomassa em
seus compartimentos, mesmo apresentando copa pouco
densa com folhas compostas e pequenos folíolos. Este
trabalho contribui para expansão do conhecimento científico
relativo ao acúmulo de biomassa em espécies madeireiras
tropicais, porque a maioria das pesquisas aborda a
quantificação de biomassa e estocagem de carbono
considerando o fuste como um todo, sem distinguir os
compartimentos (casca, folhas, galhos).
O fato da madeira de paricá ser utilizada para produção
de painéis laminados e outros produtos de madeira
configura-se como outra vantagem, pois o carbono
permanece fixado por muitas décadas na forma de móveis ou
em estruturas de residências. Além disso, as florestas colhidas
para o processamento industrial dão lugar para novos
cultivos, caracterizando assim um ciclo contínuo de inputs de
carbono fixado.
O cultivo de paricá em cultivos homogêneos, áreas
degradadas e áreas protegidas por lei também se configura
como um benefício econômico por meio da prestação de
serviços ambientais. Devido ao rápido crescimento e
adaptabilidade, pode representar uma receita extra ao
agricultor por meio da venda de créditos de carbono. Isto
destaca a necessidade de ampliação de estudos relacionados
ao melhoramento genético, manejo e silvicultura do paricá.
5. CONCLUSÕES
Nas condições de estudo, o plantio de paricá, mesmo
com madeira de baixa densidade e pouca idade, apresentou
acúmulos consideráveis de biomassa.
Acredita-se que o plantio ainda não apresentou o real
potencial da espécie. Mesmo assim, os estoques de carbono
foram comparáveis aos observados para espécies mais
difundidas em plantios, como o Eucalyptus e Pinus.
O cultivo de florestas com finalidade madeireira pode ser
considerado como uma das principais atividades comerciais
que permitem o acúmulo e estoque de carbono durante o
crescimento das árvores e manutenção de boa parte deste
estoque após a colheita, que a madeira industrializada
mantém o carbono fixado.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Lano da Amazônia LTDA pela
disponibilidade da área e pelo fornecimento de árvores para
desenvolvimento deste estudo. Agradecemos também à
Universidade Federal de Rondônia pela disponibilização de
insumos, equipamentos, infraestrutura e recursos humanos.
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