Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 191-196, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i2.13184 ISSN: 2318-7670
Emergência de brotações e raízes de espécies suculentas em função
da aplicação de fertilizante enraizador, em ambientes contrastantes
Jéssica Fernandes KASEKER1*, Izabel Lima BATISTA2, Marcos André NOHATTO2,
Ana Paula Werkhausen WITTER3, Eliete de Fátima Ferreira da ROSA2,
Samuel Freguglia BERETA2
1Faculdade Educacional de Medianeira - UDC, Medianeira, PR, Brasil.
2Instituto Federal Catarinense, Santa Rosa do Sul, SC, Brasil.
3Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.
E-mail: jessikaseker@gmail.com
(ORCID: 0000-0001-5487-7439; 0000-0002-5361-0588; 0000-0002-0820-330X; 0000-0003-0524-5149;
0000-0001-9131-8118; 0000-0002-6173-9015)
Recebido em 25/11/2021; Aceito em 02/05/2022; Publicado em 03/06/2022.
RESUMO: O cultivo de plantas suculentas se popularizou no Brasil, aumentando a necessidade da
compreensão do comportamento das espécies sob condições diferentes de produção. Assim, objetiva-se com
este trabalho avaliar a influência de fertilizante enraizador, temperatura e luminosidade na emergência de
brotações e raízes para espécies suculentas. Três experimentos foram conduzidos de novembro 2020 a fevereiro
2021, em casa de vegetação, com delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, cada estudo
com uma espécie: Echeveria elegans, Graptosedum Francesco Baldi e Sedum adolphii. Para cada espécie, os tratamentos
foram arranjados em esquema fatorial (3x2), o fator A comparou fertilizante enraizador comercial e duas
testemunhas (água e controle); e o fator B, as estacas foliares das espécies foram submetidas a dois ambientes
de temperatura e luminosidade (24,8 oC e 449,8 µmol/m2s; 5 oC e 0 µmol/m2s). Avaliou-se aos 30 dias de
instalação dos estudos: índice de velocidade de brotação; porcentagem de brotação; comprimento médio das
raízes; comprimento médio do broto e massa seca total. O fertilizante beneficia a emissão de brotações e raízes
na Echeveria elegans, porém tais efeitos não são verificados na ausência de luminosidade e baixa temperatura (5
oC). Esse ambiente também prejudicou as demais espécies avaliadas.
Palavras-chave: Echeveria elegans; Graptosedum Francesco Baldi; Propagação; Sedum adolphii.
Emergency of sprouts and roots of suculent species due to the application of
rooting fertilizer, in contrasting environments
ABSTRACT: The cultivation of succulent plants became popular in Brazil, increasing the need to understand
the behavior of species under different conditions. Thus, the aim of this work is to evaluate the influence of
plant rooting fertilizer, temperature, and light intensity on the emergence of new shoots and roots for succulent
species. Three experiments were conducted from November 2020 to February 2021, in greenhouse, with
completely randomized design, with four replications, each study with one species: Echeveria elegans, Graptosedum
Francesco Baldi and Sedum adolphii. The treatments for each species were arranged in factorial scheme (3x2), factor
A compared commercial plant fertilizer and two checks (water and control); and factor B, the leaf cuttings of
the species were submitted to two environments in relation to temperature and light (24.8 oC and 449.8
µmol/m2s; 5 oC and 0 µmol/m2s). It was evaluated at 30 days of installation: sprouting speed index; sprouting
percentage; average root length; average sprout length and total dry mass. The fertilizer benefits the emission
of shoots and roots in Echeveria elegans, but such effects are not observed for absence of light and low
temperature (5 oC). This environment also harmed the other species evaluated.
Keywords: Echeveria elegans; Graptosedum Francesco Baldi; Propagation; Sedum adolphii.
1. INTRODUÇÃO
O setor de floricultura e plantas ornamentais
movimentou aproximadamente 8,5 bilhões de reais em 2019,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura
(INSTITUTO BRASILEIRO DE FLORICULTURA -
IBRAFLOR, 2020), o que leva o Brasil ao oitavo lugar no
ranking de maiores produtores de plantas ornamentais do
mundo.
Nesse contexto, encontra-se as plantas suculentas,
pertencentes à diferentes famílias, que chamam a atenção pela
beleza exótica e capacidade de armazenar água em seus
tecidos em grandes quantidades, seja na forma de seiva, látex
ou mucilagem, consequentemente, conseguem sobreviver em
ambientes áridos e secos por longos períodos
(CAVALCANTE et al., 2013). Essa fácil adaptação dessas
plantas à ambientes com pouca água, aliado à beleza que elas
proporcionam e baixa necessidade de manejo em geral, em
função da elevada resistência a problemas fitossanitários, têm
impulsionado o aumento da presença das mesmas nos lares
brasileiros.
Existem diferentes espécies de plantas suculentas,
diferenciando-se pela beleza, coloração, textura, dentre
outros aspectos (LORENZI, 2008). Aproximadamente 20
mil espécies de suculentas foram catalogadas, aquelas
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Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 191-196, 2022.
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pertencentes ao gênero Echeveria, conhecidas rosas-de-
pedra, apresentam-se dentre as mais comuns (LORENZI,
2019). Na fase adulta, essas plantas produzem rebentos em
longos estolhos que se desenvolvem abaixo das folhas
inferiores, de onde posteriormente, serão emitidas flores com
cores em tons de rosa e extremidades amareladas em racemos
com ráquis cor rosa que atingem 30 cm de altura. As folhas
são espatuladas, voltadas para cima, de cor verde rosada ou
acinzentada e espessa (LORENZI, 2008).
Além das Echeverias, as espécies do gênero Graptosedum
e Sedum, também são de frequente ocorrência no Brasil. Com
relação ao primeiro gênero, ressalta-se o representante
Graptosedum Francesco Baldi, suculenta híbrida resultante do
cruzamento de Graptopetalum paraguayense e Sedum pachyphyllum,
produzindo uma planta com rosetas robustas com até 12,5
cm de diâmetro e altura de 10 a 20 cm, assumindo folhas com
tonalidades mais verdes e azuis em ambientes sombreados,
enquanto na exposição à luz direta, apresenta tons mais
avermelhados, especialmente nas pontas das folhas
(LORENZI et al., 2019). Já para o gênero Sedum, destaca-se
a espécie Sedum adolphii, que, assim como as demais citadas
pertencem à família Crassulaceae. Trata-se de uma espécie de
estatura máxima de 20 cm, que apresenta folhas de coloração
verde limão, mas que se cultivada em luz direta, também
assume tonalidades diferentes, ficando com aspecto mais
dourado (LORENZI et al., 2019).
Apesar das diferenças morfológicas entre as suculentas,
que as caracterizam e motivam o apetite dos colecionadores,
o principal todo de propagação dessas espécies é a
estaquia, utilizando partes das plantas, como folhas, servindo
de matriz para multiplicar novos indivíduos, com as mesmas
características da planta-mãe (COLOMBO et al., 2018).
Nesse processo, vários fatores devem ser considerados, tais
como o uso de substratos adequados para a propagação
(FONSECA et al., 2017), reguladores de crescimento
(CARRASCOSA et al., 2016), luminosidade (ZHU et al.,
2018), regime de irrigação, nutrição, manejo de problemas
fitossanitários, entre outros. Embora existam estudos
científicos sobre o tema, ainda são escassos para algumas
espécies, indicando a necessidade de desenvolvimento de
estudos para aumentar a eficiência no processo produtivo.
Além disso, é essencial compreender o comportamento
biológico das espécies frente aos diferentes cenários de
produção, aumentando a exploração das potencialidades das
espécies suculentas nos ambientes de cultivo e/ou ganho
econômico. Dessa forma, objetiva-se com este trabalho
avaliar a influência do uso de fertilizante enraizador,
temperatura e luminosidade na emergência de novas
brotações e raízes para diferentes espécies de suculentas.
2. MATERIAL E METODOS
Três experimentos foram conduzidos no período de
novembro de 2020 a fevereiro de 2021, em casa de vegetação
pertencente ao Instituto Federal Catarinense – Campus Santa
Rosa do Sul, no Município de Santa Rosa do Sul - SC, em
delineamento inteiramente casualizado, com quatro
repetições. Em cada experimento foi utilizada uma espécie de
planta suculenta diferente, e cada repetição foi composta pela
média dos resultados de 20 estacas foliares/espécie, obtidas
de plantas adultas e sadias, provenientes de viveiro de plantas
suculentas presente na instituição. As espécies utilizadas no
estudo foram Echeveria elegans, Graptosedum Francesco Baldi e
Sedum adolphii.
Previamente à realização dos experimentos, houve a
separação das folhas ou estacas foliares, selecionando
materiais propagativos com padrão de altura e peso
aproximados, especificamente para cada espécie, com intuito
de aumentar a uniformidade e redução de possíveis erros
experimentais. Após coleta, as estacas foliares apresentaram
peso e comprimento médio de 5,4319 g e 7 cm, para Echeveria
elegans, 1,8212 g e 5 cm, para Graptosedum Francesco Baldi, e
1,7468 g e 3,2 cm, para Sedum adolphii. Para obtenção dessas
informações foi utilizada balança digital de precisão (Bel
Equipamentos Analítico) e paquímetro digital (Disma).
Cada um dos experimentos foi arranjado em esquema
fatorial, em que o fator A comparou a efetividade no uso de
fertilizante enraizador por meio da imersão das estacas
foliares em solução de 60 ml do produto comercial/600 ml
de água durante 10 minutos, conforme recomendação do
fabricante, além de mais dois tratamentos testemunha nesse
fator; um onde as estacas foliares foram imersas em água,
durante o mesmo período do tratamento anterior (água); e
outro onde não foi usado nem água, tampouco fertilizante
(controle). O produto comercial (FORTH Enraizador®)
apresenta a seguinte composição: Nitrogênio 2,08%, Fósforo
5%, Potássio 5%, Boro 0,25%, Carbono orgânico 6,42%,
Enxofre 3,43%, Extrato de algas marinhas 15%, Molibdênio
3% e Zinco 3%.
Após aplicações dos tratamentos acima, as estacas foliares
foram submetidas a dois ambientes contrastantes (Ab1 e
Ab2), os quais representam os níveis do fator B. O primeiro
ambiente é caracterizado pela manutenção das estacas
foliares dentro do viveiro, sendo quantificada a temperatura
e nível de intensidade luminosa em dois momentos do dia (10
h e 14 h) durante os 30 dias de condução do experimento,
com auxílio de termômetro local (Instrusul) e ceptômetro
(AccuPAR Modelo LP-80), respectivamente (Figura 1)
(média dos valores obtidos: 24,8 oC e 449,8 µmol/m2s de
intensidade luminosa).
Permanência das estacas nos ambientes avaliados (dias)
0 5 10 15 20 25 30
Intensidade luminosa (mol/m
2
s)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Temperatura (
o
C)
21
22
23
24
25
26
27
28
29
Intensidade luminosa
Temperatura
Figura 1. Caracterização da intensidade luminosa e temperatura para
o ambiente identificado como Ab1, onde foram submetidas as
estacas foliares das espécies Echeveria elegans, Graptosedum Francesco
Baldi e Sedum adolphii durante a realização do experimento.
Figure 1. Characterization of light intensity and temperature for the
environment identified as Ab1, where leaf cuttings of the species
Echeveria elegans, Graptosedum Francesco Baldi and Sedum adolphii were
submitted during the experiment.
No segundo ambiente, os materiais propagativos foram
mantidos no interior de geladeira a 5 oC e 0 µmol/m2s de
intensidade luminosa, mesmo período do tratamento
anterior. Dentro de cada ambiente, as estacas foliares foram
Kaseker et al.
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posicionadas com a extremidade inferior (parte que
anteriormente estava ligada à planta-mãe) voltado para cima,
sob embalagens de celulose produzidas com papel reciclado,
material amplamente disponível e utilizado para o berçário de
plantas suculentas.
As variáveis avaliadas foram: índice de velocidade de
brotação (IVB); porcentagem de brotação (B); comprimento
médio das raízes (CR); comprimento médio do broto (CB) e
massa seca total (sistema radicular e brotação) (MST).
O índice de velocidade de brotação (IVB) foi mensurado
diariamente, sendo que para o cálculo utilizou-se a equação:
IVB = 
 +
 + 
 (01)
em que: B1, B2 e Bn são os meros de estacas foliares com
brotação ou raiz na primeira, segunda, e na última contagem; e N1,
N2 e Nn são os números de dias após a instalação do experimento
na primeira, segunda e na última contagem, respectivamente.
Tais variáveis foram avaliadas diariamente nos 30
primeiros dias após a instalação do estudo, considerando-se
brotadas ou enraizadas as estacas foliares que apresentaram
ao menos um broto ou raiz, com comprimento de no mínimo
1 mm, com auxílio de paquímetro, já descrito anteriormente.
No último dia de avaliação (trigésimo dia), verificou-se a
brotação final (B) pela contagem da emissão dos brotos ou
raízes, com os resultados expressos em dados percentuais.
Para a determinação da massa seca total, as brotações e
raízes emitidas foram retiradas com o auxílio de estilete e
dispostas em estufa com circulação forçada de ar a 70 oC por
72 horas, realizando-se, posteriormente, as pesagens do
material em balança digital de precisão (0,0000 g). Os dados
foram submetidos à análise de variância e no caso de ser
constatada significância estatística, realizou-se comparação
de médias pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade, com
o auxílio do Programa SISVAR.
3. RESULTADOS
Para a Echeveria elegans houve interação entre os fatores
nas variáveis índice de velocidade de brotação, comprimento
médio do broto e massa seca total, onde os valores obtidos
em ambiente luminoso e com aplicação do fertilizante foram
superiores aos obtidos nos demais (Tabela 1).
para as variáveis comprimento médio radicular e
brotação final, não houve diferença entre os tratamentos com
e sem a aplicação do fertilizante enraizador, apenas efeito do
ambiente (Tabela 2). Como pode ser observado por meio dos
valores obtidos no tratamento em condição de frio e escuro
(Ab2), não houve qualquer desenvolvimento de raiz ou parte
aérea das estacas foliares.
Tabela 1. Índice de velocidade de brotação (IVB), comprimento médio do broto (CB) e massa seca total (MST) da espécie Echeveria elegans
submetida ao uso de fertilizante enraizador e ambientes contrastantes, avaliado aos 30 dias após instalação do estudo.
Table 1. Shooting speed index (IVB), average shoot length (CB) and total dry mass (MST) of Echeveria elegans submitted to the use of rooting
fertilizer and contrasting environments, evaluated 30 days after installation of the study.
IVB CB (mm) MST (g)
Trat. Ab1 Ab2 Ab1 Ab2 Ab1 Ab2
F 21,83 a A 0,00 a B 14,75 a A 0,00 a B 0,0560 a A 0,0000 a B
A 19,27 b A 0,00 a B 10,75 b A 0,00 a B 0,0348 b A 0,0000 a B
C 19,01 b A 0,00 a B 11,00 b A 0,00 a B 0,0357 b A 0,0000 a B
CV (%) 5,02 24,35 9,61
F = Fertilizante comercial; Testemunhas (A = Água; C = Controle); Ab1 = 24,8 o C e 449,8 µmol/m2s; e Ab2 = 5 o C e 0 µmol/m2s; Médias seguidas pelas
mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).
Tabela 2. Comprimento médio radicular (CR) e porcentagem de
brotação (B) da espécie Echeveria elegans submetida ao uso de
fertilizante enraizador e ambientes contrastantes, avaliado aos 30
dias após instalação do estudo.
Table 2. Average root length (CR) and sprouting percentage (B) of
the Echeveria elegans submitted to the use of rooting fertilizer and
contrasting environments, evaluated 30 days after the installation of
the study.
Trat. CR (mm) B (%)
Fertilizante 12,75NS 48,75NS
Água 11,25 47,5
Controle 11,37 49,38
Ambientes
Ab1 23,58 a 97,50 a
Ab2 0,00 b 0,00 b
CV (%) 12,44 5,41
Ab1 = 24,8 o C e 449,8 µmol/m2s; e Ab2 = 5 o C e 0 µmol/m2s; Médias
seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas não diferem entre si
pelo teste de Tukey (p≤0,05). NS Não significativo a 5% de probabilidade de
erro pelo teste F.
Entretanto, diferentemente do que ocorreu com Echeveria
elegans, para as espécies Graptosedum Francesco Baldi e Sedum
adolphii, não foram observados efeitos do fertilizante
enraizador em nenhuma das variáveis analisadas (Tabela 3 e
4), indicando que a resposta ao fertilizante é dependente da
espécie.
4. DISCUSSÃO
O produto fertilizante utilizado é composto por uma
combinação de alguns nutrientes e extrato de algas
(Ascophillum nodosum). Os efeitos dos bioestimulantes à base
de extrato de alga são bastante estudados na agricultura,
resultando em respostas morfológicas e fisiológicas positivas
para o desenvolvimento de diversas espécies (PEREIRA et
al., 2020; SAEGER et al., 2020). A causa desses efeitos não
está ainda completamente elucidada, porém os estudos
demonstram que esses compostos afetam o balanço
hormonal das plantas, ativando genes responsáveis pela
síntese desses compostos, e regula a transcrição de alguns
transportadores responsáveis pela absorção e assimilação de
nutrientes (SHUKLA et al., 2019; NEILL et al., 2019;
SAEGER et al., 2020). Além disso, extratos de A. nodosum
possuem quantidades significativas de auxinas e compostos
semelhantes à citocinina, hormônios responsáveis pelo
controle da divisão celular (SHUKLA et al., 2019).
No entanto, apesar da maior concentração do extrato de
algas marinhas (15%) presente na composição do fertilizante
enraizador utilizado neste estudo, não podemos afirmar que
os resultados sobre o desenvolvimento inicial da espécie
Echeveria elegans seja decorrente apenas do efeito do extrato de
algas, uma vez que nutrientes também fazem parte da
constituição do produto comercial.
Emergência de brotações e raízes de espécies suculentas
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 191-196, 2022.
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Tabela 3. Índice de velocidade de brotação (IVB), comprimento médio radicular (CR), comprimento médio do broto (CB), massa seca total
(MST) e brotação final (B) da espécie Graptosedum Francesco Baldi submetida ao uso de fertilizante enraizador e ambientes contrastantes,
avaliado aos 30 dias de após instalação do estudo.
Table 3. Shooting speed index (IVB), mean root length (CR), mean shoot length (CB), total dry mass (MST) and final shoot (B) of
Graptosedum Francesco Baldi species submitted to the use of rooting fertilizer and contrasting environments, evaluated 30 days after the study
installation.
Trat. IVB CR (mm) CB (mm) MST (g) B (%)
F 6,28NS 11,12NS 3,00NS 0,0073NS 49,38NS
A 6,05 12 2,75 0,0072 48,12
C 6,1 11,25 3 0,008 49,37
Ambientes
Ab1 12,29 a 22,92 a 5,83 a 0,0150 a 97,92 a
Ab2 0,00 b 0,00 b 0,00 b 0,0000 b 0,00 b
CV (%) 6,93 12,64 33,32 32,15 6,91
F = Fertilizante comercial; Testemunhas (A = Água; C = Controle); Ab1 = 24,8 o C e 449,8 µmol/m2s; e Ab2 = 5 o C e 0 µmol/m2s; Médias seguidas pelas
mesmas letras minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05); NS Não significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F.
Tabela 4. Índice de velocidade de brotação (IVB), comprimento médio radicular (CR), comprimento médio do broto (CB), massa seca total
(MST) e brotação final (B) da espécie Sedum adolphii submetida ao uso de fertilizante enraizador e ambientes contrastantes, avaliado aos 30
dias após instalação do estudo.
Table 4. Shooting speed index (IVB), average root length (CR), average shoot length (CB), total dry mass (MST) and final shoot (B) of Sedum
adolphii submitted to the use of rooting fertilizer and contrasting environments, evaluated at 30 days after study installation.
Trat. IVB CR (mm) CB (mm) MST (g) B (%)
F 2,21NS 3,50NS 1,50NS 0,0031NS 47,5NS
A 2,32 3,5 1,5 0,0027 46,87
C 2,28 4 1,62 0,0033 47,5
Ambientes
Ab1 4,54 a 7,33 a 3,08 a 0,0061 a 94,58 a
Ab2 0,00 b 0,00 b 0,00 b 0,0000 b 0,00 b
CV (%) 7,77 30,15 29,72 33,03 6,47
F = Fertilizante comercial; Testemunhas (A = Água; C = Controle); Ab1 = 24,8 o C e 449,8 µmol/m2s; e Ab2 = 5 o C e 0 µmol/m2s; Médias seguidas pelas
mesmas letras minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05); NS Não significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F.
Alguns estudos também relatam resposta de espécies de
Sedum aos compostos reguladores de crescimento in vitro.
Ahn; Lee (2004) observaram que segmentos foliares de Sedum
sarmentosum apresentaram maior indução da formação de
calos quando o meio de cultura recebeu suplementação de
2,4-D combinado com benziladenina (BA), compostos que
mimetizam a ação de auxinas e citocininas, respectivamente.
a combinação de BA e ácido naftaleno acético (NAA)
promoveu o desenvolvimento da parte aérea, enquanto o
enraizamento ocorreu em meio sem suplementação de
hormônios. para a espécie Sedum rubrotinctum, a aplicação
de diferentes doses de AIB não favoreceu o desenvolvimento
do sistema radicular das estacas após 25 dias em câmara de
germinação (STULZER et al., 2018).
Ao avaliar os efeitos fisiológicos de fitormônios sobre o
desenvolvimento da espécie Graptopetalum paraguayense, uma
das precursoras do Graptosedum Francesco Baldi, Tamaki et al.
(2020) observaram que o ácido giberélico e o paclobutrazol,
inibidor da biossíntese de giberelina, não afetam a taxa de
regeneração de folhas e raízes da espécie, porém a utilização
do ácido abscísico (ABA) suprimiu a regeneração das plantas,
indicando que também possui papel importante na
reprodução assexuada da suculenta.
As espécies avaliadas no presente estudo apresentaram o
desenvolvimento inibido na ausência de luz e baixa
temperatura (Tabela 3 e 4), ou seja, condição de estresse,
considerando a sensibilidade desses fatores ambientais para a
maioria das espécies suculentas (GRIFFITHS; MALES,
2017). Acredita-se, embora não tenha sido determinado os
níveis endógenos nas plantas, que o estresse proporcionado
no presente estudo (Ab2), possivelmente estimulou a síntese
do supressor ABA, afetando negativamente no
desenvolvimento das espécies. Inúmeros estudos indicam a
relação entre a indução da síntese de ABA e fatores
estressantes as plantas (KUROMORI et al., 2018; LI et al.,
2020; SARADADEVI et al., 2017).
Ainda, é preciso considerar que as três espécies
exploradas neste estudo integram a mesma família botânica,
ou seja, pertencem a Crassulaceae. Desta forma, são
classificadas como plantas CAM, realizam o metabolismo
ácido das crassuláceas na assimilação do carbono na
fotossíntese. A assimilação fotossintética do dióxido de
carbono resulta em sacarose no citosol e amido nos
cloroplastos. Na ausência de luminosidade, por exemplo,
ocorre o cessamento da assimilação de dióxido de carbono,
assim como inicia-se a degradação de amido presente nos
cloroplastos. Considerando que o amido é o principal
carboidrato de reserva, bem como está envolvido na síntese
de sacarose no citosol, fornecendo carbono para o
crescimento (TAIZ et al., 2017), auxilia no entendimento do
porquê houve inibição no desenvolvimento das variáveis no
ambiente Ab2.
Segundo dados revisados por Grimaldi et al. (2008) pouca
ou nenhuma luz é necessária para a indução e iniciação do
enraizamento, pois a presença de luz diminui os níveis de
auxina, que inibe o processo. Chen et al. (2019) consideraram
que uma menor intensidade de luz (10 μmol m2s), combinada
com 1-4 mg/l BA e 0-0,4 mg/l NAA, foi eficaz na
proliferação de calos para a espécie suculenta Haworthia
‘Sansenjyu’ (H. obtusa×H. comptoniana), enquanto que sob
uma maior intensidade de luz (45 μmol m2s), concentrações
Kaseker et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 191-196, 2022.
195
mais altas de BA foram necessárias para uma melhor
proliferação de calos da espécie.
Apesar do efeito da luz nos níveis de fitormônios, após o
período de enraizamento, a luz é necessária para o
crescimento das partes aéreas e raízes. No estudo de Zhu et
al. (2018) propágulos de Sedum sarmentosum apresentaram
maior desenvolvimento sob diferentes níveis de intensidade
luminosa, sendo considerado excelente com 60% de pleno
sol. no estudo de Kim; Kim (2015), mudas de Sedum
middedorffianum enraizaram independente do sombreamento,
porém o desenvolvimento das raízes foi maior na condição
sem sombreamento. Avaliando duas espécies de Echeveria,
Cabahug et al. (2017) observaram que ambas apresentaram
maior crescimento em altura sob sombreamento, entretanto
o desenvolvimento foi considerado anormal em relação ao
típico das espécies. Algumas espécies crassuláceas ainda
respondem melhor ao aumento da intensidade luminosa e
tempo de exposição à luz, como a Sedeveria ‘Letizia’, Echeveria
Momotaro e Graptoveria opalina, enquanto para a Sedum ‘Sun
Red’ não há efeito (NAM et al., 2016).
5. CONCLUSÕES
A utilização do fertilizante enraizador comercial auxilia na
emissão de brotações e raízes na espécie Echeveria elegans,
porém tais efeitos são dependentes da presença de
temperatura e luminosidade (24,8 oC e 449,8 µmol/m2s).
Essa condição de ambiente também favorece Graptosedum
Francesco Baldi e Sedum adolphii, porém o uso do fertilizante
não potencializa o desenvolvimento inicial dessas espécies.
6. REFERÊNCIAS
ANH, J. H.; LEE, S. Y. Effect of growth regulators on callus
induction and plant regeneration from leaf explants of
Sedum sarmentosum. Korean Journal of Plant
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CABAHUG, R. A.; SOH, S. Y.; NAM, S. Y. Effects of auxin
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