Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 225-229, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i2.13172 ISSN: 2318-7670
Análise espacial da suscetibilidade à erosão de solos
no Posto Administrativo de Bilibiza, Moçambique
Dalmildo Agostinho MÁQUINA1, António Ramos RAMALHO JÚNIOR2,
Adérito Jeremias Vicente da SILVA3, Belo Albino MALEI1, Cláudio Dede Faustino JOÃO1,
Caetano Miguel Lemos SERROTE4*, Adélio Zeca MUSSALAMA4
1Instituto Agrário de Bilibiza, Bilibiza, Mozambique.
2Faculdade de Engenharia, Universidade Lúrio, Pemba, Mozambique.
3 Direção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Niassa, Niassa, Mozambique.
4 Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Lúrio, Unango, Mozambique.
E-mail: serrotec@yahoo.com.br
(ORCID: 0000-0001-5462-2225; 0000-0002-9213-3737; 0000-0001-9517-2160; 0000-0002-1537-9952;
0000-0002-9766-7164; 0000-0002-0275-2201; 0000-0002-7650-4139)
Recebido em 18/11/2021; Aceito em 25/05/2022; Publicado em 10/06/2022.
RESUMO: O solo é um recurso não renovável cujo uso excessivo e desregrado pode conduzir à erosão. O uso
dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) permite avaliar a suscetibilidade à erosão em uma determinada área
a partir da qual medidas poderão ser tomadas para minimizar seu impacto adverso. Neste trabalho foi analisada a
suscetibilidade à erosão no Posto Administrativo de Bilibiza, em Moçambique, através do uso dos SIG a partir de
variáveis ambientais que propiciam sua ocorrência. Foram gerados mapas de suscetibilidade à erosão em função
dos fatores topografia, precipitação, tipos de solos, cobertura e ocupação do solo e geologia. Após, foi gerado o
mapa de suscetibilidade global pela sobreposição de todas as variáveis, utilizando-se a análise multicriterial,
mediante o grau de importância de cada fator na erosão. Cerca de 36,33% da área apresenta suscetibilidade alta a
muito alta devido à ocorrência de solos arenosos. As áreas com suscetibilidade muito baixa à baixa ocupam 36,49%
da extensão total, sendo influenciadas pela elevada cobertura vegetal, baixa declividade e baixa altitude. Os SIG se
revelaram uma excelente ferramenta na avaliação da suscetibilidade à erosão em Bilibiza.
Palavras-chave: erosão do solo; fatores ambientais; Sistemas de Informação Geográfica.
Spatial analysis of susceptibility to erosion in the
Administrative Post of Bilibiza, Mozambique
ABSTRACT: Soil is a non-renewable resource whose excessive use can lead to erosion. The use of Geographic
Information Systems (GIS) allows assessing the susceptibility to erosion in a given area from which measures can
be taken to minimize its adverse impact. In our study, we analyzed the susceptibility to erosion at the Administrative
Post of Bilibiza, in Mozambique, through the use of GIS based on environmental variables that favor its
occurrence. Erosion susceptibility maps were generated as a function of topography, precipitation, soil types, land
cover and occupation and geology. Then, the global susceptibility map was generated by overlapping all variables,
using multicriteria analysis, according to the degree of importance of each factor in erosion. About 36.33% of the
area has high to very high susceptibility to erosion due to the occurrence of sandy soils. The areas with very low to
low susceptibility are 36.49% of the total extension, being influenced by the high vegetation cover, low slope and
low altitude. GIS proved to be an excellent tool for assessing susceptibility to erosion in Bilibiza.
Keywords: soil erosion; environmental factors; Geographic Information Systems.
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas a população humana vem
aumentando exponencialmente, aumentando a pressão sobre
a produção de alimentos e de fontes alternativas de energia
de origem vegetal em substituição ao petróleo. A agricultura
tem registrado progressos com base no aumento da
produtividade animal e de plantas por unidade de área,
conduzindo ao desgaste dos solos (LANA, 2009).
O solo é um recurso não renovável de alta importância
cultural, social e econômica, cujo uso excessivo e desregrado
pode conduzir à erosão, um processo de desgaste ou
desagregação da superfície, influenciada por fatores físicos ou
químicos, com ou sem a participação ativa do homem,
constituindo assim, um dos mais sérios problemas sobre a
qualidade física, química e biológica dos solos (DE SOUZA
et al., 2015). A erosão pode ser geológica, quando envolve
um processo lento e gradativo, ou aceleradas atividades
humanas, resultando em rápida destruição ou danificação dos
solos (POLITANO; PISSARRA, 2005).
A textura do solo afeta a erodibilidade por afetar os
processos de desagregação e transporte, pois, grandes
partículas de areia resistem ao transporte ao passo que solos
de textura fina são mais suscetíveis à desagregação e ao
transporte. Outro fator importante realacionado à erosão é a
vegetação, a qual protege o solo ao interceptar as gotas de
chuvas, impedindo erosões, desmoronamentos de encostas e
assoreamentos, contribuindo assim para a preservação do
solo e seus atributos (MONTEBELO et al., 2005).
Em Moçambique, a erosão é agravada pelos níveis
elevados de pobreza que conduzem à utilização dos
Análise espacial da suscetibilidade à erosão de solos no Posto Administrativo de Bilibiza, Moçambique
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 225-229, 2022.
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recursos disponíveis com implicações graves sobre o
ambiente. Em várias áreas do país em particular no Posto
Administrativo de Bilibiza (PAB), distrito de Quissanga,
província de Cabo Delgado, observam-se altos índices de
erosão dos solos devido a remoção da vegetação natural para
abertura de novas áreas de cultivo, produção de carvão
vegetal e artesanato. O fenômeno de erosão em Bilibiza é
agravado pela elevada declividade da região que facilita a
lixiviação dos solos, para além de outras práticas de manejo
locais inadequadas, como queimadas, práticas de
monocultura e preparo inadequado do solo (MICOA, 2007).
A degradação ambiental causada pelos processos erosivos
tem-se tornado cada vez mais evidente. Desse modo,
mecanismos que possam prever a ocorrência de erosão no
futuro constituem uma alternativa de manejo que permite a
adoção de medidas para evitar que o fenômeno ocorra
(XAVIER et al., 2010).
A ocorrência de processos erosivos em uma determinada
área pode ser prevista por meio do uso de cartas de
suscetibilidade erosiva, com base nos fatores naturais e
antrópicos da área. A geotecnologia através das técnicas de
sensoriamento remoto e Sistemas de Informação Geográfica
(SIG) é uma ferramenta capaz de propiciar elementos para o
levantamento de dados do meio físico e do uso e ocupação
da superfície terrestre, gerando informações úteis para
estudos ambientais, como aqueles relacionados à análise de
erosão do solo (DE SOUZA et al., 2015). O objetivo deste
trabalho foi analisar a suscetibilidade à erosão hídrica dos
solos no Posto Administrativo de Bilibiza, Moçambique,
através do uso dos SIG.
2. MATERIAL E METODOS
O trabalho foi realizado no Posto Administrativo de
Bilibiza, que ocupa uma superfície de 855,5 km2 e localiza-se
no distrito de Quissanga, Província de Cabo Delgado, norte
de Moçambique (Figura 1). O relevo é do tipo planície, a
precipitação anual varia de 800 a 1000 mm e a temperatura
entre 24º e 26º C. Trata-se de um Posto Administrativo com
importância estratégica para a agricultura devido a presença
do Lago Bilibiza e do Instituto Agrário de Bilibiza (MAE,
2005).
Figura 1. Localização geográfica do Posto Administrativo de
Bilibiza, Moçambique. A. Mapa de Moçambique; B. Mapa da
província de Cabo Delgado; C. Mapa do distrito de Quissanga; D.
Mapa do Posto Administrativo de Bilibiza.
Figure 1. Geographical location of the Bilibiza Administrative Post,
Mozambique. A. Map of Mozambique; B. Map of Cabo Delgado
Province; C. Map of Quissanga district; D. Map of the Bilibiza
Administrative Post.
Para a análise da suscetibilidade foi necessário que todas
as variáveis estivessem representadas por meio de mapas
temáticos, subdivididos em unidades de análises, conforme
metodologia usada por De Souza et al. (2015). Neste
contexto, cada mapa preliminar foi obtido a partir da
atribuição de um coeficiente de suscetibilidade para cada
unidade de suscetibilidade, de acordo com uma tabela
específica para cada variável. Os intervalos das classes foram
definidos com base na metodologia usada por Ross (1994)
(Tabela 1).
Tabela 1. Critérios usados para a classificação das variáveis quanto a suscetibilidade à erosão.
Table 1. Criteria used for variables classification the regarding the susceptibility to erosion.
Declividade
(%)
Altitude
(m) Solo Geologia Uso e ocupação de solos
Precipitação
(mm) Peso
Suscetibilidade
< 6,0 5 - 64 argiloso castanho
acinzentado
Gnaisses; migmatitos;
granitóides e rochas
afins
Floresta baixa densa,
Floresta baixa mediamente
densa; Matagal alto 0 - 800 1 Muito
baixa
6,1 - 12,0 64,1 - 114
Pouco profundo sobre
rocha não calcária Rochas carbonatadas
Floresta baixa aberta;
Matagal médio 0 -800 2 Baixa
12,1 - 18,0 114,1 - 173
Vermelho de textura
média Aluviões Pradaria arborizada 800 - 1000 3 Moderada
18,1 - 22,0 173,1 - 233
Aluviões estratificados
de textura grossa;
líticos
Depósitos
indiferenciados Pradaria 1000 - 1200
4 Elevada
> 22 233,1 - 377
Cobertura arenosa de
especificação variada;
Arenoso amarelado
Arenitos; argilas e
rochas afins Agricultura 1000 - 1200
5 Muito elevada
Fonte: Adaptado de Ross (1994).
Após, foi gerado o mapa de suscetibilidade global que
consistiu na sobreposição de todas as variáveis, em que foi
utilizada a análise multicriterial que permite a investigação
combinada de diferentes variáveis para gerar um mapa ntese
e, em seguida, classificados mediante o grau de importância
que um exerce sobre o outro. Foi usado o comando Weighted
Sum (ArcToolbox Spatial Analyst Tools Overlay). As
variáveis anteriormente selecionadas foram agrupadas por
meio da soma ponderada usando a seguinte equação
(TAVARES; NETO, 2015):
SE = A × 10 + UOS × 22 + S × 13 + G × 10 + P × 1
Máquina et al.
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em que: SE = suscetibilidade à erosão; A = classe de altitude; UOS
= classe de uso e ocupação do solo; S = classe de solo; G = classe
de geologia; P = classe de precipitação.
As áreas foram classificadas, quanto à suscetibilidade,
conforme a tabela abaixo (Tabela 2).
Tabela 2. Classificação do mapa de suscetibilidade à erosão.
Table 2. Map classification of the susceptibility to erosion.
Intervalo de classes Suscetibilidade
≤ 4,8 Muito baixa
4,81 à 9,4 Baixa
9,41 à 14,2 Moderada
14,21 à 19,0 Alta
≥ 19 Muito alta
3. RESULTADOS
A área com declividade de 0-6 corresponde a 285,1 km2
(33,32%) enquanto 251,23 km2 (29,36%) apresenta
declividade de 6-12%. As áreas com suscetibilidade alta e
muito alta com base na declividade ocupam somente 11,01%
e 9,65% respectivamente (Figura 2A).
Em relação a altitude, a área de estudo concentra, em sua
maioria, suscetibilidade muito baixa (33,2%) numa extensão
de 283,4 km2 e baixa (27,6%) em 236,2 km2 de extensão. A
suscetibilidade alta (9,8%) em 83,7 km2, muito alta (14,2%)
em 121,5 km2 e moderada (15,2%) em 130,0 km2 tiveram
menores valores (Figura 2B).
Figura 2. Mapa de declividade (A) e altitude (B) para a
suscetibilidade à erosão no Posto Administrativo de Bilibiza,
Moçambique.
Figure 2. Map of slope (A) and altitude (B) for susceptibility to
erosion at the Bilibiza Administrative Post, Mozambique.
Com base na geologia da área, as classes de suscetibilidade
com as maiores proporções de área foram baixa (31,6%) e
muito baixa (23,5%), compreendendo a extensão territorial
de 267,2 km2 e 199,5 km2 respectivamente. Apenas 18,0%
(152,2 km2), 15,6% (132,02) e 11,3% (96,1 km2) da área
apresenta suscetibilidade moderada, alta e muito alta
respectivamente (Figura 3A).
em relação ao tipo de solo, 34,7% da área apresenta
baixa a suscetibilidade à erosão, ocupando uma extensão de
289,42 km2. Entretanto, as suscetibilidades alta e muito alta
ocupam também grande extensão da área (23,0% e 11,9%
respetivamente) (Figura 3B), sendo coerente com o tipo de
solos predominantes no distrito de Quissanga que é arenoso
(MAE, 2005).
Figura 3. Mapa de geologia (A) e tipos de solo (B) para a
suscetibilidade à erosão no Posto Administrativo de Bilibiza,
Moçambique.
Figure 3. Map of geology (A) and soil types (B) for susceptibility to
erosion at the Bilibiza Administrative Post, Mozambique.
A elevada precipitação que ocorre no Posto
Administrativo de Bilibiza da área, que varia entre 800 a 1000
mm (MAE, 2005) contribui na suscetibilidade à erosão, com
71% da área (594,8 km2) apresentando suscetibilidade
moderada e 7% (59,8 km2) apresentando suscetibilidade alta
a muito alta. A extensão de área com suscetibilidade muito
baixa a baixa é de 180,6 km2 (22%) (Figura 4A).
Em termos de uso e ocupação do solo, a área de
suscetibilidade alta é de apenas 0,8% (6,40 km2). 30,7% da
área, correspondente a 244,2 km2 e 26,3% (209,5 km2)
apresentam suscetibilidade muito baixa e moderada
respectivamente (Figura 4B).
Figura 4. Mapa de precipitação (A) e uso e ocupação do solo (B)
para a suscetibilidade à erosão no Posto Administrativo de Bilibiza,
Moçambique.
Figure 4. Map of precipitation (A) and land use and occupation (B)
for susceptibility to erosion at the Bilibiza Administrative Post,
Mozambique.
A sobreposição dos mapas gerou o mapa global de
suscetibilidade a erosão, sendo que a classe de suscetibilidade
com maior proporção de área foi a moderada, com uma
extensão de 232,6 km2 (27,18%), seguida de alta (20,12%),
muito baixa com (19,29%); baixa (17,2%) e muito alta
(16,21%) (Figuras 5 e 6).
Assim, o Posto Administrativo de Bilibiza apresenta
atributos que tornam a maior parte da sua extensão menos
suscetível à erosão. No entanto, é importante que seja
realizado monitoramento periódico da área por meio dos
Sistemas de Informação Geográfica que se mostraram
eficientes neste trabalho, com vista a reportar eventuais
Análise espacial da suscetibilidade à erosão de solos no Posto Administrativo de Bilibiza, Moçambique
Nativa, Sinop, v. 10, n. 2, p. 225-229, 2022.
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mudanças em relação ao cenário atual e tomar as
providências mais adequadas.
Figura 5. Mapa de suscetibilidade à erosão no Posto Administrativo
de Bilibiza, Moçambique.
Figure 5. Map of precipitation susceptibility to erosion at the Bilibiza
Administrative Post, Mozambique.
Figura 6. Distribuição percentual das áreas suscetíveis a erosão no
Posto Administrativo de Bilibiza, Moçambique.
Figure 6. Percentage distribution of areas susceptible to erosion in
the Administrative Post of Bilibiza, Mozambique.
4. DISCUSSÃO
Com base no mapa da declividade, o Posto
Administrativo de Bilibiza é caracterizado por um relevo
plano a suavemente ondulado sendo, desse modo, pouco
suscetível à erosão. Assim, a maior parte da área apresenta
risco baixo a muito baixo, pois, áreas menos íngremes
dificultam o processo de erosão dos solos, uma vez que a
declividade está diretamente relacionada com a velocidade do
escoamento superficial, isto é, em terrenos mais íngremes, a
velocidade de escoamento é maior, aumentando o processo
erosivo. Essa condição foi observada no estudo de Viel et al.
(2017) em Vale dos Vinhedos, RS, Brasil.
O relevo do PAB, caracterizado por planícies costeiras,
também contribui na baixa suscetibilidade à erosão.
Entretanto, ao contrário do que foi observado no presente
estudo, Feitosa et al. (2011) observaram baixa erosão em
áreas de altitudes mais elevadas na bacia do Rio Pajeú, PE.
Os autores associaram a baixa erosão nessas pela ocorrência
de vegetação mais preservada em relação ao vale.
A geologia da área também contribui para a baixa
suscetibilidade à erosão, provavelmente devido às
características rochosas, pois a área é composta por gnaisses,
migmatitos, granitoides e rochas carbonatadas, que são
resistentes à erosão. Resultado semelhante foi obtido no
estudo de De Souza et al. (2015), em que a geologia não teve
influência significativa nos processos erosivos município de
Morro do Chapéu - BA.
Com base na vegetação, a área apresenta baixa
suscetibilidade à erosão, o que pode ser justificado pela
elevada cobertura vegetal característica da área, atuando
como defesa natural contra a erosão. Já no estudo de Corrêa
et al. (2015), foram observados altos índices de erosão numa
bacia hidrográfica do córrego Monjolo Grande, em São
Paulo, em função da maior parte da área estar ocupada por
pastagem. Segundo esses autores, as atividades irracionais dos
homens, como o uso de técnicas e práticas de cultivo
inadequadas, a deflorestação, a marginalização e o abandono
das terras intensificam a erosão ao deixarem o solo com
menos proteção.
A precipitação foi o fator que apresentou enorme
impacto sobre a ocorrência da erosão, sobretudo, por ser
concentrada em pequenos períodos de tempo. Existe uma
tendência de aumento das perdas do solo por erosão com o
aumento da precipitação. Além disso, existem fatores
associados à precipitação que afetam seu poder erosivo,
como a duração, a intensidade e a distribuição (LOMBARDI
NETO, 1972). Num estudo realizado nas cidades de Maputo
e Beira, em Moçambique, identificou correlação positiva e
forte entre a precipitação e a erosividade do solo
(CORDEIRO, 1996).
A alta suscetibilidade à erosão proporcionada pelos solos
da região é coerente com o tipo de solos predominantes, que
é arenoso (MAE, 2005). A propriedade física dos solos é um
fator que controla a erodibilidade, definida por Morgan
(1986) como a resistência do solo em ser removido e
transportado. Solos arenosos são caracterizados por
partículas soltas e de elevada erodibilidade, ao contrário de
solos argilosos, cujas partículas são mais agregadas, o que
dificulta o processo de erosão. No estudo de Corrêa et al.
(2015), realizado numa bacia hidrográfica com predomínio de
solos arenosos, foram observados índices elevados de erosão.
No geral, as áreas com suscetibilidade muito baixa a baixa
somam 36,49% e se devem a elevada cobertura vegetativa,
baixa declividade e altitude. Já as áreas de moderada
suscetibilidade justificam-se por precipitações moderadas,
altitudes médias, relevo plano a suavemente ondulado, além
de vegetação densa. Por seu turno, os solos arenosos
característicos da área cooperam para o aumento da
suscetibilidade à erosão, cuja extensão corresponde 36,33%.
Assim, recomenda-se a promoção de boas práticas de uso do
solo visando manter a cobertura florestal, evitando-se o
desflorestamento e incentivando-se ao plantio de árvores.
5. CONCLUSÕES
Os Sistemas de Informação Geográfica se revelaram uma
excelente ferramenta na avaliação da suscetibilidade à erosão
em Bilibiza. A suscetibilidade variou em função da área
devido ao efeito das variáveis ambientais locais. Cerca de
Máquina et al.
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36,33% da área apresenta suscetibilidade alta a muito alta por
possuir solos arenosos. As áreas com suscetibilidade muito
baixa a baixa ocupam 36,49% da extensão total, sendo
influenciadas pela elevada cobertura vegetal, baixa
declividade e baixa altitude.
6. REFERÊNCIAS
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