Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 477-485, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i4.13141 ISSN: 2318-7670
Produção e produtividade de milho inoculado com
Azospirillum brasilense
fertilizado com cama de frango
Deise Cadorin VITTO1*, Vandeir Francisco GUIMARÃES1, Paulo Sérgio Rabello de OLIVEIRA1,
Roberto CECATTO JUNIOR1, André Silas Lima da SILVA1, Alisson Rodrigo Steffens HOSCHEID1
1Universidade Estadual do Oeste Paranaense, Marechal Cândido Rondon, PR, Brasil.
*E-mail: deisevitto@gmail.com
(ORCID: 0000-0003-1671-4799; 0000-0001-7117-1905; 0000-0002-0478-1006; 0000-0002-8712-8685;
0000-0001-8189-2351; 0000-0003-2311-8637)
Submetido em 11/11/2022; Aceito em 21/10/2022; Publicado em 08/11/2022.
RESUMO: Formas adequadas para a nutrição de plantas, aliada ao uso de microrganismos que promovam o
crescimento vegetal, são importantes para alcançar o equilíbrio e a sustentabilidade na agricultura. Neste
trabalho, estudou-se os principais efeitos no milho em função da inoculação de sementes com A. brasilense
associadas à fertilização com cama de frango. O trabalho foi conduzido a campo, em duas áreas, com
delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema 2x6. O primeiro fator foi a inoculação com
A. brasilense e controle. O segundo fator foram seis doses de cama de frango, estabelecidas pela recomendação
de adubação, utilizando-se 0, 50, 100, 150, 200, 250% da dose recomendada para cada área. Aos 60 dias após a
semeadura, foram realizadas análises morfométricas, como altura de planta e diâmetro de colmo, massa da
matéria seca de colmo mais bainha e de folha. No estádio R6, aproximadamente os 150 dias após a semeadura,
foram determinados a massa de mil grãos e a produtividade. A cama de frango influenciou positivamente na
produtividade, altura e diâmetro basal de colmo e massa seca da parte aérea do milho. O A. brasilense promoveu
o aumento de massa de folhas, influenciando positivamente na massa de mil grãos e na produtividade do milho.
Palavras-chave: Zea mays L.; bactérias promotoras de crescimento vegetal; adubação orgânica.
Production and productivity of corn inoculated with
Azospirillum brasilense
fertilized with chicken bed
ABSTRACT: Appropriate forms of plant nutrition, combined with the use of microorganisms that promote
plant growth, is important to achieve balance and sustainability in agriculture. In this work, the main effects on
corn as a function of seed inoculation with A. brasilense associated with fertilization with chicken litter were
studied. The work was carried out in the field, in two areas, with an experimental design in randomized blocks,
in a 2x6 scheme. The first factor was inoculation with A. brasilense and control. The second factor was six doses
of chicken litter, established by the fertilization recommendation, using 0, 50, 100, 150, 200, 250% of the
recommended dose for each area. At 60 days after sowing, morphometric analyzes were performed, such as
plant height and stem diameter, stem dry matter mass plus sheath and leaf. At stage R6, approximately 150 days
after sowing, the mass of a thousand grains and yield were determined. Chicken litter positively influenced yield,
height and basal stem diameter and shoot dry mass of corn. A. brasilense promoted the increase in leaf mass,
positively influencing the mass of a thousand grains and maize yield.
Keywords: Zea mays L.; plant growth promoting bactéria; organic fertilization.
1. INTRODUÇÃO
A previsão de produção de milho no Brasil é de uma safra
recorde que poderá chegar a 118 milhões de toneladas, nas
safras de 2021/22. Superando facilmente as últimas safras
com aumento de 40 por cento em relação ao ano anterior
(USDA, 2021).
No que se refere ao estado do Paraná, sua elevada
atividade agrícola, o deixa entre os primeiros no ranking de
produção do grão. Permanecendo em segundo lugar na
previsão de produção de grãos de milho com cerca de 16
milhões de toneladas, atrás apenas do Mato Grosso, que
apresenta uma produção em torno de 48 milhões de tonelada
(USDA, 2021).
O Brasil é considerado hoje, um dos líderes mundiais no
que se refere ao plantio de grãos, sendo favorecido pelas
tecnologias e manejos adotados atualmente no cultivo, pois a
cultura possui elevado potencial produtivo, bem como, alto
valor nutricional, sendo principalmente utilizado na
alimentação humana e animal (CAMPANHA et al., 2012).
Sabendo disso, o Brasil apresenta grande importância
para as atividades de criação de animais com o objetivo de
produção de carne e leite, como aves, suínos e bovinos, pois
de todo o milho que é produzido nacionalmente, cerca de
47% são voltados para a criação desses animais (BRASIL,
2020).
No entanto, essas características, leva a alta produção de
resíduos orgânicos nas propriedades pecuárias, sendo que
esse aumento vem provocando impactos ambientais, pois sua
taxa de geração é maior que de degradação. Assim, é cada vez
mais importante e necessário encontrar formas de
Produção e produtividade de milho inoculado com Azospirillum brasilense fertilizado com cama de frango
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aproveitamento desse material, buscando a reciclagem e
reaproveitamento dos resíduos gerados na agropecuária, para
recuperar matéria e energia.
Uma alternativa de uso para esses resíduos é
disponibilizando como nutrientes para plantas, pois esse
material possui alto potencial nutritivo, sendo assim pode ser
empregado como matéria prima principal para a adubação,
diminuindo o valor de manejo das culturas da região, além de
ser uma forma correta para descarte deste resíduo.
Dentre outros fatores, a planta de milho requer elevada
quantidade de macro e micronutrientes como nitrogênio (N),
fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), zinco
(Zn) enxofre (S), dentre outros que são disponibilizados
através do solo conforme o nível de produtividade esperada.
Contudo, a maioria dos solos brasileiros necessita do uso de
fertilizantes químicos para suprir toda a demanda nutricional
da cultura (HUNGRIA; NOGUEIRA, 2020).
A utilização da adubação orgânica pode ser empregada de
forma complementar ou total para fornecer o aparato de
nutrientes que as plantas necessitam devido ao seu elevado
teor de nutrientes (SANTOS et al., 2014). Entre os resíduos
oriundos da produção animal, a cama de frango está
disponível nas propriedades a baixo custo, sendo sua
aplicação em cultivos comerciais uma alternativa de uso
sustentável quando manejado de forma adequada (COSTA et
al., 2009).
Segundo alguns autores, a utilização de cama de frango
favorece o melhoramento de algumas características do solo
quando comparado aos adubos químicos, como a sua alta
concentração de macronutrientes, aumento do pH do solo
(ZHANG et al., 2001), maior capacidade de retenção e
infiltração de água, o aumento no teor de matéria orgânica e
no carbono total do solo, além de promover incrementos na
sua qualidade química, física e biológica e na produtividade
de diversos cultivos (SANTOS et al., 2014).
A cama de frango é um material composto pela mistura
de substrato utilizada na forração de pisos de galpões
utilizadas para a proteção dos animais, que ao passar dos lotes
de frangos, fica constituída por fezes, penas e restos de ração
(BLUM et al., 2003). Para se recomendar a quantidade correta
de aplicação, sempre deve-se levar em conta as propriedades
químicas do solo, bem como, as necessidades da cultura
(COSTA et al., 2009). No entanto, a cama de frango
apresenta variabilidade em sua composição, dependendo do
sistema de criação utilizado, o número de lotes criados sobre
a cama, modo e tempo de compostagem.
Segundo os autores Pitta et al. (2012), nos primeiros 60
dias após o material ser retirado e passar pelo triturador,
ocorre a maior parte da decomposição e da liberação dos
nutrientes da cama de frango, apresentando valores em torno
de 40, 34, 91 e 39% de liberação para os nutrientes N, P, K e
Ca, respectivamente, encontrados na massa seca inicial da
cama.
Estudos realizados relatam a eficiência do uso da cama de
frango para diversas culturas. Na aveia seu uso favorece o
aumento da produção de massa seca, enquanto no milho
eleva os índices de produtividade, quando comparado a
adubação mineral (SANTOS et al., 2014).
Outro método disponível para elevar o desempenho da
cultura é a prática de inoculação em sementes utilizando
bactérias promotoras de crescimento vegetal (BPCVs), que
são microrganismos que crescem próximo às raízes
(rizobactérias) das plantas sendo estimuladas pelos exsudatos
radiculares e que tem a capacidade de promover o
crescimento vegetal através de diferentes mecanismos
quando inoculadas nas sementes ou no solo (COSTA et al.,
2015).
Dentre os microrganismos capazes de auxiliar na
promoção do crescimento da planta, encontra-se as bactérias
do gênero Azospirillum sp. que são estudadas desde a década
de 1970. Esses organismos são consideradas como
endofíticas facultativas, pois colonizam tanto o interior
quanto as superfícies das raízes de gramíneas (BALDANI;
BALDANI, 2005) e também, outras famílias botânicas, como
a Fabaceae, onde o uso de Azospirillum sp associado ao
Bradyrhizobium (coinoculação), em plantas de soja apresentam
nodulação mais abundante e precoce (HUNGRIA;
NOGUEIRA, 2020), bem como, com ganhos dios
superiores sobre a produtividade, chegando a valores 16%
superiores ao inoculado com Bradyrhizobium apenas
(CHIBEBA et al., 2015).
A inoculação com esses microrganismos como o
Azospirillum brasilense, pode estar relacionada a múltiplos
mecanismos capazes de estimular o crescimento de plantas
(COSTA et al., 2015), como a solubilização de fosfatos
inorgânicos do solo (DOBBELAERE et al., 2003), a
produção de hormônios vegetais e em menor escala, a fixação
biológica de nitrogênio (COSTA et al., 2015).
Vale ressaltar que apesar do A. brasilense realizar fixação
biológica de nitrogênio, não é capaz de suprir totalmente as
necessidades da cultura, mas pode proporcionar uma
economia de até 50% no uso de fertilizantes nitrogenados
(HUNGRIA et al., 2010). Informação essa que é de suma
importância pois a utilização de BPCV pode ser considerada
uma tecnologia que está em sintonia com a abordagem atual
da agricultura, respeitando as necessidades de ser uma técnica
sustentável, trazendo benefícios para o meio ambiente, pelo
fato de dispensar parte da adubação nitrogenada nas culturas
de gramíneas.
Alguns trabalhos realizados com a aplicação de A.
brasilense, em sementes de milho mostraram que pode ocorrer
modificações no sistema radicular da planta, resultando uma
maior produção de raízes, ampliando assim sua exploração
no solo (HUNGRIA et al., 2010). Blaha et al. (2006)
estudando a filogenia de BPCVs e sua relação com as plantas,
perceberam respostas positivas a estímulos provocados por
fitormônios como auxinas, citocininas, giberelinas e a
redução dos níveis de etileno, porque estes mesmos estímulos
são originados através da associação planta-microrganismo.
Segundo os autores, a interação entre o Azospirillum sp. e
as plantas de milho, resulta em crescimento ativo de parte
aérea, produção de massa seca, eficiência no uso da radiação,
produção de grãos e solubilização de fosfatos indisponíveis
para a planta (RODRIGUEZ et al., 2004). Bem como,
Quadros et al. (2014) analisando plantas de milho em relação
ao uso de inoculação com Azospirillum sp. percebeu aumento
na produtividade do grão de até 30% em relação ao controle
não inoculado.
Apesar de algumas pesquisas realizadas na área, ainda
a necessidade de estudos que possam avaliar os efeitos deste
fertilizante orgânico quando associado à prática de
inoculação de sementes em plantas de milho na região oeste
do Paraná. Para isso, é de suma importância a realização de
trabalhos verificando as relações entre plantas de milho
inoculadas com BPCVs, associadas à adubação orgânica, para
chegar ao entendimento sobre a elevação do desempenho
agronômico da cultura frente ao atual cenário agrícola.
Portanto, é esperado que as diferentes doses de cama de
Vitto et al.
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frango associadas ao Azospirillum brasilense na semente
proporcionem incrementos no desenvolvimento da cultura
resultando em maior produtividade, quando comparada à sua
utilização isolada.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar o desempenho entre a inoculação de
sementes com Azospirillum brasilense e diferentes doses de
cama de frango nas características agronômicas e na
produtividade de plantas de milho.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido durante o ano agrícola
2017/2018 em duas áreas experimentais no estado do Paraná.
O primeiro experimento foi na fazenda experimental
“Professor Antônio Carlos dos Santos Pessoa” com
coordenadas geográficas de 24º31’57” Sul, 54º01’11” Oeste e
altitude aproximada de 400 metros, na cidade de Marechal
Cândido Rondon – PR, pertencente à Universidade Estadual
do Oeste do Paraná. O segundo experimento, localizada em
propriedade particular, localizada no município de Toledo
PR, com coordenadas geográficas de 24º38’35” Sul,
53º54’52” Oeste e altitude aproximada de 450 m. Ambos os
locais apresentam LATOSSOLO VERMELHO
Eutroférrico (SANTOS et al., 2018).
A região na qual ficava os experimentos, é classificada
climaticamente como tipo Cfa, apresentando chuvas
distribuídas ao longo do ano e verões quentes. A temperatura
média anual é de 22ºC e precipitação pluvial média varia de
1600 a 1800 mm (CAVIGLIONE et al., 2000). Os dados
meteorológicos do experimento I, foram fornecidos pela
Estação Meteorológica Automática do município de
Marechal ndido Rondon (A820) (Figura 1a). Os dados
meteorológicos do experimento II, foram cedidos pela
Cooperativa Agropecuária Mouraoense (COAMO) de Dois
Irmãos/Toledo (Figura 1b).
O delineamento experimental utilizado foi de blocos
casualizados, em esquema fatorial 2x6, com quatro repetições
cada, com total de 48 unidades experimentais em cada área.
O primeiro fator foi as sementes com inoculação usando
Azospirillum brasilense e não inoculadas. O segundo fator
foram seis doses de cama de frango, pré-estabelecidas pela
análise de recomendação de adubação, sendo utilizado 0, 50,
100, 150, 200, 250% da dose recomendada para cada área.
As unidades experimentais constituíram de dez linhas,
com espaçamento de 0,50 m entre si, com seis metros de
comprimento, atingindo uma população de 65.000 plantas
ha-1. O híbrido de milho utilizado foi o 30F53 VYHR da
empresa Pionner®, que apresenta alto potencial de
produtividade em resposta à adubação. Como parcela útil,
foram consideradas as seis linhas centrais da parcela,
descartando-se um metro de cada extremidade e duas linhas
nas laterais.
Vale ressaltar que as duas áreas experimentais utilizadas
nessa pesquisa apresentavam manejo distintos, pois o
experimento I apresentava completa ausência de palhada
devido ao fato de ser uma área utilizada para produção de
silagem de planta inteira de milho durante a safrinha anterior,
permanecendo em pousio no inverno e não se realizando
semeadura direta, apresentando assim, menor teor de
material orgânico em sua superfície. Enquanto o
experimento II apresentava a palhada de milho da safrinha
anterior em sua superfície, permanecendo em pousio durante
o inverno e se realizando semeadura direta para implantação
do experimento.
Antes da implantação da cultura, foi realizada a coleta do
solo e posterior análise química para determinação das
características químicas do solo das duas áreas na
profundidade de 0,00-0,20 m e com base nesta, a
recomendação da adubação com cama de frango. Os dados
da análise química de solo do experimento I apresentou os
seguintes valores: 8,89 g dm-3 de M.O.; pH (CaCl2 0,01 mol
L-1) 4,82; 40,49 mg dm-3 de P (melich-1); 0,36 cmolc dm-3 de
K+; 4,47 cmolc dm-3 de Ca2+; 1,77 cmolc dm-3 de Mg2+; 12,39
cmolc dm-3 de CTC; 53,27% de saturação de bases e relação
Ca/Mg de 2,52.
A análise do experimento II, em Toledo/PR, apresentou
na sua constituição química os valores de: 17,77 g dm-3 de
M.O.; pH (CaCl2 0,01 mol L-1) 4,95; 7,51 mg dm-3 de P
(melich-1); 0,91 cmolc dm-3 de K+; 7,34 cmolc dm-3 de Ca2+;
1,40 cmolc dm-3 de Mg2+; 14,14 cmolc dm-3 de CTC; 68,18%
de saturação de bases e relação Ca/Mg de 5,24.
Não foi realizado calagem nas duas áreas. O material
utilizado para a adubação dos tratamentos foi cama de frango
proveniente de uma propriedade rural da região, que
reutilizou cama de serragem por 9 lotes seguidos de frangos
de corte, com duração aproximada de 42 dias cada lote.
Assim, após a retirada do último lote, esta cama passou por
moagem e permaneceu por 30 dias em repouso coberto com
lonas pretas. Uma amostra foi submetida à análise química
para determinação de sua composição: 78,49% de massa seca;
24,35% de resíduo mineral total; pH (CaCl2 0,01 mol L-1)
8,62; 1,16% de N total; 1,45% de P total; 1,41% de K total;
4,70% de Ca total; 0,31% Mg total; 41,57 mg kg-1 de Cu total;
239,39 mg kg-1 de Zn total; 330,29 mg kg-1 de Mn total;
4121,51 mg kg-1 de Fe total e 19,43 mg kg-1 de B total. Esta
análise foi feita de acordo com análise de fertilizantes
orgânicos e seus dados de nutrientes estão determinados com
base na massa seca do fertilizante.
Com isso, os cálculos para recomendação da quantidade
de adubo orgânico a ser aplicada se deu através da
metodologia de Pavinato et al. (2017), a qual utiliza como
base os nutrientes de maior demanda da cultura e que esem
maior quantidade na composição química do adubo
orgânico, sendo nesse caso, o fósforo total do resíduo
(Equação 1).
DE = A × 󰇫1
󰇡B
1000󰇢×󰇡 C
1000󰇢×D󰇬 (01)
em que: DE = dose de esterco a ser aplicada na área em t ha-1, A =
quantidade de nutriente a ser aplicada em kg ha-1; B = massa seca
do adubo orgânico, em kg t-1; C = quantidade do nutriente na massa
seca, em kg t-1; D = índice de eficiência na liberação do nutriente no
primeiro ano para cultura do milho, que é 0,8 para o fósforo.
Através do cálculo, foi definida a dose para o
experimento I de 4000 kg ha-1 e as doses a serem aplicadas de
0, 2000, 4000, 6000, 8000 e 10000 kg ha-1 de cama de frango.
Para o experimento II, definiu-se a dose recomendada de
6600 kg ha-1 e as doses a serem aplicadas de 0, 3300, 6600,
9900, 13200 e 16500 kg ha-1 de cama de frango. Todas as
doses foram aplicadas manualmente, com 40 dias antes da
implantação da cultura.
Produção e produtividade de milho inoculado com Azospirillum brasilense fertilizado com cama de frango
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A inoculação das sementes ocorreu no dia da semeadura.
Para isso, foi utilizado inoculante com bactérias da espécie A.
brasilense, com estirpes AbV5 e AbV6, contendo 2 x 108 UFC
ml-1, sendo inoculado a dose de 100 ml ha-1. A inoculação foi
realizada 30 minutos antes da semeadura, em sacos plásticos,
adicionando o volume correspondente de inoculante e
homogeneizando por agitação manual durante 3 minutos. A
semeadura foi realizada mecanicamente no dia 25 de
setembro de 2017. Os tratos culturais, como aplicação de
inseticidas, fungicidas e herbicidas foram realizados de
acordo com a demanda da cultura.
No estádio V8 (oitava folha totalmente expandida), aos
60 dias após a semeadura (DAS), avaliou-se a altura e
diâmetro de colmo de dez plantas por parcela, com auxílio de
régua graduada e paquímetro digital. Em seguida, estas
mesmas plantas foram cortadas rente ao solo e coletadas para
determinação da massa da matéria seca, sendo a massa seca
separada, em folhas e colmo mais bainha e acondicionadas
em sacos de papel kraft para secagem em estufa de circulação
de ar forçado a 65°C até alcançar a massa constante. Após a
secagem, as amostras foram pesadas em balança analítica e os
resultados expressos em gramas planta-1.
Ao final do ciclo da cultura, no estádio R6, na maturação
fisiológica da semente, aproximadamente aos 150 DAS, foi
determinada a massa de mil grãos, através da coleta de 10
espigas por parcela, pesando 5 subamostras de 100 grãos.
A produtividade foi determinada através da colheita de 3
linhas da parcela útil por 4 metros de comprimento e fez-se
a pesagem desses grãos, expressa em kg ha-1, com massa de
grãos corrigida para 13% de teor umidade.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
pelo teste F (p<0,05). Quando detectadas diferenças
significativas foi realizado teste Tukey para inoculação e
análise de regressão para estudo de doses.
3. RESULTADOS
3.1. Dados meteorológicos dos locais
Os dados meteorológicos dos dois experimentos durante
o período da condução do trabalho apresentaram
temperaturas médias adequadas para o desenvolvimento da
cultura do milho, tendo em vista que o milho expressa todo
seu potencial produtivo em temperaturas entre os 18 e 25ºC.
A precipitação durante o mês de novembro apresentou certa
irregularidade em decorrência da estiagem que ocorreu
durante 20 dias, com isso, havendo menor disponibilidade
hídrica quando a cultura estava no estádio de pleno
florescimento, ou seja, momento de maior demanda hídrica
da cultura (Figura 1).
A demanda hídrica real da cultura para esse período é de
7 mm diários para o adequado crescimento e
desenvolvimento das plantas, mineralização da matéria
orgânica do solo e aproveitamento do nitrogênio pelas
plantas (BERGAMASCHI et al., 2001).
No entanto, no início de dezembro houve intensas
precipitações, podendo também ter prejudicado os estádios
de polinização da planta, dificultando o carreamento pelo
vento do pólen da parte masculina até a inflorescência da
planta, principalmente pela sua umidade, tornando-o mais
pesado. Em outras palavras, o estresse hídrico sendo ele
causado pelo déficit ou pelo excesso de água na cultura do
milho, além de limitar o desenvolvimento da espiga e a
translocação de carboidratos para os grãos, pode também
afetar a resposta da planta aos diversos nutrientes nela
aplicado, pois pode dificultar sua absorção pela raiz
(COELHO et al., 2017).
Figura 1. Médias quinzenais de temperatura média, umidade relativa
do ar (UR) e precipitação pluviométrica durante o período do
experimento I (a), e experimento II (b).
Figure 1. Fortnightly averages of averag e temperature, relative
humidity (UR) and rainfall during the period of experiment I (a),
and experiment II (b).
3.2. Altura e diâmetro de plantas de milho
De acordo com os resultados obtidos das avaliações
realizadas, verificou-se que houve resposta significativa para
a aplicação de diferentes doses do adubo orgânico na altura
de planta, tanto no experimento I quanto no experimento II
(Figura 2a e 2b).
Assim, percebe-se que com o aumento da dose de cama
de frango, foi constatado aumento linear nos valores de altura
de planta no estádio V8, apresentando aumento de 34,20%
quando aplicado 10000 kg ha-1 de cama de frango por hectare
no experimento I. No experimento II, a altura das plantas
apresentou resposta linear crescente em função das doses de
cama de frango, tendo incremento de 33,84% a altura de
planta com a aplicação de 16500 kg ha-1 de cama de frango.
Observou-se diferença significativa na avaliação do
diâmetro de colmo do experimento I (Figura 2c), onde se
encontrou incremento máximo de 11,18%, com a aplicação
da maior dose do adubo orgânico quando comparado ao
tratamento que não recebeu a cama de frango.
3.3. Produção de massa seca de colmo+bainha e folhas
Na Figura 3a, ao se avaliar a massa da matéria seca de
colmo mais bainha do estádio V8 das plantas de milho do
experimento I, nos tratamentos inoculados com as bactérias,
observou-se um efeito crescente e quadrático até a dose de
6259 kg ha-1 de adubo orgânico, podendo chegar em torno de
85,50% de massa com a aplicação dessa quantidade de adubo
orgânico quando comparada a não aplicação de adubo.
No entanto, após essa dose, houve decréscimo nos
valores de massa seca, que pode estar relacionado a
disponibilidade muito alta de nutrientes quando aplicado
0
100
200
300
400
500
0
30
60
90
120
150 Experimento I Precipitação (mm)
Temperatura (ºC)
UR(%)
Semeadura do milho
Temperatura (ºC) e UR (%)
Precipitação (mm)
0
100
200
300
400
500
0
30
60
90
120
150
Experimento II Precipitação (mm)
Temperatura (ºC)
UR (%)
Semeadura de milho
Temperatura (ºC) e UR (%)
Precipitação (mm)
a)
b)
Vitto et al.
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doses superiores a recomendada, pois a inoculação com
bactérias do gênero Azospirillum sp. promove maior absorção
através de crescimento e desenvolvimento superior do
sistema radicular da planta.
Figura 2. Altura de planta do experimento I (a); altura de planta do
experimento II (b) e diâmetro de colmo do experimento I (c) em
função das doses de cama de frango.
Figure 2. Plant height from experiment I (a); plant height from
experiment II (b) and stalk diameter from experiment I (c) as a
function of broiler litter rates.
Quanto aos tratamentos não inoculados da massa seca de
colmo mais bainha (Figura 3a) ainda no experimento I, o
aumento linear foi de 45,38% de massa quando aplicado
10000 kg ha-1 de cama, resultando em um menor
aproveitamento da cama de frango aplicada no solo quando
comparado ao tratamento com A. brasilense.
Os dados de massa da matéria seca de folha (Figura 3b)
no experimento I no tratamento inoculado apresentaram
respostas polinomial quadrática, com aumento máximo de
17,98% de massa com a aplicação de 6274 kg ha-1 de cama de
frango. No entanto, no tratamento não inoculado, a resposta
se deu positiva e linear, apresentando aumento de massa de
até 29,57%, conforme a aplicação do adubo orgânico chegou
a 10000 kg ha-1.
Deve-se ressaltar que, apesar do incremento ao
tratamento não inoculado parecer maior, a resposta de
17,98% do tratamento inoculado com as BPCVs torna-se
mais substancial, pois se deu com o uso de menor quantidade
de adubo orgânico aplicada, sendo o suficiente para chegar a
produção máxima alcançada de massa seca de folhas pela
utilização das bactérias e da cama de frango simultaneamente.
Figura 3. Massa da matéria seca de colmo mais bainha (a); massa da
matéria seca de folhas (b) de milho em função de diferentes doses
de cama de frango e inoculação com e sem Azospirillum brasilense no
experimento I. e massa seca de folha do experimento II (c). Sem
Azo - Tratamento não inoculado; Com Azo - Tratamento inoculado
com Azospirillum brasilense.
Figure 3. Stem dry matter mass plus sheath (a); dry mass of leaves
(b) of maize as a function of different doses of chicken litter and
inoculation with and without Azospirillum brasilense in experiment I.
and dry mass of leaves in experiment II (c). Sem Azo - Uninoculated
treatment; com Azo - Treatment inoculated with Azospirillum
brasilense.
Assim, os tratamentos que apresentaram maior
desempenho foram os inoculados, pois necessitaram de
menor quantidade de adubo para atingir maior produção de
massa. Esses resultados vão ao encontro com Sala et al.
(2007) que verificaram que a produção de matéria seca pela
parte aérea de plantas de trigo duplicou nos tratamentos que
receberam a inoculação com bactérias diazotróficas, em
relação à testemunha; entretanto, este resultado mais
expressivo só foi obtido pelos tratamentos nos quais se
aplicou baixa quantidade de P, o que também pode ter
ocorrido nas variáveis de massa seca nesse trabalho, pois com
o excesso de adubo orgânico ocorreu resposta negativa a
partir das doses intermediárias nos tratamentos inoculados.
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
0 3300 6600 9900 13200 16500
Altura de plantas (cm)
Doses de cama de frango do experimento II (kg ha-1)
Altura de planta = 0,0031x + 146,18 R² = 0,87
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Altura de plantas (cm)
Doses de cama de frango do experimento I (kg ha-1)
Altura de planta = 0,0051x + 149 R² = 0,9332
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Diâmetro de colmo (cm)
Doses de cama de frango do experimento I (kg ha-1)
Diâmetro de planta = 0,00003x + 2,4584 R² = 0,7719
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Massa seca colmo+bainha (g)
Doses de cama de frango do experimento I (kg ha-1)
Com Azo = -0,0000006x² + 0,008x + 29,282 R² = 0,925
Sem Azo = 0,0015x + 33,056 R² = 0,8072
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Massa seca de folhas (g)
Doses de cama de frango do experimento I (kg ha-1)
Com Azo = -0,0000002x² + 0,0019x + 33,155 R² = 0,76
Sem Azo = 0,0009x + 29,435 R² = 0,9106
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
0 3300 6600 9900 13200 16500
Massa seca de folhas (g)
Doses de cama de frango do experimento II (kg ha-1)
MS Folha = 0,0006x + 27,508 R² = 0,7987
a)
a)
b)
c)
c)
Produção e produtividade de milho inoculado com Azospirillum brasilense fertilizado com cama de frango
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 477-485, 2022.
482
O acúmulo de massa seca de folhas (Figura 3c) nas
plantas de milho do experimento II, apresentou resposta
linear crescente com o aumento das doses de cama de frango,
com incremento de 35,97% de massa seca de folhas, quando
comparado ao tratamento controle, independente dos
tratamentos inoculados ou não inoculados. Ainda na massa
seca das folhas do experimento II (Tabela 1), verificou-se que
esta foi afetada de forma significativa pela inoculação das
sementes com A. brasilense isoladamente, com incremento de
7,58% em relação ao controle. Alguns autores, ao utilizarem
a inoculação com A. amazonense, também encontraram maior
rendimento em massa de matéria seca de folhas em plantas
de milho (BASHAN; HOLGUIN, 1997). Rodrigues et al.
(2014) avaliando a aplicação de Azospirillum sp. na cultura do
trigo, perceberam que houve aumento significativo no
desenvolvimento da parte aérea quando comparada ao
controle, promovendo acúmulo de massa seca de folhas,
independente de outros tratamentos aplicados.
Tabela 1. Valores médios de altura de plantas, diâmetro de colmo, massa da matéria seca de colmo mais bainha (MS Colmo+Bainha), massa
da matéria seca de folha (MS Folhas), massa de mil grãos e produtividade de plantas de milho, submetidas a inoculação ou não com
Azospirillum brasilense nos experimentos I e II.
Table 1. Average values of plant height (Altura de plantas), stem diameter (Diâmetro de colmo), stem dry matter mass plus sheath (MS
Colmo+Bainha), leaf dry matter mass (MS Folhas), mass of thousand grains (Massa de mil grãos) and yield (Produtividade) of maize plants,
subjected to inoculation (Com Azo) or not with Azospirillum brasilense (Sem Azo) in experiments I and II.
Experimento I
Uso de Inoculante
Altura de
plantas
Diâmetro de
MS
Colmo+Bainha
MS Folhas
Massa de Mil
Grãos
Produtividade
−−−−−cm−−−− −−−−−−−−−−−g−−−−−−−−−−− kg ha-1
Sem Azo 171,45 a 2,59 a 40,67 b 33,97 b 386,05 a 7662,45 b
Com Azo 177,40 a 2,59 a 45,63 a 37,35 a 372,25 a 8521,86 a
CV% 6,33 4,94 2,18 2,95 14,90 7,22
Média 174,43 2,59 43,15 35,66 379,15 8092,16
Experimento II
Uso de
Inoculante
Altura de
plantas
Diâmetro de
Colmo
MS
Colmo+Bainha
MS
Folhas
Massa de Mil
Grãos Produtividade
−−−−−cm−−−− −−−−−−−−−−−g−−−−−−−−−−− kg ha-1
Sem Azo 169,39 a 2,55 a 97,62 a 31,11 b 693,08 b 6824,31 b
Com Azo 173,28 a 2,56 a 112,04 a 33,47 a 740,99 a 7672,38 a
CV% 7,12 6,58 30,17 12,29 2,77 15,96
Média 171,34 2,56 104,83 32,29 717,04 7248,35
* Médias seguidas por uma mesma letra, em cada coluna, não diferem estatisticamente pelo teste F, a 5% de probabilidade. Sem Azo = Tratamento sem
inoculante na semente de milho à base de Azospirillum brasilense. Com Azo = Tratamento com inoculante na semente de milho à base de Azospirillum brasilense.
CV = Coeficiente de variação.
3.4. Massa de mil grãos e produtividade de milho
Na variável massa de mil grãos (Figura 4a) encontrou-se
diferença significativa no experimento II, para o fator dose,
com resposta linear positiva ao longo do aumento das doses
de cama, sendo este aumento de 14,84% quando aplicado
16500 kg de cama de frango por hectare. Bem como, os
tratamentos inoculados com as BPCVs (Tabela 1), obtiveram
resultados superiores significativos quando comparados ao
controle, apresentando aumento de 6,91%, em relação ao
controle ou não inoculado.
A variável produtividade analisada nos experimentos I
(Figura 4b) e II (Figura 4c), respondeu positivamente
conforme o aumento das doses de adubo orgânico no solo,
partindo de uma média de 7641,5 para 8542,5 kg ha-1 de grãos
no primeiro experimento quando aplicado 0 e 10.000 kg ha-1
de cama de frango, respectivamente, obtendo-se assim
aumento de 11,79% na produtividade quando utilizado a
maior dose em relação a não aplicação da cama de frango.
Os resultados obtidos em relação ao aumento da
produtividade no presente trabalho, foram inferiores aos
obtidos por (HANISCH et al. 2012), que teve uma média de
9328 kg ha-1 de grãos de milho testando a aplicação de 5000
kg ha-1 de cama de frango com base em um cultivo
agroecológico, fato que pode ser interpretado pelo aumento
de outras interações positivas que ocorrem no agroecológico
em função da não utilização de agrotóxicos. Para esses
autores, a cama de frango pode suprir grande parte, ou até
totalmente, os nutrientes requeridos pela cultura e além do
efeito imediato, apresenta efeito residual superior aos dos
adubos solúveis. Fato que leva ao aumento da disponibilidade
de nutrientes na fase solúvel do solo ao longo da duração do
ciclo da planta, o que pode aumentar o seu potencial
produtivo pois a planta consegue utilizar esses nutrientes
conforme sua necessidade (BLUM et al., 2003).
Ainda na produtividade de grãos de milho do
experimento I (Tabela 1), as médias obtidas com a aplicação
da inoculação feita com bactérias promotoras de
crescimento, foram significativamente superior (8521,86 kg
ha-1) quando comparadas com a produtividade do tratamento
controle (7662,45 kg ha-1 de grãos de milho) apresentando
aumento de 11,22%, independente das doses aplicadas de
fertilizante orgânico. No experimento II (Tabela 1), houve
incremento de produtividade de 12,43% para os tratamentos
inoculados quando comparados aos não inoculados.
Os resultados positivos para a produtividade, quando
adicionado o fator inoculação via semente, corrobora com os
resultados de Novakowiski et al. (2011) que também
perceberam um aumento de até 12% na produtividade de
grãos com o inoculante quando comparado com a
testemunha. Hungria et al. (2010) também obtiveram
incrementos na produtividade de milho, e dependendo da
estirpe de A. brasilense avaliada, o aumento na produtividade
foi da ordem de 24 a 30% nos tratamentos inoculados.
Vitto et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 477-485, 2022.
483
Figura 4. Massa de mil grãos do experimento II (a); produtividade
do experimento I (b) e produtividade do experimento II em função
das doses de cama de frango (c).
Figure 4. Thousand grain mass from experiment II (a); productivity
in experiment I (b) and productivity in experiment II as a function
of chicken litter rates (c).
4. DISCUSSÃO
4.1. Altura e diâmetro de plantas de milho
De acordo com Rodrigues et al. (2014) o aumento linear
da altura de planta quando aplicado doses crescentes de
adubo orgânico está diretamente ligado ao potencial nutritivo
que a matéria orgânica de origem animal ou vegetal possui,
quando fornecida em dose adequada. Este pode exercer
efeitos positivos sobre o rendimento das culturas devido
principalmente ao complexo de nutrientes essenciais como o
nitrogênio, que atua indiretamente na forma estrutural na
planta, pois na sua ausência, ocorre um acúmulo de
carboidratos nos caules da planta, tornando suas células
menos flexíveis para ocorrer seu crescimento (TAIZ et al.,
2017).
Segundo Santos et al. (2014), o aumento do diâmetro de
colmo em plantas com a adição de adubos orgânicos também
pode estar relacionado à quantidade de elementos essenciais
para a planta adicionados no solo, sendo considerado como
principal, o nitrogênio, que também está ligado a formação
de proteínas, aminoácidos e as clorofilas, que tem papel
muito importante na produção de energia para manutenção
e crescimento do vegetal. Outro fator que também deve-se
levar em conta é que, o adubo orgânico tende a disponibilizar
os nutrientes ao longo do ciclo da cultura, pois ocorre
equilíbrio na mineralização e imobilização desses nutrientes,
fornecendo-os aos poucos para a planta, aumentando assim
sua eficiência de absorção e uso (SILVA et al., 2011).
4.2. Produção de massa seca de colmo+bainha e folhas
Quando se refere a massa seca de plantas de milho, sendo
comparado a interação entre os fatores inoculação com as
BPCVs e a adubação, pode-se afirmar que esses
microrganismos são capazes de auxiliar na absorção de N
pela planta, devido ao aumento do sistema radicular, fazendo
com que a planta tenha potencial para realizar processos
metabólicos necessários para a produção de fotoassimilados
para o crescimento, desenvolvimento e armazenamento na
planta. Esses resultados vão ao encontro com Parreira et al.
(2015), que, ao avaliar a aplicação de cama de frango
juntamente com o Azospirillum sp. na raiz, verificou que essa
associação influencia positivamente na produção de massa
seca em pastagem de Brachiaria brizantha, produzindo uma
maior quantidade de massa seca de colmo mais folha quando
comparada a testemunha.
Segundo Dobbelaere et al. (2003), respostas positivas
obtidas pela inoculação com estirpes de Azospirillum sp.
principalmente quando comparadas com altos níveis de
adubação, podem indicar que as respostas da planta em
relação ao microrganismos não ocorre apenas em razão do
N2 fixado, mas também auxiliar na produção de substâncias
benéficas como os hormônios promotores de crescimento
vegetal, que promovem um maior alongamento das raízes da
planta, apresentando assim uma melhor eficiência e
aproveitamento da água e de nutrientes.
5. CONCLUSÕES
A aplicação de doses de cama de frango no milho
influenciou positivamente na altura de plantas, no acúmulo
de massa seca da parte aérea e na produtividade.
O uso A. brasilense influencia positivamente a massa seca
de folhas e a produtividade de grãos de milho.
A dose de cama de frango que obteve maior produção de
massa seca de colmo+bainha, quando associado com a
inoculação com A. brasilense na cultura do milho foi de 6259
kg ha-1 e de 6274 kg ha-1 de cama de frango para produção de
massa seca de folhas.
6. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) e da Universidade Estadual do
Oeste Paranaense – UNIOESTE.
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BERGONCI, J. I.; ARAGONÉS, R. S.; SANTOS, A. O.;
0,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
0 3300 6600 9900 13200 16500
Massa de mil grãos (g)
Doses de cama de frango do experimento II (kg ha-1)
MMG = 0,006x + 667,22 R² = 0,7957
0,0
2000,0
4000,0
6000,0
8000,0
10000,0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Produtividade (kg ha-1)
Doses de cama de frango do experimento I (kg ha-1)
Produtividade = 0,0901x + 7641,5 R² = 0,8256
0,0
2000,0
4000,0
6000,0
8000,0
10000,0
0 3300 6600 9900 13200 16500
Produtividade (kg ha-1)
Doses de cama de frango do experimento II (kg ha-1)
Produtividade = 0,1924x + 5660,9 R² = 0,8807
a)
b)
c)
Produção e produtividade de milho inoculado com Azospirillum brasilense fertilizado com cama de frango
Nativa, Sinop, v. 10, n. 4, p. 477-485, 2022.
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