Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 131-137, 2022.
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Tabela 7. Teores médios dos nutrientes na biomassa da parte aérea, por classe, das espécies selecionadas, em área de Caatinga arbórea-
arbustiva, em Upanema, Rio Grande do Norte.
Table 7. Mean nutrient contents in aboveground biomass, by class, of selected species, in an area of arboreal-shrubby Caatinga, in Upanema,
Rio Grande do Norte.
Espécies
-1
Cordia glazioviana 4,9 ± 3,2 4,6 ± 3,2 4,5 ± 3,0 4,5 ± 3,0 4,5 ± 3,0
Mimosa tenuiflora 3,5 ± 1,7 3,4 ± 1,0 3,2 ± 1,6 3,8 ± 2,1 4,1 ± 1,4
Cenostigma pyramidale 3,6 ± 1,5 2,9 ± 1,7 2,8 ± 0,7 2,8 ± 1,8 3,6 ± 2,2
-1
Cordia glazioviana 0,4 ± 0,1 0,3 ± 0,1 0,2 ± 0,0 0,2 ± 0,0 0,2 ± 0,0
Mimosa tenuiflora 0,2 ± 0,1 0,2 ± 0,1 0,2 ± 0,1 0,2 ± 0,1 0,2 ± 0,1
Cenostigma pyramidale 0,5 ± 0,1 0,5 ± 0,2 0,4 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,5 ± 0,1
Potássio (g kg-1)
Cordia glazioviana 1,2 ± 0,7 1,0 ± 0,7 0,8 ± 0,6 0,9 ± 0,6 1,0 ± 0,6
Mimosa tenuiflora 0,4 ± 0,2 0,4 ± 0,2 0,5 ± 0,3 0,4 ± 0,2 0,3 ± 0,2
Cenostigma pyramidale 0,4 ± 0,2 0,3 ± 0,2 0,3 ± 0,2 0,3 ± 0,2 0,3 ± 0,2
4. DISCUSSÃO
Mimosa tenuiflora na área dessa pesquisa se deve às suas
amplas ocorrências em áreas de caatinga, compondo os
estágios iniciais e intermediários de sucessão ecológica,
estando elas destacadas com abundância na maioria dos
trabalhos de florística e fitossociologia desse bioma
(VASCONCELOS et. al, 2017; DARIO, 2017; MARQUES
et. al, 2020). Já a espécie Cordia glazioviana, apresentou alta
densidade neste estudo, pois possui ampla distribuição
geográfica na Chapada do Apodi nos estados do Ceará e Rio
Grande do Norte (MELO, 2018).
O valor total de biomassa quantificada nesse estudo foi
inferior aos verificados por Amorim et al. (2005) em área de
caatinga arbustiva-arbórea do Seridó potiguar, que avaliou 15
espécies (25,07 Mg ha-1) e por Virgens et al. (2017) em área
de caatinga arbórea na Bahia, para 9 espécies (29,2 Mg ha-1),
mas foi aproximado ao quantitativo obtido por Alves (2012)
pesquisando em área savana estépica arborizada no semiárido
pernambucano sobre 5 espécies florestais (13,1 Mg ha-1). A
diferença de ambiente pode influenciar no porte da
vegetação, assim como os usos da lenha pelas comunidades
locais, no entanto, observa-se na literatura pertinente que as
espécies com maior valor de importância são responsáveis
pela maior porcentagem do total de biomassa numa
determinada área.
Em relação ao valor médio de biomassa por indivíduo,
houve similaridade com os encontrados por Virgens et al.
(2017) e por Alves (2012) em área preservada de caatinga
(28,7 kg.arv-1), porém foi muito acima dos obtidos por
Amorim (2005) que calculou a média de 7,7 kg.arv-1. Essa
diferença pode ser explicada pelo número de espécies
avaliadas em cada estudo e pelo número de
indivíduos/hectare observados.
A presença majoritária do total de biomassa nos
componentes fuste e galhos se justifica por essas frações
armazenarem a maior parte do carbono fixado, para exercer
a função de sustentação da planta e da copa (BRIANEZI et
al., 2013; VERES et al., 2019). O padrão de aporte de
biomassa fuste>galhos>folhas ocorre em espécies nativas da
Caatinga e, nesse caso, os indivíduos amostrados não
possuíam bifurcações abaixo de 1,30 m a partir do nível do
solo, fator que reduz possíveis ramificações. Contudo,
estudos demonstraram a ordem galhos>fuste>folhas, e
diversos fatores estão relacionados a isso, sendo os mais
comuns: ambiente, estágio de sucessão, pluviometria e
espacialização dos indivíduos. (FARIAS et al., 2016; LIMA
JUNIOR et al., 2014). Já a menor contribuição da fração
folhas no total da biomassa corrobora com os percentuais
verificados por Virgens et al. (2017), e atestam que no
momento de realização deste estudo a vegetação estava com
níveis ótimos de folhamento.
A variação dos valores de biomassa acumulada entre as
classes e entre as espécies ocorreu de forma natural e pode
estar relacionada à idade dos indivíduos arbóreos, à
densidade específica da madeira, defeitos como fuste oco, e
ao porte das árvores. Essas oscilações são reduzidas quando
os valores são avaliados dentro das classes (VOGEL et al.,
2006).
Sobre a estrutura da vegetação, conforme Andrade e
Lima (1981), o ambiente pode ser classificado Caatinga
arbóreo-arbustiva, já que alguns indivíduos ultrapassam os 5
m. No entanto, a média das alturas das plantas (5,3 m)
enquadra-se na classificação de vegetação de caatinga do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE como
Savana Estépica Florestada, composta de vegetação de média
densidade, com a presença de espinhos e acúleos, onde a
maioria das espécies são decíduas na estação de escassez
hídrica, com alguns indivíduos ultrapassando os 7,0 metros
de altura (IBGE, 1992). Todavia, a vegetação da área
pesquisada é alterada constantemente, sobretudo para a
extração das espécies abordadas, principalmente os
indivíduos de maior porte.
Quanto à concentração de nutrientes nos componentes
arbóreos, a sequência N>K>P foi observada em diversos
estudos sobre nutrientes na parte aérea de espécies nativas da
caatinga (MEDEIROS et al., 2008; ALVES, 2012). As
maiores concentrações desses nutrientes nos órgãos
vegetativos e de condução pode ser explicado pelo fato das
folhas serem os órgãos responsáveis pelos processos
metabólicos das árvores (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Vale destacar que na exploração dos recursos florestais o
componente folhas é comumente o material mais deixado nas
áreas exploradas, já que possui baixo ou nenhum valor
agregado, sendo também o componente florestal mais
prontamente disponível aos processos de compostagem e
mineralização, de proteção do solo e abrigo biológico. Em