Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v10i1.13091 ISSN: 2318-7670
Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo em
ambiente de caatinga, Rio Grande do Norte, Brasil
Erick Daniel Gomes da SILVA1*, Allyson Rocha ALVES1, Daniela da Costa Leite COELHO1,
Natália Isabel Lopes QUIRINO1, Alan Cauê de HOLANDA1, Romário Mendes BEZERRA1
1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN, Brasil.
*E-mail: erickufersa@gmail.com
(ORCID: 0000-0003-0968-1116; 0000-0002-5066-4900; 0000-0001-9182-3675;
0000-0002-4895-5856; 0000-0003-1408-0075; 0000-0003-4215-5310;)
Recebido em 19/10/2021; Aceito em 21/02/2022; Publicado em 26/03/2022.
RESUMO: Objetivou-se nesse trabalho avaliar a florística e a estrutura do componente arbustivo-arbóreo de
um fragmento florestal no município de Caraúbas no estado do Rio Grande do Norte. Para o desenvolvimento
desse estudo foi analisada a vegetação de uma área de 53 hectares de caatinga, onde foram alocadas 12 unidades
amostrais (20 x 20 m), utilizando-se a Amostragem Inteiramente Aleatória. Todos os indivíduos arbóreo-
arbustivos vivos com circunferência a altura do peito (CAP) 6 cm foram amostrados e mensurados CAP e
altura total. Com os dados coletados no inventário florestal foram calculados os seguintes índices: diversidade
de Shannon-Weaver (H’), a dominância de Simpson (C) e a equabilidade de Pielou (J’), bem como os demais
parâmetros fitossociológicos das estruturas horizontal e vertical. Nos resultados foram observadas 19 espécies
pertencentes a 17 gêneros, distribuídos em 9 famílias. As famílias com maior riqueza de espécies foram Fabaceae
(9) e Euphorbiaceae (3). As espécies mais abundantes e com maior índice de valor de importância (IVI) foram
Cordia glazioviana e Combretum leprosum. A área estudada apresenta baixa riqueza de espécies quando comparada
a outros remanescentes de caatinga.
Palavras-chave: diversidade; fitossociologia; Semiárido.
Floristic and structure of the shrubby-arboreal component in a caatinga
environment, Rio Grande do Norte, Brazil
ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the floristic and structure of the shrubby-arboreal
component of a forest fragment in the municipality of Caraúbas in Rio Grande do Norte state. For the
development of this study, the vegetation of an area of approximately 53 ha of caatinga was analyzed, where
12 sampling units (20 x 20 m) were allocated, using the Entirely Random Sampling. All living arboreal-shrubby
individuals, with (CAP) 6 cm, were sampled and the parameters, circumference at breast height and total
height were measured. With the data collected in the forest inventory, the following indexes were calculated:
Shannon-Weaver diversity (H'), Simpson dominance (C) and Pielou evenness (J'), as well as the other
phytosociological parameters of the horizontal and vertical. In the results, 19 species were observed, in 17
genera, distributed in 9 families. The families with the greatest species richness were Fabaceae (9) and
Euphorbiaceae (3). The most abundant species with the highest importance value index (IVI) were Cordia
glazioviana and Combretum leprosum. The studied area presents low species richness when compared to other
remnants of caatinga vegetation.
Keywords: diversity; phytossociology; Semiarid.
1. INTRODUÇÃO
A Caatinga possui área superficial de aproximadamente
844.453 km², é a região semiárida mais povoada do planeta e
quase metade da diversidade biológica desse bioma foi
alterada pelas práticas de uso não manejado dos recursos
naturais (MMA, 2012). Os limites da Caatinga estão
totalmente inseridos no território brasileiro e sua abrangência
cobre partes dos nove estados da Região Nordeste brasileira,
além de se estender também por uma porção do norte do
estado de Minas Gerais, o que representa cerca de 11% do
território nacional (IBGE, 2004).
O bioma é caracterizado pela presença da vegetação
xerófila com grande variação de fitofisionomias e alto índice
de endemismo. A vegetação é composta de herbáceas,
indivíduos arbóreos e arbustivos, dotados de espinhos e
folhas caducifólias, resultado das adaptações ao clima seco e
quente e à sazonalidade pluviométrica (VELLOSO et al.,
2002).
As práticas insustentáveis de exploração dos recursos
madeireiros, queimadas e atividades agropecuárias
indiscriminadas provocaram profundos impactos à flora,
fauna e aos solos da região semiárida brasileira, fatores que
originaram áreas suscetíveis a desertificação (TABARELLI et
al., 2018).
A obtenção de informações sobre a estrutura da
vegetação e da composição florística são indispensáveis à
compreensão dos processos de regeneração e de sucessão
ecológica, bem como da dinâmica na comunidade e, estudos
sobre esse tema têm balizado programas de recuperação de
áreas degradadas, de conservação dos ecossistemas e
Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo em ambiente de caatinga, Rio Grande do Norte, Brasil
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
126
ordenado o manejo florestal sustentável (MAIA, 2010;
HOLANDA et al., 2015). Tais informações são geradas por
meio de estudos fitossociológicos e de florística, que
permitem identificar e compreender a associação entre as
espécies de um determinado local, e ferramentas como os
índices de Shannon-Weaver, Simpson e de equabilidade de
Pielou permitem analisar a diversificação das comunidades
florestais (LEITÃO, 2014).
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo avaliar a
florística e a estrutura do componente arbustivo-arbóreo de
um fragmento florestal no município de Caraúbas no Rio
Grande do Norte.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área do estudo
O trabalho foi realizado numa propriedade de
aproximadamente 520 ha, inserida no município de
Caraúbas-RN, sob as coordenadas geográficas X: 669994,08
e Y: 9381651,06 e altitude de 115 m (Figura 1). Foi
selecionada e utilizada uma porção de 53,0 ha como área
objeto desse estudo.
Figura 1. Localização do município de Caraúbas, Rio Grande do
Norte, Brasil.
Figura 2. Location of the municipality of Caraúbas, Rio Grande do
Norte, Brazil
O clima predominante na região, de acordo com o
sistema internacional de classificação de Koppen, é semiárido
do tipo Bsw´h, seco, muito quente, com a estação chuvosa
concentrada nos meses de março e abril e a estação seca
prevalecendo nos demais meses do ano. As chuvas
apresentam irregularidades na sua distribuição e a média
anual de precipitação é de 710,9 mm. A temperatura média
anual é em torno de 27,7°C e a umidade relativa do ar é de
70% (IDEMA, 2008).
A vegetação que predomina na região é a caatinga
hiperxerófila, caracterizada pela presença de espécies
decíduas e dotadas de mecanismos de adaptações à escassez
hídrica, como presença de espinhos e folhas pequenas, raízes
com potencial de armazenamento de água e porte mais baixo
dos indivíduos (MOREIRA et al., 2007).
2.2. Coleta dos dados
Foi realizado inventário florestal, no qual foram alocadas
12 unidades amostrais de 20 x 20 m (400 m²), dispostas de
forma inteiramente aleatória, de acordo com o protocolo da
Rede de Manejo Florestal da Caatinga RMFC (Comitê
RMFC, 2005). A área total amostrada foi de 4800 e foi
utilizada a curva coletora como metodologia de estabilização
do número suficiente de unidades amostrais.
Todos os indivíduos constantes nas unidades amostrais,
com circunferência à altura do peito (CAP) 6 cm, foram
mensurados. As tomadas de medidas de CAP foram
realizadas com o auxílio de fita métrica graduada em
centímetro e as alturas totais (Ht) foram tomadas por meio
de régua de extensão telescópica graduada em centímetro. O
volume lenhoso foi calculado utilizando o fator de forma de
0,9 (ZAKIA et al., 1990).
O reconhecimento das espécies amostradas foi realizado
em campo, com o auxílio de um mateiro local para a
identificação a nível regional, também foi coletado material
botânico das espécies que se encontravam na fase
reprodutiva para ser analisado e confirmadas por
especialistas. Foi realizada a confecção de exsicatas para
tombamento no Herbário Dárdano de Andrade Lima, na
Universidade Federal Rural do Semi-Árido, utilizando a
classificação das espécies APG IV (CHASE et al., 2016). A
identificação das espécies quanto ao hábito foi realizada por
levantamento bibliográfico.
Para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos utilizou-
se uma planilha eletrônica e a diversidade florística das
espécies foi obtida por meio dos índices de Shannon-Weaver
(H’ - 1), de dominância de Simpson (C - 2) e de equabilidade
de Pielou (J’ - 3), calculados pelas seguintes fórmulas:
H’ =
󰇩
𝑁
.
ln
(
𝑁
)
𝑛
𝑁
󰇪
(01)
S’ =
𝑛𝑗
(
𝑛𝑗
1
)
𝑁
(
𝑁
1
)
(02)
J’ =
󰇧
H′
Hmax
󰇨
(03)
em que: S = total de espécies avaliadas; N = número total dos
indivíduos amostrados; ni = número de indivíduos amostrados para
a i-enésima espécie; ln = logaritmo na base neperiana (e); Hmax =
ln de (S) = ao número total de espécies avaliadas.
Com os dados coletados, foram gerados gráficos de
distribuições diamétricas, com intervalos de classes de 3 cm,
e de distribuições hipsométricas, com intervalos de classes de
3 m.
3. RESULTADOS
Conforme observado na curva coletora (Figura 2), a
tendência de estabilidade se deu a partir da décima unidade
amostral (4.000 m² de área amostrada), demonstrando que o
total de parcelas alocadas foi suficiente para caracterizar a
área total objeto deste estudo.
Ao todo foram observadas 19 espécies, distribuídas em
17 gêneros que compreenderam 9 famílias botânicas. A
família Fabaceae foi a de maior representatividade, com 9
espécies, seguida pela família Euphorbiaceae com 3 espécies.
As demais famílias foram representadas por apenas uma
espécie (Tabela 1).
No total foram avaliados 932 indivíduos, dos quais 24,8%
pertencem a família Fabaceae. As cinco principais espécies
amostradas, por número de indivíduos, foram Cordia
glazioviana, Combretum leprosum, Cenostigma pyramidale, Croton
blanchetianus e Mimosa ophthalmocentra, representando 87,67%
dos indivíduos.
Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
127
Figura 3. Representação gráfica da suficiência amostral das espécies
avaliadas em uma área florestal na região de Caraúbas-RN.
Figura 4. Graphic representation of the sample sufficiency of the
evaluated species in a forest area
A espécie Cordia glazioviana apresentou o maior número
de indivíduos (362 ind.ha-1), maiores valores de densidade
relativa (38,84 %) e dominância relativa (41,78%) (Tabela 2),
sendo a espécie com maior importância ecológica na área
(IVI = 30,66%). Combretum leprosum apresentou a maior
frequência relativa (13,33%) e o segundo maior IVI (18,48%).
Cenostigma pyramidale, Croton blanchetianus, Mimosa
ophthalmocentra e Mimosa tenuiflora também foram espécies que
se destacaram por apresentarem os maiores números de
indivíduos e maiores valores de IVI.
O valor de área basal foi de 4,17 m².ha-1 (Tabela 2), sendo
que as espécies Cordia glazioviana e Combretum leprosum
somaram 62,2% do total da área basal da área estudada,
enquanto as espécies Myracrodruon urundeuva, Bauhinia
cheilantha e Anadenanthera colubrina, que ocorrem naturalmente
na região, somaram apenas 0,58% do valor de área basal.
O valor obtido para o índice de Shannon-Weaver (H’) foi
de 1,83 nats.ind-1 (Tabela 2). Para o índice de dominância de
Simpson (C), que varia numa escala de 0 a 1, o valor foi de
0,23. E para o índice de equabilidade de Pielou (J’), que
compreende uma escala de 0 a 1 e permite avaliar a
abundância de uma área, o valor encontrado foi de 0,62.
As classes de altura estão apresentadas na Figura 3. Onde
os maiores meros de indivíduos amostrados foram
encontrados na segunda classe (altura de 3 a 6 metros), com
cerca de 70% indivíduos inventariados na área. Tais classes
possuem valores de área basal concentrados na classe central
(2,11 m².ha-1), seguida da terceira classe (2,01 .ha-1) e, por
último, a primeira classe (0,075 m².ha-1).
Figura 5. Número de indivíduos por classe de altura avaliados em
uma área florestal na região de Caraúbas-RN.
Figura 6. Number of individuals per height class evaluated in a forest
area in the region of Caraúbas-RN.
A distribuição diamétrica verificada na área de estudo
(Figura 4) apresentou comportamento exponencial negativo,
característico de florestas inequiâneas, tendo os maiores
números de indivíduos presentes nas primeiras classes, com
cerca de 80% dos indivíduos presentes nas três primeiras
classes.
Figura 7. Distribuição diamétrica dos indivíduos avaliados em uma
área florestal na região de Caraúbas-RN.
Figura 8. Diametric distribution of individuals evaluated in a forest
area in the region of Caraúbas-RN.
4. DISCUSSÃO
A estabilização da curva coletora para levantamentos
florísticos e fitossociológicos no ambiente semiárido
brasileiro geralmente não tem superado 4.800 de área
amostrada (12 unidades amostrais de 20 x 20 m) para áreas
observadas de 2 a 40 ha (GUIMARÃES et al., 2009;
SANTOS et al., 2017; SOUZA et al., 2017; LIMA e
COELHO, 2018; SOUZA et al., 2020). Isso evidencia que
nas primeiras 10 ou 12 parcelas alocadas já são contempladas
praticamente todas as espécies que ocorrem numa
determinada região, sendo, geralmente, satisfatório esse
montante de área amostrada para caracterizar a área total a
ser investigada.
As duas famílias de maior representatividade nesse estudo
(Fabaceae e Euphorbiaceae), por número de espécies e de
indivíduos, são comumente relatadas nos trabalhos de
florística e fitossociologia na caatinga (PEREIRA JÚNIOR,
2012; RODAL et al., 2008; SOUZA et al., 2017). O destaque
para a família Fabaceae, que correspondeu a mais de 47% do
total de espécies inventariadas, pode ser explicado pelo
potencial das espécies em se regenerar em ambientes
perturbados, sendo que muitas delas são classificadas na
sucessão ecológica como pioneiras, com alta capacidade
produção e dispersão de sementes. Outro papel
imprescindível dessa família se deve à capacidade de
associação entre as plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio
atmosférico no solo, processo peculiar de disponibilização
desse nutriente ao meio (MAIA, 2010).
Pode-se ressaltar que os indivíduos arbóreos de maiores
diâmetros da família Fabaceae, na região desse estudo, o
extremamente visados por possuírem madeira de ótima
qualidade aos diversos fins agropecuários (estacas, mourões
e forragem) e energéticos (lenha), com destaque para as
espécies Mimosas sp., Anadenanthera colubrina, Bauhinia
cheilantha e Myracrodruon urundeuva. As três últimas espécies
foram raras, possuindo poucos indivíduos nas classes de
diâmetros menores, apesar da ocorrência natural na área
desse estudo.
y = 0,8741x + 9,6515
R² = 0,9366
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Nº de Espécies
Nº de unidades amostrais
94
651
187
0
100
200
300
400
500
600
700
H < 3 3 ≤ H < 6 H ≥ 6
N°de indivíduos
Classes de Alturas
297 292
158
92
43 23 11 951 1
0
50
100
150
200
250
300
350
3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39
N°de indivíduos
Classes de diâmetro (cm)
Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo em ambiente de caatinga, Rio Grande do Norte, Brasil
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
128
Tabela 1. Relação das espécies avaliadas em uma área florestal na região de Caraúbas-RN.
Tabela 2. List of species evaluated in a forest area in the region of Caraúbas-RN
Família/Espécie
Nome popular
Hábito
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva
Allemao
Aroeira
Arbóreo
Apocynaceae
Aspidosperma pyrifolium
Mart. & Zucc
Pereiro
Arbóreo
Boraginaceae
Cordia
glaziovian
a (Allemão) Taub.)
Pau branco
Arbóreo
Burseraceae
Commiphora leptophloeos
(Mart.) J.B.Gillett
Umburana
Arbóreo
Cochlospermaceae
Cochlospermum
vitifolium
(Willd.) Spreng
Pacote
Arbóreo
Combretaceae
Combretum leprosum
Mart.
Mufumbo
Arbustivo
Euphorbiaceae
Croton blanchetianus
Baill.
Marmeleiro
Arbóreo
Jatropha mollissima
(Pohl) Bail.
Pinhão bravo
Arbustivo
Manihot
pseudoglaziovii
Pax & Hoffman)
Maniçoba
Arbóreo
Fabaceae
Amburana cearenses
Allemão
Cumaru
Arbóreo
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan
Angico
Arbóreo
Bauhinia
cheilantha
(Bong.) Steud.
Mororó
Arbóreo
Cenostigma pyramidale
(Tul.) Gagnon & G.P. Lewis
Catingueira
Arbóreo
Mimosa
caesalpiniaefolia
Benth
Sabiá
Arbóreo
Mimosa
tenuiflora
(Willd.) Poir
Jurema preta
Arbóreo
Mimosa ophthalmocentra
Mart. ex Benth
Jurema de embira
Arbóreo
Libidibia
ferrea
(Mart. ex Tul.) LP Queiroz
Jucá
Arbóreo
Piptadenia stipulaceae
(Benth.) Ducke
Jurema branca
Arbóreo
Nyctaginaceae
Guapira laxa
(Netto)
João mole
Arbustivo
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies avaliadas em uma área florestal na região de Caraúbas-RN.
Tabela 4. Phytosociological parameters of the evaluated species in a forest area in the region of Caraúbas-RN.
Espécies
G
DA
DR (%)
FA
FR (%)
DoA
DoR (%)
IVI (%)
Cordia glazioviana
1,7534
754,17
38,84
83,33
11,11
3,653
42,04
30,66
Combretum leprosum
0,8167
437,50
22,53
100,00
13,33
1,702
19,58
18,48
Cenostigma pyramidale
0,3078
187,50
9,66
83,33
11,11
0,641
7,38
9,38
Mimosa tenuiflora
0,4581
106,25
5,47
66,67
8,89
0,954
10,98
8,45
Mimosa ophthalmocentra
0,2588
139,58
7,19
66,67
8,89
0,539
6,20
7,43
Croton blanchetianus
0,0481
181,25
9,33
83,33
11,11
0,100
1,15
7,20
Commiphora leptophloeos
0,1880
14,58
0,75
41,67
5,56
0,392
4,51
3,60
Mimosa caesalpiniaefolia
0,1326
31,25
1,61
41,67
5,56
0,276
3,18
3,45
Jatropha mollissima
0,0253
39,58
2,04
50,00
6,67
0,053
0,61
3,10
Guapira laxa
0,0186
18,75
0,97
33,33
4,44
0,039
0,44
1,95
Anadenanthera colubrina
0,0157
4,17
0,21
16,67
2,22
0,033
0,38
0,94
Amburana cearenses
0,0617
4,17
0,21
8,33
1,11
0,128
1,48
0,93
Myracrodruon urundeuva
0,0085
6,25
0,32
16,67
2,22
0,018
0,20
0,92
Libidibia ferrea
0,0555
4,17
0,21
8,33
1,11
0,116
1,33
0,89
Manihot pseudoglaziovii
0,0071
4,17
0,21
16,67
2,22
0,015
0,17
0,87
Aspidosperma pyrifolium
0,0109
2,08
0,11
8,33
1,11
0,023
0,26
0,49
Piptadenia stipulaceae
0,0024
2,08
0,11
8,33
1,11
0,005
0,06
0,43
Cochlospermum vitifolium
0,0015
2,08
0,11
8,33
1,11
0,003
0,03
0,42
Bauhinia cheilantha
0,0004
2,08
0,11
8,33
1,11
0,001
0,01
0,41
Total
4,1710
1941,67
100,00
750,00
100,00
8,690
100,00
100,00
Índice de diversidade de Shannon
-
Weaver
(H’)
1,83
Índice de equidade de Pielou (J’)
0,62
Índice de dominância de Simpson (C)
0,23
*G=área basal (m² ha-1); DA = densidade absoluta; DR = densidade relativa; FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa; DoA = dominância absoluta;
DoR = dominância relativa; IVC = índice de valor de cobertura; IVI = índice de valor de importância.
O alto número de indivíduos apresentados pela espécie
Cordia glazioviana (362 ind.ha-1) pode ser compreendido tanto
pelo fato da área desse estudo estar inserida na zona natural
de sua ocorrência, quanto pela utilização da madeira pelas
comunidades tradicionais exigir árvores de diâmetros
maiores, ou seja, a densidade de indivíduos observada nesse
trabalho se resume a plantas com várias rebrotas e fustes
pouco grossos e indivíduos jovens, onde a madeira ainda não
possui qualidade para as variadas finalidades locais. a
espécie Combretum leprosum (210 ind.ha-1) tem a característica
de colonizadora de ambientes antropizados, além de possuir
capacidade peculiar de rebrota.
Silva et al.
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
129
O valor de área basal (4,17 m².ha-1) calculado nessa
pesquisa ficou próximo dos observados por Ferraz et al.
(2014) ao analisar a fitossociologia em ambiente de caatinga
conservada no município de Floresta-PE (4,55 m².ha-1). No
entanto, a área basal calculada ficou abaixo dos valores
encontrados na maioria dos estudos para região de caatinga.
Souza et al. (2020) ao estudar um fragmento de Caatinga na
Serra do Mel-RN, observou o valor de área basal de 5,53
m².ha-1. Alguns estudos verificaram valores muito superiores,
como é o caso de Lemos e Meguro (2015) que relatou em
pesquisa realizada no município de Aiuaba-CE, valor de área
basal de 18,3 m².ha-1. Alguns fatores podem estar
relacionados a esse gradiente de área basal e, no presente
estudo, pôde-se verificar a constante retirada de indivíduos
arbóreos, principalmente os mais representativos em
diâmetro, o que influencia diretamente nos valores
calculados.
Quanto ao índice de diversidade de Shannon-Weaver,
que pode variar de 1-4 nats.ind-1 e é considerado um bom
estimador da diversidade de espécies (DANTAS et al., 2010),
o valor encontrado nesse estudo é considerado baixo. Em
ambiente de caatinga, Guedes et al. (2012) verificaram valores
superiores (H’=2,54 nats.ind-1), enquanto Fernandes et al.
(2014) encontraram H’=2,96 nats.ind-1 em um remanescente
no estado do Piauí. Lima e Coelho (2018) ao estudarem um
trecho de caatinga no Ceará apresentaram valor inferior
(H’=1,59 nats.ind-1) ao do presente estudo. Dantas et al.
(2010) apresentou valor ainda menor (1,33 nats.ind-1) ao
estudar a vegetação de um remanescente no município de
Pombal-PB. No entanto, o valor apresentado nesse trabalho
se aproxima do apresentado por Sabino et al. (2016) que ao
estudarem dois fragmentos de caatinga antropizada na
Paraíba (A e B) verificaram 1,92 nats.ind-1 para A e 1,76
nats.ind-1 para B.
O índice de dominância de Simpson é estimado de 0 a 1
e para valores mais próximos de 1 indicação de maior
diversidade e constata a probabilidade de dois indivíduos
selecionados ao acaso na amostra serem da mesma espécie.
Nesse estudo o valor quantificado ficou abaixo dos
verificados na maioria das pesquisas na Caatinga (BATISTA
et al., 2019; SOUZA, 2015) com valores de 0,54 e 0,83,
respectivamente. Esse fato pode ser explicado pela intensa
exploração das madeiras de interesse na região estudada.
o valor do índice de equabilidade de Pielou ficou
abaixo do verificado por Santana et al. (2021) ao avaliarem
um fragmento de caatinga no Rio Grande do Norte (J’
=0,80), mas foi aproximado ao quantificado por Cabral et al.
(2014) no município de Santa Terezinha-PB (J’=0,67).
Com relação às classes diamétricas, apesar do mero
bem maior de indivíduos na segunda classe de altura (651)
verificou-se a diferença de área basal foi pequena quando
comparada à terceira classe que, por sua vez, contemplou
apenas 187 indivíduos. Isso se explica pelo fato dos
indivíduos com áreas seccionais maiores contribuírem de
forma mais significativa para uma maior área basal. A área
basal total calculada para a área foi de 4,17 m² ha-1.
5. CONCLUSÕES
Breaking the dormancy of Mimosa calodendron seeds by
Quando comparado a outros remanescentes florestais
pesquisados no bioma Caatinga, os valores obtidos nesse
estudo expressam diversidade baixa de espécies.
A riqueza de espécies pertencentes à família Fabaceae e
Euphorbiaceae ratificam a dominância dessas nos ambientes
semiáridos estudados por outros autores.
Cordia glazioviana, Combretum leprosum, Cenostigma pyramidale,
Croton blanchetianus, Mimosa ophthalmocentra e Mimosa tenuiflora
foram as espécies que obtiveram os maiores índices de valor
de importância na área do estudo sendo, portanto, opção
para fins de programas de recuperação de áreas degradadas e
projetos agroflorestais nas regiões circunvizinhas.
6. REFERÊNCIAS
BATISTA, F. G.; OLIVEIRA, B. T.; ALMEIDA, M. E. A.;
BRITO, M. S.; MELO, R. R.; ALVES, A. R. Florística e
fitossociologia em um remanescente florestal de caatinga
no município de Caicó-RN, brasil. Desafios, v. 6, n. 3, p.
118-128, 2019. DOI: https://doi.org/10.20873/uftv6-
7469
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Disponível
em: https://antigo.mma.gov.br/biomas/caatinga.html.
Acesso em: 02 jul. 2021.
CABRAL G. A. L. Fitossociologia em diferentes estádios
sucessionais de Caatinga, Santa Terezinha-PB. 38p.
Dissertação [Mestrado em Biologia Vegetal] -
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.
CHASE, M. W.; CHRISTENHUSZ, M. J. M.; FAY M. F.;
BYNG, J. W.; JUDD, W. S.; SOLTIS, D. E.;
MABBERLEY, D. J.; SENNIKOV, A. N.; SOLTIS, P.
S.; STEVENS, P. F. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG IV, Botanical Journal
of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016. DOI:
https://dx.doi.org/10.1111/boj.12385
COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO DA REDE DE
MANEJO FLORESTAL DA CAATINGA. Rede de
manejo florestal da Caatinga: protocolo de medições
de parcelas permanentes. Recife: Associação Plantas
do Nordeste, 2005. 21p.
DANTAS, J. G.; HOLANDA, A. C.; SOUTO, L. S.;
JAPIASSU, A.; HOLANDA, E. M. Estrutura do
componente arbustivo/arbóreo de uma área de caatinga
situada no município de Pombal-PB. Revista Verde de
Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 5, n.
1, p. 134-142, 2010.
FERNANDES, M. M.; OLIVEIRA, T. M.; FERNANDES,
M. R. M.; CASTRO, V. C.; ALVES, A. R. Aspectos
biológicos e espécies potenciais para restauração
ecológica de áreas em desertificação no Sul do Piauí,
Brasil. Revista Verde de Agroecologia e
Desenvolvimento Sustentável, v. 9, n. 2, p. 6-13, 2014.
FERRAZ, J. S.; FERREIRA, R. L. C.; SILVA J. A.;
MEUNIER, I. M. J.; SANTOS, M. V. F. Estrutura do
componente arbustivo-arbóreo da vegetação em duas
áreas de caatinga, no município de Floresta, Pernambuco.
Revista Árvore, v. 38, n. 6, p. 1055-1064, 2014. DOI:
https://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622014000600010
GUEDES, R. da S.; ZANELLA, F. C. V., COSTA JÚNIOR,
J. E. V.; SANTANA, G. M.; SILVA, J. A. Caracterização
florístico-fitossociológica do componente lenhoso de um
trecho de caatinga no semiárido paraibano. Revista
Caatinga, v. 25, n. 2, p. 99-108, 2012.
GUIMARÃES, F. J. P.; FERREIRA, R. L.; MARANGON,
L. C.; SILVA, J. A.; APARÍCIO, P. D. S.; ALVES
JÚNIOR, F. T. Estrutura de um fragmento florestal no
Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo em ambiente de caatinga, Rio Grande do Norte, Brasil
Nativa, Sinop, v. 10, n. 1, p. 125-130, 2022.
130
Engenho Humaitá, Catende, Pernambuco,
Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v. 13, p. 940-947, 2009. DOI:
https://doi.org/10.1590/S1415-43662009000700017
HOLANDA, A. C.; LIMA, F. T. D.; SILVA, B. M.;
DOURADO, R. G.; ALVES, A. R. Estrutura da
vegetação em remanescentes de caatinga com diferentes
históricos de perturbação em Cajazeirinhas (PB). Revista
Caatinga, v. 28, p. 142-150, 2015. DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-21252015v28n416rc
IBGE_Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Território. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em:
>https://brasilemsintese.ibge.gov.br/territorio.html<.
Acesso em: 16. jun. 2021
IDEMA_Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio
Ambiente do Rio Grande do Norte. Perfil do seu
Município - Caraúbas-RN. Natal-RN, 2008.
KERBER, P. R.; STANGERLIN, D. M.; PARIZ, E.;
MELO, R. R.; SOUZA, A. P.; CALEGARI, L.
Colorimetry and surfasse roughness of three amazon
woods submitted to natural weathering. Nativa, v. 4, n.
5, p. 303-307, 2016. DOI:
http://dx.doi.org/10.14583/2318-7670.v04n05a06
LEITÃO, A. C.; VASCONCELOS, W. A.; CAVALCANTE,
A. M. B; TINOCO, L. B. M.; FRAGA, V. S. Florística e
estrutura de um ambiente transicional Caatinga Mata
Atlântica. Revista Caatinga, v. 27, n. 3, p. 200-210, 2014.
LEMOS, J. R.; MEGURO, M. Estudo fitossociológico de
uma área de Caatinga na Estação Ecológica (ESEC) de
Aiuaba, Ceará, Brasil. Biotemas, v. 28, n. 2, p. 39-50,
2015. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-
7925.2015v28n2p39
LIMA, B. G. de; COELHO, M. de F. B. Fitossociologia e
estrutura de um fragmento florestal da caatinga, Ceará,
Brasil. Ciência Florestal, v. 28, p. 809-819, 2018. DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509832095
LIMA, J. R.; SILVA, R. G. D.; TOMÉ, M. P.; SOUSA, E. P.
D.; QUEIROZ, R. T.; BRANCO, M. S. D.; MORO, M.
F. Fitossociologia dos componentes lenhoso e herbáceo
em uma área de caatinga no Cariri Paraibano, PB,
Brasil1. Hoehnea, v. 46, n. 3, e792018, 2019. DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-8906-79/2018
MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas
utilidades. 2 ed. São Paulo: D&Z Computação Gráfica e
Editora, 2010. 413p.
MOREIRA, A. R. P.; MARACAJA, P. B.; GUERRA, A. M.
N. N.; SIZENANDO FILHO, F. A.; PEREIRA, T. F. C.
Composição florística e análise fitossociológica
arbustivo-arbóreo no município de Caraúbas,
RN. Revista Verde de Agroecologia e
Desenvolvimento Sustentável, v. 2, n. 1, p. 113-126,
2007.
PEREIRA JÚNIOR, L. R.; ANDRADE, A. P. de; ARAÚJO,
K. D. Composição florística e fitossociológica de um
fragmento de caatinga em Monteiro, PB. Holos, v. 6, n.
1, p. 73-87, 2012.
RODAL, M. J. N.; COSTA, K. C. C.; SILVA, A. C. B. L.
Estrutura da vegetação caducifólia espinhosa (Caatinga)
de uma área do sertão central de Pernambuco. Hoehnea,
v. 35, n. 2, p. 209-217, 2008. DOI:
https://doi.org/10.1590/S2236-89062008000200004
SABINO, F. G. da S.; CUNHA, M. do C. L.; SANTANA, G.
M. Estrutura da vegetação em dois fragmentos de
caatinga antropizada na Paraíba. Floresta e Ambiente, v.
23, n. 4, p. 487-497, 2016. DOI:
https://doi.org/10.1590/2179-8087.017315
SANTANA, J. A.; ZACCHARIAS, A. F. S.; SILVA, A. B.;
FREIRE, A. D. S. M.; ZACCHARIAS, E. G. Florística,
Fitossociologia e Índices de Diversidade da Caatinga em
Assentamento Rural no Rio Grande do Norte,
Brasil. Biodiversidade Brasileira, v. 11, n. 1, p. 1-13,
2021. https://doi.org/10.37002/biobrasil.v11i1.1824
SANTOS, W. de S.; SOUZA, M. P.; SANTOS, W. S.; de
MEDEIROS, F. S.; ALVES, A. R. Estudo
fitossociológico em fragmento de caatinga em dois
estágios de conservação, Patos, Paraíba. Agropecuária
Científica no Semiárido, v. 13, n. 4, p. 305-321, 2017.
DOI: http://dx.doi.org/10.30969/acsa.v13i4.927
SOUZA, B. I. de; ARTIGAS, R. C.; LIMA, E. R. V. de.
Caatinga e desertificação. Mercator, v. 14, n. 1, p. 131-
150, 2015. https://doi.org/10.4215/RM2015.1401.0009
SOUZA, M. P.; COUTINHO, J. M. D. C. P.; SILVA, L. S.;
AMORIM, F. S.; ALVES, A. R. Composição e estrutura
da vegetação de caatinga no sul do Piauí, Brasil. Revista
Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável, v. 12, n. 2, p. 210-217, 2017. DOI:
https://dx.doi.org/10.18378/rvads.v12i2.4588
SOUZA, M. R.; FERREIRA, M. B.; SOUSA, G. G.; ALVES,
A. R.; HOLANDA, A. C. Caracterização florística e
fitossociológica do componente lenhoso de um
fragmento florestal de Caatinga em Serra do Mel, Rio
Grande do Norte, Brasil. Nativa, v. 8, n. 3, p. 329-335,
2020. DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v8i3.9136
TABARELLI, M.; LEAL, I. R.; SCARANO, F. R.; SILVA,
J. Caatinga: legado, trajetória e desafios rumo à
sustentabilidade. Ciência e Cultura, v. 70, n. 4, p. 25-29,
2018. DOI: https://doi.org/10.21800/2317-
66602018000400009
VELLOSO, A. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; PAREYN, F. G.
C. (eds.). Ecorregiões. Proposta para o Bioma
Caatinga. Recife: APNE/ICANC do Brasil, 2002. 76p.
ZAKIA, M. J. B.; PEREYN, F. G.; RIEGELHAUPT,
E. Equações de Peso e volume para oito espécies
lenhosas nativas do Seridó-RN. Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
Natal (Brasil), 1990. 4p.