Rondon Neto et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 438-441, 2021.
441
que utiliza sementes pré-germinadas e hidrogel na cova
tendeu a garantir o estabelecimento e a densidade desejada de
plantas por área. Dependendo da urgência de tempo de
fechamento da área degradada pelas copas das árvores os
índices de mortalidades obtidos podem ser aceitáveis, ou
então, as falhas serem corrigidas por meio de outra
semeadura direta ou plantio de mudas.
Houve uma redução dos valores médios de Ts ao longo
do tempo em todos os tratamentos feitos por semeadura
direta. O motivo de tal fato se deve a maior sensibilidade das
plantas jovens em processo de estabelecimento no local às
ações dos ataques de insetos e a competição com plantas
daninhas. Os indivíduos de B. ungulata ainda com pequeno
porte facilmente eram suprimidas pela vegetação
competidora ao seu redor e atacadas por insetos
desfolhadores. Conforme Waiboonya; Elliott (2020) as
mudas florestais pequenas que emergem da semeadura direta
apresentam maior vulnerabilidade à competição de ervas
daninhas, pragas e doenças e mudanças repentinas das
condições ambientais. Assim sendo, a eficiência da
semeadura direta deve ser aumentada, para que se torne uma
alternativa viável ao plantio convencional de árvores em larga
escala.
Na técnica de semeadura direta testada que teve o uso de
hidrogel em solução associado à utilização de sementes pré-
germinadas (T5) houveram as maiores médias de Ts. O
hidrogel favoreceu a existência de condições
microambientais favoráveis à continuidade das fases da
germinação e o estabelecimento inicial das plantas em campo,
principalmente por conta da manutenção da umidade do
solo. Fonseca et al. (2017) também detectaram efeitos
positivos do hidrogel na redução das taxas de mortalidades
de sete espécies arbóreas do Cerrado no período de estação
seca, as quais foram regeneradas a via plantio de mudas.
Segundo Câmara et al. (2011) a adição de hidrogel ao solo
contribui na germinação de sementes, desenvolvimento do
sistema radicular, crescimento e desenvolvimento das
plantas, redução das perdas de água de irrigação por
percolação e melhoria na aeração e drenagem do solo, além
de redução das perdas de nutrientes por lixiviação.
Na segunda época de avaliação do ensaio as variações
médias de crescimentos em Dc, Ht e Nf entre os tratamentos
que tiveram a semeadura direta foram 3,24 e 4,09 mm, 0,33 e
0,61 cm e 8,9 e 11,5 folhas, respectivamente. Baseando-se
nesses dados dos atributos morfológicos e nas Ts, percebe-
se que B. ungulata apresentou boa performance em regenerar
por semeadura direta. Sendo assim, as técnicas de semeaduras
diretas podem ser consideradas como adequadas para
garantir o processo de estabelecimento das plantas em
campo. A fim de manter o pleno andamento da fase inicial
de estabelecimento das plantas de B. ungulata seria acentuar a
efetividade dos tratos culturais relacionados ao controle de
pragas e plantas daninhas. Situação oposta foi obtida por
Pellizzaro et al. (2017) um ano após a semeadura direta em
campo de B. dumosa, conseguindo média de Ts igual a 52,6%
e Ht de 3,1 ± 2,5 cm, comprometendo a densidade de
indivíduos na área.
De acordo com Souza; Engel (2018) é preciso entender
quais as espécies florestais são adaptadas ao uso dos sistemas
de semeadura direta, além de identificar os principais fatores
que afetam a germinação, estabelecimento e crescimento.
Partindo desse referido princípio, constatou-se que todas
essas fases da regeneração de espécies florestais foram
alcançadas com o uso de sementes pré-germinadas de B.
ungulata associadas ao hidrogel. Acredita-se que as técnicas de
semeaduras diretas testadas podem substituir a prática do
plantio de mudas de B. ungulata ou de forma combinada,
reduzindo assim os custos de implantação do projeto de
restauração florestal.
5. CONCLUSÕES
A técnica de semeadura direta de sementes pré-
germinadas, associada ao hidrogel demostrou promissora
para futuros testes com outras espécies arbustivas e arbóreas
de interesse à restauração florestal.
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