Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 438-441, 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i4.12243 ISSN: 2318-7670
Semeadura direta de pata-de-vaca (Bauhinia ungulata L.) com sementes
pré-germinadas para restauração florestal
Rubens Marques RONDON NETO1*, Fabrício Pereira de JESUS1, Lucas Alves da SILVA1
1Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta, MT, Brasil.
*E-mail: Rubens.marques@unemat.br
(ORCID: 0000-0003-1779-4970; 0000-0001-7806-6542; 0000-0002-3878-4029)
Recebido em 26/04/2021; Aceito em 20/09/2021; Publicado em 11/10/2021.
RESUMO: Este estudo teve o objetivo de avaliar a estratégia de uso de sementes pré-germinadas de pata-de-
vaca (Bauhinia ungulata L.) na semeadura direta para restauração florestal. Os tratamentos testados foram: T1=
Plantio de mudas em tubetes (Testemunha); T2 = Semeadura direta sem pré-germinação; T3 = Semeadura
direta com pré-germinação; T4 = Semeadura direta sem pré-germinação e hidrogel; e T5 = Semeadura direta
com pré-germinação e hidrogel. O experimento foi instalado em blocos ao acaso com quatro repetições de 10
mudas ou pontos de sementes semeadas. Aos 100 e 210 dias de instalação do experimento foram feitas as
seguintes avaliações: taxa de sobrevivência (Ts); altura total (Ht); diâmetro do colo (Dc); e número de folhas
(Nf). A Ts e o crescimento morfológico de B. ungulata regeneradas pelo plantio de mudas não foram superadas
pelas estratégias de semeaduras diretas utilizadas, mas a técnica demostrou ser promissora para futuros testes
com outras espécies arbustivas e arbóreas de interesse à restauração florestal.
Palavras-chave: área degradada; regeneração florestal; regeneração artificial.
Direct seeding of pata-de-vaca (
Bauhinia ungulata
L.) with pre-germinated
seeds for forest restoration
ABSTRACT: This study aimed to evaluate the seed use strategy of using pre-germinated seeds of Bauhinia
ungulata L. in direct sowing for forest restoration. The treatments tested were: T1 = Planting seedlings in tubes
(Witness); T2 = Direct sowing without pre-germination; T3 = Direct sowing with pre-germination; T4 = Direct
sowing without pre-germination and hydrogel; and T5 = Direct sowing with pre-germination and hydrogel.
The experiment was installed in randomized blocks with four replications of 10 seedlings or points of seed
sown. At 100 and 210 days after installation of the experiment, the following assessments were made: survival
rate (Ts); total height (Ht); diameter (Dc); and number of leaves (Nf). The Ts and the morphological growth
of B. ungulata regenerated by planting seedlings were not overcome by the direct seeding strategies used, but
the technique proved to be promising for future tests with other shrub and tree species of interest to forest
restoration.
Keywords: degraded area; forest regeneration; artificial regeneration.
1. INTRODUÇÃO
A restauração florestal de uma área degradada pode
ocorrer naturalmente, denominada de restauração passiva,
e/ou através da a interferência humana (restauração florestal
ativa). O processo natural ocorre através da regeneração
natural de indivíduos oriundos de fontes de propágulos
existentes no local ou proximidades, passando pelas fases da
sucessão ecológica. Enquanto que no método de restauração
florestal ativa o processo sucessional da vegetação ocorre
mediante ao plantio de mudas e/ou a semeadura direta de
sementes florestais na área degradada.
A técnica de semeadura direta de sementes florestais pode
ser utilizada na formação de povoamentos florestais puros e
mistos, com fins produtivos ou ambientais. Dependendo da
adaptação das espécies florestais a essa técnica de
regeneração seu uso tende a ser promissor nas práticas de
restauração florestal de áreas degradadas. Tal fato é motivado
pelo fato da sua praticidade e agilidade de aplicação em
campo, melhorando os rendimentos operacionais de
implantação dos componentes arbóreos nos projetos de
restauração florestal.
O fornecimento de condições microambientais
favoráveis às fases da germinação das sementes em campo
depois da semeadura direta é o maior desafio da técnica para
sua aplicação às espécies florestais nativas brasileiras. Dessa
forma, observa-se a oportunidade de praticar iniciativas de
estabelecimento da semeadura direta de espécies florestais
nativas utilizando-se sementes pré-germinadas. Segundo
Oliveira (2012) a germinação das sementes ocorre quando
suas características intrínsecas são adequadas e condições
favoráveis do ambiente (água, oxigênio, luz, temperatura).
No entanto, em condições de campo enormes dificuldades
de garantir tais qualidades microambientais para o início da
germinação das sementes, assim as outras fases sequências do
processo germinativo e o estabelecimento inicial das plantas
no povoamento florestal.
O uso de sementes pré-germinadas na semeadura direta
poderia ultrapassar as etapas delicadas da germinação que
normalmente ocorre em campo. Possivelmente, essa
estratégia técnica ajudaria na manutenção das densidades
desejadas de indivíduos arbustivos e arbóreos por área no
Rondon Neto et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 438-441, 2021.
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ambiente em situação de restauração florestal. A referida
técnica de regeneração florestal também tem como
perspectiva favorecer especialmente àquelas espécies
florestais mais exigentes quanto às condições abióticas ideais
aos processos de germinação das sementes em condições de
campo. Assim sendo, aumentará a lista de espécies florestais
com potencial de regeneração artificial através da semeadura
direta, o que pode reduzir os custos com os trabalhos de
restauração florestal de áreas degradadas.
Dentre a diversidade de espécies florestais nativas
brasileiras que despertam interesse de regenerá-las via
semeadura direta para uso na restauração florestal, tem-se a
Bauhinia ungulata L. Segundo Lorenzi (2020) trata-se de uma
espécie florestal nativa pertencente à família Fabaceae. É
conhecida popularmente como pata-de-vaca ou mororó, com
ocorrência em todo Brasil, exceto na região sul. Quanto ao
grupo ecológico é considerada uma planta pioneira e também
é seletiva higrófita. Encontra-se presente em florestas
semidecíduas e matas ciliares, sendo rústica e ótima para
utilização em programas de reflorestamentos.
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar a estratégia de uso de sementes pré-germinadas de
pata-de-vaca (Bauhinia ungulata L.) na semeadura direta para
restauração florestal.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na área experimental do
viveiro Flora Ação Mudas e Reflorestamento, situada no
município de Alta Floresta extremo norte do Estado de
Mato Grosso. O ponto central da área ocupada pelo
experimento localiza-se entre as coordenadas geográficas
56º01’88” W e 09º54’70” S e altitude de 184 m.
Pela classificação de Köppen o clima da região é do tipo
Am, clima tropical úmido ou subúmido, com duas estações
bem definidas, verão chuvoso e inverno seco, temperatura
média anual em torno de 26 ºC e precipitação média anual na
faixa de 2.800 à 3.100 mm (ALVARES et al., 2014). No local
a classe de solo é o Argissolo Vermelho Amarelo. Conforme
a Tabela 1 o solo da área experimental apresentava caráter
distrófico, com saturação por base (V) menor que 50%,
enquanto que os teores de matéria orgânica, Ca, Mg e K são
médios a baixo e a acidez do solo considerada média a
elevada.
Tabela 1. Caracterização química do solo da área experimental na
profundidade de 0-20 cm.
Table 1. Chemical characterization of the soil in the experimental
area at a depth of 0-20 cm.
pH
CaCl2
pH
H20
P
mg dm-³
K Ca
Mg
AI
Al+H
SB
CTC
V
(%)
m
(%)
cmol dm³
4,2 4,9 1,5 0,15
0,73
0,24
0,6
4,51
1,1
5,6 20
35
Sendo: pH = potencial hidrogênico, P = Fósforo, K = Potássio, Ca = Cálcio,
Mg = Magnésio, Al = Alumínio, Al+H = Alumínio + Hidrogênio, SB =
Soma de bases, CTC = Capacidade de troca catiônica, V = Saturação por
bases, m = Saturação em alumínio.
A fim de suprimir a vegetação de pastagem artificial de
capim-braquiarão (Urochloa brizantha (Hochst. ex A. Rich.)
R.D. Webster), como também descompactar o solo foram
realizadas três gradagens a ± 20 cm de profundidade. Tal
prática de preparo de solo foi realizada 15 dias antes da
instalação do experimento.
A pesquisa constituiu no plantio de mudas e diferentes
formas de semeadura direta da espécie Bauhinia ungulata (pata-
de-vaca). As sementes usadas na produção das mudas em
tubetes de 50 cm³ e nas técnicas de semeadura direta foram
coletadas de três matrizes localizadas em áreas de
remanescentes florestais de Alta Floresta/MT. As mudas
foram produzidas quatro meses antes da instalação do ensaio
em campo.
Os tratamentos testados constituíram no plantio de
mudas em tubetes, comparado com os diferentes métodos de
semeadura direta, com o detalhe ao uso de sementes pré-
germinadas e solução de hidrogel nas covas, sendo:
T1 – Plantio de mudas em tubetes (Testemunha);
T2 – Semeadura direta sem pré-germinação (SDSPG);
T3 – Semeadura direta com pré-germinação (SDCPG);
T4 Semeadura direta sem pré-germinação e com
hidrogel (SDSPGCH);
T5 Semeadura direta com pré-germinação e com
hidrogel (SDCPGCH).
Em covas de aproximadamente 10 x 10 x 10 cm foram
plantadas as mudas feitas em tubetes com médias de 35,3 cm
de altura e 3,70 mm de diâmetro do colo. Para cada cova dos
tratamentos testados que tinham como teste a semeadura
direta foram colocadas três sementes, distantes a cerca de 2
cm uma das outras, as quais eram cobertas por uma camada
de solo de ± 1,5 cm de profundidade. Tanto para o plantio
de mudas como na semeadura de sementes foi estabelecido
o espaçamento de 2 x 1 m (5.000 plantas ha-1), devido ao
curto tempo de avaliação do ensaio. Depois de 75 dias das
semeaduras das sementes, foi realizado o desbaste,
permanecendo apenas uma planta mais vigorosa de B.
ungulata por cova (ponto), dessa forma foi possível controlar
a densidade e a espacialização dos indivíduos, o que facilita
os trabalhos de manutenção do povoamento.
As sementes utilizadas nos tratamentos que tiveram a pré-
germinação foram lavadas com água e sabão em pó (Omo®),
assim como o pano de algodão, em seguida enxaguados em
água corrente (Figura 1). Todas as sementes eram distribuídas
de forma aleatória em única camada no tecido umedecido
com água e enroladas em formato de “rocambole”. O
“rocambole” de sementes era mantido sempre umedecido
em ambiente natural e sombreado. O pano e as sementes
eram lavados uma vez ao dia com o mesmo sabão em e
tudo enxaguado em água corrente. A fim de eliminar a
presenças de possíveis fungos causadores de apodrecimento
das sementes. Essa higienização diária ocorreu até a emissão
da radícula, a qual iniciou aos sete dias após a formação do
“rocambole”. Dessa forma, as sementes com essas
características eram consideradas pré-germinadas e prontas
para a efetuação da semeadura direta em campo.
Nos tratamentos T4 e T5 que tiveram o uso de higrogel
(Hidroterragel®) a composição da solução foi de 4 g de
hidrogel por litro de água. A dose aplicada por cova foi de 0,5
L, a qual foi colocada no momento da semeadura das
sementes e incorporada com o solo. A solução de hidrogel
foi preparada cerca de 1 hora e 30 minutos antes da utilização
em campo.
O controle da competição com plantas daninhas na área
experimental era feito a cada dois meses, através da aplicação
de herbicida a base de glifosato, na dose de 300 ml do
produto comercial para 20 litros de água. Para evitar possíveis
problemas de fitotoxidade com o herbicida as plantas de B.
ungulata eram protegidas com balde plástico durante a sua
aplicação.
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Figura 1. Sementes de Bauhinia ungulata pré-germinadas para
posterior semeadura direta em campo.
Figure 1. Pre-germinated seeds of the Bauhinia ungulata for direct
posterior sowing in the field.
O experimento foi instalado no mês de janeiro do ano de
2018, em pleno período chuvoso na região, no delineamento
em blocos ao acaso, com cinco tratamentos testados e quatro
repetições de 10 mudas ou pontos de semeadura direta. O
experimento foi avaliado aos 100 e 210 dias após o plantio de
mudas e a realização das diferentes técnicas de semeadura
direta. Foram mensuradas as taxas de sobrevivência (Ts) e as
seguintes variáveis morfológicas das plantas:
Diâmetro do colo (Dc) - medida da base do tronco, com
paquímetro digital (mm);
Altura total (Ht) - distância da base do tronco até o
ápice, obtida com trena (m);
• Número de folhas planta (Nf).
Inicialmente, os dados relacionados às Ts e aos
crescimentos morfológicos foram analisados quanto a sua
normalidade pelo teste de Sahpiro-Wilk. Posteriormente, foi
realizada a análise de variância com o emprego do teste F (P
<0,05), e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P <
0,05).
3. RESULTADOS
Na Tabela 2 são apresentados os resultados dos testes de
comparação de médias para as taxas de sobrevivência (Ts),
diâmetro do colo (Dc), altura total (Ht) e número de folhas
(Nf), obtidos aos 100 e 210 dias para B. ungulata, regeneradas
através de diferentes métodos artificiais. A Figura 2 ilustra
indivíduos de B. ungulata regeneradas pelo plantio de mudas
e semeadura direta.
Nas duas épocas de avaliações a Ts dos indivíduos de B.
ungulata não apresentaram diferenças estatísticas significativas
entre os tratamentos testados.
Aos 100 e 210 dias de avaliações o Dc das plantas de B.
ungulata regeneradas pelo plantio de mudas (T1) diferiu
estatisticamente dos outros tratamentos que foram feitas as
semeaduras diretas, os quais não tiveram diferenças
estatísticas entre si.
Nos dois períodos de avaliação do experimento a Ht de
B. ungulata obtida no T1 diferenciou estatisticamente dos
demais tratamentos de semeadura direta. No entanto, T3, T4
e T5 não tiveram diferenças estatísticas entre si, mas
diferenciaram dos outros dois tratamentos. Situação idêntica
aconteceu na segunda avaliação entre os tratamentos em que
foram utilizadas sementes sem pré-germinação (T2 e T4).
Tabela 2. Comparações entre as médias das taxas de sobrevivência
e parâmetros de crescimentos de B. ungulata aos 100 e 210 dias de
implantação em campo.
Table 2. Comparisons between the mean survival rates and growth
parameters of B. ungulata at 100 and 210 days after implantation in
the field.
Tratamento
Ts
(%)
Dc
(mm)
Ht
(m) Nf
100 dias
T1
-
Testemunha
100 a
7,35 a
0,66 a
17,83 a
T2
-
SDSPG
87,5 a
3,24 b
0,18 c
9,68 c
T3
-
SDCPG
82,5 a
3,47 b
0,22 bc
9,22 c
T4
-
SDSPGCH
77,5 a
3,65 b
0,22 bc
9,19 c
T5
-
SDCPGCH
92,5 a
4,09 b
0,26 bc
10,57 bc
C.V.%
15,25
24,73
24,70
14,06
210 dias
T1
-
Testemunha
100 a
12,06 a
1,12 a
27,40 a
T2
-
SDSPG
80,0 a
6,44 b
0,33 c
10,47 b
T3
-
SDCPG
72,5 a
6,35 b
0,52 b
10,98 b
T4
-
SDSPGCH
67,5 a
7,05 b
0,48 bc
11,53 b
T5
-
SDCPGCH
85,0 a
7,07 b
0,61 b
8,91 b
C.V.%
19,26
9,04
13,38
18,00
Sendo: Ts = taxa de sobrevivência, Dc = diâmetro do colo, Ht = altura total
e Nf = número de folhas. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não
diferem estatisticamente (Tukey, p > 0,05).
A B
Figura 2. Plantas de B. ungulata regeneradas pelo plantio de mudas
(A) e semeadura direta (B) após sete meses de implantação.
Figure 2. Plants of B. ungulata regenerated by planting seedlings (A)
and direct sowing (B) after seven months of implantation.
No quesito Nf por planta de B. ungulata, o T1 apresentou
diferenças estatísticas com relação aos outros quatro
tratamentos de semeadura direta aos 100 e 210 dias da
instalação do ensaio em campo. Em ambas as épocas de
avaliação todos os métodos de semeadura direta não tiveram
diferenças estatísticas entre si, demonstrando assim
comportamentos semelhantes em todas as técnicas de
semeaduras diretas testadas.
4. DISCUSSÃO
Aos 100 e 210 dias de avaliação as respectivas médias da
Ts de B. ungulata obtidas no T5 foram cerca de 7,5% e 15%
inferiores ao tratamento testemunho, que é representado
pelo plantio de mudas (T1). A maior Ts obtida no tratamento
Rondon Neto et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 438-441, 2021.
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que utiliza sementes pré-germinadas e hidrogel na cova
tendeu a garantir o estabelecimento e a densidade desejada de
plantas por área. Dependendo da urgência de tempo de
fechamento da área degradada pelas copas das árvores os
índices de mortalidades obtidos podem ser aceitáveis, ou
então, as falhas serem corrigidas por meio de outra
semeadura direta ou plantio de mudas.
Houve uma redução dos valores médios de Ts ao longo
do tempo em todos os tratamentos feitos por semeadura
direta. O motivo de tal fato se deve a maior sensibilidade das
plantas jovens em processo de estabelecimento no local às
ações dos ataques de insetos e a competição com plantas
daninhas. Os indivíduos de B. ungulata ainda com pequeno
porte facilmente eram suprimidas pela vegetação
competidora ao seu redor e atacadas por insetos
desfolhadores. Conforme Waiboonya; Elliott (2020) as
mudas florestais pequenas que emergem da semeadura direta
apresentam maior vulnerabilidade à competição de ervas
daninhas, pragas e doenças e mudanças repentinas das
condições ambientais. Assim sendo, a eficiência da
semeadura direta deve ser aumentada, para que se torne uma
alternativa viável ao plantio convencional de árvores em larga
escala.
Na técnica de semeadura direta testada que teve o uso de
hidrogel em solução associado à utilização de sementes pré-
germinadas (T5) houveram as maiores médias de Ts. O
hidrogel favoreceu a existência de condições
microambientais favoráveis à continuidade das fases da
germinação e o estabelecimento inicial das plantas em campo,
principalmente por conta da manutenção da umidade do
solo. Fonseca et al. (2017) também detectaram efeitos
positivos do hidrogel na redução das taxas de mortalidades
de sete espécies arbóreas do Cerrado no período de estação
seca, as quais foram regeneradas a via plantio de mudas.
Segundo Câmara et al. (2011) a adição de hidrogel ao solo
contribui na germinação de sementes, desenvolvimento do
sistema radicular, crescimento e desenvolvimento das
plantas, redução das perdas de água de irrigação por
percolação e melhoria na aeração e drenagem do solo, além
de redução das perdas de nutrientes por lixiviação.
Na segunda época de avaliação do ensaio as variações
médias de crescimentos em Dc, Ht e Nf entre os tratamentos
que tiveram a semeadura direta foram 3,24 e 4,09 mm, 0,33 e
0,61 cm e 8,9 e 11,5 folhas, respectivamente. Baseando-se
nesses dados dos atributos morfológicos e nas Ts, percebe-
se que B. ungulata apresentou boa performance em regenerar
por semeadura direta. Sendo assim, as técnicas de semeaduras
diretas podem ser consideradas como adequadas para
garantir o processo de estabelecimento das plantas em
campo. A fim de manter o pleno andamento da fase inicial
de estabelecimento das plantas de B. ungulata seria acentuar a
efetividade dos tratos culturais relacionados ao controle de
pragas e plantas daninhas. Situação oposta foi obtida por
Pellizzaro et al. (2017) um ano após a semeadura direta em
campo de B. dumosa, conseguindo média de Ts igual a 52,6%
e Ht de 3,1 ± 2,5 cm, comprometendo a densidade de
indivíduos na área.
De acordo com Souza; Engel (2018) é preciso entender
quais as espécies florestais são adaptadas ao uso dos sistemas
de semeadura direta, além de identificar os principais fatores
que afetam a germinação, estabelecimento e crescimento.
Partindo desse referido princípio, constatou-se que todas
essas fases da regeneração de espécies florestais foram
alcançadas com o uso de sementes pré-germinadas de B.
ungulata associadas ao hidrogel. Acredita-se que as técnicas de
semeaduras diretas testadas podem substituir a prática do
plantio de mudas de B. ungulata ou de forma combinada,
reduzindo assim os custos de implantação do projeto de
restauração florestal.
5. CONCLUSÕES
A técnica de semeadura direta de sementes pré-
germinadas, associada ao hidrogel demostrou promissora
para futuros testes com outras espécies arbustivas e arbóreas
de interesse à restauração florestal.
6. REFERÊNCIAS
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