Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i4.12170 ISSN: 2318-7670
Biometria de espécies arbóreas neotropicais em áreas de restauração
florestal no Sul do Brasil
Nocy BILA1*, Alessandro ANGELO², Román Carlos RIOS², Christopher BLUM²,
Alexandre BEHLING²
1 Universidade Eduardo Modlane, Maputo, Moçambique.
2 Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
*E-mail: nocybila@gmail.com
(ORCID: 0000-0003-4133-0519; 0000-0003-3435-300X; 0000-0001-6590-6944; 0000-0002-1898-3311; 0000-0002-7032-2721)
Recebido em 12/04/2021; Aceito em 25/10/2021; Publicado em 11/11/2021.
RESUMO: A crescente degradação ambiental tornou necessário aprofundar o conhecimento sobre o
comportamento silvicultural de espécies nativas para a restauração florestal. O objetivo deste estudo foi avaliar
o desenvolvimento silvicultural de um plantio de 10 espécies, 3 pioneiras, Mimosa bimucronata, Senna multijuga e
Schizolobium parahyba, e 7 secundárias iniciais, Myrsine coriacea, Inga edulis, Inga marginata, Inga laurina, Alchornea
glandulosa, Citharexylum myrianthum e Hieronyma alchorneoides. Em 2005, o plantio tinha como objetivo restaurar
áreas degradadas por pastagem de búfalos na Reserva Natural Guaricica, Antonina-PR. Após 14 anos foi
realizado um censo florestal para avaliar as variáveis biométricas: qualidade do fuste (qf), sanidade do fuste (sf),
qualidade da copa (qc), percentagem de luminosidade recebida pela copa (L%), posição sociológica (ps),
circunferência à altura do peito (CAP), altura comercial (Hc), altura total (H) e volume (V). Os tratamentos
proporcionaram diferenças nas variáveis biométricas nf, qf e L%. As espécies A. glandulosa, I. edulis, M.
bimucronata e S. multijuga apresentaram melhores desempenhos em CAP, H e V. Apesar do desempenho
silvicultural ser relativamente baixo em comparação aos estudos na região, estas espécies possuem potencial na
utilização em projetos de restauração em áreas de pastagem degradada nas condições edafoclimáticas da planície
litorânea paranaense.
Palavras-chave: Floresta Ombrófila Densa; plantio adensado; sobrevivência; espécies nativas.
Biometry of arboreal species in forest restoration areas in Southern Brazil
ABSTRACT: Due to increasing environmental degradation, it is necessary to deepen the knowledge about the
silvicultural behaviour of native species for forest restoration. This work analysed the silvicultural development
of 10 species, 3 pioneer, Mimosa bimucronata, Senna multijuga, Schizolobium parahyba, and 7 initials secondary Myrsine
coriacea, Inga edulis, Inga marginata, Inga laurina, Alchornea glandulos, Citharexylum myrianthum and Hieronyma
alchorneoides, in rows. In 2005 a planting was carried out to restore pasture degraded areas in Guaricica Nature
Reserve, Antonina-PR. After 14 years, a forest census was conducted to assess biometric variables: stem number
(nf), stem quality (qf), stem health (sf), canopy quality (qc), percentage of light received by the canopy (L%),
sociological position (ps), circumference at breast height (CAP), commercial height (Hc), total height (H) and
volume (V). The treatments provided differences in nf, qf and L%. A. glandulosa, I. edulis, M. bimucronata and S.
multijuga showed the best performance of CAP, H and V. The species had relatively low silvicultural
performance in the biometric variables compared to other regionally studies, however, these species have
potential for restoration projects in degraded pasture areas in the edaphoclimatic conditions of coastal
paranaense plain areas.
Keywords: Ombrophilous Dense Forest; high plantation; survival; native species.
1. INTRODUÇÃO
A década de 1960 foi marcada por transformações
significativas na realidade agroeconômica no litoral
paranaense, devido à incentivos fiscais no estabelecimento de
atividades de agropecuária, construção da rodovia BR-277,
que liga Curitiba a Paranaguá, e da PR-405, entre Antonina e
Guaraqueçaba. Contudo, a criação de búfalos foi a que mais
contribuiu na deterioração da qualidade ambiental da planície
na Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (FOBTB),
pois exigiu o desmatamento de extensas áreas florestais para
implantar pastos de Urochloa spp. Este fenômeno
desencadeou um processo intenso de degradação do solo,
comprometendo a capacidade de resiliência do ecossistema
(FERRETI; BRITEZ, 2005).
Nestes locais, em 1999, iniciativas foram realizadas para a
restauração de fragmentos florestais biologicamente
empobrecidos, degradados e ameaçados. Foi nesse contexto
que a Organização Não Governamental Sociedade de
Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)
adquiriu áreas de antigas fazendas de búfalos, e aliado à
parceiros de instituições internacionais, iniciaram projetos de
combate ao aquecimento global a partir do reflorestamento
de alguns trechos nos municípios de Antonina e
Guaraqueçaba (FERRETI; BRITEZ, 2005).
Em 2005, a SPVS e Embrapa, iniciaram a implantação de
novas estratégias de restauração com plantios adensados
mistos com número reduzido de espécies (10 spp. nativas)
Bila et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
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em parcelas facilitadoras. Este método teve o propósito de
criar um ambiente favorável ao crescimento de espécies
plantadas, promover o retorno da floresta natural,
restaurando assim a biodiversidade, o funcionamento e a
integridade ecológica do ecossistema. Além dos aspetos
anteriormente citados, este procedimento também é
recomendado para locais com densidade elevada de
gramíneas indesejáveis ou ameaça de invasão biológica
(SANTOS et al., 2020).
O solo na altura encontrava-se compactado pela
pastagem dos búfalos, infestado por exóticas invasoras
(Brachiaria spp.) e afetado por longos períodos de saturação
de água na época chuvosa (COTARELLI et al., 2008). Por
outro lado, a ausência de matrizes nos remanescentes
florestais capazes de fornecer sementes viáveis e que
respeitassem as regras de diversidade genética para
restauração e produção de mudas, reduziu o elenco de
espécies arbóreas nativas capazes de desenvolver neste
ambiente (KAGEYAMA; GANDARA, 1998). Aliado a isto,
o fato de ser área de preservação permanente, não permitia o
uso de herbicida no plantio, fator de impedimento do
controle de gramíneas e avanço da regeneração natural
(CHEUNG et al., 2010). Assim sendo, era imprescindível na
primeira fase do plantio, o uso de espécies nativas que
exigissem manutenção mínima, tivesse rápido crescimento,
desenvolvessem uma copa capaz sombrear e reduzir as
gramíneas exóticas e que produzissem alta quantidade de
biomassa (serrapilheira) para melhorar a qualidade de solo
(ALMEIDA, 2016, TRETIN et al., 2018).
O plantio de restauração florestal em regiões tropicais
apresenta diferentes associações entre espécies e modelos
espaciais de plantio (BRANCALION et al., 2015), contudo,
a validação destes em projetos de restauração necessitam de
monitoria e avaliação ao longo dos anos como os de Cotarelli
et al. (2008); Bruel et al. (2010); Silveira et al. (2013); Donha
(2016), Shimamoto et al. (2016) e Schӓffer et al. (2020), que
informam sobre a capacidade das espécies nativas
estabelecerem em solos degradados (Broadhurst et al., 2015);
persistirem por longo prazo (Mackey et al., 2020); garantirem
que este tenha potencial de evoluir mesmo com alterações no
ambiente (BROADHURST et al., 2015).
O plantio adensado misto em linhas nestes projetos é
normalmente constituído por um número maior de espécies
arbóreas (riqueza), mas com poucos indivíduos de cada
espécie, que é uma forma de restaurar o mais próximo
possível das florestais naturais (ALMEIDA, 2016).
Normalmente, este plantio inclui mais espécies pioneiras e
menor proporção de secundárias iniciais/tardias e clímax,
com várias formas de vida, de forma a aumentar as chances
de perpetuação do ecossistema em restauração
(BRANCALION et al., 2015). No sentido de compreender o
processo da restauração florestal de áreas degradadas por
meio de estratégias de restauração com plantios adensados
mistos em parcelas facilitadoras com número reduzido de
espécies, foi questionado o seguinte:
i) Será que a proporção de indivíduos afeta na
sobrevivência e na biometria das espécies?
ii) A baixa riqueza de espécies promove florestas com
diferentes estratos?
iii) Será que plantio com número reduzido de espécies
promove florestas com diferentes estratos?
Para responder essas questões, é necessário o
conhecimento do comportamento biométrico (diâmetro,
altura e volume) de espécies arbóreas nativas em áreas em
restauração (BECHARA et al., 2016; TRENTIN et al., 2018).
Para Mendonça et al. (2017) as variáveis biométricas e a
sobrevivência são indicadores que refletem o
desenvolvimento das espécies plantadas, e estes podem
facilitar a compreensão da dinâmica de sucessão e nortear
decisões relacionadas ao manejo, conservação e a restauração
dos ecossistemas florestais (SANTOS et al., 2020).
Assim sendo, foram desenvolvidas as seguintes hipóteses:
A sobrevivência das espécies e a estratificação da floresta são
condicionadas pela proporção dos indivíduos plantados por
espécie; o plantio adensado misto com igual proporção de
indivíduos de diferentes espécies apresentam em média
variáveis biométricas quali e quantitativa mais homogêneas
comparando às de diferentes proporções de indivíduos de
diferentes espécies.
O trabalho teve como objetivo analisar o
desenvolvimento silvicultural de 10 espécies florestais nativas
e avaliar o potencial para uso em projetos de restauração. Por
sua vez, os objetivos específicos avaliar a sobrevivência e
comparar as variáveis biométricas das espécies nas áreas do
plantio adensado misto após 14 anos de restauração.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
O trabalho foi realizado na planície adjacente à Serra do
Mar, município de Antonina-PR, na Área de Proteção
Ambiental de Guaraqueçaba, litoral norte, na Reserva
Natural da Guaricica, pertencente à SPVS. O relevo plano,
altitudes entre 0 - 25 m, de domínio fitogeográfico de Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas (FODTB), sob influência
do Rio Cachoeira, em Plintossolo háplico distrófico típico.
O clima da região segundo Köppen é Cfa, subtropical
úmido mesotérmico, com a temperatura média anual entre
19º e 21 ºC, atingindo, no verão 24 ºC e no inverno 17 ºC. A
precipitação média anual oscila entre 2000 e 2500 mm.ano-1,
sem ocorrência de estação seca.
Até o ano 2000 a área era usada como fazenda de búfalos
e invadida por Urochloa spp. A partir do ano seguinte foi
convertida em área protegida e em 2005 foi iniciado um
experimento de plantio misto de 10 espécies, sendo 3
pioneiras (Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze, Senna multijuga
(LC Rich.) HS Irwin & Barneby e Schizolobium parahyba
(Vellozo) Blake) e 7 secundárias iniciais (Myrsine coriacea (Sw.)
R.Br. ex Roem. & Schult., Inga edulis Martius, Inga marginata
Willd., Inga laurina (Sw.) Willd., Alchornea glandulosa Poepp.
Endl, Citharexylum myrianthum Cham. e Hieronyma alchorneoides
Allemão) (CARPANEZZI; CARPANEZZI, 2006).
O plantio foi realizado em espaçamento de 1,6 x 2,5 m (4
indivíduos/m2 ou 2500 indivíduos/ha) segundo em dois
tratamentos: o primeiro tratamento (T1) foi definido por
igual proporção de indivíduos das diferentes espécies (250
indivíduos de cada espécie); o segundo (T2) com proporções
diferentes por espécie (com variações entre 87 e 212
indivíduos por espécie) segundo o Plano de desenvolvimento
de modelos de restauração da Mata Atlântica no sul do Brasil
(EMBRAPA, 2008).
O experimento foi conduzido utilizando o delineamento
de bloco ao acaso, com repetições dos módulos de plantio
(sequência de plantio das espécies (Tabela 1) em cada bloco,
com área de 10000 m2. Esses blocos representam talhões
facilitadores com riqueza reduzida de espécies divididos em
unidades amostrais de 5000 m2 por tratamento, totalizando a
área experimental de 20000 m2.
Biometria de espécies arbóreas neotropicais em áreas de restauração florestal no Sul do Brasil
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
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O solo foi preparado com uma subsolagem e com enxada
rotativa na linha do plantio. As covas e o plantio foram
manuais e o plantio de mudas feito sem adubação. A limpeza
das gramíneas ao redor das mudas foi feita com facão ou
roçadeira costal, durante 24 a 30 meses.
Figura 1. Croqui de distribuição das mudas de 2005. (P) Espécie
Pioneira; (S) Espécie Secundária inicial.
Figure 1. Sketch of spatial distribution seedlings in 2005. (P) Pioneer
species; (S) Initial Secondary Species.
P - Schizolobium parahyba, Mimosa bimucronata e Senna multijuga; S - Alchornea
glandulosa, Hieronyma alchorneoides, Inga edulis; Inga laurina, Inga marginata,
Citharexylum myrianthum, e Mirsine coreacea.
2.2. Censo
No ano de 2019 foi realizado um censo nas áreas de
plantio, em que indivíduos com a circunferência a
altura do peito, a 1,30m do solo (CAP) 15,7 cm
foram contabilizados e identificados botanicamente.
Cada indivíduo foi identificado em nível de espécie, número
da linha e coluna de plantio, para localização da árvore a
distância em relação ao ponto de origem da parcela e foi
anotada como coordenadas x e y. Tais dados foram utilizados
para determinar a sobrevivência das espécies, seguindo as
linhas de plantio para evitar contagens repetidas.
2.3. Mensuração das variáveis biométricas
Foram realizadas avaliações de variáveis qualitativas
ordinais e quantitativas adaptado de Batista et al. (2014). As
variáveis biométricas qualitativas ordinais foram: qualidade
do fuste (qf), sanidade do fuste (sf), qualidade da copa (qc),
percentagem de luminosidade na copa (L%) e a posição
sociológica (ps) segundo a Tabela 1. As variáveis biométricas
quantitativas foram: circunferência à altura do peito em
centímetros (CAP), a altura comercial (Hc) e altura total em
metros (H) e o volume em metros cúbicos (V), o qual foi
estimado utilizando fator de forma obtido na literatura.
2.4. Estatística descritiva
Esta análise foi realizada para variáveis quantitativas e
calculadas a média para cada espécie do plantio em T1 e T2.
Essas análises foram efetuadas por meio da linguagem de
programação Julia e foram utilizados os Packages Statistics e
Distributions e os valores apresentados em gráficos do tipo
boxplot.
2.5. Estratificação da floresta
A floresta foi dividida em 3 estratos segundo Sanquetta et
al. (2014), sendo o estrato inferior (EI) definido pelas árvores
com altura H < (Hm - 1 s); estrato médio (EM) com árvores
com altura entre (Hm - 1 s) < H < (Hm + 1 s) e estrato
superior (ES) com árvores com H> (Hm + 1 s).
Tabela 1. Variáveis biométricas qualitativas avaliadas nos plantios
experimentais da Reserva Natural Guaricica.
Table 1. Qualitative biometric variables evaluated in plantations of
Guaricica Natural Reserve.
Número de fustes (nf)
Qualidade do fuste (qf)
1
Único fuste
1
2
Dois fustes
2
Fuste até 50% tortuoso
3
Três fustes
3
Fuste mais de 50%
tortuoso
4
Quatro fustes
4
Fuste bifurcado acima de 1,30 m do
solo
5
Cinco fustes
5
Fuste bifurcado abaixo de 1,30 m do
solo
6
Seis fustes
Sanidade do fuste (sf)
Qualidade da copa (qc)
1
Sem defeitos
aparentes
1
Copa densa, 100% com folhas e
galhos
2
Com presença de
cupins ou podridões
2
Copa densa irregular, 75% com folhas.
3
Presença de ocos
3
Copa densa irregular, 25% sem folhas e
sem galhos
4
Árvore morta em pé
4
Copa pouco densa com, 25% a 50% de
folhas ausente
5
Copa pouco densa com > 50 % de
folhas ausentes
Luminosidade (L%)
Posição sociológica (ps)
1
Copa 100% iluminada
– dossel
1
Dossel
2
Copa 75% dossel e 25
% sombreada
2
Intermediária
3
Copa 50 %
dossel e 50
% sombreada
3
Inferior
4
Copa 25% dossel e
75% sombreada
5
Copa 100 %
sombreada
2.6. Estatística comparativa
Foram realizados testes de Qui-quadrado em dois
momentos, o primeiro para verificar a existência de
associação entre a frequências das categorias das variáveis
biométricas qualitativas de qf, sf, qc, L% (Tabela 1) com os
tratamentos T1 e T2, e no segundo momento para verificar a
existência de associação entre a sobrevivência das espécies
com os respetivos tratamentos.
Á exceção da altura comercial (Hc), para comparar as
semelhanças das variáveis biométricas quantitativas CAP, H
e V com fator de forma de 0,6 entre indivíduos de igual e
diferentes espécies em função dos tratamentos T1 e T2,
foram verificadas as distribuições normais pelo teste de
Shapiro-Wilk e a análise de homogeneidade de variância pelo
teste de Levene. Não constatado estes pressupostos, foram
aplicadas a estatística não paramétrica de Mann-Withney em
nível de significância (α) de 5% (CRAWLEY, 2013). Todas
as análises estatísticas foram realizadas no ambiente
estatístico R versão 3.5.2 (R CORE TEAM, 2019).
2.7. Estatística multivariada
Para relacionar o conjunto das variáveis biométricas
qualitativas (nf, qf, sf, qc, L% e ps) e variáveis biométricas
quantitativas (CAP, H, Hc e V) de cada espécie em função
dos tratamentos, foram realizadas as análises de variância
multivariada (MANOVA) e análise discriminante
(FERREIRA, 2018). Para avaliar o efeito da interação, 10
espécies versus 2 tratamentos (densidades de plantios) foi
aplicada MANOVA em esquema fatorial. Identificada a
significância desses fatores, a diferença entre eles foi avaliada
por meio da análise discriminante, com objetivo de separar
os grupos (Grupos de espécies) em cada tratamento. As
estatísticas avaliadas na MANOVA foram de Traço de Pillai
Bila et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
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Wilks, Lambda de Wilks, Traço de Hotelling e Maior raiz de
Roy. As estatísticas avaliadas na análise de discriminantes
foram Lambda de Wilks, Qui-quadrado, matriz de estruturas
(correlação entre a função discriminante e a variável original)
e o centróide das funções discriminantes para cada espécie,
dentro de cada tratamento. A análise discriminante foi
realizada por tratamento, uma vez que na análise de
MANOVA foi identificada interação significativa dos fatores
(espécies e densidades de plantio). Assim, essa análise
permitiu identificar os grupos das espécies e avaliar qual era
o comportamento médio das espécies em relação aos
tratamentos. Os dados foram processados na versão de
avaliação do software SPSS.
3. RESULTADOS
Nos dois hectares do experimento, existiam no ano de
2019, 1.821 indivíduos sobreviventes com densidade de 954
ind.ha-1 no T1 e 867 ind.ha-1 no T2. Foram observadas
diferenças estatísticas na densidade dos indivíduos entre os
tratamentos (X2=185 e p=0,0001).
A sobrevivência e a mortalidade dos indivíduos estão
apresentadas na Tabela 2, valores que refletem nas falhas e
áreas de clareira presentes na floresta. Quatro espécies, em
ambos os tratamentos, apresentaram taxas críticas de
mortalidade, S. multijuga, H. alchorneoides, M. bimucronata e C.
myrianthum, todas acima dos 80%. A espécie I. marginata
registrou alta mortalidade apenas no tratamento T2. As
espécies com maior percentagem de sobrevivência foram A.
glandulosa, I. laurina, I. edulis e M. coriacea.
Tabela 2. Estágio inicial do experimento (2005/2006) e atual (2019)
no T1 e T2, na Reserva Natural da Guaricica.
Table 2. Experiment initial stage (2005/2006) and current (2019) in
T1 and T2, in Guaricica Natural Reserve.
Nome científico
NI
2006
NI
2019
S
(%)
NI
2006
NI
2019
S
(%)
Tratamento 1 Tratamento 2
Alchornea glandulosa 250
187
74,8
172 172 100
Citharexylum myrianthum
250
45 18 248 36 14,5
Hieronyma alchorneoides 250
19 7,6 172 25 14,5
Inga edulis 250
165
66 422 235 55,7
Inga laurina 250
170
68 172 151 87,8
Inga marginata 250
81 32,4
250 27 10,8
Mimosa bimucronata 250
38 15,2
298 32 10,7
Myrsine coriacea 250
156
62,4
172 93 54,1
Schizolobium parahyba 250
84 33,6
172 64 37,2
Senna multijuga 250
9 3,6 422 10 2,4
2500
954
38,2
2500
867 34,7
NI (número de indivíduos); S (%) – Percentagem de sobrevivência.
3.1. Variáveis biométricas qualitativas
Foram observadas na Tabela 3, diferenças significativas
entre os tratamentos apenas para as variáveis mero de
fustes (nf), qualidade de fuste (qf) e luminosidade (L%).
Cerca de 64,03% e 26,74% dos indivíduos apresentaram um
e dois fustes no tratamento T1 respetivamente e 72% e
21,86% no T2. As espécies H. alchorneoides (X2=4, 085,
p=0,045), I. laurina (X2=16,67; p=0,001), I. edulis (X2=21,42;
p=0,001) e I. marginata (X2=12,97; p=0,005) apresentaram
diferenças no número de fustes em função dos tratamentos.
Tabela 3. Valores de probabilidade do teste Qui-quadrado das
variáveis biométricas qualitativas, nos plantios experimentais da
Reserva Natural da Guaricica.
Table 3. Probability Values of Chi-square test of qualitative
biometric variables in experimental plantations of Guaricica Natural
Reserve.
Variáveis qualitativas
X2 df p
Número de fustes (nf)
16,16 5 0,0064*
Qualidade de fuste (qf)
24,32 4 6,89e-5*
Qualidade da copa (qc)
0,7633 4 0.9488
Sanidade de fuste (sf)
2,730 4 0,6038
Luminosidade (L%)
12,625 4 0,0133*
Posição sociológica (ps)
31,66 4 0,075
p: probabilidade obtida no teste; * valores menores que 0,05 indicam
diferenças significativas.
Os tratamentos produziram efeito sobre a qualidade dos
fustes no experimento (Tabela 3), sendo que no tratamento
T2 foi observado o melhor perfil dos fustes no plantio.
A percentagem de luminosidade entre os tratamentos T1
e T2 foram estatisticamente significativas (Tabela 3).
Adicionalmente, foram observadas diferenças da
percentagem de incidência de luz solar sobre a copa em
função dos tratamentos para A. glandulosa (X2 =31,66,
p=2,22e-6), I. edulis (X2 =21,29, p=3 e-4) e I. laurina
(X2 =31,66, p=4,1e-8).
3.2. Variáveis biométricas quantitativas
As espécies C. myrianthum, H. alchorneoides e I. laurina
apresentaram diferenças para a variável CAP em função dos
tratamentos. Os tratamentos influenciaram na altura e no
volume das espécies I. edulis e I. laurina, sendo a última
pertencente ao grupo de espécies com baixo crescimento
volumétrico na área (Tabela 4).
Tabela 4. Valores de probabilidade do teste Mann Whitney das
variáveis biométricas quantitativas dos tratamentos, na Reserva
Natural da Guaricica.
Table 4. Probability Values of Mann Whitney test of quantitative
biometric variables of treatments, in Guaricica Natural Reserve.
Espécies CAP (cm) H (m) V (m3)
Alchornea glandulosa 0,238 0,269 0,492
Citharexylum myrianthum 0,021* 0,055 0,067
Hieronyma alchorneoides 0,039* 0,983 0,962
Inga edulis 0,576 0.0069*
3,58e-5*
Inga laurina 8,56e-10* 0.0003*
7,66e-9*
Inga marginata 0,069 0,795 0,213
Mimosa bimucronata 0,076 0,420 0,981
Myrsine coriacea 0,817 0,899 0,989
Schizolobium parahyba 0,086 0,1689 0,180
Senna multijuga 0,525 0,188 0,660
p: probabilidade obtida no teste; * valores menores que 0,05 indicam
diferenças significativas.
Para o conjunto de dados geral (sem considerar as
espécies), não foram observadas diferenças significativas
entre os tratamentos para a variável CAP (p=0,1003), H
(p=0,3755) e V (p=0,637), conforme teste de Mann-Whitney
(Figura 2, Figura 3 e Figura 4, respetivamente).
O valor dio de CAP dos indivíduos (Figura 2) foi de
39,8 cm, com os maiores valores observados em M.
bimucronata, (90,8 cm no T1 e 94,9 cm no T2), seguido de A.
glandulosa (79,9 cm no T1 e 74,9 cm no T2) e I. edulis (77,4 no
T1 e 62,3 cm no T2).
Biometria de espécies arbóreas neotropicais em áreas de restauração florestal no Sul do Brasil
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
464
Legenda: A.gl - Alchornea glandulosa, C.my - Citharexylum myrianthum, H.al -
Hieronyma alchorneoides, I.ed - Inga edulis, I.lau - Inga laurina, I.mar - Inga
marginata, M.bi - Mimosa bimucronata, M.co - Myrsine coriacea, S.pa - Schizolobium
parahyba, S.mu - Senna multijuga.
Figura 2. Boxplot da variável biométrica CAP (cm) das 10 espécies
no plantio misto de baixa diversidade, no T1 e T2 na Reserva
Natural da Guaricica.
Figure 2. CAP (cm) biometric variable boxplot of 10 species in a
mixed planting low diversity, in T1 and T2, at Guaricica Natural
Reserve.
Legenda:A.gl - Alchornea glandulosa, C.my - Citharexylum myrianthum, H.al -
Hieronyma alchorneoides, I. ed - Inga edulis, I.lau - Inga laurina, I.mar - Inga
marginata, M.bi - Mimosa bimucronata, M.co - Myrsine coriacea, S.pa - Schizolobium
parahyba, S.mu - Senna multijuga.
Figura 3. Boxplot da variável biométrica altura total H (cm) das 10
espécies no plantio misto de baixa diversidade, no T1 e T2 na
Reserva Natural da Guaricica.
Figure 3. Total height H (cm) biometric variable boxplot of 10
species in a mixed planting low diversity, in T1 and T2, at Guaricica
Natural Reserve.
No conjunto de dados gerais da variável H (sem considerar
as espécies), o foram observadas diferenças significativas
entre os tratamentos, obtendo-se as médias de 9,8 m e 9,9 m
para os tratamentos T1 e T2, respetivamente.
Observando a Figura 3, A. glandulosa, I. edulis, M. coriacea e
M. bimucronata registraram valores de crescimento superiores
à altura média dos plantios.
Cerca de 297 indivíduos (15,8%) encontram-se no estrato
inferior (EI, com menos de 6 m de altura), 1204 (64,1%) no
estrato médio (EM, entre 6 m < H < 14 m) e 376 (20%)
pertencem ao estrato superior (ES).
O ES foi representado por A. glandulosa e I. edulis, o EM
por I. laurina, I. edulis, A. glandulosa e M. coriacea e o EI por C.
myrianthum.
No conjunto de dados gerais da variável V (m3). (sem
considerar as espécies), não foram observadas diferenças
significativas entre os tratamentos.
Na Figura 4, observa-se que as espécies A. glandulosa, I.
edulis e M. bimucronata, registraram valores volumétricos
superiores à média dos plantios em ambos os tratamentos.
Legenda: A.gl - Alchornea glandulosa, C.my - Citharexylum myrianthum, H.al -
Hieronyma alchorneoides, I.ed - Inga edulis, I.lau - Inga laurina, I.mar - Inga
marginata, M.bi - Mimosa bimucronata, M.co - Myrsine coriacea, S.pa - Schizolobium
parahyba, S.mu - Senna multijuga.
Figura 4. Boxplot da variável biométrica volume v (m3) das 10
espécies no plantio misto de baixa diversidade, no T1 e T2 na
Reserva Natural da Guaricica.
Figure 4. Volume v (m3) biometric variable boxplot of 10 species in
a mixed planting low diversity, in T1 and T2, at Guaricica Natural
Reserve.
3.3 Análise de discriminante
Os resultados da MANOVA (Tabela 5) indicam que
houve diferenças estatísticas entre as 10 espécies, densidades
de plantios e a interação entre eles.
Foram definidas 9 funções discriminantes para
representar 100% da variância total, contudo, as duas
primeiras foram suficientes para representar a variância total
dos dados. Ambas as funções assimilaram 77,2% e 81,3% da
variância total (Tabela 6), possuindo as maiores correlações
canônicas. Adicionalmente, os testes de Wilks’ Lambda e
Bila et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
465
Qui-quadrado indicaram que somente as 4 primeiras funções
foram significativas.
Tabela 5. Resultados da análise de variância multivariada dos
tratamentos, na Reserva Natural da Guaricica.
Table 5. Multivariate analysis of variance results of treatments, in
Guaricica Natural Reserve.
Efeito Valor F Significância
Tratamento
Rastreio de Pillai
0,028
4,642
b
<0,000
Lambda de Wilks
0,972
4,642
b
<0,000
Traço de Hotelling
0,029
4,642
b
<0,000
Maior raiz de Roy
0,029
4,642
b
<0,000
Espécies
Traço de
Pillai
1,026
21,033
<0,000
Lambda de Wilks
0,284
24,968
<0,000
Traço de Hotelling
1,599
28,892
<0,000
Maior raiz de Roy
0,910
148,793
c
<0,000
Tratamento
x Espécies
Traço de Pillai
0,139
2,573
<0,000
Lambda de Wilks
0,868
2,586
<0,000
Traço de Hotelling
0,143
2,591
<0,000
Maior raiz de Roy
0,047
7,612
c
<0,000
Tabela 6. Autovalores e demais estatísticas das funções
discriminantes dos tratamentos avaliados na Reserva Natural
Guaricica.
Table 6. Eigenvalues and other statistics of discriminant functions
of treatments, evaluated in Guaricica Natural Reserve.
Autovalores do Tratamento 1 Autovalores do Tratamento 2
F
Auto
valor
%
de
Var
%
Cum.
CoC
F
Auto
valor
%
de
Var
%
Cum
CoC
1
1,060a 52,8
52,8 0,717
1
0,781a 58,0
58,0 0,662
2
0,488a 24,3
77,2 0,573
2
0,314a 23,3
81,3 0,489
3
0,234a 11,7
88,8 0,436
3
0,147a 10,9
92,2 0,358
4
0,089a 4,5 93,3 0,287
4
0,050a 3,7 95,9 0,218
5
0,042a 2,1 95,4 0,201
5
0,031a 2,3 98,2 0,173
6
0,038a 1,9 97,3 0,191
6
0,011a 0,8 99,0 0,106
7
0,025a 1,3 98,6 0,157
7
0,011a 0,8 99,8 0,104
8
0,018a 0,9 99,4 0,132
8
0,002a 0,1 100 0,040
9
0,011a 0,6 100,0
0,105
9
0,001a 0,0 100 0,025
F = Função, % de Var = Percentagem de variância, % Cum = Percentagem
cumulativa da variância, CoC = Correlação canônica.
De acordo com os valores da Tabela 7, a análise das
correlações entre as variáveis originais e as funções
discriminantes no T1, demostra que na função 1 as
variáveis com maior carregamento foram: posição
sociológica (ps), altura total (H), luminosidade (L%) e
circunferência à altura do peito (CAP). na função 2:
número de fustes (nf), altura comercial (hc) e qualidade do
fuste (qf). No T2, as variáveis com maior carregamento na
função 1 foram a posição sociológica (ps) e a altura total
(H); e na função 2: número de fustes (nf), a sanidade de
fuste (sf) e a área basal (ab). As demais variáveis carregaram
em outras funções, com baixo poder discriminante.
Denota-se que as variáveis da função 1 revelam uma
estrutura de variável latente a respeito do porte da árvore e
exposição a luz solar, enquanto as da função 2 revelam uma
variável latente a respeito das avaliações sobre a
caracterização dos fustes.
Valendo-se das funções discriminantes mais
importantes, foram obtidos os centroides para cada espécie
em cada densidade de plantio (Figura 5). Isso permitiu
observar a formação de 4 grupos de espécies para ambos
os tratamentos.
Tabela 7. Matriz de estruturas das variáveis biométricas dos
tratamentos na Reserva Natural da Guaricica.
Table 7. Structures matrix of biometric variables of treatments, in
the Guaricica Nature Reserve.
Matriz de estruturas
Função
Tratamento 1 Tratamento 2
1 2 3 1 2 3
ps -,804*
,007 ,172
ps ,851*
,226 -,223
H ,737*
-,125 -,120
L% ,714*
,235 ,193
L% -,644*
,137 ,131
nf -,126
,619* ,498
CAP ,572*
,474 -,276
sf -,059
,585* -,499
V ,494*
,314 -,150
ab -,450
,514* ,492
ab ,463*
,429 -,131
V -,466
,387 ,501*
nf ,076 ,631* -,170
qf -,050
,443 ,253
Hc ,411 -,629* ,066
H ,104 -,020 ,069
qf ,003 ,567* -,135
qc ,131 ,344 -,406
sf ,013 ,294 ,750*
Hc -,112
,202 ,226
qc -,115
,165 ,492
CAP
-,214
,122 ,369
Legenda: A.gl - Alchornea glandulosa, C.my - Citharexylum myrianthum, H.al -
Hieronyma alchorneoides, I. ed - Inga edulis, I.lau - Inga laurina, I.mar - Inga
marginata, M.bi - Mimosa bimucronata, M.co - Myrsine coriacea, S.pa - Schizolobium
parahyba, S.mu - Senna multijuga.
Figura 5. Funções discriminantes das 10 espécies nativas do plantio
nos tratamentos, na Reserva Natural da Guaricica.
Figure 5. Discriminant functions of 10 native species of the planting
treatments, at Guaricica Natural Reserve.
Os grupos de espécies, para ambos os tratamentos, foram
definidos pelas seguintes composições: Grupo I - M.
bimucronata; Grupo II - C. myrianthum, I. laurina e I. marginata;
Grupo III - H. alchorneoides e S. parahyba; e Grupo IV - A.
glandulosa, I edulis, M. coriacea e S. multijuga.
Os grupos de espécies foram os mesmos para ambos os
tratamentos, entretanto, os valores discriminantes para as
espécies foram diferentes, revelando uma relação inversa
entre os tratamentos T1 e T2 (Figura 5). Os valores
discriminantes obtidos no T1 foram mais dispersos em
relação ao T2, indicando maior heterogeneidade entre a
biometria das espécies.
Figura 5.2 - Funções discriminantes canônicas para o Tratamento 2 (T2)
Figura 5.1 - Funções discriminantes canônicas para o Tratamento 1 (T1)
Biometria de espécies arbóreas neotropicais em áreas de restauração florestal no Sul do Brasil
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
466
Os grupos formados revelam afinidades entre os fatores,
em que o fator 1 (FD1) é associado a A. glandulosa, I. edulis,
M. coriacea e S. multijuga. Tais espécies dominam o ES, com ps
elevada, alta L% e valores de CAP e H acima da média do
experimento.
O agrupamento de C. myrianthum, H. alchorneoides, I.
laurina, I. marginata e S. parahyba apresentaram CAP e H abaixo
da média no experimento. Contudo, as espécies M.
bimucronata, A. glandulosa e I. edulis apresentam volume
superior ao valor médio da floresta nos T1 e T2.
O fator 2 (FD2) representa as variáveis nf, hc e qf, em
que M. bimucronata destacou-se com maior crescimento em
CAP, contudo, a espécie contém a maior percentagem de
indivíduos sobreviventes com múltiplos fustes. No
T1 foi observado em média dois fustes em M. bimucronata e
um fuste I. edulis, I. laurina e I. marginata., Porém,no T2 foi
encontrada maior variação no nf entre as espécies, sendo três
fustes para M. bimucronata e dois fustes para as outras três
espécies.
4. DISCUSSÃO
4.1. Variáveis biométricas qualitativas
4.1.1. Densidade e sobrevivência
Houve uma alta redução da densidade do plantio em
ambos os tratamentos na ordem dos 61,84% o equivalente a
10,48 m2.indivíduo-1 no T1, e 65,32%, representando 11,53
m2.indivíduo-1 para T2, neste período. Resultados
semelhantes foram observados por Salomão et al. (2014) em
área de fragmento de Floresta Ombrófila Densa com plantio
adensado misto (2.500 ind. ha-1), aos 13 anos, no qual foram
registrados 1.038 ind. ha-1 (9,63 m².indivíduo-1).
Os resultados demostraram que o plantio mais adensado
possuiu uma dinâmica natural de auto desbaste, fatos que
corroboram com estudos realizados por Zhang e Tielbörger
(2020). Este processo segue a trajetória sucessional esperada
numa floresta nativa, a qual inicia com o domínio de espécies
pioneiras de rápido crescimento (CHAZDON, 2016),
seguido pela competição pelo espaço e luz que conduz a
redução da densidade na área e gradativamente a ocupação
por espécies de sucessão avançada de crescimento mais lento
(BRANCALION et al., 2015). Nota-se que crescimento,
competição pelo espaço e luz estão relacionadas com as
variáveis que carregaram nos fatores das funções
discriminantes, ainda, que a influência é distinta para as
densidades de plantio.
A competição entre as espécies do plantio pelo espaço e
luz influenciaram no crescimento das espécies e estão
relacionadas com as variáveis que carregaram nos fatores das
funções discriminantes, ainda, que a influência é distinta para
as densidades de plantio.
4.1.2. Sobrevivência
Mattar (2016) em área próxima ao estudo, observou
resultados semelhantes de sobrevivência entre 50% a 69%
para I. laurina, I. edulis e M. coriacea e 49% para as demais
espécies. Schäffer et al. (2020), em plantios com 10 anos de
idade, registraram valores semelhantes aos deste estudo,
sendo 10,49% para S. multijuga, 32,21% para I. marginata,
45,53% para S. parahyba, 50,51% para I. edulis, 53,71% para C.
myrianthum e 76% para M. coriacea.
Rodrigues et al. (2015) consideram povoamentos com
alta sobrevivência aqueles com valores acima de 70%,
contudo, com 14 anos de idade este plantio registrou a média
de 38,18% no T1 e 34,7% no T2. Esta percentagem de
sobrevivência é reflexo da quantidade de indivíduos
plantados que saíram do sistema devido à competição ou
morte pela natureza ecológica da espécie.
4.1.3. Posição sociológica e luminosidade
Este experimento demostrou que a estratificação da
floresta para a restauração pode ser obtida com plantios
adensados mistos com baixa riqueza de espécies. Contudo,
não foram suficientes para produzir efeitos diferenciados na
distribuição das espécies nos estratos da floresta, todavia, as
espécies existentes nos diferentes estratos exerceram o seu
papel ecológico no sombreamento do solo e redução de
cobertura de gramíneas no estrato inferior. Segundo
Chazdon (2016) a estratificação promove o desenvolvimento
de outras espécies florestais de crescimento mais lento e
intolerantes a luz. Segundo Brancalion et al. (2015), o plantio
adensado misto na restauração pressupõe a formação
precoce de estratos na floresta, por isso recorre ao uso de
espécies de diferentes grupos ecológicos, como pioneiras,
secundárias iniciais e tardias. Segundo Brancalion et al.
(2015) a formação do dossel e a variação em estratos
(multicamadas) ocorre ao longo da formação da floresta entre
10 a 20 anos de pós plantio. Esta transformação promove a
troca e substituição gradual das espécies em relação aos
grupos sucessionais ao longo da restauração florestal
(MENDONÇA et al. 2017).
O domínio de espécies secundárias iniciais (SI) segundo
também classificadas como espécies não pioneiras (NP)
como A. glandulosa, I. edulis e M. coriacea no dossel superior
(ES) em relação ao EM (intermediário) demonstra que
decorreu a substituição das espécies pioneiras M. bimucronata,
S. multijuga e S. parahyba e que a área se encontra em fase de
estruturação florestal.
Salomão et al. (2014) referiram que espécies com altas
taxas de crescimento, embora tenham isso como estratégia de
ocupação do ambiente, afetam o crescimento de espécies
vizinhas durante as fases de estabelecimento; fato que
promove até certo grau a estruturação da floresta. Neste caso,
podemos justificar o domínio de I. laurina e C. myrianthum no
estrato inferior da floresta.
Segundo Valladares et al. (2016) este resultado é
indicativo de que estas espécies NP e SI no processo de
estruturação ao longo da sucessão florestal, tem seu
desenvolvimento sob influência da competição entre
espécies, o que pode afetar nas relações de crescimento e
desenvolvimento delas. Contudo, este crescimento em maior
ou menor grau das suas características, sofre influências tanto
pela diminuição da luminosidade, por serem espécies
tolerantes à sombra e também pelas condições edáficas da
área.
4.1.4. Qualidade de fuste
O espaçamento do plantio tem um papel importante no
estabelecimento e crescimento das árvores. Em áreas de
plantios adensados, o crescimento aumenta a competição
entre plantas por água, luz, nutrientes e afeta o crescimento
radicular e a fotossíntese (SUGANUMA et al., 2017). Esta
competição precoce ao longo do desenvolvimento do
povoamento reduz o crescimento dos indivíduos na copa, na
área basal passando a ocorrer investimento no crescimento
em altura (MENDONÇA et al., 2017), tais variáveis neste
estudo estão presentes nas funções discriminantes, revelando
Bila et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
467
como esses fatores determinaram na formação de 4 grupos
de espécies e como afetaram as estruturas das árvores.
No geral, o plantio apresentou fustes com baixa
tortuosidade (<50% tortuoso), fato explicado pelo plantio
adensado do povoamento, contudo, foi no T2 onde
registrou-se o maior número de indivíduos plantados com
fuste reto. Segundo Mattos (2003) a claridade exerce
influência sob a tortuosidade das espécies em florestas
nativas, pois, as árvores tendem a ir em busca da luz quando
estão no interior da floresta. Ainda o mesmo autor, refere que
a concorrência na busca por luz propicia o desenvolvimento
de árvores mais altas e retas. Embora os plantios tenham
iniciado com a mesma densidade (2500 ind./ha), foi no T2
onde ocorreu a maior redução de densidade, originando
maior espaçamento entre os indivíduos e, por consequência,
maior incidência luminosa.
Por outro lado, a existência de um considerável número
de indivíduos com múltiplos fustes, com bifurcação abaixo
de 1,30 m do solo no T1, (29%), é indicativo de que o
crescimento inicial das árvores ocorreu em condições
ambientais de estresse, como a exposição à luz solar intensa
e ao calor em fase mais juvenil ou ainda indicação de que
existem variações de material genético dentro da população
(DENNEY et al., 2020).
4.1.5. Sanidade de fuste
As espécies o apresentaram problemas na
fitossanidade, não existem indícios que relacionam a alta
mortalidade das espécies com ataque por pragas ou doenças,
constatando-se até ao momento que as condições não
propiciam a proliferação de pragas e doenças. LE et al.
(2020), referiram que plantios mistos de espécies nativas,
estruturalmente assemelham-se à florestas tropicais naturais,
pois tendem a estabelecer um equilíbrio entre as diferentes
constituintes do ecossistema na medida que reduz morte das
árvores por ataque de pragas e/ou doenças.
4.1.6. Cobertura e qualidade da copa
Cerca de 75% dos indivíduos sobreviventes apresentaram
a copa bem formada e densa, contudo o T2 apresentou áreas
com maior percentagem de clareiras, reflexo da baixa
densidade dos indivíduos, contribuindo desta forma para a
diferenciação da percentagem de cobertura do solo.
Contudo, observa-se uma redução na dominância de
gramíneas nas áreas de plantio comparativamente as áreas
abertas. Nota-se que a área basal foi uma das variáveis mais
importantes nas funções discriminantes desse tratamento,
refletindo o espaço vital disponível para o crescimento dessa
variável.
A combinação de pioneiras de copa curta (S. parahyba e S.
multijuga) como grupo de plantio (preenchimento), e
secundárias iniciais de copa larga (A. glandulosa e I. marginata)
como grupo de diversidade (Almeida, 2016), sombreou e
protegeu os estratos inferiores, favorecendo a formação de
sub-bosque denso. Catterall (2020) ressalta que espécies
pioneiras são facilitadoras pois recriam o ambiente favorável
para o desenvolvimento do sub-bosque, inibindo o
crescimento de plantas indesejáveis.
As espécies S. multijuga e M. bimucronata são recomendadas
para áreas degradadas da região bioclimática de Paranaguá,
litoral norte paranaense (CARPANEZZI; CARPANEZZI,
2006). Mattar (2019) e Schäffer et al. (2020), encontraram
resultados semelhantes aos do presente estudo, os quais
demostraram que na região estas espécies em plantio
adensado misto permaneceram no sistema entre 10 e 14 anos.
Pelo tempo de vida no sistema e a estrutura dos indivíduos
adultos plantados, podemos aferir que estas espécies
cumpriram seu papel ecológico na sucessão inicial pelo
rápido crescimento, sombreamento, por propiciar a
recuperação do solo através de deposição de matéria
orgânica, abrigo para à fauna generalista e pela contribuição
no incremento de diversidade. Assim sendo, Andrade et al.
(2018) referem que a permanência de espécies plantadas no
sistema ao longo dos anos cria condições para o
desenvolvimento de outras espécies que dependem
principalmente de maior sombreamento e de uma melhor
condição do solo para seu desenvolvimento.
4.2. Variáveis biométricas quantitativas
4.2.1. Circunferência, altura e volume
Existem poucos estudos de florestas plantadas com
espécies nativas em áreas em restauração que monitoram o
crescimento em intervalos de tempo de cinco ou mais anos.
Embora tivessem a mesma idade (população equiânea), a
amplitude elevada no CAP (cm), H (m) e V(m3) entre árvores
da mesma espécie no mesmo tratamento indica
heterogeneidade no crescimento, mesmo em condições de
solo homogêneo. Contudo, as variáveis permaneceram
indiferentes quando comparadas entre os tratamentos em
uma mesma espécie, que segundo Costa et al. (2015) esta é
uma característica comum em áreas de plantação nos
trópicos. Nota-se, que essas variáveis tiveram carregamentos
consideráveis nas funções discriminantes.
O domínio de C. myrianthum no EI e a ausência de S.
parahyba no ES indica que esta espécie exige solos com boa
fertilidade e drenagem, como relataram Cardoso et al. (2012),
sendo inadequado o plantio em solos rasos ou com baixa
fertilidade, como o que ocorre na presente área.
Shimamoto et al. (2016), constataram que o ritmo de
crescimento de C. myrianthum é mais sensível às alterações das
estações do ano, pois o crescimento em circunferência é
maior em dias mais longos nas estações mais quentes do ano.
As espécies não pioneiras como C. myrianthum, I. laurina e I.
marginata revelaram melhor desempenho em sucessão
florestal mais avançada, apresentando menor e mais lento
crescimento em relação às demais espécies.
A I. laurina e I. marginata apresentaram valores inferiores à
I. edulis, embora pertençam ao mesmo gênero e classe de
sucessão, também apresentaram comportamento
diferenciado em condições de plantio adensado no T1 e T2.
Esta variação pode sugerir que as diferentes espécies
possuem requerimentos ecológicos distintos e que
respondem de maneira desigual aos estímulos ambientais
(SALOMÃO et al., 2014).
Almeida (2016), refere tais espécies como secundárias
iniciais que necessitam de baixa luminosidade ou
sombreamento médio para seu desenvolvimento. Contudo,
o melhor desenvolvimento de I. edulis em CAP (cm) e H (m)
sugere que tenha se beneficiado das condições de plantio no
T1, sendo mais tolerante e competitiva ao sombreamento
acima da média que I. laurina e I. marginata, situação reduzida
no T2 pela mortalidade de S. multijuga e M. bimucronata que
abriram espaço para mais clareiras, permitindo uma maior
entrada de luz.
Brancalion et al. (2015) afirmaram que a competição
inicial é de ordem física, pelo espaço e ocorre em pequenas
áreas, intensificando a competição por luz, favorecendo o
crescimento da planta na fase inicial. Em seguida, o ciclo de
Biometria de espécies arbóreas neotropicais em áreas de restauração florestal no Sul do Brasil
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
468
desenvolvimento ocorre sob influência da diminuição da
luminosidade, onde espécies mais tolerantes à sombra
iniciam o seu crescimento (CHAZDON, 2016). Neste
momento, o processo de restauração envolve o
desenvolvimento da estrutura florestal, a criação de relações
de coexistência, diferenciação e o estabelecimento das
funcionalidades entre espécies para manter a sustentabilidade
local da floresta (FERRAZ et al., 2020).
Independentemente da idade e do tratamento do plantio,
as espécies, do estudo apresentaram crescimento
relativamente baixo nas variáveis biométricas quantitativas
em comparação aos estudos realizados em outros fragmentos
de FODTB. Donha (2016) registrou valor médio de CAP
para A. glandulosa de 109 cm e H (m) de 11,54 m. Os
resultados do presente estudo são inferiores em função das
condições do solo da área ser ácido e propenso a períodos
longos de saturação hídrica, além de ter um histórico de
degradação iniciado pelo desmatamento seguido do uso
intensivo com pastagem de búfalos, o que contribuiu para a
compactação e redução da sua fertilidade (CARDOSO et al.,
2012). Ferreira (2006) em seu estudo no Cerrado em plantio
com 13 anos, em solos de predomínio de textura média e com
pH 5,5 a 6,9, registrou valores superiores aos do presente
estudo para I. marginata (CAP=70,5 cm e H=7,0 m), M.
bimucronata (CAP=40,2 cm e H=7,6 m) e S. multijuga
(CAP=33,5 cm e H=7,6 m).
4.3. Análise de discriminante
A análise multivariada identificou a relação existente entre
variáveis biométricas qualitativas e quantitativas e quais as
espécies com maior similaridade entre si, observando-se a
formação de 4 grupos em ambos os tratamentos. Os
diferentes grupos são resultado da heterogeneidade no
crescimento das espécies arbóreas, que é característica
comum em plantios das regiões tropicais (SHIMAMOTO et
al., 2016). Por outro lado, a formação dos mesmos grupos,
seja para o T1 ou T2, segundo Costa et al. (2015) é indício de
que algumas espécies, quando submetidas a condições
diferentes daquelas encontradas naturalmente, podem passar
por uma mudança de comportamento ecológico para
suportarem as condições adversas do ambiente e assim
garantir maior tempo de sobrevivência no sistema.
Segundo Chazdon (2016), espécies nativas arbóreas
diferentes na floresta tropical exploram diferentes nichos
ecológicos em relação ao ambiente a qual estão inseridas, e
como comunidade lenhosa os indivíduos distribuem-se em
diferentes estratos da floresta.
Neste estudo, as espécies A. glandulosa, I edulis, M. coriacea
e S. multijuga, embora de grupos diferentes, foram as que
exploraram melhor o nicho ecológico do ES (ps) com alta
L% resultando em valores acima da média para CAP e H.
Donha (2016), descreveu que existe uma relação entre
altura e diâmetro, e essa evidência com a idade dos
indivíduos. Contudo, estas variáveis são também
influenciadas por diversos fatores, resultando em competição
inter e intraespecífica permitindo comportamentos
diferenciados. Este comportamento foi observado nas
espécies C. myrianthum, I. laurina e I. marginata, pois estas
tiveram melhor desempenho em áreas com o nicho ecológico
mais sombreado do que H. alchorneoides e S. parahyba.
O fato do plantio em T2 ter sido constituído em 68,8%
por I. edulis (NP e SI) e S. multijuga (P) e 19,2% com
M. bimucronata (P) a mais que T1, gerou um gradiente de
densidade diferente entre os tratamentos, principalmente
após a mortalidade elevada dos indivíduos de S. multijuga e M.
bimucronata. A priori estas pioneiras de rápido crescimento
teriam um ciclo de vida curto, contudo, neste experimento o
nível de degradação dos solos além de reduzir o crescimento
das variáveis biométricas quantitativas, também acelerou a
saída destas espécies do sistema.
Segundo Almeida (2016), a redução da densidade no
plantio origina clareiras, permitindo precocemente mais
entrada de luz em áreas de plantio, e a retomada da fase inicial
de sucessão, retardando assim a evolução da sucessão
florestal em área em restauração, conforme foi observado em
T2.
Nestas circunstâncias, o tratamento T1, foi o que mais se
aproximou das características de uma floresta nativa no
conjunto das 9 variáveis analisadas, pois promoveu um maior
desenvolvimento heterogêneo entre indivíduos e espécies do
plantio. Brancalion et al. (2015) revelaram que a expressiva
redução de densidade e riqueza ao longo da sucessão
influencia o crescimento dos indivíduos de espécies
secundárias iniciais que necessitam consolidar e amadurecer
em condições de menor irradiação solar (mais sombreadas).
Os resultados do presente estudo refletem como ocorre
o processo de consolidação de espécies em florestas nativas,
demostrando a importância do dossel inicial na estruturação
da floresta e a necessidade que este se desfaça gradualmente,
formando poucas e pequenas clareiras regularmente
espalhadas. Esse dossel inicial promove nestas áreas uma
condição microclimática para que as espécies secundárias
iniciais pré-existentes no sub-bosque se desenvolvam em
ambiente sombreado, com densidade adequada e se
distribuam pela área, tal que os indivíduos jovens com porte
pequeno não sejam agredidos pela forte irradiação
prejudicando o seu desenvolvimento. Por outro lado, o
plantio adensado promoveu a competição, impulsionando o
desenvolvimento inicial dos indivíduos e encontra-se na fase
de estruturação da floresta, fenômeno que está decorrendo
em período relativamente menor ao esperado (14 anos de
pós-plantio), comparado a outras áreas em restauração.
5. CONCLUSÕES
A proporção dos indivíduos plantados por espécie
influenciou na sobrevivência das espécies e na biometria das
espécies, sendo o tratamento T1 o que propiciou um
desenvolvimento mais heterogêneo no conjunto das variáveis
biométricas ps, L%, H e CAP.
O plantio adensado misto com número reduzido de
espécies, em ambos os tratamentos avaliados promoveram a
formação de uma floresta estratificada.
Embora o desempenho silvicultural das espécies seja
relativamente baixo para as variáveis biométricas
quantitativas em comparação aos demais estudos realizados
ao longo da FODTB, recomenda-se o T1 como estratégia a
ser adoptada para os programas de recuperação de áreas
degradadas em condições edafoclimáticas semelhantes às da
planície litorânea paranaense.
6. AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
Ensino Superior e Técnico Profissional e Instituto de Bolsas
de Moçambique pelo apoio financeiro. À Sociedade de
Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental pela
concessão da área de estudo e apoio logístico, a EMBRAPA,
em especial os pesquisadores que implantaram o
Bila et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 460-470, 2021.
469
experimento Antônio Aparecido Carpanezzi e Edinelson
José Maciel Neves e a Universidade Federal do Paraná
Departamento de Ciências Florestais.
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