Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 595-599, 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i5.12129 ISSN: 2318-7670
Germinação e propagação
in vitro
de mogno brasileiro
(
Swietenia macrophylla
King)
Carolina Dias PEREIRA1, Cristiani Santos BERNINI1*, Márcia Regina JANTSCH1,
Reginaldo Antonio MEDEIROS1, Luciana Coelho de MOURA1
1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil.
*E-mail: cristianibernini@yahoo.com.br
(ORCID: 0000-0003-2470-2210; 0000-0001-6651-4539; 0000-0003-4344-8449; 0000-0001-5222-2914; 0000-0001-8144-3388)
Recebido em 05/04/2021; Aceito em 16/12/2021; Publicado em 28/12/2021.
RESUMO: A intensificação da exploração seletiva de madeiras tem ocasionado grandes perdas na
biodiversidade de espécies nativas de alto valor econômico, comprometendo, a sua sobrevivência. O potencial
madeireiro do mogno brasileiro é mundialmente reconhecido e, por isso, é também motivo de grande
preocupação da comunidade científico. Esta pesquisa objetiva avaliar o efeito de concentrações de reguladores
de crescimento na germinação e multiplicação in vitro de mogno brasileiro e analisar aspectos físicos para
determinar a eficiência na produção de mudas. Para isso, as sementes foram incubadas em meio de cultura MS
no delineamento inteiramente casualisado em esquema fatorial 2 x 4 (duas intensidades de luz e quatro tempos
de hipoclorito de sódio), com cinco repetições e quatro sementes por repetição. Aos trinta dias, os explantes
isentos de contaminação foram transferidos para tubos de ensaio contendo meio MS e suplementados com
diferentes concentrações de BAP e mantidos em sala de crescimento. Para multiplicação os brotos foram
transferidos para meio MS e suplementados com diferentes concentrações de BAP e ANA. Obtiveram-se a
maior porcentagem de brotações (83%) de explantes da porção intermediária de mogno e a utilização de
concentrações superiores de ANA e BAP para formação de calos permitindo êxito na produção clonal.
Palavras-chave: espécie nativa; plantas lenhosas; micropropagação.
Germination and propagation
in vitro
of brazilian mahogany
(
Swietenia macrophylla
King)
ABSTRACT: The intensification of selective logging causes great losses biodiversity of native species of high
economic value, compromising their survival. The wood industry potential of brazilian mahogany is recognized
worldwide and, therefore, it is also a cause of great preoccupations of the scientific community. This research
aims to evaluate the effect of concentrations of growth regulators on germination and in vitro multiplication of
brazilian mahogany and analyze physical aspects to determining the efficiency in the production of seedlings.
For this, the seeds were incubated in MS culture medium in a completely randomized design in a factorial
scheme 2 x 4 (two light intensities and four sodium hypochlorite times) with five repetitions and four seeds per
supplemented with different concentrations of BAP and kept in the repetition. At thirty days, explants free
from contamination were transferred to test tubes containing MS medium and supplemented with different
BAP concentrations and kept in the growth room. For multiplication the shoots were transferred to MS
medium and supplemented with different concentrations of BAP and ANA. The highest number of percentage
of shoots (83%) in the use of explants of the intermediate mahogany and the higher concentrations of ANA
and BAP for callus formation enabling success in clonal production.
Keywords: native species; woody plants; micropropagation.
1. INTRODUÇÃO
O setor florestal brasileiro passou a contribuir com uma
parcela significativa na economia do País com os nove
milhões de hectares reflorestados, tanto pela maior
participação no Produto Interno Bruto, quanto pela geração
de 3,75 milhões de empregos em 2019 (IBÁ, 2020). O
mercado de madeira em tora deveser suprido com maior
participação das florestas plantadas, em decorrência das
preocupações crescentes, no mercado internacional, quanto
ao risco de extinção de espécies florestais nativas, como o
mogno, cerejeira, jatobá-pequeno, entre outras (SNIF, 2020).
O mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King.) pertence
à família Meliaceae e pode ser encontrada nas florestas de
terra firme da Amazônia brasileira. Devido ao seu alto valor
econômico, o mogno sofreu intensas explorações, causando
redução da variabilidade genética das populações
remanescentes da Amazônia (FERNANDES, 2015),
afetando a capacidade de regeneração da espécie, dizimando
inúmeras árvores adultas e diminuindo a disponibilidade de
sementes (LOPES et al., 2003).
O incentivo ao reflorestamento é uma das maneiras de
evitar a extinção do mogno e o desaparecimento das reservas
naturais desta espécie, mas os cultivos puros têm sido
limitados devido aos ataques de larvas de broca-das-meliáceas
(Hypsipyla grandella Zeller), que destroem a gema terminal das
plantas jovens, acarretando a redução do vigor e a bifurcação
do tronco (COUTO et al., 2004). A procura por alternativas
para o cultivo dessa espécie com resistência a estresses
Germinação e propagação in vitro de mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King)
Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 595-599, 2021.
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bióticos tem sido um grande desafio para a comunidade
científica.
Devido às dificuldades de propagação seminal de várias
espécies nativas, como o mogno brasileiro, a propagação
vegetativa torna-se uma alternativa de multiplicação para
finalidades comercias. Com isso, as técnicas de cultura de
tecidos permitem a manutenção de coleções vivas dos mais
variados tipos de espécies vegetais de importância econômica
ou em extinção. Na área florestal, esta se encontra embutida
nos programas de pesquisa, onde tem sido utilizada na
preservação de germoplasma, produção de plantas livres de
doenças por meio de ápices caulinares e meristemas,
multiplicação rápida de plantas selecionadas em períodos de
tempo e espaço físico reduzidos, rejuvenescimento clonal e
produção de mudas de clones selecionados (XAVIER et al.,
2013), acelerando os programas de propagação clonal de
genótipos de alto valor comercial e de difícil enraizamento.
Diante o exposto, o presente trabalho teve por objetivo
determinar os aspectos físicos e verificar o efeito de
diferentes concentrações e tempos de hipoclorito de sódio
combinado com diferentes luminosidades na germinação in
vitro das sementes, verificar o efeito de diferentes
concentrações de 6-benzilaminopurina (BAP) e ácido
naftalenoacético (ANA) na multiplicação in vitro dos brotos,
a fim de fornecer informações sobre o desenvolvimento da
espécie e sua posterior produção de mudas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Biometria e germinação
in vitro
A coleta das sementes de mogno foi realizada, em quatro
matrizes, de acordo com o potencial de vigor da população,
nos municípios de Cáceres e Figueirópolis D’Oeste no
Estado de Mato Grosso, em julho de 2017. Estas foram
beneficiadas e armazenadas em câmara fria no Laboratório
de Biotecnologia, Tecnologia e Produção de Sementes
Florestais da Universidade Federal de Mato Grosso, campus
de Cuiabá (MT).
Para a análise biométrica foi realizada a determinação do
tamanho médio das sementes, com quatro repetições de 25
sementes, sendo mensuradas: largura, espessura e
comprimento, em milímetros (mm), por meio de paquímetro
digital.
Para a germinação in vitro, as sementes foram
desinfestadas em câmara de fluxo laminar e imersas em álcool
70% por aproximadamente dois minutos, e logo em seguida
imersas em hipoclorito de sódio a 2,5% (v/v), com tempos
de imersão variando de 0 a 40 minutos. Posteriormente, as
sementes foram imersas em fungicida benlate com 2 g L-1 e,
em seguida, passando pela tríplice lavagem em água destilada
e autoclavada. O meio de cultura foi constituído de sais e
vitaminas MS (Murashige; Skoog, 1962) adicionado de 30 g
L-1 de sacarose e 0,01 g L-1 de mioinositol, com pH de 5,8 ±
0,01. Foram inoculadas quatro sementes por frasco no meio
de cultura e mantidas em sala de crescimento com luz
(irradiância de 30 μmol m-2 s-1) e no escuro, ambas na
temperatura de 25 ± 2C.
O delineamento foi o inteiramente casualizado em
esquema fatorial 2 x 5, totalizando 10 tratamentos, cinco
repetições e quatro sementes/repetição. Foram avaliados,
semanalmente, durante o período de 30 dias, a porcentagem
de germinação (%GER), tempo médio de germinação (TM),
porcentagem de contaminação por fungos (%CONTF) e
bactérias (%CONTB) e o índice de velocidade de germinação
(IVG), de acordo com Maguire (1962) (Equação 1):
IVG= N1
D1 +
 +…+ 
 (01)
em que: N1= de sementes germinadas na contagem; D1=
de dias para a contagem; Nn= de sementes germinadas na
última contagem e Dn= nº de dias para a última contagem.
2.2. Multiplicação
in vitro
Para a multiplicação in vitro foram instalados 2
experimentos, sendo denominados de “1” para o efeito de
regulador de crescimento na indução de brotações, a partir
de segmento apical, intermediário e basal de mogno, e “2”
para o efeito de reguladores de crescimento e combinações
na indução de brotações, a partir de brotações da
multiplicação in vitro.
No experimento 1 os explantes foram excisados e
inoculados, aleatoriamente, em tubos de ensaio contendo sais
e vitaminas MS, acrescidos de 0,01 mg L-1 de mioinositol, 30
g L-1 de sacarose, 5,5 g de ágar e de diferentes combinações
de 6- benzilaminopirina-BAP (0,0; 0,25; 0,50 e 1,00 mg L-1).
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado em
esquema fatorial 3 x 4, totalizando 12 tratamentos de cinco
repetições e quatro explantes/repetição. Foram avaliados a
porcentagem de brotação e o número médio de brotos por
explantes (NMBE), semanalmente, durante 56 dias.
No experimento 2 foram utilizados explantes retirados do
experimento 1, isentos de contaminação. Os brotos de
mogno foram excisados, em câmara de fluxo laminar e
inoculados em meio de cultura de sais e vitaminas MS,
acrescidos de 0,01 mg L-1 de mioinositol, 30 g L-1 de sacarose
e 5,5 g de ágar, e variadas concentrações de 6-
benzilaminopirina-BAP (0,0; 0,25; 1,0 e 2,5 mg L-1) e de ácido
naftaleno acético- ANA (0,0; 0,25; 1,0 e 2,5 mg L-1) e um
tratamento adicional com combinação de 5,0 mg L-1 de BAP
e 5,0 mg L-1 de ANA. Neste experimento o delineamento
utilizado foi o inteiramente casualizado com 10 tratamentos,
quatro repetições e três brotos/repetição. Foram avaliados
semanalmente, durante o período de 30 dias, a porcentagem
de brotação e porcentagem de calos.
Para todas as análises estatísticas foi empregado o
programa estatístico R versão 3.3.3 (R CORE TEAM, 2017)
e o pacote adicional Experimental Designs (Expdes)
(FERREIRA et al., 2013).
3. RESULTADOS
3.1. Biometria e germinação
in vitro
Os dados de biometria das sementes de mogno
apresentaram valores médios de altura, largura e espessura de
24,19, 11,97 e 3,68 mm, respectivamente.
Para a germinação in vitro de mogno a análise de variância
indicou que houve interação significativa entre os fatores:
tempo de imersão em hipoclorito de sódio e luminosidade
para as variáveis: índice de velocidade de germinação (IVG),
tempo médio de germinação (TM), porcentagem de
germinação (%GER), porcentagem de contaminação por
fungos (%CONTF) e bactérias (%CONTB). Dessa forma,
cada fator foi avaliado de forma independente. Para o fator
luminosidade, houve diferença significativa para os tempos
de imersão em hipoclorito de sódio para as variáveis: índice
de velocidade de germinação (IVG), tempo médio de
germinação (TM) e porcentagem de contaminação por
fungos (%CONTB).
A análise de regressão linear simples foi significativa
(p<0,05) para a variável IVG em relação ao tempo de imersão
das sementes no hipoclorito de sódio, sendo o maior tempo
Bernini
Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 595-599, 2021.
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de imersão observou-se o maior IVG. Dessa forma, o maior
valor de IVG foi alcançado quando as sementes foram
submersas no tempo de 40 minutos (Figura 1A). A análise de
regressão linear múltipla foi significativa (p<0,05) para a
variável TM em relação ao tempo de imersão das sementes
no hipoclorito de sódio, sendo que o tempo médio de
germinação que obteve o melhor resultado foi o de 10
minutos (Figura 1B).
Figura 1. Índice de velocidade de germinação (A) e tempo médio de
germinação (TM) de sementes de mogno brasileiro em função de
tempo na imersão de hipoclorito de sódio.
Figure 1. Germination speed index (A) and mean germination time
(TM) of Brazilian mahogany seeds as a function of time in the
immersion of sodium hypochlorite.
Em relação à germinação de sementes, os fatores:
luminosidade e tempo de imersão no hipoclorito de sódio,
não influenciaram nas mesmas, podendo ser observada a
germinação aos quatro dias de inoculação. Pode-se também
observar que boa parte das sementes foi contaminada por
fungos e bactérias e mesmo assim foram capazes de germinar
não havendo prejuízos na fase inicial.
Em relação à luminosidade (Figura 2), a porcentagem de
germinação do tratamento com zero minuto de imersão no
hipoclorito em ambiente escuro foi superior ao tratamento
com zero minuto de imersão no ambiente com luz, apesar de
estatisticamente não apresentarem diferença estatística.
Em relação à contaminação por bactérias, o tempo de
imersão em hipoclorito de sódio apresentou diferença
significativa, e pela regressão linear múltipla mostra que
quanto maior o tempo de imersão das sementes no
hipoclorito de sódio, menor o percentual de contaminação
das mesmas (Figura 3A). Para a contaminação por fungos, o
hipoclorito de sódio não foi capaz de inibir a proliferação dos
mesmos, dessa maneira, em todos os tratamentos houve a
presença de fungos (Figura 3B). Observou-se ainda que o
tempo em imersão no hipoclorito de sódio, com exceção do
tempo de 40 minutos, provocou o aumento da contaminação
por fungos nas sementes.
Figura 2. Porcentagem de germinação das sementes em função dos
tratamentos.
Figure 2. Percentage of seed germination as a function of
treatments.
Figura 3. Porcentagem de contaminação por bactérias (A) e por
fungos (B) em função do tempo de desinfestação. As barras indicam
o desvio padrão.
Figure 3. Percentage of contamination by bacteria (A) and
fungi (B) as a function of disinfestation time. The bars
indicate the standard deviation.
3.2. Multiplicação
in vitro
No experimento 1 pode-se observar que não houve
interação entre os fatores porção da planta e concentração de
BAP, nas variáveis avaliadas: percentual de brotação, número
total de brotos por explante e mero médio de brotos por
explante (NMBE). Dessa forma, cada fator foi avaliado de
maneira independente.
Aos 14 dias foi observado que a porção intermediária da
plântula foi a que obteve maior porcentagem de brotações,
sendo superior a demais e a porção basal a que obteve a
menor porcentagem (Figura 4A). Após 56 dias, os resultados
obtidos se mantiveram (Figura 4B), sendo a porção
intermediária ainda superior às demais e as concentrações de
BAP não diferiram estatisticamente entre si.
No experimento 2 não houve interação entre
concentração de BAP e concentração de ANA, para as
y = -0,0002x2+ 0,015x + 0,3807
R² = 0,5595
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0 10 20 30 40 50
IVG
Tempo em HS (min)
(A)
y = -0,0009x3+ 0,0594x2- 1,0568x + 10,968
R² = 0,9809
0
2
4
6
8
10
12
0 10 20 30 40 50
TM
Tempo em HS (min)
0
20
40
60
80
100
120
140
0 5 10 20 40
GER (%)
THS (min.)
Luz
Escuro
y = -6,6667x3+ 70,714x2- 242,62x + 278
R² = 0,9966
-20
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 20 40
% Contaminação por
Bactérias
Tempos em HS (min)
(A)
0
20
40
60
80
100
0 5 10 20 40
% Contaminação por Fungos
Tempo em HS (minutos)
(B)
(B)
Germinação e propagação in vitro de mogno brasileiro (Swietenia macrophylla King)
Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 595-599, 2021.
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variáveis porcentagem de brotação e porcentagem de calos.
Dessa forma os fatores foram avaliados individualmente.
Aos 28 dias de implantação, as variáveis observadas não
apresentavam diferenças significativas, contudo, pode-se
observar na Figura 5 que os tratamentos T7 (0,0 BAP; 1,00
ANA) e T8 (0,0 BAP; 2,5 ANA), se destacaram por
apresentar uma quantidade de calos superior aos demais
tratamentos.
Figura 4. Porcentagem de brotações em função da porção da planta
após 14(A) e 56(B) dias após implantação do experimento 1. Barras
indicam o desvio padrão.
Figure 4. Percentage of shoots as a function of the part of the
plant after 14(A) and 56(B) days after implementation of
experiment 1. Bars indicate the standard deviation.
Figura 5. Porcentagem de calos em explantes de mogno em função
dos tratamentos, aos 28 dias após a implantação do experimento 2.
Figure 5. Percentage of callus in mahogany explants as a function of
treatments, at 28 days after the implantation of experiment 2.
Quando analisada a variável percentual de calos, os
tratamentos com 0,0 BAP e 1,0 ANA e com 0,0 BAP e 2,5
ANA foram superiores estatisticamente aos demais
tratamentos. Pelos tratamentos com ANA foi possível
concluir a maior porcentagem de brotação, em relação aos
tratamentos com BAP, sendo estimulado pela função da
ocorrência de gemas aleatórias e não a adição de reguladores
de crescimento ao meio.
4. DISCUSSÃO
Os parâmetros encontrados neste trabalho para as
sementes de mogno variaram em relação a trabalhos
anteriores publicados, sendo as médias de largura, altura e
espessura das sementes aqui avaliadas um pouco menor do
que as encontradas nos trabalhos de Moraes et al. (2013).
Essas diferenças na altura, espessura e largura das sementes
podem ser justificadas devido a diferença de região dos locais
de coletas das matrizes, e as condições climáticas das mesmas.
Segundo Santos et al. (2009), dentro de uma mesma espécie
podem haver variações individuais devido às influências
ambientais durante o desenvolvimento das sementes e à
variabilidade genética das mesmas.
Em relação à germinação das sementes in vitro pode-se
observar que boa parte das sementes foram contaminadas
por fungos e bactérias e mesmo assim foram capazes de
germinar não havendo prejuízos na fase inicial (Figura 1).
Em relação à luminosidade (Figura 2), pode-se inferir a
presença de bactérias diazotróficas no tratamento do escuro
que através da fixação biológica de oxigênio, promoveu o
maior desenvolvimento das plantas, corroborando com Peng
et al. (2002).
Para a contaminação por bactérias (Figura 3), o autor
Fernandes (2015) estudando a mesma espécie, também
encontrou o mesmo resultado para as sementes que não
receberam a desinfestação com hipoclorito de sódio, no
entanto Couto et al. (2004), encontraram índices inferiores de
contaminação com maiores tempos de desinfestação das
sementes no hipoclorito de sódio 2,5% aos 30 minutos.
O tempo em imersão no hipoclorito de sódio, com
exceção do tempo de 40 minutos, provocou o aumento da
contaminação por fungos nas sementes (Figura 3B). Uma
hipótese para isso é que os fungos poderiam estar dentro das
sementes e, por ocasião da imersão em hipoclorito de sódio,
o tegumento das sementes amoleceu, desfazendo a barreira
de saída e proliferação dos fungos no meio de cultura.
No experimento de multiplicação no experimento 1
avaliados aos 14 dias (Figura 4) foi observado que a porção
intermediária da plântula obteve a maior porcentagem de
brotações. Uma das justificativas para o maior número de
brotações na porção intermediária da plântula é a maior
quantidade de gemas axilares encontradas na mesma. Apesar
das porções basal e apical não se diferirem estatisticamente,
notou-se que a porção apical foi superior à porção basal.
Ramos et al. (2014) realizando estudos sobre inhame
(Dioscorea trifida) encontraram resultados superiores de
brotações para a porção apical quando comparada com a
porção basal da plântula.
Enquanto aos 56 dias, os resultados obtidos se
mantiveram (Figura 4), sendo a porção intermediária ainda
superior às demais. De acordo com Hartmann et al. (2010),
essas diferenças entre as porções da planta ocorreram devido
ao teor de carboidrato, assim como as quantidades de
substâncias promotoras e inibidoras do enraizamento que
variam ao longo do ramo.
No experimento 2 de multiplicação in vitro, aos 28 dias de
cultivo (Figura 5) pode-se verificar que a variável percentual
de calos, dos tratamentos com 0,0 BAP e 1,0 ANA e com 0,0
BAP e 2,5 ANA foram superiores aos demais tratamentos.
Dessa forma, maiores concentrações de ANA apresentaram
maiores quantidades de calos. Além disso, pode-se observar
que auxina sintética ANA, influenciou significativamente na
calogênese, pois quando esta encontrava ausente, não
ocorreu formação de calos, com exceção do tratamento com
13,75
62,5
2,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Apical Intermediária Basal
% Brotação
Porção da planta
(A)
35
83,75
27,5
0
20
40
60
80
100
120
Apical Intermediária Basal
% Brotação
Porção da planta
(B)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10
% Calos
Bernini
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1,0 BAP e 0,0 ANA. Deus et al (2007) estudando sobre calos
em Eucalyptus grandis utilizando combinações de 2,4-D +
ANA e TDZ + ANA, encontrou resultados semelhantes,
onde os tratamentos que não continham ANA também não
apresentou calos. A calogênese é um processo importante
para a obtenção indireta de plantas. Os calos podem conter
células ou grupos de lulas que possuem centros ativos de
divisão celular. Em condições adequadas, esses centros são
induzidos e se capacitam para produção de órgãos; em alguns
casos nos quais são capazes, os centros são apenas
estimulados.
Pelos tratamentos com ANA foi possível concluir a maior
porcentagem de brotação, em relação aos tratamentos com
BAP, sendo estimulado pela função da ocorrência de gemas
aleatórias. Corroborando com Brunetta et al. (2006), que
observaram a porcentagem de brotação para os segmentos de
epicótilos em função dos níveis de ANA, BAP e para as suas
combinações, indicando que houve crescimento e
desenvolvimento de brotações em gemas axilares pré-
existentes nos explantes.
5. CONCLUSÕES
Para a germinação in vitro a desinfestação das sementes
deve ser realizada com imersão das sementes em hipoclorito
de sódio (2,5%) no tempo de 40 minutos.
O uso de explantes da porção intermediária é a que
apresenta maior porcentagem de brotações de mogno
brasileiro, independente da concentração de BAP. Bem
como, as concentrações superiores de ANA apresentaram
maiores percentuais de calos em explantes de mogno
viabilizando a técnica para produção clonal.
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