Variabilidade espacial e correlação dos atributos do solo com produtividade do milho e da soja
Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 536-543, 2021.
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Para a estimativa da produtividade do milho, o R2 foi
baixo (0,19), contrariando os resultados encontrados por
Amado et al. (2007). Provavelmente isto ocorreu, devido a
grande população de porcos selvagens existente na região,
que percorrem toda a extensão do talhão quando este é
cultivado por uma cultura atrativa como o milho,
ocasionando perdas de produtividade localizadas e aleatórias
que interferem na variabilidade da produtividade do milho.
A correlação positiva entre a produtividade da soja e o P
e o Mg no solo é esperado uma vez que originalmente os
Latossolos apresentam baixa disponibilidade de P e bases
trocáveis. Nos solos da região do Cerrado em condição
natural, o teor de P é muito baixo; no entanto, nos solos
cultivados a variação pode ser grande em razão da alta
capacidade de retenção do P na fase sólida e da sua aplicação
na linha de semeadura (SANA et al., 2014).
A moderada correlação negativa obtida entre o silte e a
produtividade da soja pode estar associada a formação de
crosta superficial, o que prejudicaria o desenvolvimento
inicial das plântulas e diminuiria a infiltração de água. O
desenvolvimento de crostas superficiais no solo é originado
a partir da quebra dos agregados e dispersão das partículas,
com influência da textura do solo (HU et al., 2012), onde as
partículas do solo são rearranjadas e consolidadas em uma
estrutura coesa, reduzindo o número e a continuidade do
espaço poroso, afetando a infiltração e a distribuição de água
ao logo do perfil do solo (ZONTA et al., 2012; ARMENISE
et al., 2018).
Destaca-se que a não existência de correlações entre a
acidez ativa do solo e os teores de alumínio com
produtividade. Este fato é explicado pois a maioria dos
pontos amostrais apresentaram valores de pH adequados ao
cultivo de soja e milho (EMBRAPA, 2011). Com relação aos
teores de alumínio, somente sete das 187 amostras
apresentaram este elemento em baixas concentrações.
Comparando os mapas da argila e MO, observa-se uma
similaridade na localização dos maiores teores de argila com
os maiores de MO. Este comportamento se deve
provavelmente a capacidade da argila em reter e proteger a
decomposição da MO. Para o mapa do silte e do restante dos
atributos químicos do solo podemos observar menor
continuidade espacial e a ocorrência de manchas, isto se deve
a menor precisão das estimativas de valores em regiões não
amostradas, podendo ser confirmado analisando os menores
valores dos parâmetros de ajuste da validação cruzada.
5. CONCLUSÕES
Não foi detectada dependência espacial para os atributos
cálcio, alumínio, acidez potencial, soma de bases, ferro e
zinco.
Os melhores ajustes dos variogramas e da validação
cruzada foram obtidos para os atributos físicos areia e argila.
A produtividade da soja apresentou forte dependência
espacial e se correlacionou positivamente de forma forte com
o fósforo e moderada com o magnésio.
6. AGRADECIMENTOS
Ao Sr. Florino Wielemaker pela colaboração e cessão da
área estudada, ao CNPQ pela concessão da bolsa de estudos,
a Danilo Gomes Fortes, Eduardo Messias de Andrade
Almeida, Eliéser de Almeida e Matheus Andrade Martinez
pelo auxílio na condução dos trabalhos de campo.
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