Sousa Filho et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 222-228, mar./abr. 2021.
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4. DISCUSSÃO
Os resultados de teor de nitrogênio foliar encontrados
pelo presente trabalho são coerentes com o estudo de
Oliveira et al. (2017), onde, avaliando doses de nitrogênio
associadas ou não a adubações com enxofre e
micronutrientes em beterraba, concluíram que conforme se
aumentam as doses utilizadas na adubação nitrogenada, há
um incremento, até certo ponto, da massa fresca das folhas.
O nitrogênio, no metabolismo das plantas, exerce importante
função na divisão e expansão celular, portanto o teor de N
foliar está diretamente relacionado com o desenvolvimento
da parte aérea.
Com o desenvolvimento vegetativo da parte aérea,
estudos demonstram que há crescimento da área foliar. De
acordo com Sediyama et al. (2011), foi verificado diferença
no desenvolvimento da altura, ao se testar coberturas de
plantas no cultivo de beterraba. Consequentemente, as
maiores plantas, ou seja, as de maior altura, tiveram maior
área foliar. Esta área foliar proporciona maior transformação
de energia solar em energia química, e a planta a utiliza em
todo o seu metabolismo. O desenvolvimento limitado das
folhas se dá pela economia de energia que seria gasta para a
produção da mesma, e sim a reservando para o uso de suas
funções fisiológicas enquanto a disponibilidade hídrica seja
pouca (TAIZ; ZEIGER, 2009).
Carvalho et al. (2011), ao estudar lâminas de irrigação na
cultura da beterraba, concluíram que as lâminas de água não
proporcionaram efeito na massa seca das raízes. Isso ocorre
devido à dificuldade que as raízes de beterraba têm de
absorver água, quando a tensão de água no solo está alta.
Nessa situação, há maior gasto de energia na absorção de
água e também de nutrientes. Esse gasto de energia pode ter
consequência no final do ciclo da cultura, ou seja, conforme
a intensidade, é capaz de reduzir na produção e qualidade do
produto colhido (TAIZ; ZEIGER, 2009).
Quando se diz respeito à adubação nitrogenada, doses
muito altas somadas à baixa eficiência de absorção pelas
plantas geram a possibilidade de perda para o ambiente,
principalmente por lixiviação e volatilização. (XAVIER et al.,
2008). Ao pesquisar a adubação nitrogenada em outras
hortaliças, Porto et al. (2011) utilizaram um intervalo muito
grande de doses na adubação na cultura da abobrinha, onde
o mesmo variou de 0 a 400 kg ha-1 de N, apresentando
crescente concentração de N foliar conforme o aumento da
dose aplicada na cultura até os 400 kg ha-1.
Em relação às análises bromatológicas, outros autores,
em experimentação com beterraba, não encontraram
resultado significativo. Silva et al. (2015), testando lâminas de
água e níveis de salinidade na beterraba, identificaram
resultados semelhantes ao presente trabalho – o teor de
sólidos solúveis totais não sofreu influência das lâminas de
irrigação. Resultados equiparáveis foram encontrados
também por Barreto et al. (2013), onde, estudando doses de
nitrogênio (0, 25, 50, 75, 100 e 150 kg ha-1 de N) nas cultivares
de beterraba Early Wonder e Itapuã, constataram que os
teores de SST, pH e acidez das raízes não são influenciadas
pela variação das doses.
Tivelli et al. (2011) relatam que o cultivo da beterraba
deve ser em condições ambientais em que a temperatura
média anual seja inferior a 25 °C para que não haja queda de
produtividade. Em contrapartida, o presente trabalho mostra
que houve variações acima de 25°C, e ainda assim ocorreu
uma boa produtividade de raízes. Pelo fato de ser uma
hortaliça que requer muitos cuidados durante o sistema de
produção, Tullio et al. (2013), relataram que em condições
não apropriadas, como a estação do verão, que se tem alta
temperatura e excesso de chuva, a produtividade pode
reduzir em até 50%.
O acúmulo linear de massa seca das raízes e a
produtividade estão correlacionados, pois, quanto maior for
o acúmulo de massa seca, maior será o peso das raízes, e,
consequentemente, maior é a produtividade da cultura. Os
resultados referentes à produtividade apresentados pelo
presente trabalho corroboram com àqueles encontrados por
Damasceno, Guimarães, Guimarães (2011), no qual,
estudando a influência de doses de nitrogênio (0, 100, 200 e
300 kg ha-1 de N) na cultivar de beterraba Early Wonder Stays
Green, concluíram que há um crescimento linear de tal
variável conforme há um aumento nas doses.
5. CONCLUSÕES
A dose de 150 kg de N ha-1 oportunizou maior acúmulo
de N foliar; a dose de 150 kg de N ha-1 juntamente ao fator f
de 0,3 proporcionaram maiores teores de SST nas raízes; e,
por fim, o fator f de 0,7, associado à dose de 200 kg de N ha-
1, possibilitaram maior produtividade.
6. REFERÊNCIAS
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