Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i3.11598 ISSN: 2318-7670
Uso de produtos florestais não madeireiros em comunidades da Flona Tapajós
Danielly Caroline Mileo GONÇALVES1*, João Ricardo Vasconcellos GAMA1,
Jéssica Ariana de Jesus CORRÊA1, Raimundo Cosme de OLIVEIRA JUNIOR2
1 Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil.
2 Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Belém, PA, Brasil.
*E-mail: daniellycmg@gmail.com
(Orcid: 0000-0003-0521-115X; 0000-0002-3629-3437; 0000-0002-2691-6020; 0000-0002-2735-1746)
Recebido em 05/01/2021; Aceito em 01/07/2021; Publicado em 14/07/2021.
RESUMO: O objetivo deste artigo é caracterizar o uso dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) pelas
populações ribeirinhas em comunidades na Flona Tapajós, compreendendo as questões relacionadas às
principais espécies coletadas, seus usos e atribuição de valor aos produtos confeccionados. Foi realizado um
Diagnóstico Rápido Rural (DRR) com os coletores de PFNMs, e entrevistas com um total de 10 artesãos. As
espécies mais citadas foram: morototó, tento vermelho, tento amarelo, saboneteira, açaí, jutaí e lágrima de nossa
senhora que são utilizadas na produção de artesanatos e biojóias; também se utiliza as fibras (buriti, tucumã e
curuá) e as madeiras (coração de negro, itaúba, cedro, arara castanha e molongó). As biojóias variam de valor
entre R$2,00 a R$20,00 e as peças ornamentais de madeira de R$10,00 a R$300,00. As principais vantagens de
trabalhar com PFNM apontadas na entrevista são a facilidade de coletar sementes, o fato de ter demanda e
gerar renda aos artesãos envolvidos. As dificuldades mencionadas são a coleta das sementes do morototó e
paricá e o acesso as árvores na floresta. Jamaraquá, Maguari e São Domingos são exemplos bem-sucedidos de
que os produtos oriundos da floresta têm mercado consolidado e são representação cultural e social dos povos
da floresta.
Palavras-chave: artesanato; biojóias; população tradicional; Amazônia.
Use of non-wooden forest products in the National Forest of Tapajós
communities
ABSTRACT: The aim of this article is to characterize the use of non-timber forest products (NTFP) by
riverine populations in communities in Flona Tapajós, including issues related to the main species collected,
their uses and attribution of value to the manufactured products. the use of non-timber forest products (NTFP)
by riverine populations in communities in Flona Tapajós, including issues related to the main species collected,
their uses and attribution of value to the products made. A rapid rural appraisal (RRA) was conducted with
community NTFP collectors, followed by interviews with the artisans, including a total of 10 people. The most
cited species in the RRA were morototó, bead tree, tento amarelo, wingleaf soapberry, açaí palm, jutaí, and
Job’s tears, which are used to produce handicrafts and bio-jewels. In addition, buriti, tucumã, and curuá fiber
and lapachillo, itaúba, cedar, arara castanha, and molongó wood were used. The price of bio-jewels varies from
BRL 2 to 20, and of the wood ornamental pieces from BRL 10 to 300. The main advantages of working with
NTFP highlighted in the interviews were that seed collection is easy, that there is demand, and that income is
generated for community members. The difficulties mentioned were the collection and processing of morototó
and paricá seed, and access to trees. Jamaraquá, Maguari, and São Domingos are successful examples of forest
products that consolidated the market and are cultural and social representation of the forest peoples.
Keywords: handicrafts; bio-jewels; traditional population; Amazon.
1. INTRODUÇÃO
Os produtos florestais não madeireiros (PFNMs) são
provenientes de florestas nativas, plantadas e de sistemas
agroflorestais (PAES-DE-SOUSA et al., 2011). Das espécies
vegetais podem ser usadas folhas, frutos, fibras, sementes,
óleos, resinas, gomas, borrachas, cogumelos, entre outros
(CALDERON, 2013). Outros autores consideram também o
resíduo da madeira para produção de artesanato (SILVA,
2011; ANDRADE; LIMA, 2016).
Em termos econômicos, os PFNMs ainda não são
expressivos, no entanto, para as populações tradicionais e
extrativistas, esses produtos são imprescindíveis para sua
sobrevivência (PAES-DE-SOUSA et al., 2011). Os PFNMs
incrementam a renda dessas populações, promovendo, ao
mesmo tempo, a conservação da floresta, que a colheita
dos produtos gera um mínimo de impacto ao funcionamento
das florestas, e consequentemente manutenção dos recursos
para as gerações futuras (IMPERADOR; WADT, 2014;
GONÇALVES et al., 2019).
Na Amazônia, as populações tradicionais têm uma
relação muito próxima com a floresta e seus produtos
(SANTOS; COELHO-FERREIRA, 2012; CAMPOS et al.,
2015; SHANLEY et al., 2015). Os antigos povos, que antes
eram nômades, se fixavam em lugares provisórios em busca
desses produtos e, com o passar do tempo, foram se
Gonçalves et al.
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estabelecendo nos locais onde se acumulavam sementes de
várias espécies; criando assim um ecossistema antropogênico,
ambientes ideais para sua fixação, portanto, moldando a
floresta que se conhece hoje por meio da seleção de espécies
úteis (SHANLEY et al., 2015).
Nesse contexto, a Floresta Nacional do Tapajós (Flona
Tapajós) - uma Unidade de Conservação (UC) de Uso
Sustentável, criada pelo Decreto n° 73.684/1974 e, segundo
BRASIL (2000), tem como objetivo o uso sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica (SILVA et al., 2016).
Nas comunidades inseridas na Flona Tapajós, a agricultura
familiar é a principal atividade econômica, com plantio de
mandioca (Manihot spp.), feijão (Phaseolus spp.) e plantas
frutíferas (ICMBIO, 2017). Complementando a dieta
alimentar, os comunitários praticam a pesca e a caça artesanal
(ELIAS; SANTOS, 2016) e, para aumentar a renda das
famílias, além do trabalho com ecoturismo (MOREIRA;
BURNS, 2015), tem também, na coleta de produtos florestais
não madeireiros, fonte de alimento, de plantas medicinais,
fibras, óleos, sementes para artesanatos e outros produtos
que fazem parte da realidade dessas comunidades. São
produtos de valor o apenas econômico, mas de extrema
importância cultural para as populações locais (ELIAS;
SANTOS, 2016).
Os PFNMs são vistos como uma alternativa viável para
o desenvolvimento das comunidades na Amazônia e, ao
mesmo tempo, uma forma de conservação das florestas por
ser uma atividade de baixo impacto. Portanto, o presente
artigo tem como objetivo caracterizar o uso dos produtos
florestais não madeireiros pelas populações ribeirinhas em
comunidades na Flona Tapajós, compreendendo as questões
relacionadas às espécies vegetais coletadas/extraídas, a
transformação e atribuição de valor aos produtos oriundos
dos PFNMs.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
A área de estudo está na região Oeste do Pará, Brasil,
localizada na unidade de conservação Floresta Nacional do
Tapajós (Flona Tapajós), pertencente ao município de
Belterra (Figura 1). O presente trabalho tem autorização para
pesquisa científica do Sistema de Autorização e Informação
da Biodiversidade SISBIO com o n°54874-3. A Flona
Tapajós abrange uma área de aproximadamente 600.000
hectares e apresenta 1.050 famílias e, aproximadamente, 4 mil
moradores, distribuídos em localidades ao longo da rodovia
BR-163 (lotes com assentados do Incra, proprietários e
posseiros), e em 23 comunidades e três aldeias indígenas da
etnia Munduruku As comunidades estão localizadas as
margens do Rio Tapajós, sendo elas: São Domingos,
Maguari, Jamaraquá, Acaratinga, Jaguarari, Pedreira, Bom
Jesus, Piquiatuba, Marituba, Nazaré, Bragança, Novo Marai,
Marai, Pini, Tauari, Chibé, Takuara, Prainha I, Prainha II,
Itapaiúna, Paraíso, Jutuarana, Itapuama, São Francisco das
Chagas, São Francisco do Godinho e Uruará (ICMBIO,
2017).
As comunidades selecionadas para esse estudo foram:
São Domingos, Maguari e Jamaraquá situadas ao norte da
Flona Tapajós (Figura 1), no município de Belterra/PA. A
vegetação é do tipo Floresta Ombrófila Densa de terra firme,
com ocorrência de árvores de grande porte, lianas lenhosas,
epífitas e palmeiras (ICMBIO, 2017). O clima é tropical
úmido com temperatura média anual de 25°C, classificação
Ami, pelo sistema de Köppen, com umidade relativa média
de 86%, com precipitação média anual em torno de 1.820
mm, com o regime de chuvas apresentando uma variação
grande durante o ano, com precipitação mais intensa
ocorrendo nos meses de janeiro a maio (ALVARES et al.,
2013). O relevo varia de plano a ondulado, com predomínio
de Latossolo Amarelo (ITTO, 2004).
Figura 1. Localização das Comunidades Jamaraquá, Maguari e São
Domingos na Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 1. Location of Jamaraquá, Maguari and São Domingos
Communities in the Tapajós National Forest, Belterra, Pará, Brazil.
As pessoas residentes na Flona Tapajós provêm da
miscigenação do povo indígena tapajônico, com migrantes
nordestinos, que vieram trabalhar nos seringais e, em menor
número, com povos africanos, trazidos como escravos pelos
colonos portugueses (CROMBERG; GRECO, 2008).
2.2. Coletas de dados
A coleta de dados referente a caracterização do uso de
PFNMs nas comunidades foi por meio de pesquisa
participativa utilizando o Diagnóstico Rápido Rural DRR
(CHAMBERS, 2013).
Para a aplicação do DRR foram realizadas reuniões
introdutórias com os coletores/artesãos, para explanar os
objetivos da pesquisa (MENTON, 2003) e foi solicitada a
participação dos mesmos na entrevista posterior com aqueles
que trabalham com os PFNMs, momento em que os
entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Como técnica de amostragem foi adotada a bola
de neve (snowball), conforme Minayo et al. (2009).
Após o DRR, foi realizada uma entrevista em cada
comunidade, com a participação de três artesãs na
comunidade de Jamaraquá; seis artesãos na comunidade
Maguari e uma artesão em São Domingos. utilizou-se
perguntas estruturadas (sistemáticas) e perguntas não
estruturadas (assistemáticas) (MINAYO et al., 2009),
relacionadas ao produto extraído/manejado, produtos
confeccionados, atribuição de valor aos produtos,
dificuldades, vantagens e perspectivas futuras com o trabalho
envolvendo PFNMs.
A sistematização e análise de dados teve caráter
explicativo e descritivo, com os dados qualitativos sendo
processados de modo dissertativo. os dados quantitativos
foram organizados em tabelas e analisados por meio de
estatística descritiva, com o auxílio da planilha eletrônica
Excel 2010.
Uso de produtos florestais não madeireiros em comunidades da Flona Tapajós
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
3. RESULTADOS
3.1. Coleta e produção de PFNMs
Nas três comunidades os produtos mais coletados da
floresta são as sementes arbóreas (Tabela 1), sendo as mais
citadas: morototó (Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire,
Steyerm. & Frodin), tento vermelho (Ormosia arborea L.
/Adenanthera pavonina L.), tento amarelo (Ormosia excelsa
Beth), saboneteira (Sapindus saponaria L.), açaí (Euterpe oleracea
Mart.), jutaí (Hymenaea courbaril L.) e a planta herbácea lágrima
de nossa senhora (Coix lacryma-jobi L.).
A produção com PNFMs pelos artesãos das três
comunidades abrangem biojoias, manta FSA (Folha Semi-
Artefato) de látex, cestos e artesanatos de madeira.
Na comunidade Jamaraquá são 10 mulheres e suas
famílias que utilizam as sementes florestais na produção de
biojoias (Figura 2) e agregam a borracha beneficiada do látex
de seringa nesses produtos.
Em Maguari são 14 famílias envolvidas com a produção
da manta FSA (Folha Semi-Artefato), com seis famílias
trabalhando com biojóias (Figura 2). Além das sementes,
utilizam a palha de tucu(Astrocaryum aculeatum G. Mey) e
curuá (Ananas lucidus Miller) para fabricar as biojóias e
cestarias. Outra atividade realizada por uma única família é o
artesanato de animais em madeira para decoração e bancos
(Figura 3). A madeira mais utilizada é o molongó (Lacmellea
arborescens (Müll.Arg.) Markgr.), como cedro (Cedrela spp.),
entre outras.
A família em São Domingos confecciona colares com
sementes e madeira (resíduos), e com as fibras,
principalmente de tucumã fazem cestas decorativas. As
sementes mais utilizadas são: morototó, tento (vermelho e
amarelo), saboneteira, jutaí e babaçu (Attalea speciosa Mart.).
As madeiras utilizadas são: coração de negro (Swartzia
leiocalycina Benth), arara castanha (Joannesia heveoides
Ducke) e itaúba (Mezilaurus itauba (Meissn.) Taub.).
Tabela 1. Produtos florestais não madeireiros coletados/extraídos nas comunidades de Jamaraquá, Maguari e São Domingos na Floresta
Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Table 1. Non-timber forest products collected/extracted in the communities of Jamaraquá, Maguari and São Domingos, in the Tapajós
National Forest, Belterra, Pará, Brazil.
Comunidade
PFNM extraídos/coletados
Jamaraquá
Sementes (morototó, tento vermelho e amarelo,
saboneteira, jutaí, coco,
1
, tucumã
1
, lágrimas de nossa senhora
2
paxiúba-Socratea exorrhiza (Mart.) H.Wendl.
Látex da seringueira - Hevea brasiliensis M. Arg.);
Maguari
Sementes (morototó, tento vermelho
e amarelo, saboneteira, jutaí, coco
-
Cocos nucifera
L., açaí
1
, tucumã
1
-
Astrocaryum
aculeatum G.Mey, lágrimas de nossa senhora2, flamboyant3 - Delonix regia (Hook.) Raf., olho de boi - Dioclea violacea Mart.
ex Benth, cérebro de macaco - Sp, caracaxá ou jupati-Raphia taedigera Mart., Paricá-Schizolobium amazonicum Huber ex
Ducke);
Látex da seringueira
Fibra de tucumã
Fibra de buriti1
Fibra de curuá
Madeiras brancas (molongó)
Madeiras e trocos (cedro, tapiriqueira)
São Domingos
Sementes (morototó, babaçu, açaí
1
, saboneteira
3
)
Palha de tucumã
Madeira para confecção de biojóias (coração de negro, itaúba e arara castanha)
1Comprados em Santarém; 2Comprados no Amazonas; 3Obtido no quintal de casa (plantadas).
Figura 2. Fluxograma dos produtos oriundos dos PFNMs
produzidos nas Comunidades de Jamaraquá, Maguari e São
Domingos, Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 2. Flowchart of products from the NTFPs produced in the
Communities of Jamaraquá, Maguari and São Domingos, Tapajós
National Forest. Belterra, Pará, Brazil.
Figura 3. Fluxograma dos produtos oriundos da madeira produzidos
nas Comunidades de Jamaraquá, Maguari e São Domingos, Floresta
Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 3. Flowchart of wood products produced in the communities
of Jamaraquá, Maguari and São Domingos, Tapajós National
Forest, Belterra, Pará, Brazil.
Gonçalves et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
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3.2. Valorações dos produtos oriundos de PFNMs
Na comunidade Jamaraquá a valoração dos produtos é
feita de forma empírica, por consenso entre as mulheres da
comunidade. Na loja, os produtos vendidos são anotados em
um caderno, sendo feita a discriminação do tipo de produto
e de quem o produziu. Os preços médios variam de R$7,50
a R$18,00 (Figura 4) sendo os principais produtos
produzidos colares, brincos e pulseiras.
Figura 4. Preço médio das biojóias (1. Anel, 2. Brincos, 3. Colares,
4. Pulseiras) produzidas nas Comunidades de Jamaraquá (Preto),
Maguari (Cinza escuro) e São Domingos (Cinza claro), Floresta
Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 4. Average price of biojewels (1. Ring, 2. Earrings, 3.
Necklaces, 4. Bracelets) produced in the communities of Jamaraquá
(Black), Maguari (Dark gray) and São Domingos (Light gray), in
Tapajós National Forest, Belterra, Pará, Brazil.
Em Maguari os grupos familiares definem os valores de
cada peça, dentre elas, colares, pulseira, brincos e anéis, com
preços médios que variam de R$4,00 a R$20,00 reais (Figura
4). A maioria tem um registro da venda de suas peças anotado
em um caderno.
Os animais entalhados são produzidos por apenas um
artesão que trabalha sozinho. Os valores dos artefatos
decorativos variam de acordo com o tamanho e o grau de
dificuldade de produção. O artesão atribuiu dois tamanhos
(pequeno e grande), variando de R$10,00 a R$20,00, os
pequenos, e, R$200,00 a R$300,00, as peças maiores.
Na comunidade de São Domingo os valores dos
produtos produzidos com PFNMs variam de R$6,50 a
R$15,00 reais (Figura 4). As peças vendidas não são
registradas pelos artesãos, dessa forma, não fazem o controle
da quantidade e nem discriminam o que é comercializado.
3.3. Vantagens e dificuldades na coleta e produção de
PFNMs
As principais vantagens apontadas na pesquisa foram à
localização de coleta das sementes (29%), seguido da boa
aceitação do mercado (venda) (22%) e a geração de renda
para os comunitários (21%) (Figura 5).
Dentre as dificuldades mencionadas pelos entrevistados,
as que mais foram citadas são o acesso as árvores da floresta
(29%), a colheita das sementes (23%), e a coleta de sementes
no período chuvoso (12%) (Figura 6).
Algumas sementes são difíceis de coletar, seja pela altura
da árvore, ou pela distância a ser percorrida. A coleta das
sementes ocorre uma vez ao ano, em função do período de
frutificação de cada espécie.
Figura 5. Principais vantagens no manejo de PFNMs e seus
produtos nas comunidades de Jamaraquá, Maguari e São Domingos,
Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 5. Main advantages in the management of NTFPs and their
products in the communities of Jamaraquá, Maguari and São
Domingos, Tapajós National Forest, Belterra, Pará, Brazil.
Figura 6. Principais dificuldades no manejo de PFNMs e seus
produtos nas comunidades de Jamaraquá, Maguari e São Domingos,
Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará, Brasil.
Figure 6. Main difficulties in the management of NTFPs and their
products in the communities of Jamaraquá, Maguari and São
Domingos, Tapajós National Forest, Belterra, Pará, Brazil.
4. DISCUSSÃO
Os produtos mais coletados da floresta são as sementes
arbórea. A maioria é coletada na floresta nos entornos das
comunidades. Na comunidade Maguari, os comunitários
coletam sementes para produção artesanal em locais de
floresta secundária (GONÇALVES et al., 2019).
Algumas espécies foram domesticadas no quintal das
residências dos artesãos, como é o caso da saboneteira.
Outros, como açaí e a lágrima de nossa senhora, que são
utilizadas na confecção do artesanato local são compradas em
lojas de Santarém (açaí) e Manaus (lágrimas de nossa
senhora).
As principais atividades desenvolvidas com os PFNMs
Em Jamaraquá, Maguari e São Domingos estão relacionadas
a produção de biojoias e outros artesanatos, que por sua vez,
ganharam mais notoriedade através do turismo ecológico nas
comunidades envolvidas, além de impulsionar a participação
das mulheres no papel principal dessa atividade.
Os trabalhos que abordam o uso de PFNMs na produção
de artesanato por comunidades tradicionais (SILVA et al.,
2014; SANTOS; SILVA et al., 2016; LOPES;
SCHEIRHOLT, 2018), descrevem que em sua maioria a
produção de biojoias e outros artefatos é realizado por
mulheres, assim como nas comunidades do presente estudo.
As mulheres, por exemplo, têm a função de coletar as
sementes (sementes do chão da floresta), selecioná-las, cozê-
las e manufaturá-las para a comercialização posterior. a
função dos homens, são as atividades mais pesadas, em
princípio é a coleta de semente em que precise subir nas
árvores, portar facões, cortar galhos de árvores ou arbustos
0
4
8
12
16
20
24
Anel Brinco Colar Pulseira
Preço médio (R$)
Jamaraquá Maguari São Domingos
14%
14%
21%
22%
29%
0% 10% 20% 30%
Apoio de Instiuições
Fácil de trabalhar com as sementes
Gera renda para a família
Tem mercado
Local de Coletas das sementes
próximo da residência
Frequência
6%
6%
6%
6%
12%
12%
23%
29%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Coleta de madeira
Poucas árvores
Transportar as sementes
Beneficiamento das fibras
Coleta em período chuvoso
Beneficiamento das sementes
Acesso as árvores na floresta
Colheita de sementes
Frequência
Uso de produtos florestais não madeireiros em comunidades da Flona Tapajós
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
que obstruam a trilha, matar animais peçonhentos, entre
outros (SILVA et al., 2014).
Na comunidade de Jamaraquá, os produtos gerados pelas
sementes são confeccionados por um grupo de mulheres que
produzem as biojoias e os artesanatos. A confecção ocorre
na casa das artesãs, que posteriormente são levados para um
local comunitário para serem expostos aos visitantes
As mulheres artesãs de Jamaraquá, destacaram a
habilidade de coleta de sementes, para a confecção de
biojoias, utilizando seus conhecimentos empírico sobre o uso
do ecossistema florestal, para identificar as sementes mais
resistentes, onde encontrar, em qual período do ano, período
de perecibilidade, dentre outras atribuições (SILVA et al.,
2014). No presente estudo, as mulheres são a maioria nas
atividades envolvendo PFNMs, principalmente no
artesanato. Porém, foi evidenciada a participação dos homens
como o descobridor de novos pontos de coleta de sementes.
A relação das mulheres e os PFNMs é baseado
historicamente na cultura de alguns povos em coletar
alimentos, combustíveis e matéria-prima para artesanatos
como uma atividade atribuída ao gênero feminino. Em
contrapartida, o homem tem a função de coletar produtos
utilizados com menos frequência, como a madeira para
construção de casas, postes e cercas, além de outros serviços
considerados pesados como a caça (Shackleton et al., 2011).
As mulheres em Jamaraquá não coletam as sementes na
floresta, é um trabalho dos homens (esposos e filhos) que vão
à floresta, no ecossistema de terra firme, em busca de
morototó, tento vermelho, paxiúba (Socratea exorrhiza (Mart.)
H.Wendl.) e, no ecossistema de igapó, colhem o tento
amarelo.
Assim também acontece em Maguari, as famílias
envolvidas nessa atividade têm suas tarefas bem divididas. Os
homens coletam as sementes, e as mulheres fazem o
beneficiamento e a montagem das biojoias, assim como em
São Domingos. As espécies coletadas são: jutaí, saboneteira,
morototó, tento vermelho, seringa, caracaxá ou jupati,
cérebro de macaco e o flamboyant são coletados na floresta,
enquanto o tento amarelo é coletado na praia, além da
extração do látex para fazer as mantas de FSA.
Em Maguari, a coleta de semente é destinada à montagem
de biojoias, e a madeira, para fabricação de animais
entalhados usados em decoração. Na produção das biojoias
cada artesão vende sua produção na sua residência, mas a
confecção é feita em pequenos grupos de mulheres, que se
reúnem na casa de uma artesã, normalmente com a matriarca
da família, para a montagem.
A produção das biojoias em Maguari foi impulsionada
pelo crescente turismo na comunidade em que os turistas
ficam hospedados nas casas dos comunitários. Além da
hospedagem, a venda de artesanato e biojoias foram
incrementadas para que os visitantes pudessem levar uma
lembrança do local. A produção de biojoias na comunidade
visa a comercialização em escala local para os visitantes da
comunidade (SILVA et al., 2014; SILVA et al., 2016).
Quanto a comunidade de São Domingos a produção
familiar gira em torno de cestas, biojoias e artesanato em
madeira, mas sua principal renda advém do ecoturismo. A
produção do artesanato e da biojoias já eram praticados pelo
núcleo familiar, no entanto, para uso pessoal. Com o
vislumbre de agregar valor cultural para que os turistas
pudessem associar algo da comunidade a cultura local, além
da possibilidade de renda extra para a subsistência familiar,
começaram a produzir artesanatos e biojoias para exposição
e venda aos turistas.
O turismo alicerçado nas comunidades vem beneficiando
as populações tradicionais nas três comunidades do presente
estudo. O Plano de Manejo da Unidade prevê e incentiva esse
tipo de atividade, tanto que foram oferecidos cursos de
capacitação aos comunitários, incluindo cursos destinados
para a melhoria das técnicas de produção de biojoias,
investimentos na infraestrutura e implantação de trilhas. No
entanto, vínculos precisam ser restabelecidos
e novas parcerias feitas para que esse alvo seja alcançado
(MOREIRA; BURNS, 2015).
A produção de biojoias, utilizando os recursos da
natureza, ao mesmo tempo promovem a valorização da
cultura e mão de obra local, contribui significativamente para
o desenvolvimento sustentável como um todo (GONDIM,
2015). A produção e a coleta de sementes da floresta nas
Comunidades de São Domingos, Maguari e Jamaraquá é uma
atividade social direcionada à conservação da floresta, por
não retirar recursos além de suas necessidades e, dessa forma,
colaborar com o manejo tradicional e usufruto dos recursos
disponíveis no entorno das comunidades (SILVA et al.,
2016).
Muitos povos indígenas utilizavam sementes na
confecção de suas indumentárias de rituais, atualmente esses
artefatos são vendidos nas cidades por várias etnias indígenas
(ZEA, 2006; CARVALHO, 2015). A etnias Wai-Wai, do
território indígena (T.I), Nhamundá-Mapuerá, em
Oriximiná-PA, confeccionam biojoias principalmente das
sementes de morototó que são coletadas no entorno de suas
habitações. Essas sementes são beneficiadas e tingidas para a
elaboração de diversas peças (ZEA, 2006).
A etnia Saterê-Mawé, localizada no médio Rio Amazonas,
denominada T.I. Andirá-Marau, na fronteira dos Estados do
Amazonas e do Pará, também utilizam as sementes de
diversas espécies, a saber: jarina (Phytelephas macrocarpa Ruiz &
Pav.), murumuru (Astrocaryum murumuru Mart.), ingarana
(Abarema jupunba Barneby & Grimes), morototó, puçá
(Mouriri apiranga Spruce ex Triana) e o tucumã
(CARVALHO, 2015).
A produção das biojoias nas comunidades da Flona
Tapajós tornou-se um complemento de renda para muitas
famílias. Porém, deve ser realizada de maneira sustentável,
sem agressão ao meio ambiente e sem a geração de muitos
resíduos durante as etapas de produção. Esses processos
fortalecem as culturas regionais, pois os materiais para
confecção das biojoias são encontrados nas florestas,
refletindo os valores sociais, culturais e econômicos de cada
parte do país (GONDIM, 2015).
A atribuição de valor aos produtos mostra que os artesãos
se preocupam com a qualidade das peças produzidas e, dessa
forma, eles compreendem que o consumidor vai ter uma
melhor aceitação do produto (SEBRAE, 2014; SILVA et al.,
2014; SILVA et al., 2016). Entretanto, alguns aspectos
relacionados ao controle do que é vendido, ou qual peça tem
maior aceitação, ainda não é percebida como importante,
assim, não se tem uma ideia de qual item tem maior
aprovação por parte dos compradores que visitam as
comunidades. Em Jamaraq e Maguari a maioria dos
artesãos possui controle do que é vendido, mostrando uma
maior organização, em relação aos de São Domingos, que
não possuem controle na produção e venda de suas peças.
Os critérios para atribuir valor monetário às sementes são
a dureza, dificuldade para encontrá-las na floresta e valor
estético. Quanto mais duras, as sementes oferecem mais
Gonçalves et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
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resistência ao desgaste ao longo do tempo; quanto mais
difíceis de serem encontradas, mas incidirá no seu valor de
troca final. Além disso, a estética é determinante para o valor
final da peça.
Esses critérios fazem com que se agregue valor as peças
produzidas pelos comunitários, e assim podem corar um
maior. Em Jamaraquá, 15% das famílias artesãs pagam suas
despesas mensais somente com a produção de biojoias, por
isso é considerada como complementação, as principais
fontes de renda são bolsa governamental e turismo
(SANTOS et al., 2018). Análogo ao que acontece nas
comunidades em estudo, outras comunidades inseridas na
Amazônia, executam manejo similar à extração de PFNMs
para fins de subsistência e geração de renda (AMARAL et al.,
2007; AHENKAN; BOON, 2010; PEREIRA et al., 2016).
Essa geração de renda complementar é possível graças à
facilidade de encontrar áreas para coleta de semente, pois
ocorrem em florestas próximas as residências, apresentando
facilidade de obter a matéria-prima para produção dos
artesanatos e biojoias. Exemplo disso, é a semente do tento
amarelo, que se localiza em florestas de igapó próximas das
casas dos comunitários. Além disso, domesticaram as
espécies saboneteira e flamboyant, plantando essas árvores
em seus quintais, facilitando ainda mais a obtenção das
sementes.
A facilidade de comercialização apontada como
vantagem nos resultados, ocorre devido a venda direta dos
artesanatos e biojoias produzidos nas comunidades. Para os
comunitários houve uma melhoria com o advento do
ecoturismo nas comunidades, onde isso impulsionou as
comunidades a investir no mercado de biojoias.
Para o mercado local, em Jamaraqcriou-se uma loja
para a venda dos artesanatos produzidos na comunidade,
além disso uma mini fábrica artesanal para o
beneficiamento da manta de FSA em anexo à loja. A
comunidade verticaliza a produção de borracha por meio da
confecção de FSA e Folha Defumada Líquida (FDL)
(GAMA et al., 2017).
Em Maguari, o mercado funciona na casa de uma das
artesãs, em um expositor adaptado, em que os turistas que
visitam a comunidade, visualizam e assim compram os
produtos. Da mesma forma, os artesãos de São Domingos,
tem suas em suas casas as peças expostas para os visitantes e
hospedes.
Com a produção e venda dos artesanatos e biojoias, a
renda dessas famílias aumentou, aproximadamente 24%,
principalmente nos meses de julho e janeiro (Silva et at. 2016)
um ponto positivo no manejo de PFNMs nessas
comunidades. Em destaque, as mulheres (artesãs) que antes
não possuíam renda, apenas executavam trabalhos
domésticos, viram uma oportunidade de um ofício para
agregar a renda familiar.
As artesãs de Jamaraquá relatam que com o dinheiro
proveniente da venda das biojoias, conseguem ter certa
independência financeira dos maridos, conseguindo comprar
tanto material para a produção das biojoias e também
produtos para seu uso pessoal ou para a casa.
Os artesãos de Maguari acreditam que o lucro das vendas
dos artesanatos e biojoias melhorou a renda das famílias
envolvidas. Da mesma maneira a família de São Domingos
acredita que a renda extra aumentou o poder de compra,
tanto para compra de bens e alimentação, como também para
material para produção das biojoias.
O apoio das instituições como Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), Ministério da
Educação, por meio do Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará
(Emater) foram mencionados como agentes colaboradores
na produção de artesanatos e biojoias.
O ICMBIO promove o desenvolvimento socioambiental
pela concessão de áreas destinadas ao manejo de recursos
naturais. O Pronatec capacitou os artesãos na produção de
biojoias, possibilitando o melhoramento das técnicas e
atribuição de valor as peças produzidas. A Emater promove
assistência técnica a agricultura familiar realizada pelas
populações tradicionais, em parceria com a Cooperativa
Mista da Flona Tapajós (Coomflona) por meio do Termo de
Reciprocidade (ICMBIO, 2017). Outra vantagem atribuída é
a facilidade em trabalhar com sementes, o manuseio e as
técnicas de beneficiamento o conhecidos pelos artesãos,
pois foram repassados pelos antecessores, que antes
produziam apenas para seu próprio uso.
Sobre as dificuldades no manejo de PFNMs a coleta de
sementes foi uma das que mais se destacaram, em especial, a
coleta das sementes de morototó, tento vermelho e paricá.
Cada espécie citada apresenta um motivo adverso. O
morototó e o paricá são árvores altas e para a coleta de suas
sementes é preciso subir ou derrubá-las para conseguir as
sementes. O tento vermelho possui sementes contidas em
vagens e, quando maduras, essas vagens se abrem e despejam
as sementes em diferentes distâncias e, com isso, achar as
sementes no chão da floresta se torna uma tarefa demorada
para a coleta da quantidade necessária de sementes.
Como a maioria das sementes é coletada na floresta, a
outra dificuldade relacionada é a coleta em grandes distâncias,
que as árvores se encontram dispersas, com isso, os
coletores ficam longas horas caminhando pela floresta em
busca de sementes adequadas, ou seja, sementes não
danificadas, sem parasitismo ou fungos. A coleta em período
chuvoso também impede a chegada em determinados pontos
da floresta, pois algumas árvores se encontram em áreas
distantes e de difícil acesso, além disso, algumas sementes
podem ter sua qualidade afetada por conta do contato com a
umidade do solo, podendo ser degradada por insetos ou
infectada por fungos. Assim como a coleta de madeira, em
especial, o molongó que tem que ser derrubado com técnica
própria para não danificar sua qualidade.
Outro problema é o transporte da semente, como eles
coletam para o ano todo, são grandes quantidades de semente
a serem levadas até suas casas, tornando o trabalho pesado e
cansativo, pois o percurso é feito todo a pé. A espécie
saboneteira possuem poucas árvores e dessa forma, não é
possível coletar uma quantidade suficiente de sementes,
sendo necessário ir a outros locais para sua coleta ou até
mesmo comprar de outras comunidades.
O beneficiamento das sementes também foi citado como
dificuldade na comunidade de Maguari, pois muitas delas
exigem que passe por um processo para retirada da polpa dos
frutos, da seleção das sementes mais bonitas, depois são
perfuradas, para que assim, sejam usadas na produção de
biojoias. Algumas delas precisam ser fervidas antes de serem
usadas, como a saboneteira e o morototó.
Apesar das dificuldades existentes na coleta e manejo de
PFNMs, todos os atores em questão, sejam na coleta, como
na produção dos artesanatos e biojoias, acreditam que essa
atividade será por muito tempo valorizada, principalmente se
houver investimento em aperfeiçoamento nas técnicas de
Uso de produtos florestais não madeireiros em comunidades da Flona Tapajós
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 302-309, mai./jun. 2021.
produção, assim como, no melhor aproveitamento da
matéria-prima, por meio do manejo adequado a cada tipo de
recursos (PEREIRA et al., 2016). Portanto, os artesãos e os
coletores têm a consciência de suas limitações atuais, em
termos de uso de recursos florestais, e esperam que, no
futuro, suas atividades tenham uma valorização e
reconhecimento por parte das instituições públicas, dos
visitantes e frequentadores da UC, e que o ecoturismo
aumente as oportunidades e expansão da produção de
biojoias e artesanatos.
5. CONCLUSÕES
A riqueza de PFNMs na Amazônia tem sido fonte de
renda para comunidades que utilizam os recursos da floresta,
ou de seus arredores, como matéria prima para a confecção
de artesanato e biojoias. Um exemplo são as sementes de
morototó que são bastantes utilizadas nas comunidades da
Flona do Tapajós, especialmente na composição das biojoias.
Esses produtos têm sido divulgados e vendidos através do
turismo de base comunitária onde o comercio funciona de
forma local. Embora os recursos estejam disponíveis na
floresta, existem dificuldades enfrentadas pela atividade,
como a capacitação comunitária para gerir melhor os
recursos. Os produtos oriundos da floresta são valorizados
por serem uma representação cultural e social dos povos da
floresta, além de ser uma atividade geradora de renda. Por
isso, deve-se haver maior incentivo para o manejo,
principalmente uma maior organização, seja por meio de
associações ou cooperativas de artesãos para melhorar
técnicas de coletas, beneficiamentos e produções mais
eficientes e menos danosas a floresta, como também buscar
investimentos para o desenvolvimento da atividade e das
comunidades.
6. AGRADECIMENTOS
A pesquisa foi apoiada pela Universidade Federal do
Oeste do Pará (UFOPA), Programa de Pós-Graduação em
Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND), e pela
Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas
(FAPESPA) pela bolsa de fomento das autoras do presente
estudo.
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