Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 367-372, 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i4.11290 ISSN: 2318-7670
Quantificação do banco de sementes de plantas daninhas sob diferentes
sistemas de manejo do solo
Ana Karyne Pereira MELO1, José Anchieta Alves ALBUQUERQUE1*, Raphael Henrique da Silva SIQUEIRA2,
Edmilson Evangelista da SILVA3, Roberto Dantas de MEDEIROS3, Leandro Torres de SOUZA1,
Anderson Carlos de Melo GONÇALVES1
1Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brasil.
2Instituto Federal de Roraima, Amajari, RR, Brasil.
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Boa Vista, RR, Brasil.
*E-mail: anchietaufrr@gmail.com
(ORCID: 0000-0003-4151-1192; 0000-0003-4391-258X; 0000-0002-8300-5928; 0000-0002-6454-1506;
0000-0002-5601-049X; 0000-0002-6970-2671; 0000-0003-4151-1192)
Recebido em 16/10/2020; Aceito em 29/08/2021; Publicado em 20/09/2021.
RESUMO: A composição, dinâmica e longevidade do banco de sementes do solo é variável em função do
sistema de manejo, condições climáticas e espécies de plantas daninhas presentes. Desse modo, objetivou-se
quantificar o banco de sementes de plantas daninhas do solo sob diferentes sistemas de manejo do solo. O
experimento foi realizado em área de cerrado, no campo experimental da Embrapa e posteriormente em casa
de vegetação da Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. Foi utilizado delineamento
inteiramente casualizado em esquema fatorial 5x4x2 com quatro repetições. Os tratamentos consistiram do uso
associado entre cinco diferentes sistemas de manejo do solo (vegetação nativa, cultivo mínimo, sistema de
plantio direto, sistema convencional e sistema convencional com rotação de cultura), quatro profundidades de
solo (0-5; 5-10; 10-15 e 15-20 cm) e duas amostras de solo (indeformada e deformada). O sistema de plantio
direto mostra-se eficiente no controle de plantas daninhas, pois o número de germinantes é inferior ao
observado no sistema convencional, convencional com rotação e vegetação nativa. O maior número de
germinantes são encontradas nas amostras deformadas e nas profundidades 0-5 e 5-10 cm do solo.
Palavras-chaves: sistemas de cultivo; cerrado de Roraima; plantas infestantes.
Quantification of the weed seed bank under different soil management
systems
ABSTRACT: The composition, dynamics and longevity of the soil seed bank is variable depending on the
management system, climatic conditions and weed species present. Thus, the objective was to evaluate the
quantification of the seed bank of weeds in the soil under different soil management systems. The experiment
was carried out in a cerrado area, in the Embrapa experimental field and later in the greenhouse of the
Agronomy course at the Federal University of Roraima, Boa Vista, Roraima, Brasil. A completely randomized
design in a 5x4x2 factorial scheme with four replications was used. The treatments consisted of the associated
use between five different soil management systems (native vegetation, minimum cultivation, no-tillage system,
conventional system and conventional system with crop rotation), four soil depths (0-5; 5-10; 10 -15 and 15-
20) cm and two soil samples (unformed and deformed). The no-tillage system proved to be efficient in the
control of weeds, since the number of germinants was lower than that observed in the conventional,
conventional system with rotation and native vegetation. The greatest number of germinants were found in the
deformed samples and at depths 0-5 and 5-10 cm from the soil.
Keywords: cultivation systems; cerrado of Roraima; weeds.
1. INTRODUÇÃO
Com práticas agrícolas inadequadas e consequente
remoção da cobertura vegetal, o solo é exposto à ação direta
das condições climáticas, e, quando submetido à intensa
atividade de cultivo, há alterações sobre os processos físicos,
químicos e biológicos, modificando sua qualidade
(PORTUGAL et al., 2012). Em contrapartida, a agricultura
sustentável é dada pelo manejo e conservação dos recursos
naturais de modo tecnicamente apropriado, economicamente
viável e socialmente aceitável.
Nesse contexto, a adoção de sistemas conservacionistas
como plantio direto e cultivo mínimo vem ganhando
destaque como alternativa para solucionar alguns problemas
nas lavouras. Um dos problemas é o controle de plantas
daninhas que acarreta elevados custos à produção agrícola
(LOUSADA; ESTEVES, 2017).
Qualquer mudança no sistema de produção agrícola
provoca alterações ambientais, que, com frequência, causam
grande impacto no tamanho da população e diversidade de
espécies de plantas daninhas, pois atuam como fator
ecológico não periódico (SOARES, 2011; TEIXEIRA
JUNIOR et al., 2020). A adoção de práticas conservacionistas
influenciam as populações de plantas daninhas de maneira
Melo et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 367-372, 2021.
368
diferente no perfil do solo (CHAUHAN et al., 2012;
SCHWARTZ et al., 2015; MELO et al., 2021).
O banco de sementes tem a função de assegurar a
perpetuação das espécies. Essa perpetuação se dá através de
mecanismos ligados a semente, como dormência,
longevidade e viabilidade, que permitem que as mesmas
permaneçam por longos períodos nas diversas profundidades
do solo (LACERDA et al., 2012).
O banco de sementes e as plantas que não o eliminadas
com as práticas de manejo constituem as principais fontes de
infestações futuras de plantas daninhas nas culturas
(LACERDA et al., 2011).
Assim, no caso das lavouras contínuas, a rotação de
culturas e o preparo do solo podem modificar a composição
e a densidade dos bancos de sementes (GOULART et al.,
2019). Deste modo, o reconhecimento da importância da
qualidade física e química do solo, em termos agronômicos,
bem como o conhecimento da composição e da dinâmica dos
bancos de sementes pode contribuir para o aperfeiçoamento
do manejo em diferentes sistemas de cultivo.
Objetivou-se com este trabalho quantificar o número de
germinantes viáveis no banco de sementes de plantas
daninhas em área submetida a cinco sistemas de manejo do
solo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa compreendeu um experimento do Projeto
Sistema Plantio Direto (2015/2018) (Tabela 1) conduzido no
ano agrícola de 2018, inicialmente, no campo experimental
Água Boa da Embrapa Roraima, no município de Boa Vista
- RR, cujas coordenadas geográficas de referência são
registradas a 02º 39’ 00’ de latitude, 60º 49’ 40’’ de longitude
e 90 m de altitude e posteriormente em casa de vegetação no
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de
Roraima (UFRR), município de Boa Vista, Roraima, sendo as
coordenadas geográficas de referência 2º49’11” de latitude,
60º40’24” de longitude e de 90 m de altitude.
O clima da região, conforme Koppen, é classificado
como tropical chuvoso, com médias anuais de precipitação,
umidade relativa e temperatura de 1667 mm, 70% e 27,4o C,
respectivamente, apresentando período chuvoso com início
em abril e término em setembro. Os dados de precipitação
pluviométrica e de temperatura média mensais, coletados
durante o período experimental, estão representados na
Figura 1.
O solo foi classificado como ARGISSOLO AMARELO
Distrocoeso textura média (EMBRAPA, 2018).
A pesquisa foi realizada no ano agrícola de 2018, o
delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado em esquema fatorial 5x4x2 e quatro repetições
com cada parcela medindo 10 m2. Os tratamentos
consistiram do uso associado entre cinco diferentes sistemas
de manejo do solo (vegetação nativa, cultivo mínimo, sistema
plantio direto, sistema convencional e convencional com
rotação de cultura), quatro profundidades de solo (0-5; 5-10;
10-15 e 15-20 cm) e duas amostras de solo (indeformada e
deformada).
Tabela 1. Esquema de cultivo do experimento no campo experimental Água boa, no município de Boa Vista, Roraima.
Table 1. Experimental cultivation scheme in the Água Boa experimental field, in the municipality of Boa Vista, Roraima.
Ano
Sistema de Cultivo
Tratamento
2015
2016
2017
2018
Plantio direto
Soja+Brachiaria
Milho+Brachiaria
Soja+Brachiaria
Soja+Brachiaria
Cultivo mínimo
Soja+Brachiaria
Soja+Brachiaria
Soja+Brachiaria
Soja+Brachiaria
Plantio convencional
com rotação 3 Soja+Brachiaria Milho+Brachiaria Soja+Brachiaria Soja+Brachiaria
Plantio convencional
Soja
Soja
Soja
Soja
Vegetação nativa
Pousio
Pousio
Pousio
Pousio
Figura 1. Precipitação pluviométrica (mm) e temperatura máxima e
mínima (ºC) mensal entre maio e setembro de 2018. Boa Vista,
Roraima, 2020. Fonte: INMET.
Figure 1. Rainfall (mm) and monthly maximum and minimum
temperature (°C) between May and September 2018. Boa Vista,
Roraima, 2020. Source: INMET.
No experimento foi utilizado a metodologia de
emergência das sementes em solo, que requer menos trabalho
e detecta a fração de sementes que germina.
a) Amostras deformadas de solo: as amostras de solo
foram obtidas nas entrelinhas e linhas de plantio através de
quatro amostras de solo composta por 12 sub amostras cada,
nas profundidades de 0-5; 5-10,10-15 e 15-20 cm do solo com
amostrador de diâmetro de 5 cm (ROBERTS; NEILSON,
1982). Totalizando 48 amostras por parcelas. As amostras
foram destorroadas em peneira com malha de 6mm e
acondicionadas em bandejas plásticas (25 cm x 40 cm x 7 cm).
As bandejas foram mantidas em casa de vegetação com
umidade próxima a capacidade de campo, irrigadas duas
vezes ao dia.
b) Amostras indeformadas de solo: as amostras de solo
foram obtidas nas entrelinhas e linhas de plantio nas
profundidades de 0-5; 5-10,10-15 e 15-20 cm do solo através
de um amostrador feito com cano cilíndrico com base
inferior em forma de bizel, com 12 cm de diâmetro e 5 cm
de profundidades. Após coleta foi adicionado na extremidade
inferior do cano PVC tecido específico para drenagem da
22
23
24
25
26
27
28
29
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Maio Junho Julho Agosto Setembro
Temperatura ºC
Precipitação Pluvial (mm)
Meses
Temperatura Máxima Temperatura Mínima
Quantificação do banco de sementes de plantas daninhas sob diferentes sistemas de manejo do solo
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 367-372, 2021.
água. Os canos foram mantidos em casa de vegetação com
umidade próxima a capacidade de campo, irrigadas duas
vezes ao dia.
A variável avaliada foram as plântulas resultantes da
germinação que após três meses foram contadas e
identificadas por meio de literatura específica (LORENZI,
2000; MOREIRA; BRAGANÇA, 2010; LORENZI, 2014).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância, determinando-se a significância através do teste F
a 5% de probabilidade. Para a análise das variáveis utilizou-se
o teste de Tukey a 5% de probabilidade com o auxílio do
programa estatístico SISVAR versão 5.1 (FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS
O manejo do solo com sistema de plantio direto e cultivo
mínimo proporcionaram menor número dio de
germinantes por metro quadrado (165 e 217,5
respectivamente), diferindo do sistema convencional que
apresentou o maior número (649,3) (Tabela 2). A presença de
resíduos vegetais sobre a superfície do solo no sistema de
plantio direto age diretamente na germinação e emergência
de plantas daninhas no banco de sementes do solo. Quanto
a profundidade, a média do número de germinantes do banco
de semente do solo de plantas daninhas nas profundidades
de 0-5; 5-10 cm do solo não diferiram estatisticamente e
foram maiores que para as profundidades de 10-15; 15-20 cm
(Tabela 2).
Tabela 2. Número de germinantes do banco de semente de plantas daninhas nos diferentes sistemas de manejo do solo sob diferentes
profundidades, Boa Vista, RR, 2020.
Table 2. Number of germinants from the weed seed bank in different soil management systems at different depths, Boa Vista, RR, Brazil,
2020.
Sistema de Cultivo
Profundidade do solo (cm)
0
-
5
5
-
10
10
-
15
15
-
20
Média
Plantio direto
190,0
190,0
145,0
135,0
165,0 c
Cultivo mínimo
257,5
265,0
190,0
157,5
217,5 c
Convencional com rotação
415,0
375,0
327,5
270,0
346,8 b
Convencional
680,0
707,5
630,0
580,0
649,3 a
Vegetação nativa
425,0
387,5
350,0
355,0
379,3 b
Média
393,5 a
385,0 a
328,4 b
299,5 b
-
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade
Para o número médio de germinantes do banco de
sementes de plantas daninhas houve interação significativa
entre os sistemas de manejo do solo e as amostras de solo
(Tabela 3). Em relação as amostras indeformadas, de modo
geral, o sistema convencional foi estatisticamente superior ao
cultivo mínimo e sistema de plantio direto, porém foi igual
ao sistema convencional com rotação de culturas e vegetação
nativa (Tabela 3). O cultivo mínimo foi estatisticamente igual
ao sistema convencional com rotação de cultura, vegetação
nativa e sistema de plantio direto. O sistema de plantio direto
mostrou-se eficiente no controle de plantas daninhas, pois o
número de germinantes foi inferior ao observado no sistema
convencional, sistema convencional com rotação de cultura
e vegetação nativa (Tabela 3).
Tabela 3. Número de germinantes do banco de semente e plantas
daninhas nos diferentes sistemas de manejo do solo sob diferentes
amostras de solo, Boa Vista, RR, 2020.
Table 3. Number of seed bank germinants and weeds in different
soil management systems under different soil samples, Boa Vista,
RR, 2020.
Sistema de Cultivo
Amostra de solo
Média
Indeformada
Deformada
Plantio direto
53,0 Cb
165,0 Da
109
Cultivo mínimo
83,0 BCb
217,0 Ca
150
Convencional com
rotação 102,0 ABb 346,0 Ba 275
Convencional
135,0 Ab
649,0 Aa
392
Vegetação nativa
100,0 ABb
379,0 Ba
289,5
Média
94,6
351,2
-
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade
Para as amostras deformadas, o sistema convencional
apresentou maior número de germinantes (649 plântulas por
metro quadrado), seguido da vegetação nativa e sistema
convencional com rotação de cultura (379 e 346 plântulas por
metro quadrado respectivamente) que não diferiram
estatisticamente. O sistema de plantio direto apresentou
menor número de germinantes (165 plântulas por metro
quadrado) (Tabela 3).
Em todos os sistemas de manejo do solo avaliados, as
amostras deformadas apresentaram maior número de
germinantes de plantas daninhas por metro quadrado em
relação as amostras indeformadas, diferindo assim
estatisticamente. Essa maior infestação de plantas daninhas
pode ser explicada devido ao maior grau de perturbação do
solo nas amostras deformadas.
Não houve diferença estatística no número de
germinantes do banco de semente do solo de plantas
daninhas das amostras indeformadas nos diferentes níveis de
profundidades do solo. Nas amostras deformadas as
profundidades 0-5 e 5-10 cm do solo não diferiram
estatisticamente e apresentaram em média 393 e 385
germinantes, respectivamente, seguido das profundidades
10-15 e 15-20 cm do solo que não diferiram estatisticamente
e apresentaram os menores números de germinantes de
plantas daninhas (Tabela 4).
Tabela 4. Número de germinantes do banco de semente de plantas
daninhas nas diferentes profundidades sob diferentes amostras de
solo, Boa Vista, RR, 2020.
Table 4. Number of germinants from the weed seed bank at
different depths under different soil samples, Boa Vista, RR, 2020.
Profundidade
Amostra de solo
Média
Indeformada
Deformada
0
-
5 cm
111,0 Ab
393 Aa
252
5
-
10 cm
104,0 Ab
385 Aa
296,5
10
-
15 cm
87,0 Ab
328 Ba
207,5
15
-
20 cm
77,0 Ab
299 Ba
188
Média
97,75
351,25
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Melo et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 4, p. 367-372, 2021.
370
4. DISCUSSÃO
A rotação de culturas, juntamente com a cobertura
permanente e o mínimo revolvimento do solo, compõe os
princípios básicos do sistema de plantio direto. A ausência
dessa prática acarreta o surgimento de alterações de ordem
química, física e biológica no solo, que podem
comprometer a estabilidade do sistema produtivo. Dentre as
alterações observadas se destaca o acréscimo da infestação de
plantas daninhas (FRANCHINI et al., 2011).
A presença de resíduos vegetais sobre a superfície do solo
no sistema de plantio direto age diretamente na germinação
e emergência de plantas daninhas no solo. As espécies de
plantas de cobertura e a quantidade de resíduos produzidos
podem afetar o crescimento e o desenvolvimento das plantas
daninhas, por meio da liberação de compostos alelopáticos
e/ou pelo efeito físico, impedindo assim a sobrevivência das
sementes germinadas na superfície do solo (GOMES JR.;
CHRISTOFFOLETI, 2008).
No sistema de plantio direto, onde as sementes de plantas
daninhas estão concentradas na superfície do solo,
ocorre diminuição do banco de sementes, pela indução da
germinação, perda de viabilidade, predação e parasitismo
(MONQUERO; CHRISTOFFOLETI, 2005).
Segundo YENISH et al. (1992), a concentração das
sementes de plantas daninhas diminui de forma logarítmica
com o aumento da profundidade do solo.
Segundo Ronchi et al. (2010) o conhecimento da
profundidade na qual a plântula é capaz de emergir pode
permitir uma melhor adoção de práticas de manejo a ser
utilizada.
Trabalhos realizados por Lessa et al. (2012) avaliando
sementes de Emilia coccínea (Asteraceae) em várias
profundidades, verificou que a percentagem de germinação e
o índice de valor de emergência foi negativamente afetado
com o enterrio abaixo de 5 cm. Concluíram ainda que a
capacidade de emergência das plântulas é superior quando as
sementes se encontram na superfície do substrato.
Monquero et al. (2012) testaram uma planta daninha
bastante comum em áreas de plantio pelo o Brasil, a espécie
capim camalote (Rottboellia exaltata) em diferentes
profundidades de semeadura (0, 0,5, 1, 5, 10, 12, 15 e 20 cm).
A maior emergência ocorreu até a profundidade de 5,0 cm.
Trabalhos com resultados similares com outras espécies
de plantas daninhas foram relatados por Luz et al. (2014),
Zuffo et al. (2014) e Alberguini; Yamashita, (2010).
Comumente o banco de sementes, em torno de 60%
concentra-se nas camadas mais superficiais do solo
(MENEZES et al., 2019), como observado neste trabalho.
As sementes localizadas na superfície do solo ficam mais
facilmente sujeitas às variações de temperatura e umidade,
auxiliando na quebra da dormência (NOGUEIRA et al.,
2012), o que pode explicar as maiores germinações nestas
camadas.
Além disso, sistemas de cultivo que promovem o
revolvimento do solo, aumentam a exposição de sementes à
luz, sendo este um dos fatores essenciais para a germinação;
contudo, existem espécies que germinam também na
ausência dela, algumas por adaptação das condições adversas
do ambiente, outras por condições fisiológicas. Segundo
Carvalho; Nakagawa (2000), a luz é necessária para a
germinação de algumas espécies infestantes, mas não é
considerada fator fundamental para as sementes não-
dormentes. A resposta das sementes ao estímulo luminoso é
denominada fotoblastia. Quando a luz promove a
germinação, o fotoblastismo é positivo, e quando a
germinação é promovida na ausência da luz, o fotoblastismo
é negativo. Esse efeito diferencial da luz, regulado pelo
fitocromo, cujos mecanismos são complexos e pouco
conhecidos, apresenta grande diversidade de respostas
(YAMASHITA et al., 2010).
O conhecimento das características dos bancos de
sementes do solo como, sua variabilidade espacial, número
de espécies, quantidade de sementes e distribuição destas no
perfil do solo, permite projeções sobre a velocidade e
composição florística dos estádios iniciais da regeneração e
pode fornecer uma estimativa do potencial da regeneração
após algum tipo de distúrbio (COSTA et al., 2009).
A longevidade do banco de sementes do solo é variável
em função das condições climáticas, profundidade de
enterrio, espécies e tipo de solo. De acordo com Orzari et al.
(2013), a não emergência de plântulas das espécies infestantes
é causada pela maior profundidade em que se encontram as
sementes.
Nas diferentes profundidades as amostras deformadas
apresentaram o maior número de germinantes de plantas
daninhas em relação as amostras indeformadas. Isso pode ser
explicado devido ao maior grau de perturbação no solo nas
amostras deformadas o que propicia ambiente favorável para
a germinação das sementes, pois estas estão mais susceptíveis
as condições climáticas o que propicia sua germinação.
Assim, esses resultados podem ser usados para práticas
de manejo preventivo das sementes que necessitam de luz
para germinar; Maior exposição à luz por sementes de plantas
daninhas, em áreas de cultivo, ocorre quando elas estão em
menores profundidades. Em maiores profundidades, não
incidência de luz em quantidade suficiente para promover a
germinação. Assim, a dinâmica das populações de plantas
daninhas em sementes fotoblásticas positivas é muito
dependente do posicionamento desses diásporos no perfil do
solo, bem como da existência de cobertura vegetal na
superfície do terreno (YAMASHITA et al., 2010).
5. CONCLUSÕES
O banco de sementes do solo no sistema de plantio direto
apresenta menor número de germinantes, o que torna este
sistema eficaz no controle de plantas daninhas.
O banco de sementes das amostras deformadas que
sofrem maiores graus de perturbações apresenta maior
número de germinantes de plantas daninhas.
As sementes estabelecidas nas profundidades até 10 cm
do solo são mais susceptíveis a germinação.
6. REFERÊNCIAS
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