Lacerda et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 5, p. 528-535, 2021.
529
Oliveira et al. (2010), verificaram que a ausência de controle
de plantas daninhas pode provocar reduções na
produtividade de até 90% em função da competição da
cultura e as espécies infestantes. Oliveira et al. (2010),
trabalhando com feijão-caupi, cultivares EV x 91-2E-2, BR8
Caldeirão e BR IPEAN V69, detectaram uma redução de
59,78, 68,18 e 90,18% na produtividade respectivamente.
Um problema relevante em áreas de cultivo é o controle
de plantas daninhas, devido à capacidade de se destacarem e
competirem pelos recursos naturais. Portanto, para adotar
uma medida de controle no manejo de plantas daninhas é
imprescindível o conhecimento das plantas presentes na
cultura, sendo necessário um diagnóstico prévio e
quantificação dessas populações de plantas. Batista et al.
(2017) determinaram a fitossociologia de plantas daninhas
em alguns das principais cultivares de feijão-caupi do Brasil,
de porte ereto e prostrado cultivados no semiárido mineiro.
Nos cultivares de porte ereto, as famílias Amaranthaceae,
Euphorbiaceae, Asteraceae e Convolvulaceae foram as mais
importantes. Já nos cultivares de porte prostrado, foram as
famílias Amaranthaceae, Asteraceae e Malvaceae. a Portulaca
oleracea e a Amaranthus spp. foram as espécies mais
importantes, e o índice de similaridade entre os cultivares de
porte ereto e prostrado foi de 72%, e nove das 16 famílias
ocorreram em cultivares dos dois portes. Lima et al. (2016)
quantificaram as principais espécies de plantas daninhas
presentes, em diferentes períodos, na cultura do feijão-caupi,
no município de Vitória da Conquista – BA, e encontraram
42 espécies de plantas daninhas, distribuídas em 12 famílias.
A maioria das espécies encontradas foi da família Poaceae,
Amaranthaceae e Asteraceae. As espécies que predominaram
na área foram Brachiaria plantaginea, Amaranthus hybridus var.
paniculatus, Amaranthus spinosus, Blainvillea biaristata, Portulaca
oleracea e Malvastrum coromandelianum.
Através da utilização da fitossociologia é possível
identificar quais são essas populações, assim como a
frequência, abundância e densidade das plantas daninhas
presentes em determinado cultivo (MARQUES et al., 2010).
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar a
dinâmica da comunidade infestante de plantas daninhas ao
longo do ciclo da cultura do feijão-caupi no semiárido
mineiro.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda experimental da
Universidade Estadual de Montes Claros, localizada no
município de Janaúba, MG, nas coordenadas geográficas de
15°47’50’’S, 43°18’31’’W e altitude de 516 m. O clima da
região é do tipo “Aw” (tropical chuvoso, savana com inverno
seco) segundo classificação de Köppen. O solo foi
classificado como Latossolo Vermelho eutrófico.
Os tratamentos consistiram na coleta das plantas
daninhas aos 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56, 63 dias após a
emergência (DAE), e logo após foi feito o controle da
comunidade infestante através de capina mecânica. O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com
nove tratamentos e quatro repetições. As parcelas foram
compostas por seis fileiras de feijão-caupi, espaçadas de 0,5
m entre si, com 4 m de comprimento, com área útil sendo as
quatro fileiras centrais de cada parcela. A área foi preparada
de forma convencional, com uma aração e duas gradagens.
Antes da semeadura, foi retirada uma amostra composta de
solo, na camada de 0-20 cm, para determinação dos atributos
químicos. A adubação foi feita conforme as recomendações
adotadas para a cultura (Melo et. al., 2005) e constou de 250
kg ha-1 da formulação NPK 4-30-10 no plantio e mais 20 kg
ha-1 de N em cobertura no estádio V4, usando como fonte
nitrogenada a ureia. Após o preparo do solo, utilizou-se de
uma semeadora-adubadora para a realização do plantio e
distribuição do adubo nas fileiras. O plantio foi realizado no
mês de maio de 2017, época que, como há condições de
irrigar, apresenta condições climáticas para o
desenvolvimento da cultura no norte de Minas Gerais,
colocando-se cerca de 15 sementes por metro.
A cultivar utilizada foi a BRS Itaim, que possui hábito de
crescimento determinado, porte ereto e alta resistência ao
acamamento, e cuja média de produtividade de grãos é de
2.600 kg ha-1, sendo recomendada especialmente para cultivo
em regime de sequeiro, em função da maior tolerância ao
déficit hídrico. Tanto no regime de sequeiro quanto no
irrigado recomenda-se o uso de 200 mil plantas por hectare
(EMBRAPA, 2016). A aplicação de inseticidas foi realizada
de acordo com a demanda da cultura. O experimento foi
conduzido de maio a setembro de 2017, com irrigação do
tipo aspersão convencional durante todo o ciclo da cultura,
tendo sido aplicada uma lâmina total de 350 mm em um
turno de rega de três dias.
Para a coleta das plantas daninhas, foi utilizado o método
padrão do quadrado inventário, um quadrado de 0,5 m x 0,5
m, que foi lançado aleatoriamente uma vez na área útil de
cada parcela conforme descrito por Braun-Blanquet (1979).
As plantas daninhas foram cortadas rente ao solo, colocadas
em sacos de papel para posterior identificação. Em seguida,
as espécies coletadas foram identificadas por comparação,
conforme descrição de Lorenzi (2008), e quantificadas de
acordo com a família, gênero e espécie. Em seguida, as
amostras de cada espécie foram acondicionadas em sacos de
papel e encaminhadas à estufa de circulação forçada de ar a
65 °C por 72 h. Depois disso, eles foram pesados em uma
balança de precisão, a fim de determinar a massa seca.
Através da coleta, quantificação e classificação das plantas
daninhas foram avaliados a matéria seca, a frequência,
frequência relativa, densidade, densidade relativa,
abundância, abundância relativa, dominância relativa, índice
de valor de importância, índice de valor de cobertura e o
índice de similaridade. Foram determinados o número de
indivíduos por espécie em cada parcela e o número total por
coleta. A partir da identificação e contagem das espécies, foi
realizado o cálculo das seguintes variáveis fitossociológicas:
Frequência (FR) - que permite avaliar a distribuição das
espécies na área, Densidade (DE) - que quantifica as plantas
de cada espécie por unidade de área, Abundância (AB) - que
informa sobre a concentração das espécies na área,
Frequência relativa (FRR),Densidade relativa (DER) - que
informa em porcentagem, a participação de cada espécie em
relação ao número total de indivíduos de todas as espécies,
Abundância relativa (ABR) – que determina a relação de cada
espécie com outras encontradas na área, Dominância relativa
(DOR) - indica a dominância de cada espécie em relação à
produção de biomassa, Índice de valor de importância (IVI)
– que indica quais espécies são mais importantes dentro da
área estudada (BRIGHENTI et al., 2003), Índice de valor de
cobertura (IVC) - expressa a cobertura das espécies em
relação à sua produção de biomassa e número de indivíduos
por área (MULLER-DOMBOIS e ELLENBERG, 1974).
Índice de similaridade (IS); expressa a similaridade de
espécies em relação à área.