Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 310-317, mai./jun. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i3.10886 ISSN: 2318-7670
Avaliação agronômica de novos clones de
Manihot esculenta
Crantz
no segundo ciclo vegetativo
Rodrigo Magno de SOUSA1*, Mateus Alves de SOUSA1, Renata Soares dos SANTOS1,
Edwin Camacho PALOMINO1
1Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil.
*E-mail: rodrigosousabranches@gmail.com
(Orcid: 0000-0001-9312-6347; 0000-0002-9696-743X; 0000-0003-4370-7090; 0000-0001-7331-0999)
Recebido em 30/07/2020; Aceito em 12/07/2021; Publicado em 14/07/2021.
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características agronômicas no segundo ciclo
vegetativo de novos clones de mandioca de mesa oriundos de um programa de melhoramento, nas condições
edafoclimáticas do município de Santarém, Oeste do Pará. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados com 13 tratamentos (novos clones de macaxeira) e três repetições. As parcelas foram constituídas
por 10 plantas distribuídas em duas linhas de 5 metros, com espaçamento de 1,0 x 1,0 m. Os resultados obtidos
denotam que a produtividade apresentou correlação significativa e positiva com a massa de raízes comerciais
(r= 0,98), massa fresca da parte aérea (r= 0,61) e diâmetro médio das raízes (r= 0,63), com destaque para o
clone C5 que obteve maiores rendimentos em relação a estas características, e consequentemente apresentou
maior média de produtividade 44,70 t ha-1. Em relação ao tempo de cozimento das raízes, de treze clones
testados, doze materiais obtiveram tempo médio de cozimento inferior a trinta minutos, sendo classificados
como tempo de cozimento bom, com destaque para o clone C11, que apresentou média de 12,30 minutos.
Todos os clones avaliados apresentam características agronômicas desejáveis tornando-se promissores para o
mercado do município de Santarém, no baixo Amazonas.
Palavras-chave: melhoramento; baixo amazonas; produtividade; mandioca de mesa.
Agronomic evaluation of new
Manihot esculenta
Crantz
clones
in the second vegetative cycle
ABSTRACT: The present work aimed to evaluate the agronomic characteristics in the second vegetative cycle
of new macaxeira clones from a breeding program under the edaphoclimatic conditions of the municipality of
Santarém, Western Pará. The experimental design was randomized blocks with 13 treatments (new clones of
cassava) and three repetitions. The plots consisted of 10 plants distributed in two rows of 5 meters, with 1.0 x
1.0 m spacing. The results show that yield was significantly and positively correlated with commercial root mass
(r = 0.98), fresh shoot mass (r = 0.61) and mean root diameter (r = 0.63). highlighting clone C5 that obtained
higher yields in relation to these characteristics, and consequently presented higher average yield 44.70 t ha-1.
Regarding the root cooking time, of thirteen clones tested, twelve materials had an average cooking time of less
than thirty minutes, being classified as good cooking time, especially clone C11, which presented an average of
12.30 minutes. All evaluated clones have desirable agronomic characteristics making them promising for the
lower Amazon market.
Keywords: breeding; low amazons; productivity; table cassava.
1. INTRODUÇÃO
A mandioca (Manihot esculenta Crantz), também conhecida
em diversas regiões como mandioca de mesa, aipim ou
macaxeira, é caracterizada como uma planta perene do tipo
arbustiva pertencente à família Euphorbiaceae (LARA et al.,
2008). Originária na américa do sul, a mandioca é cultivada
em todo território nacional principalmente por pequenos
produtores, que a utiliza em
sua maioria como fonte de subsistência. Considerada a quarta
cultura de produção de alimentos mais importante do
mundo, a cultura apresenta grande importância
socioeconômica principalmente em região tropicais, pois sua
raiz e demais subprodutos são consumidos por cerca de 800
milhões de pessoas (FAO, 2013).
A cultura possui uma gama de variedades adaptadas a
diferentes condições edafoclimáticas, estas são diferenciadas
principalmente por características morfológicas como cor do
pecíolo, forma e textura da raiz, forma e cor das folhas, além
da concentração de ácido cianídrico nas raízes. Os programas
de melhoramento, conduzidos por instituições de pesquisas,
são os principais responsáveis pela seleção de variedades
altamente produtivas e que apresentam ciclo precoce e
tolerância a pragas e doenças.
O principal produto da cultura da mandioca são as raízes,
entretanto a parte aérea também é utilizada, na alimentação
animal. Para Borém (2005), a produtividade ou rendimento
de raízes está correlacionada com outros caracteres da planta,
os quais compõem a produção, são eles, o peso de raízes,
massa fresca da parte aérea, número de raízes por planta,
Sousa et al.
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altura da planta e o índice de colheita. De acordo com Fukuda
(2002), os objetivos nos programas de melhoramento da
mandioca são definidos pela cadeia produtiva, demanda de
produção e mercado, sendo esses mecanismos específicos
para cada localidade, no entanto, o aumento da produtividade
de raízes e resistência a doenças e pragas são objetivos
comuns em todas as regiões.
A mandioca é uma espécie alógama que apresenta alta
heterozigose e ampla segregação na primeira geração após a
hibridação, ao se identificar um genótipo superior nessa
geração, se inicia o processo de propagação vegetativa ou
clonagem do híbrido (LARA et al., 2008). Apesar dessa
grande vantagem no trabalho de melhoramento da mandioca,
o grande número de populações que são avaliadas nos
estudos, dificulta as análises com precisão dos genótipos
superiores gerados, além da pouca quantidade de manivas
por planta e o ciclo longo, que acabam dificultando o
trabalho do melhorista.
As características de interesse agronômico para
mandioca, em geral, são controladas por diversos genes com
efeitos aditivos, por serem complexos, estes necessitam de
longos períodos para se fixar em um genótipo (BORÉM,
2005). Apesar da cultura da mandioca apresentar adaptação a
diferentes condições edafoclimáticas, os genótipos dispõem
de alta interação com o ambiente, o que indica que os
genótipos iguais dificilmente se comportam de maneira
semelhante em ambientes diferentes, tal fato explica-se por
múltiplos fatores entre eles pela alta incidência de pragas e
doenças que afetam a espécie, cuja gravidade é limitada pelas
condições ambientais (LARA et al., 2008).
Para Vieira (2013) os caracteres fenotípicos quantitativos
apresentam maior influência ambiental pelo fato de serem
governados por vários genes, porém, essa ferramenta auxilia
na caracterização de acessos, uma vez que refletirá seu real
potencial produtivo, possibilitando a utilização deles de
forma direta ou indireta no melhoramento genético, por sua
vez, os descritores qualitativos apresentam baixa ou nenhuma
influência do ambiente, além de fácil mensuração, os mesmos
apresentam menor custo.
Segundo Gonçalves et al. (2008) a compreensão sobre a
correlação entre características fenotípicas é importante para
a consecução de um programa de melhoramento bem
planejado, as associações são levadas em consideração na
escolha dos métodos de melhoramento quando elaboram
estratégias de seleção simultânea para as diversas variáveis
analisadas. Sendo assim, o conhecimento sobre as
características moleculares, morfológicas e fisiológicas da
cultura, fornecem informações que permitem a condução do
cruzamento, seleção e obtenção de genótipos promissores.
Os sistemas de cultivo da mandioca no Brasil ocorrem
com baixo nível tecnológico, as variedades utilizadas
geralmente não passaram por um processo formal de
melhoramento genético, o que acarreta baixa produtividade,
pois estas apresentam em sua maioria susceptibilidade a
insetos-pragas e doenças, além de não dispor potencial
genético para produção de raízes tuberosas (VIEIRA et al.,
2015).
O cultivo comercial da mandioca ocorre em mais de 80
países, sendo que 15% da produção mundial é cultivada no
Brasil (MODESTO JUNIOR; ALVES, 2016). A região norte
apresenta-se como a maior produtora de mandioca do país,
destacando-se o estado do Pará com 70% da produção total
da região (SEDAP, 2018). Um dos fatores que contribui para
tal fato é que o Estado abrange maior área plantada de
mandioca no Brasil com 20,97% do total, cerca de 295.137
ha. A produtividade média de raízes por unidade de área no
país é de 14,64 t ha-1, o estado do Pará por sua vez produz
em média 14,34 t ha-1, e o município de Santarém-PA
apresenta cerca de 10 t ha-1 (EMBRAPA, 2017).
A estimativa de produção nacional de raízes de mandioca
para o período de março/2019 foi de 20,5 milhões de
toneladas, cultivadas numa área de 1,6 milhões de ha,
crescimento de 1,6% em relação ao mês anterior (CONAB,
2019). A produção de mandioca em março/2018 foi de 19,39
milhões de toneladas de raízes e a produtividade de 14,18 t
ha-1, levantamentos apontaram que durante o mesmo
período em 2019 a produtividade teria um ganho de 4,99%,
e a produção 5,6% maior que o ano anterior (IBGE, 2019).
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar as características agronômicas, no segundo ciclo
vegetativo, de novos clones de macaxeira em condições
edafoclimáticas do município de Santarém, Oeste do Pará.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido em área de produtor rural
localizada na comunidade São José, sob as coordenadas
geográficas 2°24'52"S e 54°42'36"W, no município de
Santarém, Oeste do Pará. O clima predominante na região é
quente e úmido com temperatura média anual variando entre
25º a 28ºC. A umidade relativa média do ar é de 86%, a
precipitação pluvial média anual é de 1920 mm (INMET,
2018). O ensaio foi conduzido entre o período de maio de
2018 a maio de 2019 e o regime pluviométrico apresentado
na figura 1.
Figura 1. dias mensais de precipitação durante o período de
junho de 2018 a maio de 2019 no município de Santarém-PA. Fonte:
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia.
Figure 1. Monthly monitoring averages during the period from June
2018 to May 2019 in the municipality of Santarém-PA. Source:
INMET - National Institute of Meteorology.
2.1. Preparo de área experimental
O experimento foi conduzido em área com
predominância de solo do tipo Latossolo amarelo distrófico.
O plantio foi realizado após a limpeza de área (roçagem),
posteriormente ocorreu a abertura de covas nas dimensões
de 20 cm largura e 10 cm de profundidade, em um
espaçamento de 1,0 m entre plantas e entre linhas.
2.2. Material vegetal utilizado
Foram utilizados treze clones de macaxeira oriundos do
primeiro teste clonal instalado na comunidade de Boa
Esperança, no município de Santarém-PA. No mês de maio
de 2018 foram coletadas as ramas (material propagativo) a
partir do terço médio do caule de cada clone selecionado,
estes foram organizados em feixes, identificados e
0
100
200
300
400
500
600
700
Precipitação (mm)
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armazenados durante quatorze dias em ambiente sombreado
com as hastes dispostas verticalmente, e um dia antes do
plantio procedeu-se a confecção das maniva-sementes com
aproximadamente 20 cm de comprimento, apresentando em
média 10 gemas por maniva.
2.3. Delineamento experimental
O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados (DBC) com 13 tratamentos (novos clones de
mandioca de mesa) e três repetições. As parcelas foram
constituídas por 10 plantas distribuídas em duas linhas de 5
metros, com espaçamento de 1,0 x 1,0 m entre plantas e entre
linhas, obtendo uma densidade populacional de 10.000
plantas ha-1.
2.4. Caracteres agronômicos avaliados
Foram avaliados 12 características quantitativas doze
meses após o plantio, sendo: altura de plantas em metros (H),
diâmetro do caule em milímetros (D), produtividade em t ha-
1 (P), massa da raiz comercial e não comercial em t ha-1 (MRC
e MRNC), massa fresca da parte rea em kg planta-1
(MFPA), número de raiz comercial e não comercial (NRC e
NRNC), comprimento de raízes em cm (CR), diâmetro de
raízes em mm (DR), tempo dio de cozimento de raízes em
minutos (TC) e índice de colheita (IC). Estes foram obtidos
da seguinte forma:
a) Altura de plantas: A altura de plantas foi realizada com
o uso de uma régua graduada, onde efetuou-se a medida
partir da superfície do solo até a copa da planta.
b) Diâmetro do caule: Para determinação do diâmetro do
caule, utilizou-se um paquímetro digital graduado em
milímetros, onde foi medido a 20cm acima da superfície do
solo.
c) Produtividade de raízes: Durante o processo de
colheita efetuou-se a pesagem de todas as raízes tuberosas
produzidas pelas plantas constituintes da área útil nas
parcelas experimentais. Os dados foram mensurados e
extrapolados para t ha-1.
d) Massa de raízes comerciais: Obtido a partir da pesagem
apenas das raízes tuberosas da parcela útil que atenderam os
critérios comerciais, ou seja, características subjetivas como
maior comprimento, diâmetro e qualidade visual atrativa (cor
da raiz), os dados foram extrapolados para t ha-1.
e) Massa de raízes não comerciais: Efetuou-se a pesagem
de todas as raízes de aspecto não comercial (raízes pequenas
com a cor da polpa pouco atrativa) por plantas da área útil,
utilizando uma balança digital manual.
f) Massa fresca da parte aérea: Foi estabelecida a partir da
pesagem da parte estrutural da planta, incluindo folhas, caule,
pecíolo e cepas. A massa foi determinada com auxílio de uma
balança digital manual.
g) Número de raízes comercias: A partir de uma análise
subjetiva, efetuou-se a contagem de todas as raízes com
padrão comercial (raízes tuberosas) da área útil no momento
da colheita.
h) Número de raízes não comerciais: Obtido a partir da
contagem de todas as raízes de aspecto não comercial (raízes
pequenas) da área útil no momento da colheita.
i) Comprimento de raízes: Obtido por mensuração das
amostras de raízes pequenas, médias e grandes, pertencentes
a cada clones, utilizando uma fita métrica graduada em
centímetros para obtenção da média geral.
j) Diâmetro de raízes: Efetuou-se a mensuração da terço
médio das raízes pequenas, médias e grandes de cada
tratamento (clones) para obtenção da média geral de DR,
para isso utilizou-se um paquímetro digital graduado em
milímetros.
k) Tempo de cozimento: A determinação do TC foi de
acordo com DOS ANJOS et al. (2014), onde fragmentos de
raízes com aproximadamente 100 gramas foram imersos em
água no ponto de ebulição (100 ºC), em um recipiente com
capacidade para 2L. As raízes foram consideradas cozidas
quando os pedaços apresentaram pouca ou nenhuma
resistência à penetração do garfo, sendo classificadas em:
cozimento ótimo 0 a 10 minutos; cozimento bom de 11
a 20 minutos; cozimento regular de 21 a 30 minutos e
cozimento ruim – superior a 30 minutos.
l) Índice de colheita: Obtido a partir da relação entre o
peso das raízes (kg) e o peso total da planta (kg), através da
fórmula: (IC): massa da raiz / (massa da raiz + massa fresca
da parte rea) x 100. Resultado final obtido em
porcentagem.
2.5. Adubação e manejo
A adubação foi realizada de acordo as necessidades da
cultura da mandioca para o estado do Pará, segundo
resultados da análise físico-química nas camadas de 0-20 cm
do solo (Tabela 1). Portanto, foram aplicados na adubação de
plantio 0,1 t ha-¹ do adubo formulado 10-28-20 (N-P2O5--
K2O) representando 100g/cova. Não foram efetuadas
aplicações químicas para o controle de pragas e/ou doenças,
devido à baixa incidência destas. Para o controle de plantas
daninhas, efetuou-se duas capinas mecânicas nos estádios
inicias da planta e uma capina química aos dez meses após
plantio.
2.6. Análise estatística
Os dados foram submetidos a teste de normalidade
aplicando-se o teste de Shapiro-wilk, indicando distribuição
normal (p>0,05). A análise de variância apresentou diferença
significativa pelo teste F (p<0,05) em seis variáveis das doze
características avaliadas. Para o comparativo entre as médias
dos tratamentos, utilizou-se o teste de Tukey a 5% de
probabilidade com uso do programa estatístico GENES
(CRUZ, 2016).
Tabela 1. Propriedades físico-químicas da análise do solo da área experimental. Comunidade São José/Santarém-PA, 2018.
Table 1. Physical-chemical properties of soil analysis in the experimental area. Community São José/ Santarém-PA, 2018.
pH MO P H+Al K֗ Ca²֗ Mg² CTC m V AREIA SILTE ARGILA
CaCl2 (g kg) (mg dm-³) -------------(cmolc dm³)------------- ---(%)--- -------------g kg¹-------------
5,5 58 170 3,8 0,164 11 1,9 16,86 0 77 200 300 500
¹pH= potencial de hidrogênio; H+Al= acidez potencial; CTC= capacidade de troca catiônica; m%= saturação por Al da CTC efetiva; V=
saturação por bases da CTC a pH 7,0. Fonte: Laboratório Terra análises para agropecuária LTDA.
Sousa et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 310-317, mai./jun. 2021.
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3. RESULTADOS
A variabilidade genética existente entre os diferentes
clones testados decorreu em função de que, os materiais
avaliados (clones de macaxeira), são oriundos de um
programa de melhoramento, onde foram utilizados diversos
parentais no processo de hibridação, e consequentemente o
processo de clonagem replicou os que apresentavam boas
características agronômicas.
De acordo com resultados apresentados na Tabela 2, não
houve diferença significativa nas características altura (H) e
diâmetro (D) de plantas, a média do caráter H foi de 2,62m,
mas dentre os clones testados, o clone C12 apresentou maior
média 3,03m. Na característica diâmetro do caule, a média
dos clones testados foi igual a 31,90mm (Tabela 2), onde
clone C3 é evidenciado, pois apresentou maior média
36,36mm. Em relação a produtividade, ocorreu diferença
estatisticamente significativa entre os diversos clones, tendo
o material C5 o maior rendimento de raízes (44,70 t ha-1),
diferentemente aos materiais C1, C4 e C11, que apresentaram
os menores rendimentos de produtividade de raízes, ficando
abaixo de 20 t ha-1 e abaixo da média experimental que foi de
26,99 t ha-1 (Tabela 2).
A massa de raízes comerciais (MRC), apresentou
diferenças entre os clones de macaxeira, o C5 se destacou,
pois obteve maior média 38,73 t ha-¹, por sua vez, o clone C4
apresentou menor rendimento, cerca de 9,43 t ha-¹, e a média
geral dos tratamentos foi de 20,23 t ha-¹. A diferença entre o
clone mais produtivo e menos produtivo foi bastante
expressivo (29,30 t ha-¹), indicando a ampla variabilidade
existente entre os materiais estudados (Tabela 2).
Na variável massa de raiz não comercial (MRNC), os
resultados acusaram semelhança entre os tratamentos cuja
média foi equivalente a 6,86 t ha-1. Para a massa fresca da
parte rea (MFPA), detectou-se diferenças significativas
entre os tratamentos com produtividade acima de 5 toneladas
pelos clones C5 e C13. Vale salientar que o clone C5 também
apresentou a maior produtividade de raízes, evidenciando seu
potencial produtivo. O valor médio da MFPA foi de 3,27 kg
planta-1 (Tabela 2).
Tabela 2. Médias referentes a seis características fenotípicas avaliadas em treze novos clones de macaxeira. Altura de plantas (H), diâmetro
do caule (D), produtividade (P), massa da raiz comercial (MRC), massa da raiz não comercial (MRNC) e massa fresca da parte aérea (MFPA).
Table 2. Means referring to six phenotypic characteristics evaluated in thirteen new cassava clones. Plant height (H), stem diameter (D),
productivity (P), commercial root mass (MRC), non-commercial root mass (MRNC) and fresh shoot weight (MFPA).
CLONES H D P MRC MRNC MFPA
m mm t ha -------t ha-1 ------- kg planta-1
C1 2,18a 26,45a 16,66b 13,26bc 3,40a 1,73b
C2 2,70a 32,39a 32,15ab 22,73abc 9,40a 4,17ab
C3 2,66a 36,36a 28,60ab 20,63bc 7,96a 3,70ab
C4 2,47a 26,23a 17,10b 9,43c 6,16a 2,52ab
C5 2,84a 33,67a 44,70a 38,73a 5,96a 5,13a
C6 2,50a 31,41a 33,36ab 26,83ab 6,53a 2,71ab
C7 2,67a 29,92a 26,90b 20,80bc 6,10a 2,01b
C8 2,46a 30,66a 31,30ab 24,10abc 7,20a 3,00ab
C9 2,47a 35,00a 21,30b 14,93bc 9,10a 3,24ab
C10 2,83a 29,00a 24,18b 17,50bc 6,68a 2,47ab
C11 2,58a 28,66a 18,25b 13,30bc 4,95a 2,40ab
C12 3,03a 31,00a 32,30ab 24,15abc 8,30a 4,39ab
C13 2,73a 34,00a 24,10b 16,65bc 7,50a 5,08a
Média 2,62 31,9 26,99 20,23 6,86 3,27
QM 0,13 24,7 189,60* 171,10* 8,22 3,82*
CV (%) 14,05 12,02 20,78 28,57 39,28 30,41
*Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05).
O número médio de raízes comerciais por planta (NRC)
é um importante fator na produção de mandioca de mesa por
influenciar diretamente nesse caráter. Dentre os clones
avaliados não houve diferença significativa, cuja média foi de
3,43 raízes por planta, entretanto, o clone C9 destacou-se,
pois obteve rendimento de 5,60 raízes por planta, mas esta
vantagem não influenciou significativamente na produção
total de raízes (Tabela 3).
O número de raízes não comerciais (NRNC) é uma
caraterística indesejável por não poder ser comercializado,
diminuindo a produtividade de raízes comerciais. Todos os
tratamentos apresentaram NRNC estatisticamente
semelhantes cuja média foi de 2,87 raízes por planta, tendo o
tratamento C11 o maior NRNC por planta, média de 4,44
raízes, influenciando negativamente na produtividade de
raízes deste clone (Tabelas 2 e 3).
Para o comprimento dio das raízes, embora seja um
fator de extrema importância na produtividade, os
tratamentos avaliados apresentaram comportamento
semelhante, com média geral dos clones testados equivalente
a 23,16 cm, o clone C9 destacou-se com maior média
29,53cm (Tabela 3).
Em relação ao diâmetro médio da raiz não ocorreu
distinção entre as médias dos tratamentos, entretanto o clone
C12 destacou-se com 79,85mm, adverso ao C9 que
apresentou menor média 56,24mm, a média dos clones
testados foi de 65,92mm (Tabela 3).
A característica tempo médio de cozimento das raízes
(TC), apresentou diferença significativa entre os diferentes
materiais avaliados. Dentre os aos treze clones de macaxeira
testados, 12 obtiveram tempo médio de cozimento inferior a
trinta minutos, com destaque para o clone C11, que obteve
média de 12,30 minutos, sendo este classificado como tempo
de cozimento bom, diferentemente do tratamento C13, que
foi o único material a apresentar tempo médio superior de 30
minutos, sendo classificado com tempo de cozimento ruim.
Avaliação agronômica de novos clones de Manihot esculenta Crantz no segundo ciclo vegetativo
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A média geral dos tratamentos para o TC foi de 21,04
minutos.
O caráter índice de colheita (IC) dos clones de macaxeira
foi estatisticamente significativo (p<0,05), obtendo variação
de 32,67% a 57,94% para os clones C13 e C7
respectivamente, os dados indicam um variação moderada
entre os clones testados, sendo assim, os dados obtidos
possibilitaram a seleção dos materiais com maiores
rendimentos de IC, tendo os clones C1, C6, C7 e C8
apresentado as médias superiores a 50%, que é o desejável
pelos programas de melhoramento genético da cultura da
mandioca, diferentemente do clone C13 que obteve o menor
rendimento, apenas 32,67% de IC. A média dos tratamentos
foi de 46,64%, valor este inferior à média aceitável (Tabela 3).
Tabela 3. Médias referentes ao número médio de raízes comerciais (NRC), número médio de raízes não comerciais (NRNC), comprimento
de raiz (CR), diâmetro de raiz (DR), tempo de cozimento (TC) e índice de colheita (IC).
Table 3. Averages referring to the average number of commercial roots (NRC), average number of non-commercial roots (NRNC), root
length (CR), root diameter (DR), cooking time (TC) and harvest index (IC).
CLONES NRC NRNC CR DR TC IC
----------n.º---------- cm mm min. %
C1 2,10a 0,99a 23,78a 59,94a 14,97cd 54,22ab
C2 2,49a 3,44a 20,39a 60,13a 21,40bcd 44,39ab
C3 2,33a 2,99a 24,55a 58,07a 22,11bcd 45,43ab
C4 1,55a 3,33a 22,66a 60,89a 20,25bcd 39,88ab
C5 3,88a 2,22a 27,05a 76,00a 21,26bcd 47,46ab
C6 3,00a 2,44a 22,67a 69,80a 23,30bc 55,58a
C7 2,83a 2,66a 22,32a 65,81a 17,60bcd 57,94a
C8 3,32a 3,16a 20,66a 71,33a 24,74abc 51,01ab
C9 5,60a 2,16a 29,53a 56,24a 16,91bcd 42,13ab
C10 4,36a 3,51a 20,99a 65,55a 16,72bcd 49,43ab
C11 3,98a 4,44a 21,06a 59,96a 12,30d 43,75ab
C12 4,33a 2,35a 20,39a 79,85a 26,79ab 42,45ab
C13 4,88a 2,60a 20,44a 73,47a 35,22a 32,67b
Média 3,43 2,87 23,16 65,92 21,04 46,64
QM 4,24 2,02 23,27 170,50* 103,90* 146,00*
CV (%) 51 46,65 21,78 13,22 17,16 16,38
*Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05).
Os resultados apresentados na Tabela 4, denotam
correlação significativa da variável altura de plantas com a
produtividade (r= 0,54), massa fresca da parte aérea (r= 0,60)
e diâmetro médio das raízes (r= 0,58).
Em relação a variável diâmetro do caule (D), esta
apresentou correlação significativa entre as características
massa da raiz não comercial (r= 0,58) e massa fresca da parte
aérea (r= 0,54), ambas com correlação positiva e de
moderada magnitude, com o índice de colheita (r= -0,60),
o caráter diâmetro médio do caule (D) apresentou correlação
significativa, porém negativa e de moderada magnitude
(Tabela 4).
Tabela 4. Resumo da análise de correlação fenotípica entre doze características agronômicas avaliadas em treze novos clones de macaxeira
nas condições edafoclimáticas do município de Santarém-PA.
Table 4. Summary of the phenotypic correlation analysis between twelve agronomic traits evaluated in thirteen new cassava clones in the
edaphoclimatic conditions of the municipality of Santarém-PA.
Variável H D P MRC MRNC
MFPA
NRC NRNC
CR DR TC IC
H
1,00
D
0,17
1,00
P
0,54*
0,18
1,00
MRC
0,46
0,07
0,98*
1,00
MRNC
0,45
0,58*
0,32
0,17
1,00
MFPA
0,60*
0,54*
0,61*
0,53*
0,58*
1,00
NRC
0,39
0,01
0,09
0,11
0,35
0,42
1,00
NRNC
0,20
0,20
-
0,17
-
0,26
0,32
-
0,04
0,18
1,00
CR
-
0,02
0,36
0,17
0,22
0,15
0,23
0,30
-
0,31
1,00
DR
0,58*
-
0,08
0,63*
0,63*
0,04
0,51
0,30
-
0,31
-
0,06
1,00
TC
0,37
0,41
0,37
0,28
0,44
0,69*
0,19
-
0,21
-
0,18
0,64*
1,00
IC
-
0,14
-
0,60*
0,24
0,32
-
0,52
-
0,53*
-
0,53*
-
0,31
-
0,30
0,12
-
0,31
1,00
H= altura de plantas em metros; D= diâmetro do caule em milímetros; P= produtividade em t ha-1; MRC= massa da raiz comercial em t
ha-1; MRNC = massa da raiz não comercial em t ha-1; MFPA= massa fresca da parte aérea, em kg planta-¹; NRC= número médio de raízes
comerciais por planta; NRNC= número médio de raízes não comercias por planta; CR= comprimento de raiz em centímetros; DR=
diâmetro de raiz em milímetro; TC= tempo de cozimento em minutos e IC= índice de colheita em % . * Significativo a 5% de probabilidade
pelo teste t.
A produtividade apresentou associação de forma
significativa e positiva com a massa da raiz comercial (r=
0,98), massa fresca da parte aérea (r= 0,61) e diâmetro médio
das raízes (r= 0,63), porém, apenas a característica massa da
Sousa et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 310-317, mai./jun. 2021.
315
raiz comercial obteve correlação de elevada magnitude, os
outros dois caracteres (MFPA e DR) ambos apresentaram
correlação de moderada à elevada magnitude. Por sua vez, o
caráter massa da raiz comercial, correlacionou-se de forma
significativa e positiva, porém de moderada magnitude com
a variável massa fresca da parte aérea (r=0,53) e diâmetro
médio das raízes (r= 0,63).
Os resultados apontaram em relação a caraterística do
diâmetro médio das raízes (DR), uma correlação significativa
e positiva, de moderada à elevada magnitude com a variável
tempo de cozimento (r= 0,64), sendo assim, os dados são
indicativos de que materiais que dispõe de menores médias
de DR, consequentemente tendem a apresentar menores
médias em relação a variável tempo médio de cozimento das
raízes.
4. DISCUSSÃO
A variabilidade dentre os diferentes genótipos avaliados
decorreu em função de que, os materiais em estudo, são
oriundos de um programa de melhoramento cujo a origem
destes procedeu-se a partir do intercruzamento entre
diferentes variedades amplamente adotadas nas comunidades
próximas a cidade de Santarém, especificamente na
comunidade do tabocal no baixo Amazonas. De acordo com
Ebertz & Palomino (2017) a ampla variabilidade na cultura
da mandioca pode ser explicada pelo fato de a espécie ser
alógama, ou seja, a polinização cruzada que permite a geração
natural de novas combinações, as quais são inicialmente
propagadas via semente, e posteriormente propagadas de
forma assexuada ou vegetativa. Os mesmos procedimentos
de hibridação, e consequentemente a clonagem dos
genótipos superiores, foram adotados no programa de
melhoramento que resultou nos clones avaliados na presente
pesquisa.
Prates et al. (2017), avaliando 14 genótipos de mandioca
obteve resultados adversos em relação a variável altura de
plantas, a média foi de 1,72m, valor este inferior à média
obtida no presente estudo que foi equivalente a 2,62m de
altura de plantas. Para Prates et al. (2017), plantas de porte
médio e alto facilitam as práticas de manejo, entretanto são
propicias ao acamamento, ou seja, ventos fortes ocasionam a
quebra das hastes, dificultando o processo de colheita. Em
relação a característica diâmetro médio do caule, houve uma
variação de 26,23mm (clone C4) a 36,36mm (tratamento C3),
resultados diferentemente encontrados por Costa (2018), em
estudo com a cultura da mandioca, no mesmo período de
colheita (12 meses), obteve variação de 17,7 a 21,2 mm de
diâmetro de caule, e afirma que o diâmetro das plantas de
mandioca está diretamente associado ao período de colheita,
quanto maior idade de colheita, maior variação no diâmetro
médio das plantas.
A produtividade é a principal característica de interesse
econômico na cultura da mandioca, e nessa variável, todos os
clones testados obtivam média superior à média nacional e
estadual, que varia de 10 a 15 t ha-¹ (MODESTO JUNIOR;
ALVES, 2016). Vieira et al. (2015) em estudo semelhante
desenvolvido em área experimental localizada no município
de Unaí, Minas Gerais, apresentou produtividade superior a
30 t ha-¹ em 8 acessos de mandioca de mesa, resultado este
que denotou supremacia em relação a produtividade na
região do Cerrado, que é de 13 t ha-¹.
Tironi et al. (2015) em estudo sobre o desempenho de
cinco cultivares de mandioca em diferentes anos agrícolas,
obteve rendimentos de 20,40 t ha-1 a 32,80 t ha-¹ de
produtividade de raízes comerciais no primeiro ano agrícola,
valor este similar ao encontrado no presente estudo, que
apresentou valores de 9,43 a 38,73 t ha-¹ no caráter massa da
raiz comercial, e 3,40 a 9,40 t ha-¹ na variável massa da raiz
não comercial.
Nick et al. (2010) avaliando a divergência genética entre
subamostras de mandioca, obteve rendimento médio de 9,15
t ha-1 de biomassa da parte aérea. No presente estudo houve
uma variação da MFPA de 1,73 a 5,13 kg planta-1, o que
equivale a 17,30 t ha-1 a 51,30 t ha-1, a média dos tratamentos
corresponde a 32,70 t ha-1, sendo superior aos valores
encontrados pelo autor. Fukuda et al. (2002) salienta a
importância MFPA quando o objetivo é a seleção indireta
para o rendimento de raízes com base nesta característica.
Esta afirmação foi confirmada no presente trabalho
esclarecida pela correlação positiva e significativa (r= 0,61)
entre a P e MFPA. Dentre as características número de raízes
comerciais e não comercias, não houve distinção entre as
médias dos clones testados, os resultados corroboram ao
encontrado por Jesus et al. (2013), na qual não obteve
diferença significativa entre dez genótipos de mandioca,
entretanto o número dio de raízes comerciais foi de 6,7
raízes por planta, dado este superior aos valores encontrados
neste estudo que obteve média de 3,43 raízes comerciais por
planta.
Em estudo realizado por Junior (2019) ao avaliar
mandiocas sob diferentes sistemas de manejo do solo, foi
observado que o melhor tratamento com uso de adubação
química apresentou 27,60 cm de comprimento de raiz e 25,40
mm de diâmetro de raiz, apresentando assim, valores
próximos com o presente estudo para o comprimento de raiz
com 23,16 cm, com exceção para o diâmetro médio de raiz
que foi superior com 65,92 mm.
Em relação ao tempo de cozimento das raízes, dos treze
clones avaliados, doze apresentaram tempo médio de
cozimento inferior a 30 minutos. Os resultados são similares
ao encontrado por Teixeira (2017), que caracterizou
dezenove variedades de mandioca de mesa e obteve tempo
médio de cozimento na faixa de 10 a 31 minutos. O tempo
médio de cozimento da raiz é uma característica culinária
desejável pelos programas de melhoramento de mandioca de
mesa, e de acordo com Dos Anjos et al. (2014), o tempo
médio de cozimento superior a 30 minutos é classificado com
ruim, além de ser um indicativo de raízes de baixa qualidade,
quanto menor o tempo de cocção, maior a qualidade de
massa gerada pelas raízes de mandioca de mesa.
O índice de colheita (IC) é a razão dada entre o peso das
raízes e o peso total da planta. Os valores obtidos em relação
a variável IC corroboram aos resultados observados por
Lessa et al. (2017) que apresentaram variação de 38,3 a
55,83%. De acordo Peixoto et al. (2005), o índice de colheita
é considerado satisfatório quando acima de 50%, no presente
estudo, tal índice foi obtido em quatro materiais entre os
treze clones testados. Segundo Avijala (2013), o índice de
colheita é a característica que revela a distribuição da matéria
seca para partes economicamente úteis da planta, sendo as
raízes os órgãos de maior interesse no cultivo de mandioca,
o índice de colheita consegue fornecer um bom balanço entre
a produção total de carboidratos pelas plantas e sua
distribuição para o sistema radicular.
O coeficiente de correlação (r) visa medir o grau de
associação linear entre duas variáveis quantitativas, os índices
adimensionais possuem valores entre -1 e 1, que indica a
Avaliação agronômica de novos clones de Manihot esculenta Crantz no segundo ciclo vegetativo
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 310-317, mai./jun. 2021.
316
relação linear entre dois conjuntos de dados, sendo assim, os
resultados no presente estudo revelaram pela análise de
correlação simples uma tendência de que genótipos com
elevada estatura podem apresentar maior massa de parte
aérea, e consequentemente maior produtividade, um vez que
os dados obtidos apresentaram um associação de moderada
magnitude da variável altura da planta (H) com o diâmetro
médio das raízes (DR), assim como a característica
produtividade é influenciada pelo massa fresca da raiz,
quanto maior o DR, maior a massa da raiz comercial (MRC).
Segundo Vieira et al. (2014), isso pode ser explicado pelo fato
de que os genótipos com maiores rendimento de massa fresca
da parte aérea são mais competitivos em razão de possuírem
maior número de hastes e folhas e, por consequência,
produzirem mais fotoassimilados para serem armazenados
nas raízes de reserva e se destacarem mais nas primeiras
gerações de seleção.
O caráter índice de colheita mostrou correlacionar-se de
forma significativa, porém negativa e de moderada
magnitude, com o diâmetro do caule e massa fresca da parte
aérea, resultados análogos aos obtidos por Vieira et al. (2014),
o que se justifica pela forma do cálculo do índice de colheita.
A produtividade apresentou associação elevada com a massa
da raiz comercial, uma vez que a produtividade é obtida pela
massa das raízes como também verificado por Tironi et al.
(2015). O caráter produtividade também se correlacionou
significativamente com o diâmetro de raiz, resultados
similares obtidos por Prates et al. (2017), que apresentou
associação de moderada à elevada magnitude (r = 0,70),
indicando que maiores médias de diâmetro de raiz resultam
em raízes mais pesadas. À semelhança dos resultados
apresentados por Prates et al. (2017), o comprimento e o
diâmetro de raízes não apresentaram correlação significativa
entre si, indicando que o crescimento de ambas as
características fenotípicas ocorre de forma independente.
O tempo de cozimento é um caráter de extrema
importância no melhoramento genético da mandioca de
mesa, no presente estudo, o mesmo obteve associação de
moderada magnitude com a massa fresca da parte aérea e
diâmetro médio das raízes. Vieira et al. (2014) na mesma linha
de estudo obteve correlação significativa entre o tempo de
cocção e teor de amido nas raízes. Em estudos realizados na
cultura da cenoura por Greeve et al. (1994), citado por Dos
Anjos et al. (2014), foi observado que, devido ao amido
possuir caráter higroscópico, seu acúmulo nas raízes favorece
o influxo de água nas células, o que diminui a resistência da
parede celular e provoca uma hidratação que reduz a força de
adesão entre as lulas e o amaciamento dos tecidos, e
consequente favorece uma redução no tempo de cozimento.
Vieira et al. (2014) também obteve associação
significativa e positiva entre a massa da parte rea e o teor
de amido nas raízes, muito embora tenha sido de baixa
magnitude, este é um indicativo de que os clones com maior
massa de parte aérea, podem apresentar maiores médias de
diâmetro de raiz, e tendem a acumular maior quantidade de
amido nas raízes, sendo assim, essas correlações apresentam
indícios da possibilidade de seleção de clones de mandioca de
mesa com baixos tempos para o cozimento de forma precoce
nas primeiras gerações de propagação assexuada, o que
significa ganho de tempo para programas de melhoramento.
5. CONCLUSÕES
Os clones avaliados nas condições edafoclimáticas do
município de Santarém, Oeste do Pará, apresentam bom
desempenho nos caracteres altura e diâmetro das plantas,
produtividade, diâmetro médio das raízes, massa fresca da
parte aérea e tempo de cozimento das raízes.
A produtividade média dos clones testados foi superior à
média regional e nacional, indicando potencial dos genótipos.
Os clones C5, C6, C12, C2 e C8 obtiveram os maiores
rendimento de produtividade.
O caráter produtividade está correlacionado
positivamente com a característica massa fresca da parte
aérea, massa da raiz comercial e diâmetro da raiz.
6. AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA pela
concessão de auxílio financeiro para desenvolvimento do
projeto.
Aos produtores rurais da comunidade São José do
município de Santarém-PA pela concessão de área para
execução do experimento.
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