Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 167-172, mar./abr. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i2.10655 ISSN: 2318-7670
Efeito de doses de adubação orgânica na produção de palma forrageira
Maristênio Alves SANTANA1, Vitorio Antonio Pereira de SOUZA1*,
Miryan Franciele Pereira SERPA1, Alex Aguiar LEDO1, Arianna Santana de MENEZES2
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Guanambi, BA, Brasil.
2Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil.
*E-mail: vitorioapsouza@gmail.com
(Orcid: 0000-0001-5088-1684; 0000-0003-3514-0241; 0000-0002-0673-2662; 0000-0002-6176-6363; 0000-0002-9267-0997)
Recebido em 19/06/2020; Aceito em 10/05/2021; Publicado em 16/05/2021.
RESUMO: A palma forrageira representa excelente alternativa de cultivo para o semiárido brasileiro por
adaptar-se bem as condições edafoclimáticas da região. O objetivo desse trabalho foi avaliar as características
morfométricas e a produtividade de duas espécies de palma forrageira submetidas a diferentes doses de
adubação orgânica. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados em esquema fatorial 4 x
2, com 4 repetições, sendo quatro doses de adubação orgânica e duas espécies. As características avaliadas
foram: comprimento do cladódio, largura do cladódio, número de cladódios, altura das plantas, altura total dos
cladódios, área do cladódio, índice de área dos cladódios, produção de massa verde e produção de massa seca.
Os dados foram submetidos a análise de variância. O teste de Tukey (P<0,05) foi usado para comparação das
médias das espécies e para doses de adubo foram gerados gráficos a partir das regressões. Para as características
morfométricas e de produção observou-se efeito significativo para as doses de esterco bovino sob todos os
parâmetros analisados. A máxima produção de matéria seca foi observada, quando se aplicou 75 t ha-1 de esterco
bovino. A palma ‘Gigante’ apresenta maior produção de matéria seca quando comparada a ‘Sem espinho’.
Palavras-chave: Nopalea cochenillifera; Opuntia fícus-indica; semiárido.
Effect of organic fertilization doses on forage palm production
ABSTRACT: The forage palm represents an excellent cultivation alternative for the Brazilian semi-arid, as it
adapts well to the region's edaphoclimatic conditions. The objective of this work was to evaluate the
morphometric characteristics and the productivity of two species of forage palm submitted to different doses
of organic fertilization. The experimental design used was in randomized blocks in a 4 x 2 factorial scheme,
with 4 replications, with four doses of organic fertilization and two species. The characteristics evaluated were:
length of the cladode, width of the cladode, number of cladodes, plant height, total height of the cladodes, area
of the cladode, index of the area of the cladodes, production of green mass and production of dry mass. The
data were subjected to analysis of variance. The Tukey test (P <0.05) was used to compare the means of the
species and for fertilizer doses, graphs were generated from the regressions. For the morphometric and
production characteristics, a significant effect was observed for the doses of bovine manure under all
parameters analyzed. Maximum dry matter production was observed when 75 t ha-1 of bovine manure was
applied. The ‘Gigante’ palm has a higher production of dry matter when compared to ‘Sem espinho’.
Keywords: Nopalea cochenillifera; Opuntia fícus-indica; semiarid.
1. INTRODUÇÃO
A Palma forrageira é uma cactácea de origem mexicana
que apresenta alta capacidade de adaptação em regiões áridas
e semiáridas do Brasil e do mundo, sob ambientes com altas
temperaturas e solos diversos, em virtude das suas
características anatômicas, morfológicas, fisiológicas e
bioquímicas (SILVA et al., 2015; SOARES, 2017).
Existem 178 neros com 2.000 espécies distribuídas pelo
mundo, porém dois gêneros possuem maior importância
econômica, o Opuntia e o Nopalea (MARQUES et al., 2017).
Na Bahia, três espécies que pertencem a esses gêneros se
destacam, são elas: Opuntia fícus-indica (‘Gigante’), Nopalea
cochenillifera (‘Doce’, ‘Miúda’ ou ‘Sem espinho’) e Opuntia sp.
(‘Orelha de onça’ ou ‘Redonda’). A palma ‘Gigante’ é a
espécie mais cultivada, sendo mais difundida no semiárido
(ALMEIDA, 2012).
Seu elevado potencial de produção de fitomassa e
rusticidade, mesmo em condições adversas, são seus
principais atributos e vantagens para utilização (Nobel, 2001;
Ramos et al., 2014), representando a principal fonte de
alimento disponíveis aos animais durante o período de
estiagem no semiárido (SILVA et al., 2014). Possui alta
palatabilidade, sendo bem aceita pelos animais (FERREIRA;
URBANO, 2013). Todas essas particularidades tornam a
palma forrageira, uma cultura xerófila, com maior potencial
de exploração no Semiárido Brasileiro (RAMOS et al., 2014).
A palma possui grande exigência em fertilidade do solo,
tal como elevada taxa de exportação de nutrientes. Sendo
assim, a maior disponibilidade de nutrientes no solo pode
alterar a expressão dos caracteres morfométricos e afetar o
seu rendimento (DONATO et al., 2014). Sampaio (2005)
verificou exigência em Ca e Mg no solo, o tendo bom
desenvolvimento em solos ácidos e salinos. Para cada 10
toneladas de matéria seca produzidas, são exportados 90 kg
de N, 16 kg de P, 258 kg de K e 235 kg de Ca por hectare
Efeito de doses de adubação orgânica na produção de palma forrageira
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(Santos et al., 1990), tornando necessária a reposição desses
nutrientes ao solo.
Acrescentar esterco e outras fontes orgânicas ao solo
diminui a capacidade de adsorção de fósforo, tornando-o
mais disponível para absorção, também aumenta o teor de
nitrogênio disponível e proporciona maior mobilidade desses
nutrientes no solo (NOVAIS et al., 2007).
Diferentes trabalhos demonstraram a alta eficiência da
adubação orgânica na cultura da palma forrageira.
Albuquerque (2000) observou melhor resultado no uso de
adubo orgânico em solos arenosos. A palma responde bem a
adubação orgânica, devendo ser aplicados 20 a 40 t ha-1 de
esterco bovino, caprino ou ovino, ou 100 kg de esterco para
cada tonelada de matéria verde produzida (EMPARN, 2015).
Diante da importância e eficiência da adubação orgânica
em palma forrageira, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar as características morfométricas e a produtividade de
duas espécies de palma forrageira submetidas a diferentes
doses de adubação orgânica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Horto Florestal, cujo
local é destinado à produção de frutas, hortaliças e outras
culturas que abastecem a região, localizado no município de
Caetité, sudoeste baiano, latitude de 14º 04’ 10’’ Sul e
longitude 42º 28’ 130’’ Oeste e com altitude média de
aproximadamente 823 metros. O clima da região, de acordo
com a classificação de Köppen (1948), é caracterizado como
Aw, tropical, apresentando verão com mais pluviosidade que
o inverno. A temperatura média é de 21ºC e pluviosidade
de 650 mm. A umidade relativa da região é de 63% e a
evapotranspiração de referência (ETo) média diária é de 6,50
mm dia-1.
O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho
distrófico típico, com horizonte superficial A franco, textura
média, na fase Caatinga hipoxerófila e com relevo
caracterizado como plano a suave ondulado (EMBRAPA,
2013).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao
acaso em esquema fatorial 4 x 2, com 4 repetições, sendo
quatro doses de adubação orgânica (0; 25; 50 e 75 t ha-1) e
duas espécies de palma (‘Gigante’ e ‘Sem espinho’).
A parcela experimental foi constituída de 4 linhas de 4
metros de comprimento, espaçadas em 1 m, totalizando a
área da parcela de 16 m². Para as avaliações foram
consideradas as duas linhas centrais, avaliando-se 4 plantas
por fileira, totalizando uma área útil de 0,8 m² (0,4 x 2 m). A
área total do experimento foi de 512 m².
Aos 15 dias antes do plantio a área foi subsolada, arada,
gradeada e sulcada. A adubação orgânica foi realizada no
sulco de plantio, conforme as doses previstas.
O plantio dos cladódios ocorreu na primeira quinzena de
agosto de 2016. Os cladódios utilizados para o plantio foram
retirados de campos de produção com dois anos sem colheita
e sendo colocados um cladódio ("raquete") por cova, na
posição vertical a uma profundidade correspondente à
metade do artículo. Os tratos culturais, foram conduzidos
quando necessários, para controle de plantas daninhas foi
adotado a capina manual.
A colheita foi realizada dois anos após o plantio, de forma
manual, conservando-se todos os cladódios primários (mãe)
e secundários (filha) na planta.
Em cada parcela experimental foram escolhidas 8 plantas
nas duas fileiras centrais, a fim de analisar as características de
desenvolvimento, crescimento e produtividade. As
características avaliadas foram: comprimento do cladódio
(CC), largura do cladódio (LC), número de cladódio (NC),
altura das plantas (ALT), altura total de cladódios (ATC), área
do cladódio (AC), índice de área de cladódios (IAC),
produção de massa verde (PMV) e produção de massa seca
(PMS).
As características CC, LC, ATL e ATC foram obtidas
com auxílio de fita métrica. Com os dados da área e do
número de cladódios por planta foi calculado o Índice de
Área do Cladódio (IAC). Para determinação da altura
considerou-se desde o nível do solo até a extremidade do
cladódio mais alto. Para determinação da largura e
comprimento da raquete foram consideradas as maiores
extremidades. Para as mensurações do NC foram
consideradas todas as unidades emitidas pela planta.
A produção de matéria verde (PMV) foi calculada a partir
da colheita e pesagem dos cladódios da área amostral (0,8m²)
e posterirormente convertida para toneladas por hectare.
Para determinação da produção de matéria seca (PMS) foi
retirada de cada planta uma amostra do material verde, onde
foi contabilizado 1000 gramas de material por parcela
experimental. Esse material foi levado para o laboratório,
onde foi fragmentado em partículas menores com tamanho
de 1 a 1,5 cm para facilitar a perda de água. Posteriormente
foi colocado em bandejas de alumínio e levado para estufa
com temperatura de 60ºC por 72 horas (DETMANN et al.,
2012). Logo após esse período, foi estimado os valores de
amostra seca ao ar (ASA).
Posteriormente, foram retiradas das ASA uma amostra de
2 gramas de material de cada parcela experimental e
acondicionada em cadinhos, deixando-os por 16 horas a
105ºC em estufa, a fim de se obter os pesos das amostras
secas em estufa (ASE). O teor de matéria seca foi
determinado conforme a equação 1:
MS (%) = (%
%)
 (01)
em que: MS (%) = teor de matéria seca; ASA = amostra seca
ao ar; ASE = amostra seca em estufa.
Após a determinação do teor de matéria seca o resultado
foi convertido para PMS em toneladas por hectare. Os dados
foram submetidos à análise de variância e teste F a 5 % de
significância. O teste de Tukey (P<0,05) foi usado para
comparação das médias das cultivares e para as doses de
adubo foram gerados gráficos a partir das regressões. Os
procedimentos estatísticos foram realizados no programa
SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS
Houve efeito significativo para doses de esterco bovino
em todas as características morfométricas analisadas, o fator
genótipo foi significativo para NC, ALT, ATC, IAC, PMV e
PMS, já a interação doses de esterco bovino versus cultivares
não foi significativa pelo teste F (P<0,5).
Para o comprimento médio dos cladódios de palma
forrageira, foi possível observar um comportamento
quadrático positivo do comprimento dos cladódios em
função das doses de esterco aplicadas. A dose de 46,63 t ha-1
promoveu o maior comprimento de cladódio das palmas
forrageiras (32,0 cm), havendo redução do comprimento,
quando submetido a doses superiores (Figura 1).
Santana et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 167-172, mar./abr. 2021.
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O mesmo comportamento foi observado para a largura
(Figura 2) e área (Figura 3) do cladódio. A largura do
cladódio tendeu a aumentar até a dose de 46,87 t ha-1,
apresentando um valor de 14,2 cm. A dose de 46,2 t ha-1
proporcionou maior área do cladódio, 315,12 cm². A partir
desta dose é possível notar redução na largura e também na
área do cladódio. O número de cladódios por planta se
ajustou a uma equação linear, a dose de 75 t ha-1 se sobressaiu
entre as demais, resultando em uma média de 10,27 cladódios
por planta (Figura 4).
Da mesma maneira, a maior altura das plantas (83,8 cm),
altura dos cladódios (58 cm) e o maior índice de área dos
cladódios (1,40) foram observados na maior dose de esterco
bovino (Figura 5, 6 e 7, respectivamente).
Figura 1. Comprimento do cladódio (cm) de palma forrageira
submetida a diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 1. Cladode length (cm) of forage palm submitted to different
doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 2. Largura do cladódio (cm) de palma forrageira submetida a
diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 2. Cladode width (cm) of forage palm submitted to different
doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 3. Área do cladódio (cm²) de palma forrageira submetida a
diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 3. Forage palm cladode area (cm²) submitted to different
doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 4. Número de cladódios de palma forrageira submetida a
diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 4. Number of forage palm cladodes submitted to different
doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 5. Altura de plantas (cm) de palma forrageira, submetidas a
diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 5. Height of forage palm plants (cm) submitted to diferente
doses of bovine manure (t ha-1), Caetité- BA.
Figura 6. Altura total de cladódios (m) de palma forrageira
submetida a diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 6. Total height of forage palm cladodes (m) submitted to
different doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 7. Índice de área de cladódios (cm) de palma forrageira
submetida a diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 7. Index of cladodes area (cm) of forage palm submitted to
different doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
A produção de matéria verde e seca em função das doses
pode ser explicada com uma equação linear, onde a dose de
y = -0,0057x2+ 0,5316x + 19,611
R² = 0,99
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
0 25 50 75
Comprimento do cladódio(cm)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = -0,0024x2+ 0,225x + 8,8943
R² = 0,99
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
0 25 50 75
Largura do cladódio (cm)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = -0,0762x2+ 7,0405x + 152,49
R² = 0,98
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
0 25 50 75
Área do cladódio (cm²)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = 0,09x + 4,2861
r² = 0,67
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
0 25 50 75
Número de cladódios
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = 0,2701x + 64,14
r² = 0,83
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
0 25 50 75
Altura das plantas (cm)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = 0,0056x + 0,2417
r² = 0,58
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 25 50 75
Altura total de cládodios (m)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = 0,0136x + 0,5801
r² = 0,59
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
0 25 50 75
Índice de área de cládodios
Doses de esterco bovino (t ha-1)
Efeito de doses de adubação orgânica na produção de palma forrageira
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adubação orgânica de 75 t ha-1 promoveu a maior PMV
(Figura 8) e PMS (Figura 9), resultando em 213,45 e 23,20 t
ha-1, respectivamente.
Como o fator genótipo foi significativo pelo teste F para
PMV e PMS, foi necessário aplicar o teste de Tukey (P<0,05).
A palma ‘Gigante’ obteve maior produção de massa verde e
seca em relação a ‘Sem espinho’, apresentando 175,91 t ha-1
matéria verde e 15,85 t ha-1 de matéria seca (Figura 10 e 11,
respectivamente).
Figura 8. Produção de matéria verde (t ha-1) de palma forrageira
submetida a diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 8. Production of green matter (t ha-1) from forage palm
submitted to different doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 9. Produção de matéria seca (t ha-1) de palma forrageira
submetida a diferentes doses de esterco bovino (t ha-1), Caetité-BA.
Figure 9. Production of dry matter (t ha-1) of forage palm submitted
to different doses of bovine manure (t ha-1), Caetité-BA.
Figura 10. Produção de matéria verde (t ha-1) das espécies
‘Gigante’ e ‘Sem espinho’, Caetité-BA. Médias seguidas por letras
diferentes, em cada coluna, diferem estatisticamente (Tukey, p >
0,05).
Figure 10. Green matter production (t ha-1) of the species ‘Gigante’
and ‘Sem espinho’, Caetité-BA. Means followed by different letters
in each column differ statistically (Tukey, p> 0.05).
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos de comprimento e largura de
cladódio foram semelhantes aos encontrados na literatura.
Barros et al. (2016) relataram que a adição de até 90 t ha-1 de
esterco bovino no cultivo da palma ‘Gigante’ é capaz de
melhorar as características produtivas, como quantidade de
cladódios por planta, altura, produção de massa verde e seca.
(Ferreira et al. (2003) trabalhando com palma forrageira
‘Gigante’ sob diferentes doses de adubação química e/ou
orgânica, verificaram largura média de cladódios de 17,4 cm
aos 510 DAP e 18,3 cm 720 DAP, respectivamente.
Figura 11. Produção de matéria seca (t ha-1) das espécies ‘Gigante’ e
‘Sem espinho’, Caetité-BA. Médias seguidas por letras diferentes, em
cada coluna, diferem estatisticamente (Tukey, p > 0,05).
Figure 11. Green matter production (t ha-1) of the cultivars ‘Gigante’
and ‘Sem espinho’, Caetité-BA. Means followed by different letters
in each column differ statistically (Tukey, p> 0.05).
Donato et al. (2014) trabalhando com palma ‘Gigante’
submetida a diferentes espaçamentos e doses de adubação
observaram que a área dos cladódios avaliados aos 600 DAP,
não diferiu entre as doses de esterco. Esse resultado difere do
encontrado no presente trabalho que indica interação
significativa entre os fatores.
A equação linear obtida entre a dose de adubação e o
número de cladódio demonstra que a cada 11 t ha-1 de esterco
bovino adicionado ao solo proporciona o aumento de 1
cladódio. O aumento do número de cladódio com a dose de
adubação orgânica também foi observado por Almeida
(2011) avaliando palma forrageira ‘Gigante’ no segundo ano
após o plantio constatou valores médios de 12,5 e 16
cladódios por planta, sem adubação e com adubação de 30 t
ha-1 ano-1 de esterco bovino, respectivamente.
A altura das plantas e a altura total de cladódios teve um
incremento linear da dose zero até a dose de 75 t ha-1 de
adubação. Entre a ausência do adubo e a maior dose aplicada
a altura total de cladódios variou em 42 cm e a altura das
plantas em 20,26 cm.
O índice de área foliar é um parâmetro indireto de
produção que um maior índice indica uma maior
capacidade de realizar fotossíntese e consequentemente um
maior potencial produtivo, dessa forma o incremento na dose
de adubação proporcionou melhores resultados. A cada 10 t
ha-1 de esterco bovino aplicado proporcionou um aumento
de 0,136 do índice da área foliar, sendo que a dose de 75 t ha-
1 obteve o valor de 1,6.
Com o aumento da dose de adubo orgânico aumentou
também a PMV e PMS. A produção de uma cultura
normalmente responde de forma quadrática à dose de
adubação, obedecendo à lei do máximo de fertilidade do solo
(VOISIN, 1973), a resposta linear encontrada no presente
trabalho é um indicativo que a dose máxima e a ideal para as
espécies estudadas está acima das testadas. A dose de 75 t ha-
1 de esterco bovino promoveu um incremento de 137,27 t ha-
1 de matéria verde em relação a dose zero. a diferença da
PMS entre a dose zero e a maior dose foi de 17,01 t ha-1. A
dose de 75 t ha-1de adubo orgânico promoveu uma PMS de
y = 1,8303x + 80,546
r² = 0,75
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
0 25 50 75
PMV (t ha-1)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
y = 0,2269x + 4,6982
r² = 0,83
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
0 25 50 75
PMS (t ha-1)
Doses de esterco bovino (t ha-1)
175,91 a
122,45 b
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
Gigante Sem espinho
PMV (t ha-1)
Espécies
15,83 a
10,59 b
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
Gigante Sem espinho
PMS (t ha-1)
Cultivares
Santana et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 167-172, mar./abr. 2021.
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21,71 t ha-1 esse resultado corrobora com o encontrado por
Donato (2014), onde a aplicação de 71,8 t ha-1 ano-1 de
esterco bovino atingiu uma produção máxima de matéria seca
de 21,8 t ha-1.
Quando analisamos as espécies independente das doses
de adubação, podemos aferir que houve diferenças
significativas para a PMV e PMS. A palma forrageira
‘Gigante’ tem maior potencial produtivo quando comparada
à ‘Sem espinho’ produzindo a mais 53,46 t ha-1 de matéria
verde e 5,24 t ha-1 de matéria seca. Esse resultado é divergente
do encontrado por Silva et al. (2014) que concluiu que a
palma ‘Sem espinho’ apresenta maior potencial produtivo
quando comparada a ‘Gigante’ em diferentes densidades de
plantio. É importante ressaltar que os trabalhos foram
desenvolvidos em ambientes diferentes e uma possível
explicação para a inversão da produtividade das espécies é a
interação genótipo x ambiente que a produtividade é uma
característica controlada por muitos genes e
consequentemente muito afetada pelo ambiente.
5. CONCLUSÕES
A maior produção de matéria seca (23,20 t ha-1) ocorreu
na dose de 75 t ha-1 de esterco bovino, mas essa mesma dose
provoca redução nas características: comprimento do
cladódio, largura do cladódio e área do cladódio.
A palma ‘Gigante’ apresenta uma maior produção de
matéria seca (15,83 t ha-1) quando comparada a ‘Sem espinho’
(10,59 t ha-1).
6. REFERÊNCIAS
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