Eficiência fotoquímica em cladódios de palma forrageira ‘Gigante’ cultivada sob diferentes espaçamentos e adubação mineral
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 254-259, mai./jun. 2021.
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ao início da Fase IV da fotossíntese CAM no final da tarde
(18 h).
Esta mesma tendência foi observada anteriormente em
cladódios de palma forrageira na região em estudo em
período chuvoso (BRITO et al., 2018) e evidenciam que em
condições amenas de temperatura, alta umidade relativa do ar
(Figura 1), portanto, baixo déficit de pressão de vapor, os
cladódios de palma forrageira atuam com metabolismo C3
durante a Fase III da fotossíntese CAM. Neste sentido, entre
às 6 e 11 h os estômatos estariam abertos absorvendo CO2,
mais com baixa perda de água devido às condições
meteorológicas do período. No entanto, quando a
temperatura e radiação aumentam e ocorre o fechamento
estomático, com posterior abertura apenas no final do dia.
Outro fator que corrobora esse fato é a percepção em campo
da inclinação dos cladódios (nastismo) como relatado por
Donato et al. (2017b), que caracteriza um mecanismo
morfofisiológico de defesa, comumente observado em
plantas C3 (TAIZ et al., 2017).
Pode-se inferir que a atividade fotoquímica dos cladódios
de palma forrageira apresentou magnitude de respostas
diferenciadas nos períodos seco e chuvoso avaliados, fato que
indica alterações fotossintéticas que permitem a cultura
captar CO2 a noite (via CAM) e durante o dia (via C3)
(PIMIENTA-BARRIOS et al., 2012) para acumular maior
quantidade de reserva em épocas favoráveis, ou seja, no
período de chuvas, e utilizar estas com a máxima eficiência
em períodos de seca onde ela atua apenas como metabolismo
CAM.
De forma geral, tem-se que os espaçamentos 1,00 x 0,50
m e 3,00 x 1,00 x 0,25 m propiciaram os melhores resultados
de fluorescência, principalmente, em relação ao Yield. Esse
resultado de rendimento quântico ideal em cladódios de
palma forrageira no período chuvoso deve-se possivelmente,
ao fato que a taxa instantânea de assimilação de CO2 e o
ganho diário de carbono dos cladódios aumentaram
significativamente após as plantas receberem uma quantidade
substancial de chuva. Pesquisas realizadas em cladódios de
palma forrageira verificaram que captação diária líquida de
CO2 foi mais acentuada na época de chuvas e a formação de
raízes aumentada em resposta à disponibilidade de água no
solo (PIMIENTA-BARRIOS et al., 2012).
Esses resultados diários são importantes e podem ser
extrapolados para o contexto produtivo ao longo do ano, que
se for observado apresenta as mesmas variações das
características meteorológicas presente ao longo do dia, tais
como, variação de temperatura, radiação, umidade relativa,
déficit de pressão de vapor. Assim, a variação cúbica
observada no crescimento da palma forrageira ao longo do
ciclo produtivo (SILVA et al., 2016b) corrobora com os
resultados diários de fluorescência da clorofila encontrados
no presente estudo.
Além disso, os resultados ampliam os conhecimentos
existentes sobre a fisiologia da cultura e permite em
associação com outros resultados de pesquisa (DONATO et
al., 2014; SILVA et al., 2016ab; PADILHA JÚNIOR et al.,
2016; DONATO et al., 2017a; BRITO et al., 2018) otimizar
as práticas de manejo e elevar os índices produtivos da palma
forrageira nas condições edafoclimáticas do semiárido.
5. CONCLUSÕES
Os cladódios de palma forrageira ‘Gigante’ cultivada sob
diferentes espaçamentos e adubações química sofrem
alterações no fotossistema II na época seca nas condições
fisiográficas do semiárido baiano.
Na época de chuvas na região semiárida o rendimento
fotossintético em cladódios de palma forrageira é
considerado ideal com variações ao longo do dia.
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