Nativa, Sinop, v. 9, n. 1, p. p. 09-15, jan./fev. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i1.10546 ISSN: 2318-7670
Otimização das condições de ensaio
in vivo
da enzima
redutase do nitrato em Cucurbitáceas
Biank Amorim RODRIGUES1, Alessandro Carlos MESQUITA1*
1 Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, Universidade do Estado da Bahia, Juazeiro, BA, Brasil.
*E-mail: alessandro.mesq@yahoo.com.br
(Orcid: 0000-0002-9754-1676; 0000-0003-1892-2997)
Recebido em 01/06/2020; Aceito em 18/01/2021; Publicado em 10/02/2021.
RESUMO: As cucurbitáceas abrangem espécies de importância para o Nordeste brasileiro, dentre elas o melão,
a melancia e o pepino são as que possuem maior expressividade de cultivo. O sistema de produção dessas
hortaliças requer a presença de nitrogênio, que, sendo que a redução do nitrato por meio da atividade da
redutase do nitrato no citosol da lula é uma parte importante do processo de incorporação do N em
aminoácidos. Contudo, as metodologias utilizadas são diversas e aplicadas em diversas culturas de forma geral,
havendo a necessidade de uma maior especificidade. O presente trabalho teve como objetivo padronizar as
condições mais apropriadas para a determinação da atividade da RN, in vivo, no tecido foliar de melancia, melão
e pepino. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em fatorial 3x3,
compreendendo três metodologias in vivo e três propostas de infiltração do material vegetal (banho-maria, estufa
e a vácuo), com quatro repetições. As plantas foram conduzidas em casa de vegetação e os tecidos foliares
completamente expandidos foram coletados, após 20 dias da germinação, para a condução dos métodos
enzimáticos e avaliar a atividade da enzima redutase do nitrato (NR). Os resultados obtidos demonstraram que
a maior atividade da NR no tecido foliar de melancia e melão foi obtida utilizando a Metodologia 1 submetido
ao vácuo, enquanto que para o pepino o melhor ensaio foi o Metodologia 2, quando também submetido ao
vácuo.
Palavras-chave: nitrogênio; metabolismo; enzimologia.
Optimization of in vivo test conditions of nitrate enzyme reductase in Cucurbitacea
ABSTRACT: Cucurbits include species of importance to the Northeast of Brazil, among them melon,
watermelon and cucumber are those that have the most expressive cultivation. The production system of these
vegetables requires the presence of nitrogen, which, whereas the reduction of nitrate through the activity of
nitrate reductase in the cell's cytosol is an important part of the process of incorporating N into amino acids.
However, the methodologies used are diverse and applied in different cultures in general, with the need for
greater specificity. The present study aimed to standardize the most appropriate conditions for determining the
activity of RN, in vivo, in the leaf tissue of watermelon, melon and cucumber. The experiment was conducted
in a completely randomized design in a 3x3 factorial, comprising three in vivo methodologies and three
proposals for infiltration of plant material (water bath, greenhouse and vacuum), with four replications. The
plants were conducted in a greenhouse and the fully expanded leaf tissues were collected, after 20 days of
germination, to conduct the enzymatic methods and evaluate the activity of the nitrate reductase (NR) enzyme.
The results obtained demonstrated that the greatest activity of NR in the watermelon and melon leaf tissue was
obtained using Methodology 1 submitted to vacuum, while for cucumber the best test was Methodology 2,
when also submitted to vacuum.
Keywords: nitrogen; metabolismo; enzimology.
1. INTRODUÇÃO
Cucurbitaceae é uma família botânica que se destaca pelo
significativo cultivo e comércio, com ocorrência e
distribuição em várias regiões do mundo. Possui cerca de
1000 espécies, incluindo inúmeras culturas, como pepino
(Cucumis sativus), melancia (Citrullus lanatus), melão (Cucumis
melo), (SCHAEFER; RENNER, 2011a,b; RENNER;
SCHAEFER, 2016). Segundo Chomicki et al. (2019), 10
espécies são de importância econômica mundial, cultivadas
globalmente e são consideradas 'grandes culturas', entre elas,
a melancia, pepino e melão.
Na região Nordeste, principalmente no polo agrícola do
Submédio do Vale do São Francisco, tanto o melão como a
melancia possuem grande representatividade, uma vez que a
respectiva produção destas olerícolas, nesta região, no ano de
2017, correspondeu a 95,2% e 28,6% da produção brasileira
(IBGE, 2017).
O sucesso de produtividade esassociado, entre outras
condições, ao manejo nutricional adequado para cada
cultivar, normalmente os nutrientes mais fornecidos nas
adubações são nitrogênio, fósforo e potássio e os mais
acumulados ao final do ciclo são o potássio, nitrogênio e
cálcio. Dessa forma, é importante avaliar a dinâmica de
absorção do nitrogênio pela planta de modo a evitar a
demasia ou a carência no solo (PÔRTO et al., 2012).
Otimização das condições de ensaio in vivo da enzima redutase do nitrato em Cucurbitáceas
Nativa, Sinop, v. 9, n. 1, p. 09-15, jan./fev. 2021.
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Assim, o conhecimento do mecanismo de transporte e
sinalização de nitratos é uma forma de estratégia para
melhorar a eficiência da utilização de nitrogênio, reduzir os
custos de insumos agrícolas e aliviar os impactos ambientais
(WANG, 2018), sobretudo diante do fato de que muitas
vezes menos de 50% do fertilizante de nitrogênio aplicado às
culturas é realmente utilizado pelas mesmas (YANG et al.,
2010).
O nitrogênio (N) é o elemento fundamental no
metabolismo vegetal e requerido pelas plantas em
quantidades maiores do que qualquer outro elemento
mineral. Isto porque é constituinte de muitos compostos
estáveis, incluindo os inorgânicos, como o s dinitrogênio
(N2), sais de amônio (NH4+) e sais de nitrato (NO3-) e
orgânicos, como proteínas e ácidos nucléicos (BLOOM,
2015). Esse mesmo autor relata que as plantas superiores
absorvem N do solo nas formas de amônio ou nitrato,
provenientes, principalmente, da mineralização da matéria
orgânica pelos microrganismos, e de uréia, através da
aplicação de fertilizantes químicos, ainda assim, sob
condições aeróbicas, o nitrato é a forma predominante de
nitrogênio no solo.
Nos solos aeróbicos, a principal forma de N inorgânico
é o nitrato. Para muitas plantas, pouco nitrato é absorvido
pelas raízes e assimilado pelas mesmas, pois a maior parcela
é transportada para a parte aérea, onde é primeiro reduzido a
nitrito pela Nitrato Redutase, no citoplasma. Assim, estudos
que avaliam a absorção e assimilação de N na forma nítrica,
necessariamente avaliam a atividade dessa enzima (XU;
MILLER, 2012).
Dentro da célula, o nitrato é primeiramente reduzido a
nitrito pela enzima citossólica Redutase do Nitrato (RN),
sendo este o passo limitante na via de assimilação. Em
seguida, o nitrito gerado é transportado para o cloroplasto
por sistemas específicos, onde a enzima Nitrito Redutase
(NiR) catalisará o processo de redução do nitrito a amônio, o
qual finalmente será incorporado às cadeias carbônicas
mediante a geração de glutamato através do ciclo da
Glutamina Sintetase (GS)/Glutamato Sintetase (GOGAT)
(SANZ-LUQUE et al., 2015). Em resumo, a assimilação de
nitrato ocorre por uma via linear simples, englobando
dois transportes (de nitrato e de nitrito) e duas etapas de
redução (envolvendo NR e NiR) (CHAMIZO-AMPUDIA et
al., 2017).
Além do seu papel como nutriente, o nitrato também é
um sinal importante para respostas moleculares, metabólicas
e fisiológicas a níveis locais e sistêmicos da planta, bem como
fornece sinais que modulam a expressão dos genes de
assimilação de nitrato e regulam o desenvolvimento das
raízes laterais (KRAPP et al., 2014), aliviam a dormência de
sementes (FORDE e WALCH-LIU, 2009) e modulam a
morfogênese foliar, além de atuar regulando mecanismos
transcricional, traducional e pós-traducional (MAZID et al.,
2012).
Os ensaios para determinar a atividade enzimática da NR
podem ser in vivo ou in vitro. No primeiro método, a enzima
não é extraída do interior da lula, pois sua membrana é
artificialmente permeabilizada para permitir a liberação dos
produtos da reação. Devido à simplicidade, Mulder et al.
(1959) foram responsáveis por publicar, pela primeira vez, o
ensaio in vivo da NR em discos foliares, e desde então, tem
sido amplamente utilizado com várias modificações. Em
1971, Klepper et al., Jaworski e Hageman & Reed
propuseram algumas condições ótimas dos fatores para a
atividade da redutase do nitrato in vivo, principalmente em
plantas de milho, soja, tabaco e tomate. Mais tarde, Radin
(1973) descreveu os efeitos de várias condições de incubação
na atividade da NR em folhas de algodão, seguido pelos
ensaios de Cataldo et al. (1975), utilizando plantas de milho e
aveia, demonstrou um método rápido, livre de interferências
de outros íons presentes nos tecidos vegetais e adequado para
amostras com ampla gama de concentrações de nitrato.
São poucas as informações na literatura sobre a atividade
da Nitrato Redutase em Cucurbitáceas, e a metodologia
utilizada para os ensaios in vivo baseia-se em técnicas
desenvolvidas para outras espécies. Os trabalhos envolvidos,
geralmente, avaliam a resposta fisiológica de cultivares em
função da aplicação de fungicidas (MACEDO, 2017;
SIRTOLI et al., 2011), bem como a influência do déficit
hídrico e adubação nitrogenada (CAMPOS et al., 2017) e o
comportamento frente à utilização de biofertilizantes.
Portanto, o estabelecimento de condições apropriadas
para a determinação enzimática da NR é necessário, posto
que cada espécie possui particularidades anatômicas e
fisiológicas. Na literatura é possível encontrar metodologias
aprimoradas para plantas de cana-de-açúcar (SANTOS et
al., 2014; BARBOSA et al., 2016) e Camapu (Physalis
angulata L.) (TANAN, 2019). Contudo, para cucurbitáceas
ainda são utilizados os protocolos originais, desenvolvidos
por Klepper et al. (1971), Jaworski (1971) e Cataldo et al.
(1975) para plantas de tomate, soja, milho e aveia.
Nessa perspectiva, este trabalho teve como objetivo
padronizar e caracterizar um protocolo laboratorial com as
melhores condições para determinação in vivo da atividade
enzimática da Redutase do Nitrato, no tecido foliar de
algumas cucurbitáceas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As plantas foram conduzidas em casa de vegetação no
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais DTCS,
Campus III, da Universidade do Estado da Bahia, na cidade de
Juazeiro-BA. Sementes de melancia cv. Crimson Sweet,
melão cv. Gladial e pepino cv. Pepino Verde Comprido
foram colocadas para germinar em sacos de polietileno
contendo substrato comercial. Aos 7 e 14 dias após a
germinação foi feita apenas aplicação dos nutrientes Fósforo
e Potássio, em proporções adequadas de acordo com a
necessidade de cada cultura, para o auxílio no
desenvolvimento inicial, após a emergência das mudas, até o
surgimento da primeira folha definitiva.
As plantas foram mantidas em casa de vegetação, com
irrigações diárias, e, para os diferentes métodos, aos 20 dias
após a germinação, foram selecionadas aquelas cuja folha
definitiva encontrava-se completamente expandida. Para
cada uma das culturas realizou-se um experimento
independente. Em cada experimento, adotou-se o
delineamento experimental inteiramente casualizado, em
fatorial 3x3, compreendendo três métodos in vivo, três
propostas de infiltração do material vegetal (banho-maria,
estufa e a vácuo), com quatro repetições.
2.1. Ensaios
in vivo
Para a estimativa da atividade da Nitrato Redutase in vivo,
os três métodos descritos abaixo tiveram como base as
metodologias propostas por Jaworski (1971) e Meguro;
Magalhães (1982) com algumas modificações (Tabela 1)
Rodrigues; Mesquita
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visando otimizar a técnica para folhas da melancia, melão e
pepino, descritas a seguir:
Método 1: Fragmentos de 0,1 g de tecidos foliares foram
incubados em frascos protegidos da luz, contendo 5 mL de
solução tampão fosfato (K2HPO4 + KH2PO4, 0,1 mol L-1),
pH 7.0, adicionado de 1 mL de nitrato de potássio (KNO3
0,28 mol L-1) e 1 mL de n- propanol (1% v/v). Ao final do
processo, após a infiltração, foi transferido 1 mL do meio de
reação para tubos de ensaio contendo: 1 mL de n-naftil
etileno diamina 0,01% (m/v) e 1 mL de sulfanilamida 0,1%
em HCl 3,0 mol L-1, seguida da leitura da absorbância no
espectrofotômetro.
Método 2: Fragmentos de 0,5 g de tecidos foliares foram
colocados em frascos protegidos da luz, contendo 8 mL de
solução tampão fosfato (K2HPO4 + KH2PO4, 0,3 mol L-1),
pH 7.5, adicionado de 1 mL de nitrato de potássio (KNO3
0,3 mol L-1) e 1 mL de n- propanol (1% v/v). Após
infiltração, 5 mL desse meio foi transferido para uma cubeta
de vidro e acrescentados 0,5 mL de solução de sulfanilamida
10 g L-1 em HCl 3,0 mol L-1 e 0,5 de n-naftil etileno diamina
0,2 g L-1. A mistura foi homogeneizada, e, após 20 minutos o
volume foi completado a 4 mL com água deionizada e a
absorbância medida em espectrofotômetro.
Método 3: Fragmentos de 0,2 g de tecidos foliares foram
colocados em frascos protegidos da luz, contendo 6 mL de
tampão fosfato (K2HPO4 + KH2PO4, 0,2 mol L-1), pH 7.3,
adicionado de 1 mL de nitrato de potássio (KNO3 0,05 mol
L-1) e 1 mL de n-propanol (3% v/v). Para se determinar a
quantidade de nitrito formada pela reação, após infiltração,
foram retiradas alíquotas de 0,5 mL do meio de incubação,
adicionada de 1 mL de sulfanilamida 1% em HCl 1,5 N, 1 mL
de N-2-naftil-etileno 0,02% e 1,5 mL de água destilada e
levadas para leitura em espectrofotômetro.
A concentração de nitrito produzida foi determinada em
espectrofotômetro a 540 nm e a atividade da RN estimada
em µmol de nitrito liberado por 1 g de tecido fresco por hora
de incubação (µmol NO2 g-1 mf h-1) e calculada com base em
equação linear obtida a partir do preparo prévio na curva-
padrão.
O branco do espectrofotômetro foi feito seguindo o
mesmo procedimento para as amostras, no entanto o tampão
de extração foi substituído pelo mesmo tampão sem adição
de KNO3. Para melhor compreensão, segue abaixo na
Tabela 1, um resumo contendo as principais diferenças entre
os métodos.
Tabela 1. Caracterização dos diferentes métodos para otimização do método e determinação da Nitrato Redutase em tecidos foliares de
melancia, pepino e melão.
Table 1. Characterization of the different tests for optimization of the method and determination of Nitrate Reductase in leaf tissues of
watermelon, cucumber and melon.
Tecido foliar (g) KH
2
PO (mol L-1) pH/HH
2
PO
4
KNO
3
(mol L-1) Propanol (%) VF (mL)
M 1 0,1 0,1 7.0 0,28 1 7
M 2 0,5 0,2 7.5 0,3 1 10
M 3 0,2 0,3 7.3 0,05 3 8
VF=volume final.
Para todos os ensaios, após a incubação do tecido foliar
em tampão, foram realizadas as três formas de infiltração: a)
banho-maria sem o vácuo a 35 ºC por 60 minutos, na
ausência de luz; b) estufa a 35 ºC por 60 min na ausência de
luz; c) bomba de vácuo por duas vezes, 1 minuto cada,
utilizando dessecador ligado a bomba pressurizadora e depois
mantidos na ausência de luz em banho-maria a 32º C, por 60
minutos; d) após o processo de incubação, as alíquotas foram
retiradas e as análises enzimáticas realizadas como descrito
anteriormente, especifico para cada método aplicado; e) Os
dados obtidos foram submetidos à análise de variância, com
comparação entre as médias feitas pelo teste de Tukey em
nível de 5% de probabilidade de erro, através do software
estatístico SISVAR versão 5.6 beta (FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS
Os resultados obtidos com a análise de variância
demonstraram interação significativa para a interação entre
os métodos e os tipos de infiltração testados para as três
espécies analisadas, sendo que as Figuras foram compostas
pelo desdobramento da interação para cada fator avaliado.
Para a melancia (Figura 1A), pode-se verificar que
avaliando os métodos enzimáticos aplicados, o Método 1 foi
superior aos demais quando usado a bomba de vácuo,
representando um ganho de 38% e 220% em relação ao
método 2 e 3 respectivamente. Na condução em condição de
estufa, os Métodos 1 e 2 foram similares e superiores ao
Método 3, que apresentou uma perda em torno de 108%
quando comparado aos demais. quando observamos o
ensaio conduzido em banho maria, o melhor resultado foi
obtido quando conduzido no Método 3, com valores na
atividade enzimática superiores em 28% e 700% quando
comparado ao Método 1 e 2, respectivamente.
Quando avaliamos os tipos de incubação dentro de cada
método (Figura 1B), o melhor resultado foi obtido no
Método 1 quando utilizado a bomba de vácuo como meio de
infiltração; o Método 2 o apresentou diferença entre estufa
e bomba de vácuo; e que no Método 3, o melhor resultado
foi obtido quando conduzido em banho-maria.
Deve-se ressaltar que como demonstrado na Tabela 1, o
Método 1 foi aquele com menor quantidade de tecido vegetal
utilizado (0,1 g MF), menor quantidade de fosfato de potássio
(0,1 mol L-1) e pH em 7,0. Em função disso, ocorre também
uma redução no gasto destes reagentes.
Para a cultura do melão, observa-se na Figura 2A uma
superioridade na atividade da enzima Nitrato Redutase
quando utilizado o Método 1, independentemente do meio
de infiltração aplicado, sendo que isso fica evidenciado na
Figura 2B. Contudo, é importante destacar que os maiores
valores médios observados foram obtidos quando se utilizou
o Método 1 e a incubação do meio em bomba de vácuo, com
ganho em superioridade da atividade enzimática em torno de
98% e de 668% em relação ao Método 2 e 3, respectivamente.
O comportamento similar da atividade da NR para folhas
de melancia e melão submetidos às mesmas condições de
ensaio pode ser explicado devido às semelhanças fisiológicas
para o fracionamento constante da redução do nitrato, além
da composição do meio de incubação ter favorecido esta
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resposta, uma vez que a concentração de KNO3 0,28 mol L-
1 garantiu a situação de saturação da enzima pelo substrato,
para se desenvolver todo o tempo de incubação em situação
de velocidade máxima da enzima.
Com relação aos valores obtidos da enzima Nitrato
Redutase para a cultura do pepino, ficou determinado na
Figura 3A que o Método 1, diferentemente do relatado para
a cultura da melancia e melão, o sobressaiu sobre os
demais. Pode-se observar que o Método 2 conduzido na
estufa e na bomba de vácuo apresentou os valores médios
superiores aos demais tratamentos, com maior atividade
expressa quando utilizado a bomba de vácuo, representando
um ganho na atividade da enzima de 250% e 455% quando
comparado ao Método 1 e 3, respectivamente. O Método 3
conduzido no banho maria foi superior aos demais métodos.
Esse comportamento fica comprovado quando analisamos a
Figura 3B.
Ao se obter os valores médios levando em consideração
as culturas avaliadas (Figura 4), podemos melhor visualizar os
resultados demonstrados nas Figuras anteriores.
Verifica-se que para a cultura da melancieira e do
meloeiro (Figura 4A), o método 1 apresenta os melhores
resultados, e que para o pepino, houve uma superioridade do
método 2, contudo, apresentando valores inferiores aos
obtidos nas outras culturas. Ao observarmos os resultados
em função do meio de incubação (Figura 4B), pode-se
evidenciar uma superioridade quando do uso da estufa de
circulação fechada em comparação aos demais métodos, para
a cultura da melancieira e meloeiro. para a cultura do
pepino, observamos uma padronização nos resultados e
como citado anteriormente, ressalta-se uma inferioridade na
atividade da enzima em comparação com as demais culturas.
As médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Figura 1. Comportamento da atividade da Nitrato Redutase (NR) em tecidos foliares de melancia (Citrullus lanatus) quando desdobrado os
ensaios dentro de cada condição de infiltração (A); e as condições de infiltração dentro de cada método (B). B.M banho-maria; EST-
estufa; VAC – vácuo.
Figure 1. Behavior of Nitrate Reductase (NR) activity in watermelon leaf tissues (Citrullus lanatus) when the tests were deployed within each
infiltration condition (A); and the infiltration conditions within each method (B). B.M - water bath; EST- drying oven; VAC - vacuum.
As médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Figura 2. Comportamento da atividade da Nitrato Redutase (NR) em tecidos foliares de melão (Cucumis melo) quando desdobrado os ensaios
dentro de cada condição de infiltração (A); e as condições de infiltração dentro de cada método (B). B.M – banho-maria; EST- estufa; VAC
– vácuo.
Figure 2. Behavior of the activity of Nitrate Reductase (NR) in leaf tissues of melon (Cucumis melo) when deployed the tests within each
infiltration condition (A); and the infiltration conditions within each method (B). B.M - water bath; EST- drying oven; VAC - vacuum.
Rodrigues; Mesquita
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As médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Figura 3. Comportamento da atividade da Nitrato Redutase (NR) em tecidos foliares de pepino (Cucumis sativus) quando desdobrado os
ensaios dentro de cada condição de infiltração (A); e as condições de infiltração dentro de cada método (B). B.M banho-maria; EST-
estufa; VAC – vácuo.
Figure 3. Behavior of Nitrate Reductase (NR) activity in leaf tissues of cucumber (Cucumis sativus) when the tests were deployed within each
infiltration condition (A); and the infiltration conditions within each method (B). B.M - water bath; EST- drying oven; VAC - vacuum.
Figura 4. Comportamento da atividade da Nitrato Redutase (NR) em tecidos foliares de melancia (Citrullus lanatus); melão (Cucumis melo) e
pepino (Cucumis sativus) em função do método avaliado (A); e nas condições de infiltração (B).
Figure 4. Behavior of Nitrate Reductase (NR) activity in watermelon leaf tissues (Citrullus lanatus); melon (Cucumis melo) and cucumber
(Cucumis sativus) according to the evaluated method (A); and infiltration conditions (B).
4. DISCUSSÃO
Nas três espécies de estudo, nota-se que os tratamentos
utilizando o banho-maria como meio de infiltração
demonstrou reduzidas atividades enzimáticas,
principalmente associado ao Método 2, este fato sugere
pouca eficácia deste método em romper a parede celular, para
que o nitrato contido no meio de incubação entre no interior
das células, e que o nitrito produzido seja distribuído para o
meio de incubação e detectado. É importante destacar que o
banho maria utilizado não tinha a opção de agitação, fato este
que pode ter influenciado. Contudo, tal evento pode ter sido
compensado, no Método 3, em que a concentração do
solvente n-propanol (3%) utilizada foi maior, ao mesmo
tempo que a concentração de KNO3 foi a menor (0,05 mol
L-1).
A função do solvente, além de diminuir a tensão
superficial, é proporcionar o aumentoda permeabilidade
celular ao nitrato e nitrito, dessa forma auxilia a passagem do
nitrato oriundo do meio de incubação, do vacúolo para o
citoplasma, local onde ocorre a redução pela NR (JAMUR;
OLIVER, 2010).
Assim como o emprego do banho-maria expressou
menores atividade da NR, a submissão dos tratamentos ao
vácuo sobressaiu-se, apresentando maiores atividades
enzimáticas. Tal ocorrido contraria os resultados obtidos por
Santos et al. (2014) em folhas de cana de açúcar, no qual não
houve diferença significativa na atividade da NR dos
tratamentos com vácuo e no tratamento sem vácuo.
Entretanto, Tanan (2019), em seu trabalho com folhas de
camapu observou os maiores valores da atividade da NR com
a submissão do meio de incubação ao vácuo.
Macedo (2012) em seu trabalho com melão e Sirtoli et al.
(2011) com pepineiro, encontraram valores para a atividade
enzimática da NR, próximos a 33,5 e 37,6 µmols NO2 g-
1mfh-1, respectivamente. Na metodologia adotada em
ambos experimentos, as amostras também foram
submetidas ao vácuo, em meio de incubação com
concentrações de KH2PO4 0,05 mol L-1 e KNO3 0,1 mol
L-1, sem adição de solvente, para o primeiro; enquanto que
o outro utilizou KH2PO4 0,1 mol L-1 contendo 0,0005 mol
L-1 de KNO3 e 1% de propanol. Tais valores da aNR estão
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dentro da faixa de variação encontrado no presente trabalho
cuja aNR variou de 12,24 até 94,15 µmols NO2 g-1 mf h-1,
para o melão e 9,01 até 50,05 µmols NO2 g-1 mf h-1, para o
pepino. Isto sugere que as concentrações de tampão
KH2PO4, KNO3, e a utilização de solvente também sejam
fatores que induzem maiores ou menores atividades
enzimáticas.
5. CONCLUSÕES
A maior atividade da Nitrato Redutase no tecido foliar de
melancia e melão foi obtida utilizando- se o meio de
incubação contendo 0,1 g de tecido foliar, tampão fosfato 0,1
mol L-1 pH 7.0, KNO3 0,28 mol L-1, e n-propanol 1%
(Método 1), submetidos duas vezes, durante 1 minuto, à
vácuo.
A atividade da Nitrato Redutase foi melhor observada no
tecido foliar do pepino utilizando-se o meio de incubação
contendo 0,5 g de tecido foliar, tampão fosfato 0,2 mol L-1,
pH 7.5, KNO3 0,3 mol L-1, e n-propanol 1% (Método 2),
também submetido ao vácuo.
6. REFERÊNCIAS
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