Microrganismos promotores de crescimento em alface
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 100-105, mar./abr. 2021.
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De acordo com Mattos et al. (2008), alfaces sobre estresse
que são produzidas em temperaturas elevadas, podem
ocasionar efeito que alteram seu metabólicos, o que pode
levar nos tecidos vegetais a elevação da atividade respiratória
e evolução de etileno. O etileno, quando se acumula no
interior dos tecidos, promove o aumento da respiração,
estimula diversos processos metabólicos e,
consequentemente reduz a qualidade dessa hortaliça
(HONÓRIO; MORETTI, 2002).
Na alface, o acúmulo do etileno estimula a paralização do
desenvolvimento da raiz, a utilização de bactérias promotoras
do crescimento pode estimular o crescimento das plantas
atuando na redução dos níveis de etileno através da ação da
enzima ACC desaminase, essa redução nas raízes de plantas
hospedeiras resultando em seu alongamento (HONÓRIO;
MORETTI, 2002; GLICK et al., 1998). A capacidade dos
promotores em estimularem o crescimento vegetal pode estar
diretamente relacionada à habilidade desses microrganismos
em colonizarem e sobreviverem no solo e/ou rizosfera das
plantas onde forem introduzidos (MATTOS et al., 2008;
HARMAN et al., 2004; CRUZ, 2010). A promoção do
crescimento radicular é um dos efeitos benéficos dos MPCPs,
pois o estabelecimento rápido de raízes laterais e adventícias
é uma característica vantajosa para plantas, aumentando a
habilidade de se fixar ao solo e obter água e nutrientes do
ambiente (PRIGENT-COMBARET et al., 2008)
Em relação a T. atroviride, Nawrocka (2013), a forma de
ação de algumas cepas de Trichoderma sp. está na capacidade
de fornecer as plantas nutrientes e fitohormônios, como o
ácido indol-acético (AIA), que influência no crescimento das
plantas, embora seja mais provável que este gênero de fungo
estimule o crescimento por influenciarem no equilíbrio dos
hormônios, tais como AIA, ácido giberélico e etileno,
interferindo também no seu metabolismo de hidratos de
carbono e na fotossíntese, contribuindo para o crescimento
de raiz e acumulo de massa.
Os valores obtidos no presente estudo enfatizam a
variação de resposta dos três isolados de T. atroviride (TQ, TP
e TC) entre as variáveis, podendo deixar claro que o fato de
um isolado apresentar bom efeito para um cultivar, não
necessariamente detém um potencial positivo para a outra.
Hoyos-Carvajal et al. (2009) avaliaram a produção de
metabólitos de 101 isolados de Trichoderma spp. na Colômbia
e verificaram que 20% das cepas foram capazes de produzir
formas solúveis de fosfato de rocha fosfática, sendo que 8%
das amostras avaliadas demonstraram capacidade de produzir
sideróforos consistentes para converter ferro a formas
solúveis, 60% produziram ácido indol-3-acético (IAA) ou
análogos a auxina, este resultado demostra a singularidades
das cepas, o que as podem estar distinguindo como
promotores de crescimento.
Outro tratamento que contribuiu com o aumento da
massa fresca de raiz foi AZ, sendo que o uso de rizobactérias,
em destaque encontra-se o gênero Azospirillum (CANESCHI
et al., 2019), um microrganismo com potencial de promotor
do crescimento das plantas (PGPR) (ARAÚJO, 2008). De
acordo com Sahariana e Nehra (2011), esse grupo de
rizobactérias colonizam de forma agressiva as raízes das
plantas, fornecendo crescimento através de vários efeitos,
como estimulantes do crescimento radicular.
A resposta positiva para os isolados locais de T. atroviride,
se faz importante para a obtenção de novas estirpes, com
maior capacidade de promover o crescimento, porque os
mecanismos de ação dos PGPR são específicos e podem
variar conforme a cultura e o ambiente, como a interferência
de outros microrganismos, substrato, temperatura e umidade
(LIMA, 2010). Por isso a contribuição de se estudar espécies
promotores locais já adaptadas à região podem favorecer
ainda mais resposta positiva entre relação ‘Microrganismo-
Planta-Ambiente’.
5. CONCLUSÕES
A utilização dos promotores de controle se demostra
eficiente para promover o crescimento vegetal para ambas
cultivares de alface avaliadas. Entre os promotores de
crescimento, o que se mostraram mais eficientes foram os
isolados de T. atroviride (TC e TQ), proporcionando diferença
entre as cultivares. A cultivar Mediterrânea, teve maior
quantidade de folhas, massa seca total da parte aérea, e
comprimento de raiz, foi superior a Solares em relação à
massa fresca de raiz, quando utilizado os tratamentos T.
atroviride (TC e TQ), Azospirillum brasilense e Bacillus subtilis. A
cultivar Solaris teve aumento no comprimento do caule,
diâmetro do caule, e altura da parte aérea, e foi superior para
à massa seca da raiz, quando utilizou os T. atroviride (TC e
TQ).
6. AGRADECIMENTOS
À Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de mestrado do
primeiro autor.
7. REFERÊNCIAS
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