Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i3.10432 ISSN: 2318-7670
Colletrotrichum
spp: sensibilidade à fungicidas e reação à cultivares de soja
Sylvia Raquel Gomes MORAES1, Jaqueline Bezerra da SILVA1,
Solange Maria BONALDO1, Wesley Dantas de SOUZA1
1 Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil.
*E-mail: sylmoraes@yahoo.com.br
(Orcid: 0000-0002-4866-8451; 0000-0002-8886-9231; 0000-0002-2240-2700; 0000-0003-3426-3194)
Recebido em 18/05/2020; Aceito em 24/06/2021; Publicado em 04/08/2021.
RESUMO: Antracnose é uma das doenças economicamente mais importantes da soja e de difícil controle no
Mato Grosso, causando perdas significativas de produtividade. Objetivo foi verificar a sensibilidade de
fungicidas e reação de cultivares de soja a 30 isolados de Colletotrichum. A ação de sete fungicidas (azoxistrobina
+ ciproconazol, piraclostrobina + epoxiconazol, trifloxistrobina + protioconazol, piraclostrobina,
carbendazim, fluxpiroxada + piraclostrobina e azoxistrobina) foi avaliada medindo o crescimento micelial in
vitro. Todos os fungicidas afetaram o crescimento micelial, mas piraclostrobina + epoxiconazol e piraclostrobina
foram os mais eficientes. Além disso, 6 cultivares foram inoculadas com 27 isolados para análise de tombamento
pré e pós-emergência, incidência e severidade da doença. Os dados de incidência e severidade foram submetidos
à fórmula da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença. Interação significativa foi observada entre isolados
e cultivares em todas as variáveis. Os isolados IT-4, IT-6, LU-3, MT-1, NU-5, PN-1, QU-2, SO-6, SO-11 e VR-
1 apresentaram maior tombamento e AACPD. Exceto QU-2 todos os isolados apresentam conídios falcados.
As cultivares 8866, 1179 e 9144 apresentaram menor incidência e severidade da doença.
Palavras-chave: Glycine max; tombamento; incidência; severidade; antracnose.
Colletotrichum
spp.: Sensibility to fungicides and reaction of commercial
germoplasm of soybean
ABSTRACT: Anthracnose is one of the most economically important disease of soybean and difficult to
control at Mato Grosso State, causing significant yield losses. Objective was to verify the fungicides sensitivity
and soybean cultivars reaction to 30 isolates of Colletotrichum. The action of seven fungicides
(azoxystrobin+cyproconazole, pyraclostrobin+epoxiconazole, trifloxystrobin+protioconazole, pyraclostrobin,
carbendazim, fluxpyroxade+pyraclostrobin and azoxystrobin) was evaluated measuring in vitro mycelial growth.
All fungicides affected the mycelial growth development, but pyraclostrobin + epoxiconazole and
pyraclostrobin were the most efficient. Besides, 6 soybean cultivars were inoculated with 27 isolates to analyze
pre and post-emergence damping-off, disease incidence and severity. Incidence and severity data were
submitted to the formula Area Under the Disease Progress Curve. Significant interaction was observed between
isolates and cultivars in all variables. Isolates IT-4, IT-6, LU-3, MT-1, NU-5, PN-1, QU-2, SO-6, SO-11 and
VR-1 showed higher damping-off and AUDPC. Excepting the QU-2, all isolates have falcate conidia. Cultivars
8866, 1179 and 9144 presented the lowest disease severity and incidence.
Keywords: Glycine max; damping-off; incidence; severity; anthracnose.
1. INTRODUÇÃO
A cultura da soja (Glycine Max (L.) Merr.) é uma das
principais commodities agrícolas. Na safra 2019-2020 a
produção estimada do Brasil é de 124,2 milhões de toneladas,
o que significa acréscimo de 8%, ultrapassando os Estados
Unidos como maior produtor de soja no mundo (USDA,
2020). A Região Centro-Oeste contribui com 45,2% dessa
produção total com 16.574 mi hectares plantados, sendo
10.004 mi hectares no estado de Mato Grosso (CONAB,
2020). Mas apesar da elevada produção, algumas doenças
surgiram com proeminente incidência e vem causando
expressivas perdas se não houver um sistema de manejo
adequado, como é o caso da antracnose (DIAS et al., 2016).
Colletotrichum truncatum (Schw.) Andrus & Moore (syn. C.
dematium f. truncatum (Schw.) Arx) é a principal espécie
associada a antracnose na cultura da soja (HARTMAN et al.,
2015), entretanto outras espécies foram relatadas em estudos
realizados no Brasil (BARBIERI et al., 2017; DIAS et al.,
2018), Estados Unidos (YANG et al., 2012; YANG et al.,
2014), Malásia (MAHMODIA et al., 2013), Taiwan (CHEN
et al., 2006) e Argentina (RAMOS et al., 2013).
O Colletotrichum causa manchas de coloração marrom na
planta, lesões necróticas na haste e vagem podendo impedir
o enchimento dos grãos de soja. As sementes são o principal
veículo de transmissão desse patógeno, podendo causar
tombamento de pré e pós emergência ou permanecer latente
manifestando o sintoma em diferentes estádios de
desenvolvimento da planta (SINCLAIR, 1991; HARTMAN
et al., 2015). Dessa forma, os métodos a serem adotados para
obter resultados positivos no final de cada safra são a
utilização de sementes livres do patógeno e/ou tratadas com
Colletrotrichum spp: sensibilidade à fungicidas e reação à cultivares de soja
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
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fungicidas; uso de cultivares adequadas; eliminação de restos
culturais; aplicação de fungicidas durante o ciclo da cultura;
rotação de cultura e adubação equilibrada com ênfase no
potássio (EMBRAPA, 2003; HARTMAN et al., 2015).
O uso de produtos químicos para o controle da
antracnose é uma alternativa importante para garantir alta
produtividade e qualidade, visto que não há cultivares de soja
resistentes a antracnose no mercado. Pesquisadores da
Fundação MT apontam que “os produtos disponíveis no
mercado não têm alta eficiência no combate a antracnose.
Depois de instalada, a doença dificilmente terá controle’’
(SOJA BRASIL, 2014). O mesmo ocorre no estado do
Tocantins onde o controle químico também é limitante no
controle da antracnose da soja (DIAS et al., 2016).
Com o indicativo de que o controle químico e/ou
genético não está sendo efetivo na redução da incidência de
antracnose, o objetivo do trabalho foi selecionar alguns
isolados de Colletotrichum presentes nas principais regiões
produtoras do estado de Mato Grosso e verificar a
sensibilidade dos mesmos a diferentes ingredientes ativos, in
vitro; e observar a agressividade dos isolados a seis cultivares
de soja.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de
Fitopatologia e Microbiologia e na casa de vegetação, na
Universidade Federal de Mato Grosso, campus Sinop, MT.
2.1. Isolados
Os isolados de Colletotrichum foram coletados de plantas
de soja com sintomas de antracnose, em diferentes
municípios do estado de Mato Grosso (Tabela 1).
Os fragmentos de vagem, caule e pecíolo foram
desinfestados, depositados em placas de Petri com ágar-água
e incubadas a 25 °C para obtenção dos isolados fúngicos.
Após o crescimento micelial, o mesmo foi repicado para
meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) para posterior
obtenção de cultura monospórica, utilizando a técnica de
diluição sucessiva.
Para verificar a morfologia do conídio, os isolados foram
repicados em meio BDA e incubados a 25 °C, no escuro.
Após 7 dias, lâminas foram preparadas com as suspensões
fúngicas. Os conídios foram classificados em três grupos, de
acordo com o formato: 1) clavado; 2) cilíndrico, reto; ou 3)
fusiforme, diretamente atenuado em cada extremidade
(SUTTON, 1980).
2.2. Sensibilidade de isolados aos fungicidas
Os ensaios foram realizados por meio de testes in vitro. Os
fungicidas foram incorporados ao meio de cultura adotando-
se a técnica descrita por Menten et al. (1976). No preparo da
suspensão fúngica os fungicidas foram dissolvidos em
acetona 1% antes de serem incorporadas ao meio BDA (100
mL). Foram testados os ingredientes ativos descritos na
Tabela 2.
As doses indicadas foram calculadas baseadas nas
recomendações técnicas, ou seja, utilizando-se o volume total
de calda (250 L/hectare) e dose recomendada do produto. As
mesmas foram convertidas em microlitros (µl) para adequar-
se a metodologia utilizada.
Tabela 1. Denominação, formato de conídio, procedência e ano de
coleta de isolados de Colletotrichum spp. coletados de plantas de soja
sintomáticas no estado do Mato Grosso.
Table 1. Identification isolate code, shape, municipalities and year
of Colletotrichum isolates collection from soybean anthracnose
symptoms in Mato Grosso state.
Isolado
(Sigla)
M
orfologia
conídios
Município da coleta
Ano de coleta
BG
1*
Barra do Garça
2012
CH
3
Fusiforme
Chapada dos Guimarães
2014
CJ
1
Clavado
Campos de Júlio
2013
CL
5
Cilíndrico
Cláudia
2012
CL
6
Fusiforme
Cláudia
2013
CL
7
Cilíndrico
Cláudia
2013
CN
1*
Clavado
Campo Novo do Parecis
2012
IN
1
Clavado
Ipiranga do Norte
2012
IT
4
Clavado
Itaúba
2013
IT
6
Clavado
Itaúba
2014
LU
3
Clavado
Lucas do Rio Verde
2014
MT
1
Clavado
Matupá
2014
NA
1
Cilíndrico
Americana do Norte
2012
NB
-
1
Cilíndrico
Nobres
2014
NU
2
Cilíndrico
Nova Mutum
2012
NU
5
Clavado
Nova Mutum
2014
NX
1
Clavado
Nova Xavantina
2014
PE
4
Cilíndrico
Peixoto de Azevedo
2014
PN
-
1
Clavado
Porto Alegre do Norte
2014
QU
2
Fusiforme
Querência
2013
RO
-
1
Cilíndrico
Rondonópolis
2013
SC
-
1
Fusiforme
Santa Carmem
2012
SI
-
3
Cilíndrico
Sinop
2013
SO
5
Cilíndrico
Sorriso
2013
SO
6
Clavado
Sorriso
2013
SO
-
9*
Cilindrico
Sorriso
2014
SO
-
11
Clavado
Sorriso
2014
TB
2
Clavado
Tabaporã
2013
VE
-
5
Clavado
Vera
2013
VR
-
1
Clavado
Vila Rica
2014
*Isolados não utilizados no ensaio de cultivares
▬ Não houve esporulação
Tabela 2. Fungicidas utilizados nos ensaios de Colletotrichum.
Table 2. Fungicides used in the Colletotrichum assays.
Ingrediente ativo Produto Grupo químico Dose (L/ha)
Piraclostrobina Comet® Estrobirulina 0,30
Azoxistrobina +
Benzovindiflupir Elatus® Estrobirulina 0,2
Trifloxistrobina +
Protioconazol Fox® Estrobirulina +
Triazolinthione 0,35
Carbendazim
Nortox
®
Benzimidazol
0,45
Piraclostrobina +
Epoxiconazol Opera®
Estrobirulina +
Triazol 0,55
Fluxapiroxade +
Piraclostrobina Orkestra®
Carboxamida +
Estrobirulina 0,30
Azoxistrobina +
Ciproconazol
Priori
Xtra®
Estrobirulina +
Triazol 0,30
2.2.1. Crescimento micelial
Os fungicidas foram adicionados ao meio de cultura
BDA através de soluções preparadas previamente, seguido de
homogeneização. Após 24 horas, disco de micélio (5 mm de
diâmetro) foi transferido para o centro do meio de cultura
BDA com fungicida e sem fungicida (controle). O controle
consiste em placas com meio de cultura sem fungicida
(testemunha absoluta) e com placas com meio de cultura sem
fungicida, porém acrescido de acetona 1%. Foram
demarcados dois diâmetros ortogonais na parte inferior da
placa a partir do eixo central. As medições do crescimento
micelial foram diárias, a partir do segundo dia após a
repicagem. Os fungos permaneceram incubados em câmara
de crescimento, a 25 ±2ºC, escuro, durante os sete dias de
avaliações.
Moraes et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
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O índice de velocidade de crescimento micelial (IVMC),
expresso em cm.dia-1, foi utilizado para as análises estatísticas.
Os IVMC (Equação 1) foram calculados conforme a fórmula
descrita por Oliveira (1991).
IVCM = Ʃ (D-Da)/N (01)
sendo: D o diâmetro médio atual da colônia; Da diâmetro médio da
colônia do dia anterior; e N número de dias após a inoculação.
2.3. Reação de cultivares de soja a antracnose
Foram analisados a agressividade de 27 isolados de
Colletotrichum spp. (Tabela 1) em seis cultivares comerciais de
soja, recomendadas para o estado do Mato Grosso.
2.3.1. Inoculação das sementes
A inoculação das sementes foi realizada por meio da
técnica de restrição hídrica utilizando meio de cultura BDA
acrescido de soluto manitol no potencial hídrico de -0,6 MPa.
Após o crescimento micelial dos isolados em meio BDA
acrescido de manitol, sementes previamente desinfestadas
com solução de hipoclorito a 1% foram depositadas sobre o
micélio fúngico. Cada placa recebeu 20 sementes de soja das
cultivares TMG 132 RR, TMG 1179 RR, TMG 1188 RR,
MONSOY 9144 RR, MONSOY 8866 ou IPRO
AGROESTE 3820 convencional. As sementes foram
levemente pressionadas sobre a massa micelial. Para as
testemunhas, as sementes foram depositadas em meio BDA
acrescidas de manitol, porém sem a presença do patógeno.
As placas foram colocadas em mara de crescimento a
25°C, no escuro, por 12 horas.
2.3.2. Semeadura
Decorrido 12 horas, sementes inoculadas foram
depositadas em vasos (3L) com substrato comercial Vivatto®.
Foram colocadas 3 sementes da mesma cultivar por vaso,
entretanto, no sétimo dia após a semeadura ocorreu o
desbaste de plântulas, deixando 2 plantas/vaso, ou seja, 12
plântulas de soja de cada cultivar por isolado.
2.3.3. Avaliações
Foram avaliadas 3 variáveis: porcentagem de plântulas
com tombamento pré e pós emergência, incidência e
severidade da doença. Para avaliar o tombamento, as
plântulas com sintoma de tombamento receberam nota 1 e
as plântulas com ausência desse sintoma receberam nota
zero. Essa avaliação ocorreu no sétimo dia após a semeadura.
A incidência foi analisada através do número de plantas
que apresentaram sintomas de antracnose. E os dados de
severidade foram obtidos através da medida das lesões (mm)
comparada à escala de notas de severidade de acordo com
Costa et al. (2006). Para a incidência e a severidade, foram
realizadas 5 avaliações com intervalos de 4 dias a fim de
observar o avanço dos sintomas ao longo do tempo. A
primeira avaliação ocorreu entre os estádios de
desenvolvimento Vc e V1 e a última avaliação no estádio V3.
Os dados foram submetidos à equação da Área Abaixo
da Curva de Progresso da Doença (AACPD) (Equação 2), de
acordo com Campbell; Madden (1990).
n-1
AACPD = Σ[(Xi + Xi+1) /2](ti+1 – ti) (02)
i=1
em que: X é a intensidade da doença, t o tempo e n o número de
avaliações no tempo. Os valores obtidos foram analisados
estatisticamente.
2.4. Análise estatística
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado (DIC). No bioensaio de sensibilidade dos
isolados a fungicidas foram nove tratamentos, sendo sete
fungicidas e duas testemunhas. Para casa isolado foram
utilizados 5 repetições. Para as reações de cultivares foi
utilizado fatorial 27x6, sendo 27 isolados inoculados em 6
cultivares de soja. Foram utilizados 12 repetições, sendo cada
planta uma repetição.
Os dados foram submetidos à análise de variância,
utilizando a programa de estatística SISVAR. Os valores
foram comparados pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade (FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS
3.1. Sensibilidade dos isolados a fungicidas
Todos os ingredientes ativos foram eficientes na redução
do crescimento micelial in vitro. No entanto, houve ampla
variação na sensibilidade dos isolados de Colletotrichum aos
ingredientes ativos (Tabela 3).
Em relação a testemunha absoluta e testemunha com
acetona, 30% dos isolados apresentaram diferença entre elas
(MT-1, NB-1, NU-5, PN-1, QU-2, VE-5, VR-1, TB-2 e PE-
4). Para os dois últimos a testemunha com acetona
apresentou valores superiores à testemunha absoluta.
Dentre os ingredientes ativos destaca-se o piraclostrobina
+ epoxiconazol, que apresentou 100% de inibição do
crescimento micelial nos isolados BG-1, CJ-1, CL-6, CN-1,
IT-4, IT-6, MT-1, NU-2, NU-5, NX-1, PN-1, QU-2, SC-1,
SI-3, SO-6, SO-9, SO-11, TB-2, VE-5, VR-1, além de baixo
crescimento micelial nos demais.
A ação apenas da piraclostrobina também foi eficiente na
inibição do crescimento micelial in vitro. O ingrediente ativo
inibiu totalmente o crescimento de 60% dos isolados (CJ-1,
CL-6, CN-1 IT-4, IT-6, LU-3, MT-1, NU-2, NU-5, NX-1,
PN-1, QU-2, SI-3, SO-6, SO-11, TB-2, VE-5, VR-1) e
parcialmente nos demais.
O terceiro ingrediente ativo mais eficiente foi o
azoxistrobina + benzovindiflupir, seguido de trifloxistrobina
+ protioconazol os quais inibiram completamente o
crescimento micelial de 14 e 8 isolados, respectivamente. Por
outro lado, a mistura azoxistrobina com o ciproconazol
inibiu totalmente o crescimento micelial de apenas três dos
30 isolados avaliados.
Comparando os isolados provenientes do mesmo
município pode se observar que os isolados provenientes do
município de Cláudia, o CL-7 apresentou crescimento
micelial em todos os tratamentos. Entretanto,
piraclostrobina, trifloxistrobina + protioconazol e
piraclostrobina + epoxiconazol não diferiram
estatisticamente, apresentando maior porcentagem de
inibição do crescimento micelial 87,8, 84,8, 84,5%,
respectivamente. O mesmo o foi observado nos isolados
CL-5 e CL-6. O crescimento micelial de CL-6 foi
completamente inibido por todos os ingredientes ativos. O
isolado CL-5 foi completamente inibido por trifloxistrobina
+ protioconazol diferindo estatisticamente dos demais
tratamentos. Dessa forma, observamos que dentro do
mesmo município variabilidade na sensibilidade dos
Colletrotrichum spp: sensibilidade à fungicidas e reação à cultivares de soja
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
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isolados de Colletotrichum aos ingredientes ativos, explicando
a ineficiência do controle químico na redução da doença. O
mesmo foi observado nos isolados provenientes do
município de Sorriso. No isolado SO-6, 100% do
crescimento micelial foi inibido nos tratamentos com
piraclostrobina, azoxistrobina + benzovindiflupir,
carbendazin, piraclostrobina + epoxiconazol e azoxistrobina
+ ciproconazol. No isolado SO-9, a inibição total aconteceu
nos tratamentos azoxistrobina + benzovindiflupir,
piraclostrobina + epoxiconazol, fluxapiroxade +
piraclostrobina e azoxistrobina + ciproconazol. E no isolado
SO-5 nenhum ingrediente ativo inibiu 100% do crescimento
micelial.
Por outro lado, no município de Itaúba os isolados
apresentaram semelhança quanto a sensibilidade aos
diferentes ingredientes ativos. Os isolados IT-4 e IT-6 não
cresceram em placas com piraclostrobina, azoxistrobina +
benzovindiflupir e piraclostrobina + epoxiconazol. Para
isolados do município de Nova Mutum, piraclostrobina e
piraclostrobina + epoxiconazol reduziram 100% o
crescimento dos isolados NU-2 e NU-5. No entanto, essa
mesma redução foi observada por trifloxistrobina +
protioconazol no isolado NU-2 e por azoxistrobina +
benzovindiflupir no isolado NU-5.
O formato dos conídios não foi relacionado a
sensibilidade aos ingredientes ativos.
Tabela 3. Índice de velocidade de crescimento micelial (cm.dia-1) de isolados de Colletotrichum crescidos em meio de cultura batata dextrose
ágar com diferentes ingredientes ativos
Table 3. Average mycelial growth rate (cm.day-1) of Colletotrichum isolates growth on active ingredients amended potato dextrose agar
Isolado
Ingrediente ativo
Pi
Az + Be
Tr + Pr
Ca
Pi + Ep
Fl + Pi
Az + Ci
Test.
Test.
BG
-
1
0,24 bC
0,00 aA
0,16 bC
0,00 aA
0,00 aA
0,00 aA
0,00 aA
0,60 cC
0,67 cE
CH-3 0,11 bB 0,00 aA 0,26 cD 0,31 cD 0,12 bB 0,19 bB 0,23 cB 0,49 dB 0,24 cA
CJ-1 0,00 aA 0,05 aA 0,30 bD 0,33 bD 0,00 aA 0,30 bC 0,35 bD 0,52 cC 0,55 cD
CL-5 0,22 bC 0,17 bC 0,00 aA 0,47 cE 0,28 bD 0,44 cD 0,21 bB 0,69 dD 0,43 cC
CL-6 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,58 cC 0,50 bC
CL-7 0,12 aB 0,30 bD 0,16 aC 0,48 cE 0,15 aB 0,41 cD 0,38 cD 0,42 cB 0,75 dE
CN-1 0,00 aA 0,11 bB 0,27 cD 0,13 bB 0,00 aA 0,46 dD 0,33 cD 0,53 dC 0,52 dD
IN-1 0,25 bC 0,38 cD 0,00 aA 0,35 cD 0,23 bC 0,52 dE 0,34 cD 0,72 eD 0,72 eE
IT-4 0,00 aA 0,00 aA 0,28 bD 0,23 bC 0,00 aA 0,34 cC 0,29 bC 0,34 cA 0,33 cB
IT-6 0,00 aA 0,02 aA 0,33 cD 0,16 bB 0,00 aA 0,25 cB 0,28 cC 0,26 cA 0,25 cA
LU-3 0,00 aA 0,06 aA 0,29 bD 0,47 cE 0,22 bC 0,30 bC 0,47 cE 0,59 dC 0,43 cC
MT-1 0,00 aA 0,00 aA 0,33 bD 0,28 bC 0,00 aA 0,33 bC 0,29 bC 0,31 bA 0,25 bA
NA-1 0,24 cC 0,36 dD 0,00 aA 0,67 fF 0,16 bB 0,45 eD 0,29 cC 0,72 fD 0,66 fE
NB-1 0,21 bC 0,29 cD 0,00 aA 0,58 eF 0,33 cD 0,34 cC 0,43 dE 0,68 fD 0,58 eD
NU-2 0,00 aA 0,26 bC 0,00 aA 0,35 cD 0,00 aA 0,53 dE 0,20 bB 0,64 eD 0,69 eE
NU-5 0,00 aA 0,00 aA 0,23 bC 0,31 bD 0,00 aA 0,26 bB 0,29 bC 0,48 cB 0,43 cC
NX-1 0,00 aA 0,15 bB 0,33 cD 0,23 cC 0,00 aA 0,26 cB 0,28 cC 0,45 dB 0,47 dC
PE-4 0,15 bB 0,25 bC 0,00 aA 0,52 dE 0,20 bB 0,40 cD 0,42 cE 0,66 eD 0,74 fE
PN-1 0,00 aA 0,16 bB 0,27 cD 0,25 cC 0,00 aA 0,22 cB 0,39 dD 0,36 dA 0,33 dB
QU-2 0,00 aA 0,00 aA 0,22 bC 0,27 bC 0,00 aA 0,33 cC 0,34 cD 0,41 cB 0,35 cB
RO-1 0,14 aB 0,36 bD 0,10 aB 0,31 bD 0,18 aB 0,40 bD 0,35 bD 0,73 cD 0,75 cE
SC-1 0,16 bB 0,00 aA 0,34 cD 0,00 aA 0,00 aA 0,32 cC 0,30 cC 0,44 dB 0,44 dC
SI-3 0,00 aA 0,20 bC 0,00 aA 0,64 dF 0,00 aA 0,40 cD 0,22 bB 0,68 dD 0,70 dE
SO-5 0,11 aB 0,22 bC 0,09 aB 0,46 cE 0,16 aB 0,42 cD 0,27 bC 0,69 dD 0,73 dE
SO-6 0,00 aA 0,00 aA 0,17 bC 0,00 aA 0,00 aA 0,19 bB 0,05 aA 0,42 cB 0,35 cB
SO-9 0,15 bB 0,00 aA 0,17 bC 0,12 bB 0,00 aA 0,00 aA 0,00 aA 0,68 cD 0,69 cE
SO-11 0,00 aA 0,12 bB 0,30 cD 0,15 bB 0,00 aA 0,29 cC 0,23 cB 0,32 cA 0,34 cB
TB-2 0,00 aA 0,11 bB 0,28 cD 0,23 cC 0,00 aA 0,25 cB 0,27 cC 0,32 dA 0,36 dB
VE-5 0,00 aA 0,00 aA 0,28 cD 0,24 bC 0,00 aA 0,21 bB 0,31 cC 0,34 cA 0,29 cA
VR-1 0,00 aA 0,11 bB 0,31 cD 0,07 bB 0,00 aA 0,27 cB 0,25 cB 0,31 cA 0,27 cA
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e letras maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.
Az=azoxistrobina, Be=benzovindiflupir, Ca=carbendazim, Ci=ciproconazol, Ep=epoxiconazol, Fl=fluxapiroxade, Pi=piraclostrobina, Pr= protioconazol e
Tr=trifloxistrobina.
3.2. Reação de cultivares de soja a antracnose
As sementes inoculadas apresentaram sintomas de
antracnose, confirmando a patogenicidade dos 27 isolados
testados. Na testemunha, as sementes apresentaram-se
isentas do patógeno.
3.2.1. Tombamento
Houve interação significativa entre isolados e cultivares
estudadas (Tabela 4). O menor número de tombamento pré
ou pós emergência foi observado em todas as cultivares
inoculadas com os isolados CL-5, CL-6, CL-7, NA-1, NB-1,
NU-2, NX-1, PE-4, RO-1 e SI-3. E desses isolados 70%
apresentam conídios cilíndrico. A baixa porcentagem de
tombamento também foi observada nos isolados: CJ-1,
exceto nas cultivares 1179 e 9144; IN-1, exceto para cultivar
9144; e IT-6, exceto para cultivar 1179.
Isolados LU-3, NU-5, PN-1, QU-2, VR-1 e SO-11 foram
altamente agressivos em todas as cultivares, exceto o isolado
SO-11 quando inoculado na cultivar 3820. Esses isolados
possuem os conídios em formato clavado, exceto o isolado
QU-2, o qual possui conídio fusiforme.
Os isolados IT-4 e IT-6 ocasionaram 100% de
tombamento na cultivar 1179. O elevado tombamento
também foi observado nas cultivares 8866 e 1179, na
presença do isolado TB-2. A morfologia dos conídios desses
isolados são em formato clavado.
As cultivares 8866 convencional, 1179 RR e 9144 RR
apresentaram maior suscetibilidade ao patógeno. Sendo o
Moraes et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
277
tombamento das plântulas igual ou superior a 75% para 9, 11
e 9 isolados dos 27 inoculados, respectivamente.
Tabela 4. Incidência em porcentagem de tombamento pré e pós-
emergente de cultivares de soja inoculadas com Colletotrichum.
Table 4. Incidence in percentage of pre and post-emergence
damping-off in soybean cultivars inoculated with isolates of
Colletotrichum.
Isolado
Cultivar
3820 1188 132 8866 1179 9144
CH-3
8
aA
0
aA
8
aA
33
bB
75
cC
83
cD
CJ-1
0
aA
0
aA
0
aA
25
bB
66
cC
58
cC
CL-5
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
8
aA
8
aA
CL-6
16
aA
0
aA
0
aA
16
aA
8
aA
0
aA
CL-7
0
aA
0
aA
0
aA
16
aA
0
aA
0
aA
IN-1
8
aA
0
aA
0
aA
33
bB
16
bA
83
cD
IT-4
66
aC
50
aB
83
bC
91
bC
100
bD
41
aB
IT-6
8
aA
0
aA
66
bB
16
aA
100
cD
0
aA
LU-3
100
aD
100
aC
100
aC
100
aC
100
aD
100
aD
MT-1
8
aA
8
aA
8
aA
25
aB
41
bB
50
bC
NA-1
8
aA
0
aA
0
aA
16
aA
8
aA
16
aA
NB-1
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
NU-2
0
aA
0
aA
8
aA
16
aA
8
aA
8
aA
NU-5
75
aC
100
aC
91
aC
100
aC
100
aD
100
aD
NX-1
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
8
aA
PE-4
8
aA
0
aA
8
aA
16
aA
0
aA
0
aA
PN-1
100
aD
100
aC
75
aB
100
aC
100
aD
100
aD
QU-2
100
aD
100
aC
75
aB
100
aC
100
aD
100
aD
RO-1
0
aA
0
aA
0
aA
8
aA
0
aA
0
aA
SC-1
0
aA
0
aA
0
aA
41
bB
16
aA
41
bB
SI-3
0
aA
0
aA
0
aA
8
aA
8
aA
8
aA
SO-11
41
aB
100
bC
91
bC
100
bC
100
bD
100
bD
SO-5
0
aA
0
aA
0
aA
16
bA
0
aA
25
bB
SO-6
41
aB
66
bB
25
aA
91
bC
50
aB
75
bC
TB-2
25
aB
58
bB
25
aA
100
cC
100
cD
66
bC
VE-5
41
aB
75
bB
66
bB
50
aB
75
bC
50
aC
VR-1
100
aD
91
aC
91
aC
100
aC
100
aD
91
aD
Test.
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
0
aA
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e letras maiúsculas na
coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.
3.2.2. Área Abaixo da Curva de Progresso da Incidência
(AACPI) e Severidade (AACPS)
Houve interação significativa entre isolados e cultivares
para AACPI e AACPS (Tabela 5 e 6).
Tabela 5. Área abaixo da curva do progresso da incidência (AACPI)
para cultivares de soja inoculadas com 27 isolados de Colletotrichum.
Table 5. Area under the incidence progress curve (AUIPC) in the
soybean cultivars inoculated with 27 isolates of Colletotrichum.
Isolado
Cultivar
3820
1188
132
8866
1179
9144
CH-3
1,33
aA
1,33
aA
2,16
aB
6,66
bB
12,00
cD
16,00
dD
CJ-1
0,00
aA
2,66
bB
4,00
bB
5,33
bB
13,33
cD
10,16
cB
CL-5
2,16
aA
5,33
bB
0,00
aA
6,66
bB
7,16
bC
1,33
aA
CL-6
3,83
aA
0,00
aA
2,16
aB
2,66
aA
1,83
aA
0,00
aA
CL-7
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
2,86
aA
0,00
aA
0,00
aA
IN-1
16,00
bC
0,00
aA
0,00
aA
2,66
aA
2,66
aB
0,00
aA
IT-4
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
IT-6
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
LU-3
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
MT-1
10,66
aB
10,66
aD
12,00
aC
10,66
aC
13,16
aD
9,33
aB
NA-1
1,33
aA
0,00
aA
0,00
aA
2,66
aA
1,83
aA
3,83
aA
NB-1
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
1,33
aA
NU-2
0,00
aA
3,83
aB
3,33
aB
2,66
aA
2,66
aB
1,33
aA
NU-5
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
NX-1
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
1,33
aA
PE-4
2,50
aA
3,33
aB
4,33
aB
3,83
aA
0,83
aA
1,33
aA
PN-1
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
QU-2
16,00
aC
16,00
aE
15,66
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
RO-1
3,66
aA
8,00
bC
0,00
aA
5,33
bB
3,50
aB
2,00
aA
SC-1
0,00
aA
4,00
aB
2,66
aB
6,66
bB
10,50
bD
9,33
bB
SI-3
0,00
aA
0,50
aA
1,00
aA
1,33
aA
3,83
aB
2,66
aA
SO-11
11,83
aB
16,00
bE
16,00
bD
16,00
bD
16,00
bE
16,00
bD
SO-5
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
2,66
bA
0,00
aA
4,00
bA
SO-6
9,33
aB
13,33
bD
7,16
aB
16,00
bD
16,00
bE
13,33
bC
TB-2
10,33
aB
12,00
aD
11,50
aC
16,00
bD
16,00
bE
13,00
aC
VE-5
10,66
aB
16,00
bE
16,00
bD
9,33
aB
16,00
bE
12,00
aC
VR-1
16,00
aC
16,00
aE
16,00
aD
16,00
aD
16,00
aE
16,00
aD
Test.
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e letras maiúsculas na
coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.
Colletrotrichum spp: sensibilidade à fungicidas e reação à cultivares de soja
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
278
Tabela 6. Área abaixo da curva de progresso da severidade (AACPS)
para cultivares de soja inoculadas com 27 isolados de Colletotrichum.
Table 6. Area under the severity progress curve (AUSPC) in the soybean
cultivars inoculated with 27 isolates of Colletotrichum.
Isolado Cultivar
3820 1188 132 8866 1179 9144
CH-3
0,00
aA
7,61
aA
14,58
aA
58,28
Bc
120,0
cC
149,8
cC
CJ-1 0,00
aA
11,95
aA
17,71
aA
42,00
bB
122,5
cC
97,6
cB
CL-5 13,42
aA
31,83
bB
0,00
aA
34,78
bB
49,66
bB
13,3
aA
CL-6
32,20
aB
0,00
aA
11,78
aA
26,66
aB
18,33
aA
0,00
aA
CL-7 0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
26,66
aB
0,00
aA
0,00
aA
IN-1
13,33
aA
0,00
aA
0,00
aA
26,66
aB
26,66
aA
0,00
aA
IT-4 130,4
aE
128,7
aC
149,6
aD
159,0
aD
160,0
aD
138,4
aC
IT-6 160,0
aE
153,2
aD
134,5
aC
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aC
LU-3
160,0
aE
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aC
MT-1 64,03
aC
70,11
aB
76,35
aA
77,28
aC
119,9
bC
87,8
aB
NA-1 13,33
aA
0,00
aA
3,05
aA
26,6
aB
15,8
aA
33,3
aA
NB-1
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
13,3
aA
NU-2 0,00
aA
18,8
aA
23,1
aA
26,6
aB
18,8
aA
13,3
aA
NU-5
152,3
aE
160,0
aD
158,5
aD
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aC
NX-1 0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
Aa
0,00
aA
13,3
aA
PE-4 20,1
aA
16,6
aA
26,2
aA
32,4
aB
3,75
aA
8,05
aA
PN-1
160,0
aE
157,5
aD
147,3
aD
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aC
QU-2 160,0
aE
160,0
aD
140,4
aC
160,0
aD
160,0
aD
160,0
aC
RO-1 19,5
aA
47,6
bB
0,00
aA
32,3
bB
12,7
aA
7,66
aA
SC-1
0,00
aA
21,60
aA
14,28
aA
42,0
aB
71,1
bB
80,9
bB
SI-3 0,00
aA
2,20
aA
5,65
aA
13,3
aA
24,1
aA
26,6
aA
SO-11
115,3
aD
160,0
bD
154,1
bD
160,0
bD
160,0
bD
160,0
bC
SO-5 0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
26,6
bB
0,00
aA
40,0
bA
SO-6 80,3
aD
119,6
bC
56,5
aB
154,2
bD
128,3
bC
125,9
bC
TB-2
96,31
aD
112,1
aC
108,6
aC
160,0
bD
160,0
bD
130,0
aC
VE-5 89,26
aD
139,8
bD
134,7
bC
87,8
aC
151,5
bD
99,8
aB
VR-1 160,0
aE
158,5
aD
157,5
aD
160,0
aD
160,0
aD
153,5
aC
Test.
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
0,00
aA
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e letras maiúsculas na
coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de significância.
Os isolados CL-6, CL-7, NA-1, NB-1, NU-2, NX-1, PE-
4 e SI-3 não apresentaram diferenças entre as 6 cultivares de
soja, sendo as menores AACPI e AACPS. Os isolados IT-4,
IT-6, LU-3, MT-1, NU-5, PN-1, QU-2, e VR-1 não
apresentaram diferença entre cultivares, entretanto, foram os
mais agressivos com elevada AACPI e AACPS. O mesmo
aconteceu com os isolados: SO-11, exceto para a cultivar
3820; SO-6, exceto para as cultivares 3820 e 132; e VE-5,
exceto para as cultivares 3820 e 8866.
Com exceção do isolado QU-2, os isolados mais
agressivos possuem formato clavado do conídio.
Corroborando com os dados de tombamento, as
cultivares 3820 convencional, 1188 RR e 132 RR
apresentaram maior resistência aos isolados quando
comparada com as demais cultivares. Estas possuem maior
número de isolados com menores índices de incidência e
severidade.
4. DISCUSSÃO
No presente estudo, isolados de Colletotrichum se
diferenciaram quanto a sensibilidade aos ingredientes ativos
com diferentes modos de ão. Corroborando com os nossos
resultados os isolados de C. truncatum foram classificados em
suscetível, moderadamente resistente e altamente resistente
quanto a ação do thiabendazole, mancozeb, azoxistrobina e
cyprodinil + fludioxonil (TORRES-CALZADA et al., 2015).
Segundo os autores o local de origem dos isolados não
influenciou essa classificação. Entretanto, os níveis de
resistência ou sensibilidade de isolados podem estar
relacionados ao uso constante de fungicidas durante o
período de cultivo da soja, sugerindo pressão de seleção
(LOPES et al., 2015).
Por outro lado, em estudos realizados com isolados de C.
acutatum e C. gloeosporioides, provenientes de diferentes
municípios do estado de São Paulo, a ação do piraclostrobina
(estrobilurina) foi eficiente no controle da antracnose, porém
influenciada pelo isolado e localidade (FISCHER et al., 2012).
A mistura de ingredientes ativos na cultura da soja
potencializa o modo de ação e reduz do risco de seleção de
populações resistentes a antracnose, destacando-se a
combinação dos grupos químicos estrobilurinas e triazóis
(SOUZA, 2009). Em campos de produção de soja do Norte
do Brasil a combinação de piraclostrobina +epoxiconazol
(estrobilurinas+triazóis) não foi eficiente na redução da
intensidade da antracnose, discordando dos resultados
obtidos no presente trabalho. Por outro lado, a menor
incidência nas vagens foi verificada nas parcelas pulverizadas
com azoxistrobina + ciproconazol (estrobilurinas+triazóis)
(DIAS et al., 2016). Dessa forma, os autores descrevem que
o controle da antracnose não deve ser baseado apenas na
aplicação de fungicidas, mas sim na integração de práticas
agrícolas.
As cultivares que apresentaram maior suscetibilidade a
doença são as mais utilizadas nos campos de produção do
estado do Mato Grosso, motivo pelo qual poderia explicar a
diferença da resistência das cultivares observadas no presente
trabalho. Em estudos recentes realizados com isolados de
Colletotrichum provenientes do Brasil e Argentina foi relatado
distintas reações de cultivares de soja ao patógeno
demonstram o amplo potencial de fontes de resistência
genética a C. truncatum (DIAS et al., 2019). Essa fonte parcial
de resistencia também foi observada por Costa et al. (2009)
ao analisar o patossistema soja x C. truncatum. Das 48
cultivares de soja, 17 se mostraram resistentes, 28 cultivares
apresentaram reação intermediária e 3 cultivares
apresentaram reação suscetível, sob condições ambientais
favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.
Ao avaliar a reação de 6 cultivares de soja inoculadas
com 4 diferentes isolados de C. truncatum foi relatado
diferença apenas entre as cultivares em função de cada
Moraes et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 273-280, mai./jun. 2021.
279
isolado inoculado. Não houve efeito significativo quando se
levou em consideração os diferentes isolados inoculados em
cada cultivar (COSTA et al., 2006) o que diferencia do
presente trabalho, mesmo utilizando a mesma escala
diagramática para avaliar a severidade. Esses resultados
podem ser justificados pelas diferenças no período de
inoculação, pois plantas jovens são mais suscetíveis a
infecção de C. truncatum (YANG; HATMAN, 2015). No
nosso trabalho a inoculação foi realizada na semente. As
mesmas ficaram em contato com o patógeno durante 12
horas.
Galli et al. (2007) observaram a influência do tempo em
que as sementes de soja ficaram em contato com isolados de
C. truncatum antes da semeadura. Até 16 horas foi possível
diferenciar as cultivares que apresentaram maior ou menor
resistência ao patógeno. No presente estudo sementes
inoculadas com Colletotrichum, com formato de conídios
distintos causam sintoma de tombamento pré e pós
emergência, bem como lesões necróticas no pecíolo de
plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento, em todas as
cultivares. Em estudo prévio, C. truncatum reduz 46% a
germinação de sementes de soja e 76% a sobrevivência de
plântulas (BEGUM et al., 2008).
5. CONCLUSÕES
Os isolados de Colletotrichum possuem ampla variabilidade
na sensibilidade a diferentes ingredientes ativos e na
agressividade a cultivares, o que explica a dificuldade de se
controlar a antracnose na cultura da soja, no estado de Mato
Grosso.
Piraclostrobina e piraclostrobina + epoxiconazol
reduziram o crescimento micelial em maior número de
isolados. Entretanto, o foi observado correlação entre a
eficiência dos ingredientes ativos e distribuição geográfica
dos isolados. Nem ao menos ao formato dos conídios.
Diante dos resultados o manejo integrado da doença com
a utilização de cultivares menos sensíveis ao Colletotrichum,
bem como a alternancia de ingredientes ativos são práticas
essenciais para garantir o baixo índice da antracnose no
estado de Mato Grosso.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa
do Estado do Mato Grosso (FAPEMAT) e ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo apoio financeiro.
7. REFERÊNCIAS
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