
Efeito do tamanho das sementes sobre a emergência e morfofisiologia de mudas de mama-cadela
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 260-265, mai./jun. 2021.
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médio de emergência de B. gaudichaudii variando de 19,4 a
23,54 dias. Tais valores foram similares aos encontrados
neste estudo. A porcentagem e velocidade de emergência das
plântulas também podem ser influenciadas pelo tamanho das
sementes, como pôde ser observado neste estudo, onde as
sementes pequenas tiveram porcentagem de emergência
inferior às médias e grandes (FARIA et al. 2013). Isto ocorre
devido às sementes de maior tamanho terem sido melhores
nutridas durante seu desenvolvimento e que normalmente,
possuem embriões bem formados e com maiores
quantidades de reservas sendo, potencialmente, as mais
vigorosas, bem como, possuem maior potencial de
sobrevivência.
Faria et al. (2017) encontraram 36,2% de emergência nas
sementes com endocarpo e 71,2 % nas sementes sem
endocarpo, valores inferiores aos encontrados neste estudo.
As sementes com endocarpo apresentaram tempo médio de
germinação de 25,8 dias (FARIA et al., 2017). O IVG de B.
gaudichaudii não variou em função dos diferentes tamanhos
das sementes. O tempo médio encontrado neste estudo foi
superior, mas dentro do esperado, como o verificado por
Faria et al. (2009), que encontrou o tempo médio de
germinação de B. gaudichaudii variando de 19,4 a 23,78 dias,
com média de 19,8 dias.
Sementes de diferentes tamanhos de B. gaudichaudii
originam mudas com variados padrões de altura, assim como
verificado neste estudo e por Faria et al. (2013). As sementes
da menor classe de tamanho de B. gaudichaudii foram as que
apresentaram menor altura das mudas (FARIA et al., 2013).
Diferente dos resultados encontrados por Faria et al.
(2013), analisando a mama-cadela, não encontramos maiores
valores de diâmetro do colo para a classe de sementes
grandes. Entretanto as classes de sementes estudadas pelos
mesmos apresentaram comprimentos inferiores as estudadas
neste trabalho. Comparando os valores médios de diâmetro
do colo aos 30 e 60 dias após a emergência, ambos deste
estudo (2,03 e 2,53 mm, respectivamente) foram maiores que
os encontrados por Faria et al. (2013) nesta mesma idade.
Esta diferença pode ser devido a diferença do próprio
tamanho das sementes estudadas em ambos os trabalhos.
Para B. gaudichaudii, Faria et al. (2013) encontraram
valores da relação H/D similares ao deste estudo, quando
submetidas a 30% de sombreamento. Essa variável
demonstra a qualidade fisiológica das mudas oriundas das
sementes de todos os tamanhos. Entretanto, com o passar
dos dias após a semeadura, a relação H/D apresentou
tendência de redução. Segundo Delarmelina et al. (2014),
valores baixos garantem resistência e maior sobrevivência em
campo, de tal forma que quanto menor a relação, mais
substâncias de reserva foram produzidas durante o
desenvolvimento da plântula.
Durante o período analisado, a espessura das folhas das
mudas de B. gaudichaudii não variou e também não foi
influenciada pelo tamanho das sementes. Isto pode ser
explicado pela uniformidade das condições ambientais
durante todo o período de avaliação das mudas. Ou ainda,
devido ao fato da folha de B. gaudichaudii ser mais espessa
estar ligada ao processo adaptativo da espécie, conferindo à
folha uma maior sustentação e plasticidade (FIDELIS et al.,
2010).
Por outro lado, o teor de clorofila das folhas tende a
aumentar ao longo do crescimento inicial de mudas, assim
como observado por Marenco et al. (2019). Pois, segundo os
referidos autores, como a assimilação de carbono depende da
quantidade de energia capturada, o aumento do teor de
clorofila levaria ao aumento da fotossíntese. Geralmente as
folhas produzidas em ambientes ensolarados produzem mais
clorofila a, em relação à clorofila b. Neste estudo, a clorofila
a contribuíram com mais de 75% da clorofila total, conforme
esperado. A relação clorofila a/b tem sido considerada um
indicador de estresse em plantas, porém, neste estudo, os
valores encontrados não indicam estresse.
A biomassa seca e a área foliar total das mudas tende a
aumentar ao longo do crescimento das mudas, como
esperado. Essas variáveis apresentam relação positiva com a
taxa fotossintética e crescimento de plantas (MARENCO et
al., 2019). Isso porque plantas decíduas, como B. gaudichaudii,
apresentam valores de MFE inferiores aos de espécies
sempre verdes (DE LA RIVA et al., 2016). Quanto maior a
MFE, maior o investimento da espécie na conservação de
nutrientes, assim como economizam água (LI et al, 2015).
5. CONCLUSÕES
O tamanho das sementes de mama-cadela (B. gaudichaudii)
influencia a emergência de plântulas, assim como a altura das
mudas nos primeiros 30 dias após a emergência. Por outro
lado, o tamanho das sementes não afeta as características
morfofisiológicas das mudas de mama-cadela.
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