Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i3.10141 ISSN: 2318-7670
Cultivo de plantas de
Erythrina velutina
em substrato contendo vermicomposto
Larissa Morais SENA1, Julyanne Fonteles de ARRUDA1, Paulo Ovídio Batista de BRITO1,
Francisca Raíssa da Silva COSTA1, Roberto Albuquerque PONTES FILHO1,
Franklin Aragão GONDIM1*
1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Maracanaú, CE, Brasil.
*E-mail: aragaofg@yahoo.com.br
(Orcid: 0000-0003-0097-2080; 0000-0003-4105-9597; 0000-0001-8978-8241;
0000-0002-0805-4906; 0000-0001-8670-3185; 0000-0002-7168-2358)
Recebido em 09/04/2020; Aceito em 24/06/2021; Publicado em 15/07/2021.
RESUMO: Uma técnica muito utilizada para recuperação de áreas degradadas é o plantio de mudas, uma
espécie que apresenta um grande potencial é o Mulungu. Além disso, na recuperação de áreas degradadas se
faz necessário o uso de fertilizantes para o solo, assim a produção de fertilizantes por meio de compostagem,
mostra-se uma técnica sustentável e de baixo custo. O objetivo deste trabalho foi analisar a eficiência da
fertilização pelo material proveniente de compostagem seguido por vermicompostagem no cultivo de plantas
de Mulungu. Realizou-se um experimento, na casa de vegetação do IFCE campus Maracanaú, utilizando
diferentes substratos: 100% areia (em volume), 50% húmus comercial, 100% húmus comercial, 50% composto
orgânico, 75% composto orgânico e 100% composto orgânico. As plantas foram coletadas e foram analisadas:
as produções de matéria fresca e seca e a quantificação dos teores de solutos orgânicos. Verificou-se que o
crescimento das plantas e a produção de solutos orgânicos estão ligados diretamente ao teor de nitrogênio no
solo, de forma que a escassez de nitrogênio é um fator limitante para o adequado crescimento do Mulungu.
Nas condições experimentais empregadas, verificou-se que o tratamento contendo 75% composto orgânico
ocasionou o maior crescimento das plantas de Mulungu.
Palavras-chave: nutrientes; nitrogênio; solutos orgânicos; matéria fresca; matéria seca.
Cultivation of
Erythrina velutina
plants in substrate containing
vermicomposts
ABSTRACT: A technique widely used to recover degraded areas is the planting of seedlings, a species that has
great potential is Mulungu. In addition, in the recovery of degraded areas it is necessary to use fertilizers for the
soil, so the production of fertilizers by means of composting is shown to be a sustainable and low-cost
technique. The objective of this work was to analyze the efficiency of fertilization by material from composting
followed by vermicomposting in the cultivation of Mulungu plants. An experiment was carried out in the
greenhouse of the IFCE campus Maracanaú, using different substrates: 100% sand (by volume), 50%
commercial humus, 100% commercial humus, 50% organic compost, 75% organic compost and 100%
compost organic. The plants were collected and analyzed: the production of fresh and dry matter and the
quantification of the levels of organic solutes. It was found that the growth of plants and the production of
organic solutes are directly linked to the nitrogen content in the soil, so that the lack of nitrogen is a limiting
factor for the adequate growth of Mulungu. In the experimental conditions employed, it was found that the
treatment containing 75% organic compost caused the greatest growth of Mulungu plants.
Keywords: nutrients; nitrogen; organic solutes; fresh matter; dry matter.
1. INTRODUÇÃO
A recuperação de áreas degradadas consiste na aplicação
de técnicas agronômicas ou de engenharia com o objetivo de
restabelecer a vegetação de uma área impactada que sofreu
algum forte distúrbio ambiental através de ações antrópicas
ou naturais (ARAÚJO et al., 2005).
O substrato é imprescindível na recuperação de áreas
degradadas, para a produção de mudas, e suas propriedades
físicas, químicas e biológicas determinarão a qualidade final
das mudas a serem transplantadas. Uma forma de suprir a
demanda por substratos é a utilização de resíduos e
subprodutos de composição orgânica que estejam
disponíveis (PEREIRA et al., 2020).
Um dos fertilizantes mais adequados e utilizados nesses
casos é o composto proveniente de compostagem. Além do
tratamento de resíduos orgânicos, a compostagem produz
um material que pode ser colocado novamente no ciclo de
produção, um fertilizante rico em nutrientes, que auxilia na
retenção de umidade, melhora a textura do solo e fornece
macro e micronutrientes à planta (LOUREIRO et al., 2007).
É essencial a ampliação dos estudos a respeito desse
fertilizante para o manejo de solos degradados, uma vez que
é um método ecologicamente correto e de baixo custo
(CARLESSO et al., 2011).
A compostagem é um processo controlado, caracterizado
pela decomposição aeróbia da matéria orgânica através dos
microorganismos, no qual ocorre a mineralização da matéria
orgânica para estabilização e fácil assimilação pelas plantas
(PEDROSA et al., 2013). Para uma maior eficiência, realiza-
Cultivo de plantas de Erythrina velutina em substrato contendo vermicomposto
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
248
se em seguida a vermicompostagem. Esta técnica é feita
através da ão combinada de minhocas e microrganismos
presentes no seu trato digestório, aumentando-se assim a
eficiência do tratamento e a qualidade nutricional do material.
Portanto, após o tratamento, esse material pode ser
adicionado como fertilizante ao solo (ORRICO JÚNIOR et
al., 2012).
Um dos principais fatores de degradação é o
desmatamento, pois a retirada da cobertura vegetal interfere
nos diferentes ciclos biogeoquímicos e no equilíbrio
dinâmico dos ecossistemas (LIMA et al., 2018). Devido ao
grau avançado de degradação dos biomas do semiárido
nordestino, especialmente a caatinga, uma alternativa para a
recuperação é utilizar espécies de plantas nativas, que são
adaptadas às características da região, como por exemplo a
Erythrina velutina (SILVA et al., 2016).
A Erythrina velutina, popularmente conhecida como
mulungu, é uma Fabaceae de porte arbóreo, que atinge
alturas de 8 a 12 m, além de ser decídua e heliófila. A espécie
ocorre desde o estado do Ceará até o de São Paulo, e é
comum em várzeas úmidas e margens de rios da Caatinga
(CUNHA; GOMES, 2015). A árvore é usada principalmente
na medicina popular (RIBEIRO et al., 2006), e existem
estudos que demonstram a presença de propriedades
calmantes que ajudam na insônia e em outros distúrbios do
sistema nervoso central (AGRA et al., 2007), além de ser
utilizada no tratamento de inflamação e coagulação
intravascular disseminada (MONTEIRO, 2011).
A espécie apresenta um grande potencial para
recuperação de áreas degradadas, pois possui características
como tolerância à seca, rápido crescimento e capacidade de
fixação de nitrogênio (CARVALHO, 2008).
No Brasil, um dos desafios da recuperação de áreas
degradadas é a dificuldade de se produzir mudas de boa
qualidade. A produtividade das plantas depende dos
elementos de nutrição mineral disponíveis no solo. Portanto,
para a produção de mudas se faz necessário o uso de
substratos de qualidade (OLIVEIRA et al., 2017).
O objetivo deste trabalho foi analisar a eficiência da
fertilização pelo material proveniente de compostagem
seguida por vermicompostagem no cultivo de plantas de
Mulungu. Foram analisadas: as produções de matéria fresca e
seca e a quantificação dos teores de solutos orgânicos
(carboidratos, N-aminossolúveis, prolina livre e proteína
solúveis).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Nesse quesito, devem ser descritos sistematicamente os
materiais, equipamentos e as metodologias utilizadas para o
desenvolvimento do trabalho. Esses aspectos devem ser
apresentados de modo que outros pesquisadores ao
consultarem o artigo consigam reproduzi-lo com base apenas
no que fora descrito no trabalho.
Deve ser organizado, de preferência, em ordem
cronológica, evitando detalhes supérfluos e extensas
descrições de técnicas de uso corrente (nesses casos
apresentar citações).
O experimento foi conduzido a partir de junho de 2018
na Casa de Vegetação do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Maracanaú,
ambiente isolado do meio externo e totalmente coberto por
tela de nylon de cor preta que proporcionou sombreamento
de 50% em relação à área exterior. As médias de temperatura
e umidade relativa do ar, durante o dia, dentro do telado,
foram, respectivamente, 31,3 °C e 59%.
O composto utilizado para fertilização foi produzido
anteriormente, através de um experimento do Laboratório de
Bioquímica e Fisiologia Vegetal do IFCE Campus
Maracanaú. O experimento foi realizado em duas etapas
(compostagem seguida de vermicompostagem), no IFCE.
Foram utilizados resíduos orgânicos alimentares,
provenientes da Central de Abastecimento do Ceará (CEASA
CE), esterco bovino e folhas secas. Aos 51 dias após o
início da compostagem, o composto foi colocado em um
depósito com capacidade de 310 L e foram adicionadas 100
minhocas californianas (Eisenia foetida) adultas, iniciando
assim o processo de vermicompostagem. Ao todo o processo
durou 150 dias (SENA et al., 2019). Os teores de Nitrogênio
total no composto orgânico obtido e no húmus de minhoca
comercial utilizados na formulação dos substratos para as
plantas foram de 10,5 e 8,9 g.kg-1, respectivamente.
No experimento com plantas o delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado, constituído por
seis tratamentos em vasos de 5 L preenchidos com: 100%
areia (em volume); 50% húmus comercial + 50% areia; 100%
húmus comercial; 50% composto + 50% areia; 75%
composto + 25% areia e 100% composto, com cinco
repetições cada.
Os substratos foram homogeneizados, acondicionados
em vasos de plástico de 5L e adicionadas três sementes de
Mulungu por vaso. As sementes passaram anteriormente por
procedimento de quebra de dormência, através de
escarificação mecânica usando lixa número 10. A irrigação
foi realizada diariamente à 50% da capacidade de campo
conforme Martins et al. (2016).
Aos 12 dias após a semeadura (DAS) realizou-se o
desbaste de parte das plantas, deixando-se apenas uma por
vaso, para evitar a competição por nutrientes. Aos 21 DAS
foi feita a primeira coleta, e aos 33 DAS a 2º coleta.
Após as coletas, as amostras foram encaminhadas para o
Laboratório de Bioquímica e Fisiologia Vegetal, onde foram
feitas as análises de matéria fresca e seca e determinação dos
teores de solutos orgânicos solúveis (carboidratos, N-
aminossolúveis, prolina e proteínas solúveis).
No laboratório, todas as plantas coletadas foram limpas
para retirada do substrato das raízes e cortadas para separação
em parte aérea (folhas + caules) e raízes. Para a análise de
matéria fresca e seca, foi feita a pesagem da matéria fresca em
balança analítica, e, após 72 horas à 60°C na estufa com
circulação forçada de ar, pesou-se a matéria seca.
Para realização das análises bioquímicas, foi produzido o
extrato das folhas e das raízes. Utilizou-se a proporção 0,5 g
de matéria seca para 5 ml de água destilada. O material foi
macerado por três minutos com auxílio de almofariz e pistilo
e, em seguida, filtrado em tecido de malha fina. Após este
processo, procedeu-se a centrifugação do material a 12000 xg
por 15 minutos para a obtenção de extrato límpido.
A análise de carboidratos solúveis foi feita adicionando-
se a tubos de ensaios 15 µl de extrato, 485 µl de água destilada,
500 µl de solução de fenol a 5% e 2500 µl de ácido sulfúrico
concentrado. Em seguida, os tubos foram agitados e
colocados em repouso até a obtenção da temperatura de
25°C. Logo após, foi realizada a leitura em espectofotômetro
à 490 nm.
A análise de N-aminossolúveis foi realizada adicionando-
se a tubos de ensaios 40 µl de extrato, 60 µl de água destilada,
300 µl de tampão citrato 0,2 M, 600 µl de KCN 0,2 nM e 120
Sena et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
249
µl de ninhidrina 5%. Em seguida, foram fechados os tubos e
agitados em agitador de tubos de ensaio. Depois, os tubos
foram colocados em banho-maria a 100 °C. Após 20 minutos
foram colocados em banho de gelo, e adicionados 780 µl de
etanol 60%. Então, foi feita a leitura em espectofotômetro à
570 nm.
Para as análises de proteínas solúveis adicionaram-se aos
tubos de ensaio 20 µl de extrato, 80 µl de água destilada e
1000 µl de solução Bradford. Logo em seguida, esses tubos
foram agitados e, após 15 minutos, foi feita a leitura no
espectofotômetro à 595 nm.
Na análise de prolina foram adicionados aos tubos de
ensaio 320 µl de extrato, 80 µl de água destilada, 400 µl de
ácido acético e 400 µl de ninhidrina. Logo após, os tubos
foram agitados e colocados no banho-maria a 100°C. Após 1
hora, os tubos foram colocados no banho de gelo, e em
seguida foi adicionado 800 µl de tolueno, e novamente foi
feita a agitação dos tubos. A parte menos densa foi aspirado
e colocada na cubeta para leitura no espectofotômetro à 520
nm.
De posse das leituras espectofotometricas das amostras,
os cálculos dos teores de carboidratos, N-aminossolúveis,
proteínas e prolina foram obtidos, tendo como referência a
equação obtida a partir da curva padrão.
Todos os dados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA), e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤
0,05) através do programa de análise estatística. Então, foram
feitos os gráficos em software para elaboração de gráficos
científicos.
3. RESULTADOS
Os resultados de matéria fresca e seca encontram-se nas
Figuras 1 e 2. Para a matéria fresca das raízes (MFR), Figura
1A, observou-se que aos 21 dias após a semeadura (DAS) se
destacaram os tratamentos contendo 50, 75 e 100% de
composto orgânico, e, os três tratamentos não diferiram
significativamente entre si. Aos 33 DAS houve o destaque
apenas dos tratamentos 75 e 100% de composto orgânico,
não havendo diferenças significativas entre eles. Para a
matéria fresca da parte aérea (MFPA), Figura 1B, os maiores
valores foram detectados nos tratamentos contendo 50 e
75% de composto aos 21 e 33 DAS. Para a matéria fresca
total (MFT), Figura 1C, destacou-se aos 21 DAS o
tratamento contendo, 75% de composto, que foi 300% maior
que o tratamento areia, e, aos 33 DAS aqueles contendo 50 e
75% de composto, tiveram um aumento de mais de 200% se
comparados ao tratamento a areia.
Para a MSR, Figura 2A, observou-se que aos 21 DAS se
destacou o tratamento 75% de composto. Aos 33 DAS os
maiores valores foram encontrados nos tratamentos com 75
e 100% de composto orgânico, e não diferiram
significativamente entre si. Para a MSPA, Figura 2B,
destacaram-se os tratamentos com 50, 75 e 100% de
composto aos 21 e 33 DAS. para a MST, Figura 2C, os
maiores valores foram observados nos tratamentos 50, 75 e
100% de composto orgânico aos 21 DAS, sendo, em média,
200% maiores do que o tratamento areia. Aos 33 DAS, para
os tratamentos, 75 e 100% de composto orgânico houve um
aumento de mais de 210% em relação ao tratamento areia.
Os resultados para os teores de solutos orgânicos
encontram-se presentes nas Figuras 3 e 4, eles são referentes
a coleta (33 DAS). Em relação aos teores de proteínas
solúveis nas folhas, o tratamento 75% de composto orgânico
se destacou (Figura 3A), sendo 30% maior do que o areia.
Para os carboidratos solúveis, Figura 3B, os tratamentos 50%
e 75% de composto orgânico se destacaram, aumentando, em
média 43% em relação ao tratamento controle. A produção
de prolina, Figura 3C, foi maior nos tratamentos contendo 50
e 75% de composto orgânico, com incremento da ordem de
60% em relação às plantas controle. Em relação à
concentração de N-aminossolúveis não houve variações
significativas entre os tratamentos.
Figura 1. Matéria fresca das raízes (MFR) - A, da parte aérea (MFPA)
- B e total (MFT) - C, aos 21 e 33 dias após a semeadura. Diferentes
letras indicam diferenças significativas entre os substratos. Areia:
; 50% Húmus Comercial: ; 100% Húmus Comercial:
; 50% Composto Orgânico: ; 75% Composto
Orgânico: ; 100% Composto Orgânico: .
Figura 1. Root fresh mass (MFR) - A, shoot fresh mass (MFPA) - B
and total fresh mass (MFT) - C, at 21 and 33 days after sowing.
Differents letters indicate significant differences between substrates.
Sand: ; 50% Commercial Humus: ; 100% Commercial
Humus: ; 50% Organic Compound: ; 75% Organic
Compound: ; 100% Organic Compound: .
Nas raízes, os teores de proteínas solúveis e N-
aminossolúveis foram máximos no tratamento contendo
75% de composto orgânico (Figura 4), respectivamente, 80 e
Cultivo de plantas de Erythrina velutina em substrato contendo vermicomposto
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
250
40% em relação ao controle. Os teores de carboidratos
solúveis (Figura 4B) foram maiores nos tratamentos 75 e
100% de composto orgânico, aumentando, em média, 100%
em comparação ao controle. E, o tratamento 100% de
composto orgânico destacou-se na produção de prolina, com
incrementos de 350%, comparando-se com as plantas
controle.
Figura 2. Matéria seca das raízes (MSR) - A, da parte aérea (MSPA)
– B e total (MST) - C, aos 21 e 33 dias após a semeadura. Diferentes
letras indicam diferenças significativas entre os substratos. Areia:
; 50% Húmus Comercial: ; 100% Húmus Comercial:
; 50% Composto Orgânico: ; 75% Composto
Orgânico: ; 100% Composto Orgânico: .
Figure 2. Root dry mass (MFR) - A, shoot dry mass (MFPA) - B and
total dry mass (MFT) - C, at 21 and 33 days after sowing. Differents
letters indicate significant differences between substrates. Sand:
; 50% Commercial Humus: ; 100% Commercial
Humus: ; 50% Organic Compound: ; 75% Organic
Compound: ; 100% Organic Compound: .
Figura 3. Teor de proteínas solúveis (A), de carboidratos solúveis
(B), de prolina livre (C) e de N-aminossolúveis (D) na folha aos 33
dias após a semeadura. Diferentes letras indicam diferenças
significativas entre os substratos. Areia: ; 50% Húmus
Comercial: ; 100% Húmus Comercial: ; 50% Composto
Orgânico: ; 75% Composto Orgânico: ; 100%
Composto Orgânico: .
Figure 3. Soluble proteins (A), soluble carbohydrates (B), Proline
(C) and free amino acyds (C), in leaves at 33 days after sowing.
Differents letters indicate significant differences between substrates.
Sand: ; 50% Commercial Humus: ; 100% Commercial
Humus: ; 50% Organic Compound: ; 75% Organic
Compound: ; 100% Organic Compound: .
4. DISCUSSÃO
As plantas crescidas em concentrações de Nitrogênio
total menores, no caso do tratamento areia (tratamento
controle) e húmus comercial, tiveram valores menores de
matéria fresca do que aquelas expostas às maiores
concentrações de nitrogênio (composto orgânico). Portanto,
as baixas concentrações de nitrogênio foram, provavelmente,
os fatores mais limitantes do crescimento, assim como
constatou Feijão et al. (2013).
Sena et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
251
Figura 4. Teor de proteínas solúveis (A), de carboidratos solúveis
(B), de prolina (C) e de n-aminossolúveis (D) na raíz aos 33 dias
após a semeadura. Diferentes letras indicam diferenças significativas
entre os substratos. Areia: ; 50% Húmus Comercial: ;
100% Húmus Comercial: ; 50% Composto Orgânico: ;
75% Composto Orgânico: ; 100% Composto Orgânico:
.
Figure 4. Soluble proteins (A), soluble carbohydrates (B), Proline
(C) and free amino acyds (C), in roots at 33 days after sowing.
Differents letters indicate significant differences between substrates.
Sand: ; 50% Commercial Humus: ; 100% Commercial
Humus: ; 50% Organic Compound: ; 75% Organic
Compound: ; 100% Organic Compound: .
A literatura aponta a importância do nitrogênio para o
crescimento das plantas, sendo a deficiência desse elemento
um fator importante para a rápida inibição (DING et al.,
2010). De modo geral, a adição de nitrogênio melhora a
produção e o crescimento das plantas, pois ele é constituinte
de muitas biomoléculas, como proteínas, ácidos nucleicos e
aminoácidos (BARHOUMI et al., 2010).
Outra explicação presente na literatura é que o nitrogênio
é um nutriente indispensável para a molécula de clorofila,
fazendo parte de sua constituição. Assim indispensável para
o bom desenvolvimento da mesma, isto pode explicar uma
maior massa das plantas que receberam mais nitrogênio. A
maior disponibilidade desse nutriente possivelmente
colaborou para uma maior produção de clorofila, assim se
obtendo uma maior produção de fotoassimilados, mais
energia para planta, resultando em plantas de maior porte
(LANGE et al., 2018).
A matéria seca do tratamento 50% húmus foi maior que
do 100% húmus. Uma possível explicação para o tratamento
com uma maior concentração de nitrogênio ter um menor
valor de matéria é a sua textura argilosa. Como o tratamento
100% húmus tinha uma textura muito argilosa, havia uma
menor oxigenação do solo, dificultando o desenvolvimento
da planta (DEDECEK; GAVA, 2005).
Os solutos orgânicos são moléculas neutras, não tóxicas
que estabilizam proteínas e membranas prevenindo a
desnaturação mediante as elevadas concentrações salinas, e
mesmo em baixas concentrações, os solutos evitam a perda
de água, o desequilíbrio iônico, reduzindo a concentração
intracelular de sais (PARIDA; DAS, 2005).
Os teores de solutos orgânicos foram menores quando a
planta foi submetida a baixas concentrações de nitrogênio,
este processo indica que a síntese de solutos orgânicos foi
limitada devido à escassez de nitrogênio (FEIJÃO et al.,
2013).
Alguns estudos têm revelado que o aumento da
fertilização nitrogenada pode promover o crescimento das
plantas. Esse processo ocorre porque nessas condições
maior acúmulo de solutos orgânicos contendo nitrogênio, os
quais associados ao nitrogênio em excesso no vacúolo
contribuem diretamente para o ajustamento osmótico
(DING et al., 2010).
O ajustamento osmótico constitui-se num importante
mecanismo de tolerância das plantas a condições de baixo
potencial hídrico no ambiente radicular, como ocorre em
solos salinos. Entre os ajustes osmóticos, destaca-se o
aumento da produção de prolina, N-aminossolúveis,
carboidratos solúveis e proteínas solúveis, que diminuem o
potencial osmótico da lula de forma a produzir um alto
potencial de turgescência para a manutenção do crescimento
(CUNHA et al., 2013).
Diante disso, pode-se avaliar que os altos teores de
nitrogênio no tratamento com composto orgânico
promoveram uma produção mais elevada de solutos
orgânicos, o que ajudará no ajustamento osmótico.
Nas plantas o metabolismo dos carboidratos e dos
aminoácidos é co-regulado. Dessa forma, para que ocorra
assimilação do nitrogênio em aminoácidos, são necessários
esqueletos de carbono provenientes do metabolismo dos
carboidratos. Isto pode explicar o fato dos teores de
aminoácidos nas folhas terem aumentado simultaneamente
com os dos carboidratos (SACRAMENTO et al., 2014).
5. CONCLUSÕES
O fornecimento de nitrogênio resulta em melhoria nos
fatores de produção, nos teores de nitrogênio na planta e
aumento da produtividade.
Os tratamentos que apresentaram maiores produções de
matéria fresca e seca também mostraram maiores teores de
solutos orgânicos, principalmente nos tratamentos com o
composto orgânico.
Nas condições experimentais empregadas, verificou-se
que o tratamento contendo 75% composto orgânico
Cultivo de plantas de Erythrina velutina em substrato contendo vermicomposto
Nativa, Sinop, v. 9, n. 3, p. 247-252, mai./jun. 2021.
252
ocasionou o maior crescimento das plantas de Mulungu
quando comparados aos demais tratamentos, ou seja, foi o
melhor tratamento.
Dessa forma, o uso de composto orgânico na fertilização
do mulungu se mostrou uma técnica eficiente e viável na
recuperação de áreas degradas.
6. REFERÊNCIAS
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