Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 157-162, mar./abr. 2021.
Pesquisas Agrárias e Ambientais
DOI: https://doi.org/10.31413/nativa.v9i2.10138 ISSN: 2318-7670
Métodos de avaliação da distribuição longitudinal de plântulas
no estabelecimento inicial da cultura do milho
Paula Cristina Natalino RINALDI
1*
, Renan ZAMPIROLI
1
, Cleyton Batista de ALVARENGA
1
,
Rodrigo Bezerra de Araújo GALLIS
1
, Haroldo Carlos FERNANDES
2
1
Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia, Monte Carmelo, MG, Brasil.
2
Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
*E-mail: paularinaldi@ufu.br
(Orcid: 0000-0001-9290-9040; 0000-0002-5082-9111; 0000-0002-0431-6171; 0000-0002-8764-9173; 0000-0001-5276-5441)
Recebido em 08/04/2020; Aceito em 26/03/2021; Publicado em 23/04/2021.
RESUMO: A velocidade de trabalho é um dos fatores que pode influenciar a distribuição longitudinal de
plântulas, o estande final e a produtividade da lavoura. Objetivou-se com este trabalho avaliar, em condições
de campo, o desempenho de uma semeadora-adubadora no estabelecimento inicial da cultura do milho, em
quatro velocidades de trabalho e dois mecanismos sulcadores por meio de dois métodos de medição entre
plântulas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições, combinando
velocidades de trabalho e mecanismos sulcadores para deposição das sementes. A avaliação da distribuição
longitudinal de plântulas se deu por dois métodos, manual e imagens captadas por aeronave remotamente
pilotada. O aumento da velocidade de trabalho influenciou o percentual de espaçamento aceitáveis entre
plântulas na velocidade de 6 km h
-1
para a deposição da semente pelo sulcador de disco, método manual de
avaliação. As variáveis relacionadas ao espaçamento entre plântulas não diferiram com o aumento da velocidade
de trabalho do conjunto mecanizado e nem com a variação do sulcador pelo método de avaliação por imagem.
A velocidade de trabalho não influenciou o índice de velocidade de emergência de plântulas, sendo este maior
com o uso da haste.
Palavras-chave: velocidade de trabalho; mecanismo sulcador; semeadora.
Methods of evaluation longitudinal distribution of seedlings
in the initial establishment of maize crops
ABSTRACT: The working speed is one of the factors that can influence the longitudinal distribution of
seedlings, the final stand and the productivity of the crop. The aim of the current study is to assess, under field
conditions, the performance of a seed drill/fertilizer machine in the initial establishment of maize crops,
according to four working speeds and two furrowing mechanism using two seedlings measurement methods.
The experiment followed a randomized block design with four repetitions; it combined working speeds and
furrowing mechanisms for seed deposition. The evaluation longitudinal distribution of seedlings of two
methods, manual and images obtained with unmanned aerial vehicle. The increase in the working speed
influenced the percentage of acceptable spacing between seedlings at the speed of 6 km h
-1
for the deposition
of the seed by the mismatched double disk-type furrow, manual method of evaluation. The variables related to
spacing between seedlings did not differ with the increase in the working speed of the mechanized set without
variation of the furrow by the image evaluation method. The working speed did not influence the seedling
emergence speed index, being higher with furrow blade.
Keywords: working speed; furrow mechanism; seeder.
1. INTRODUÇÃO
A eficácia da semeadura é um dos fatores que mais afeta
a produtividade de uma cultura, requerendo assim, precisão e
bom controle da operação (CARPES et al., 2018). Nesse
sentido, a uniformidade de distribuição de sementes e a
velocidade de semeadura estão diretamente relacionadas à
qualidade de implantação de uma lavoura e,
consequentemente, o estande de plantas obtido influenciará
diretamente a produtividade da cultura do milho
(BOTTEGA et al., 2018).
Tal fato foi demonstrado por Ormond et al. (2018),
operando nas velocidades de 2,0; 4,7; 6,5; 9,1 e 10,3 km h
-1
,
com os melhores percentuais de espaçamentos aceitáveis nas
velocidades até 6,5 km h
-1
, indicando que o aumento da
velocidade pode acarretar aumento dos espaçamentos falhos
e múltiplos para a cultura do milho, comprometendo a
eficácia da semeadura. Carpes et al. (2017) verificaram que,
com o aumento da velocidade periférica do disco dosador de
sementes, há uma tendência de redução no nível de precisão
de deposição das sementes na linha de semeadura,
diminuindo os espaçamentos aceitáveis entre plântulas.
As metodologias tradicionais para avaliação do
desempenho de semeadoras e suas variações baseiam-se nos
espaçamentos, medidos in loco no campo, entre as plântulas
e classifica os espaçamentos em aceitáveis, falhos ou duplos.
Porém, com o advento de novas tecnologias que facilitam a
Métodos de avaliação da distribuição longitudinal de plântulas no estabelecimento inicial da cultura do milho
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 157-162, mar./abr. 2021.
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mensuração desses espaçamentos pretende-se avaliar a
possibilidade dessa mensuração por imagens captadas a partir
de aeronave remotamente pilotada.
O sensoriamento remoto vem ocupando cada vez mais
aplicação como ferramenta de medida e avaliação em diversas
culturas agrícolas. Um exemplo é na contagem de plantas por
meio de aeronaves remotamente pilotadas, do qual em um
curto intervalo de tempo permite obter o número de
indivíduos com precisão, permitindo assim, por meio de
identificação das falhas de plantio, realizar um planejamento
para o replantio (Arantes et al., 2019), garantindo
uniformidade de estande de plantas.
Stolf et al. (2016) avaliando dois procedimentos para
determinação de falhas em cana-de-açúcar, reo (aeronave
remotamente pilotada) e terrestre (convencional manual),
verificaram consistência dos resultados no tamanho médio e
frequência de aparecimento de falhas entre o procedimento
padrão e o imageamento reo, indicando validade da
proposta do emprego de imagens de alta definição.
Diante do exposto, objetivou-se avaliar, a uniformidade
do espaçamento entre plântulas, produzido por uma
semeadora-adubadora no estabelecimento inicial da cultura
do milho, em diferentes velocidades de trabalho e tipos de
mecanismos sulcadores por meio de métodos terrestre e
aéreo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em área pertencente à
Universidade Federal de Uberlândia, localizada no município
de Monte Carmelo - MG. A localização geográfica da área,
está definida pelas coordenadas 18°42’43,19” S e 47°29'55,8”
W, com uma altitude de 873 metros. O relevo da região é
20% montanhoso, 60% ondulado e 20% plano. O clima,
conforme a classificação de Köppen (1948), é denominado
Aw (clima tropical com estação seca de inverno).
A área foi dessecada com glyphosate, sal de amônio de
glifosato na dose de 1,3 L ha
-1
(792,5 g i.a kg
-1
), volume de
calda de 250 L ha
-1
. Em campo, utilizou uma semeadora-
adubadora, marca Vence Tudo, modelo SA 11500 A,
montada no levante hidráulico de três pontos, um trator
marca Valtra, modelo A850, tração 4x2 com tração dianteira
auxiliar (TDA), potência nominal de 85 cv (62,5 kW), rotação
de 2.300 rpm no contagiros, motor com 3.300 cm³ de
cilindrada total e peso máximo permitido 4.675 kgf.
A semeadora foi equipada com mecanismos dosadores de
sementes do tipo disco alveolado horizontal, disco de corte
de palhada liso de 16de diâmetro, sulcadores para deposição
de sementes de discos duplos defasados de 13” de diâmetro
e hastes sulcadoras, largura de 0,03 m.
O experimento foi conduzido no delineamento de blocos
ao acaso em esquema fatorial 4x2; (sendo quatro velocidades
de trabalho do conjunto mecanizado trator-semeadora e dois
mecanismos sulcadores); totalizando 8 tratamentos, com
quatro blocos (Tabela 1).
As parcelas apresentaram as dimensões de 1,5 metros de
largura por 30 metros de comprimento, com área de 45 m
2
;
entre as parcelas deixou-se uma distância de 1,8 metros; e foi
desconsiderada os dez primeiros metros de cada
extremidade, a fim de que a avaliação não fosse influenciada
pela estabilização das velocidades do conjunto mecanizado.
A semeadora-adubadora foi regulada para um
espaçamento entre as linhas de 0,50 m, depositando cinco
sementes por metro linear, espaçadas de 0,20 metros entre si,
na profundidade de 0,05 m, o lote de sementes apresentava
germinação de 98%, pureza de 98%, vigor de 89%, e um
estande desejado de 85.000 plantas por hectare. A semeadora
trabalhou com quatro linhas, sendo consideradas úteis as
duas centrais e as duas da extremidade foram consideradas
bordadura.
Tabela 1. Marchas do trator em função da velocidade de trabalho
do conjunto mecanizado
Table 1. Tractor marches in function of the working speed
mechanized sit
Velocidade
(km h
-1
) Mecanismo sulcador Marcha Rotação
(rpm)
6 Disco duplo defasado L4 1.800
8 Disco duplo defasado H1 2.100
10 Disco duplo defasado H2 2.000
12 Disco duplo defasado H3 1.600
6 Haste sulcadora L4 1.950
8 Haste sulcadora H2 1.650
10 Haste sulcadora H2 2.100
12 Haste sulcadora H3 1.600
Os parâmetros espaçamento entre sementes; distribuição
longitudinal entre plântulas, espaçamentos aceitáveis, falhos
e múltiplos; índice de velocidade de emergência e tempo
médio de emergência de plântulas foram utilizados para
inferir sobre a qualidade da semeadura.
O experimento foi dividido em duas etapas: contagem
das plântulas do primeiro dia de emergência até a
estabilização, a fim de determinar o índice de velocidade de
emergência e o tempo médio de emergência; e a segunda
etapa, após a estabilização de emergência das plântulas,
mediu-se o espaçamento entre plântulas para determinar a
distribuição longitudinal, enquadrando-os em aceitáveis,
falhos e múltiplos, por dois métodos de avaliação, manual e
imagens captadas por aeronave remotamente pilotada. As
imagens foram obtidas dez dias após a contagem pelo
método manual para adequar o estádio de desenvolvimento
à qualidade das imagens para diferenciação das plântulas.
A contagem das plântulas, todo manual, iniciou no
primeiro dia de emergência, quatro dias após a semeadura,
em uma faixa de dez metros no centro da parcela, sendo a
contagem feita nas duas linhas úteis em todas as parcelas e
encerrada após as plantas atingirem a estabilização da
emergência, que ocorreu nove dias após a semeadura.
A determinação do índice de velocidade de emergência
de plântulas (IVE) foi realizada pelo somatório da relação
entre o número de plantas emergidas (primeira, segunda, até
a última contagem) pelo número de dias da semeadura
(primeira, segunda, até a última contagem), utilizando-se
metodologia de Maguire (1962), (Equação 1).
n
n
T
E
T
E
T
E
IV ...
2
2
1
1 (01)
em que: IV = índice de velocidade emergência; E
1...n
= número de
plântulas emergidas na primeira, segunda até a última contagem;
T
1...n
= número de dias da semeadura à primeira, segunda até a última
contagem.
O tempo médio de emergência (TM), em dias, foi
calculado de acordo com Edmond; Drapala (1958). Para isso,
multiplicou-se o número de plântulas emergidas desde a
primeira contagem pelo tempo médio de emergência (dias),
posteriormente dividiu-se o valor encontrado pelo somatório
Rinaldi et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 157-162, mar./abr. 2021.
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do número de plântulas emergidas desde a primeira contagem
(Equação 2).
n
nn
m
EEE
TETETE
N
...
...
21
2211
(02)
em que: N
m
= tempo médio de emergência, em dias; E
1...n
= número
de plântulas emergidas desde a primeira contagem; T
1...n
= número
de dias após a semeadura.
A distribuição longitudinal entre plântulas foi obtida por
dois métodos, manual e por meio de imagens captadas por
Aeronave Remotamente Pilotada - ARP.
O método manual foi obtido medindo-se o espaçamento
entre vinte plântulas, nas duas linhas centrais de semeadura,
logo após estabilização da emergência. Posteriormente,
foram classificados os espaçamentos em aceitáveis
(0,5*Xref<Xi<1,5*Xref), falhos (Xi ≥1,5*Xref) e múltiplos
(Xi≤0,5*Xref), de acordo com International Organization
for Standardization ISO 7256-1 (1984), metodologia
também utilizada por Bottega et al. (2018), Carpes et al.
(2018), Cortez et al. (2020), Ferreira (2019), Klein; Klein
(2018).
Os valores foram expressos em porcentual, calculados
sobre o número total verificado. Considerando que a
semeadora foi regulada para distribuir cinco sementes m-1, o
espaçamento referência (Xref) corresponde a 0,20 m e, desta
forma, foram considerados como aceitáveis, espaçamentos
de 0,10 a 0,30 m entre plântulas; falhos maiores que 0,30 m e
múltiplos menores que 0,10 m.
Para determinar o espaçamento entre plântulas, por meio
de imagens, realizou-se um voo planejado para obtenção de
uma ortoimagem com GSD (Ground Sample Distance), com
resolução espacial de 1 cm. O voo foi realizado com uma
aeronave remotamente pilotada - ARP, marca DJI, modelo
Phantom 4 Pro com câmara RGB de 20 megapixel. Após o
voo, de posse do conjunto de imagens da área de estudo,
realizou-se o processamento das imagens no software Pix4D
para geração da ortoimagem (Figura 1).
Figura 1. (A) Ortofoto gerada (B) Detalhe em zoom da ortofoto.
Figure 1. (A) Generated orthophoto (B) Zoom detail of the
orthophoto.
A contagem da distância, centro a centro, entre plântulas
foi realizada na mesma faixa estabelecida para contagem de
plântulas pelo método manual. As medidas das distâncias
foram realizadas com auxílio do software Quantum GIS,
utilizando a ferramenta de media linear existente no software.
A Figura 2 exemplifica o processo de medição. Um
processamento invertendo os canais verde (G) pelo azul (B)
foi realizado para inverter as cores das plântulas de modo a
realçá-las a fim de possibilitar o processo de medição.
Figura 2. Medidas entre plântulas no software Quantum GIS.
Figure 2. Seedling measurements in Quantum GIS software.
Os resultados serão submetidos aos testes de Levene e
Shapiro-Wilk, com o objetivo de avaliar a homogeneidade e
a normalidade dos erros. Aos dados será empregada a análise
de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade, utilizando o programa computacional
R Core Team (2019).
3. RESULTADOS
A análise de variância indicou que as características
espaçamento, porcentuais dos espaçamentos aceitáveis,
falhos e múltiplos entre plântulas, pela avaliação por meio de
imagem, da distribuição longitudinal entre plântulas não
diferem entre si.
As variáveis espaçamento entre plântulas, espaçamentos
aceitáveis, falhos e múltiplos não diferiram com o aumento
da velocidade de trabalho do conjunto mecanizado pelo
método de avaliação por imagem. A variação dos sulcadores
também não interferiram na avaliação dos espaçamentos
entre plântulas.
A análise de variância, pelo método manual de avaliação,
indicou efeito significativo das fontes de variação velocidade
de trabalho nas variáveis espaçamentos aceitáveis e falhos;
bem como tipo de sulcador nas variáveis, espaçamentos
aceitáveis e múltiplos, isoladamente. A interação foi
significativa para velocidade de trabalho e tipo de sulcador na
variável espaçamentos aceitáveis. O aumento da velocidade
de trabalho influenciou o percentual de espaçamentos
aceitáveis entre plântulas, utilizando o método manual, na
velocidade de 6 km h
-1
para a deposição da semente pelo
sulcador de disco (Tabela 2).
Os espaçamentos falhos entre plântulas não foram
influenciados a partir da velocidade de trabalho de 8,0 km h
-
1
. Na velocidade de 6 km h
-1
apresentou o menor percentual
de espaçamento falho (Tabela 3).
O tipo de sulcador influencia os espaçamentos múltiplos
entre plântulas, sendo maior quando se utiliza haste sulcadora
(Tabela 4).
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Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 157-162, mar./abr. 2021.
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Tabela 2. Porcentagem média de espaçamentos aceitáveis para o
método manual de avaliação na interação velocidade de trabalho e
tipo de sulcador.
Table 2. Average percentage of acceptable spacing for the manual
method of evaluation in the interaction working speed and furrow
type.
Velocidade
(km h
-1
)
Sulcador
Disco Haste
6 75,62 aA 41,87 aB
8 61,87 bA 39,37 aB
10 57,50 bA 41,87 aB
12 51,87 bA 40,00 aB
Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúscula na linha
diferem entre si pelo teste de Tukey (p > 0,05).
Tabela 3. Porcentagem média de espaçamentos falhos para o
método manual de avaliação em função da velocidade de trabalho.
Table 3. Average percentage of acceptable flawed for the manual
method of evaluation in function working speed.
Velocidade de trabalho
(km h
-1
)
Espaçamentos falhos
(%)
6 20,63 b
8 28,44 ab
10 27,19 ab
12 33,44 a
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (p
> 0,05).
Tabela 4. Porcentagem média de espaçamentos múltiplos para o
método manual de avaliação em função do tipo de sulcador.
Table 4. Average percentage of multiple spacing for the manual
method of evaluation in function working speed and furrow type.
Sulcador Espaçamentos múltiplos
(%)
Disco 11,25 b
Haste 31,41 a
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (p > 0,05).
O índice de velocidade de emergência de plântulas foi
maior para o sulcador de haste (Tabela 5).
O tempo médio de emergência, em dias, foi maior para o
sulcador de hastes à medida que se aumentou a velocidade.
O aumento da velocidade de trabalho não interfere no tempo
médio de emergência de plântulas ao utilizar o sulcador de
disco, porém o mesmo não foi observado para o sulcador de
haste
(Tabela 6).
Tabela 5. Média do índice de velocidade de emergência, método
manual de avaliação, para variável tipo de sulcador.
Table 5. Average emergence speed index, manual evaluation
method, variable furrower type.
Sulcador IVE
Disco 16,27 b
Haste 19,18 a
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste F (p > 0,05).
T
abela 6. Média do tempo médio de emergência (dias), método
manual de avaliação, para a interação velocidade de trabalho e tipo
de sulcador.
Table 6. Average time emergence, manual evaluation method, in the
interaction working speed and furrow type.
Velocidade (km h
-
1
)
Sulcador
Disco Haste
6 6,35 aA 6,22 bB
8 6,31 aA 6,33 abA
10 6,27 aB 6,39 aA
12 6,37 aA 6,41 aA
Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúscula na
coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p > 0,05).
4. DISCUSSÃO
As variáveis espaçamento entre plântulas, espaçamentos
aceitáveis, falhos e múltiplos não diferiram com o aumento
da velocidade de trabalho do conjunto mecanizado pelo
método de avaliação por imagem.
Porém, necessita-se de mais pesquisas ou outras técnicas de
processamento de imagem, a fim de maior aprofundamento
na influência do método nos parâmetros em estudo, visto que
se encontrou bastante dificuldade em mensurar as distâncias
centro a centro entre as plântulas de milho. Pôde-se observar
que a cobertura vegetal sobre o solo foi um dos fatores que
mais dificultaram o contraste com as plântulas de milho, fato
este não teria sido problema se tivesse sido preparo
convencional do solo.
O aumento da velocidade de trabalho pode reduzir o
tempo disponível para preenchimento dos alvéolos dos
discos dosadores.
Ferreira et al. (2018) avaliando a distribuição longitudinal
das sementes de milho sob diferentes velocidades (3,5; 5,5;
7,5 km h
-1
) na semeadura, utilizando semeadoras de precisão
mecânica e pneumática afirmam que sementes dosadas pela
semeadora mecânica, a maior velocidade ocasionou menor
número de sementes com espaçamento aceitável. para a
semeadora pneumática, o número de sementes aceitáveis se
manteve sem diferença estatística nas três velocidades de
semeadura.
Resultados semelhantes foram encontrados por Cortez et
al. (2020) avaliando a semeadura do milho por meio de
mecanismos mecânico e pneumático, em diferentes
velocidades de trabalho; esses concluíram que o sistema
pneumático promove uma melhor distribuição longitudinal
de sementes, atingindo valores superiores a 90% e o
incremento da velocidade reduz os espaçamentos normais
entre plântulas e consequentemente aumenta-se os falhos.
A semeadura com sulcadores do tipo disco
desencontrado realizada em velocidades menores que 8,0 km
h
-1
, proporcionaram uma porcentagem de aceitáveis acima de
50%; valor não obtido com sulcador do tipo haste. Carpes et
al. (2018), avaliando a velocidade de trabalho de uma
semeadora pneumática e a inclinação do disco dosador de
sementes, verificaram o efeito significativo da interação dos
fatores nos espaçamentos aceitáveis entre plântulas, onde o
disco inclinado a 11° à esquerda e nivelado reduziu os
espaçamentos aceitáveis com o aumento da velocidade da
semeadora.
O mecanismo sulcador de disco, independente da
velocidade, apresentou maiores valores médios para
espaçamento aceitáveis. A não significância para
espaçamentos aceitáveis com o aumento da velocidade pode
ser explicado pela capacidade do mecanismo dosador
individualizar as sementes, sendo assim, as sementes foram
capazes de serem distribuídas no solo com o espaçamento
estabelecido. Os mecanismos sulcadores de disco apresentam
a tendência de depositarem as sementes em menores
profundidades e consequentemente maior velocidade de
emergência e menor tempo de emergência das plântulas.
Pesquisas realizadas por Coelho (1996) apontam que
valores de espaçamentos aceitáveis são considerados bons
quando superiores a 60%, com coeficiente de variação
inferior a 50%. Os valores encontrados para espaçamentos
aceitáveis se enquadram nos percentuais mencionados
apenas quando se utiliza o mecanismo sulcador de disco para
as velocidades até 8,0 km h
-1
. Klein; Klein (2018) trabalhando
com semeadora-adubadora de discos alveolares encontraram
Rinaldi et al.
Nativa, Sinop, v. 9, n. 2, p. 157-162, mar./abr. 2021.
161
valores superiores a 80% de espaçamentos aceitáveis no
plantio mecanizado do milho, apresentando desempenho
superior aos requisitos mínimos exigidos para sua
certificação.
Resultados distintos foram encontrados por Santos et al.
(2016), com melhores resultados de espaçamentos aceitáveis
com o uso de sulcadores do tipo haste na velocidade de
trabalho de 6,3 km h
-1
. Jasper; Silva (2015) relatam que o
mecanismo de disco duplo deve ser preferível quando o
espaçamento entre fileiras é de 0,45 m e, o uso de haste é uma
boa opção com espaçamentos de 0,9 m, a fim de obter em
ambas as situações menores custos operacionais.
Na menor velocidade estudada, 6 km h
-1
, apresentou o
menor percentual de espaçamento falho, o que é esperado
devido ao maior percentual de espaçamento aceitável. Estes
resultados corroboram Bottega et al. (2018), que encontraram
maiores percentuais de falhas na velocidade de 8,0 km h
-1
,
quando comparada com as velocidades de 4 e 6 km h
-1
.
De acordo com Klein; Klein (2018), as maiores
produções de massa de grãos por espiga foram obtidas para
os espaçamentos falhos, enquanto nos espaçamentos
aceitáveis e duplos não foram observadas diferenças na
produção de massa de grãos por espiga.
Relacionando os fatores distribuição de sementes pelo
sistema mecânico e pneumático com a produtividade da
cultura do milho, nas velocidades de 3,0; 5,0; 7,0 e 9,0 km h
-
1
, Cortez et al. (2020), obtiveram maiores rendimentos na
velocidade de 5,0 km h
-1
com o sistema mecânico, quando os
dados de produtividade foram agrupados em classes.
A patinagem das rodas motrizes do trator é maior quando
se realiza a abertura do sulco com órgãos ativos fixos, ou seja,
sem movimento rotativo, como no caso da haste sulcadora,
com requerimento de força de tração 22,28% superior ao
solicitado pelo mecanismo rotativo (FRANCETTO et al.
2015).
Este fato ajuda a explicar maiores espaçamentos
múltiplos para o mecanismo de haste, com possível condução
das sementes enquanto a semeadora estava com o
deslocamento limitado, pela ão da patinagem das rodas
motrizes do trator. Portanto, pode ter sido depositado mais
sementes em um menor intervalo de tempo, aumentando
assim os espaçamentos múltiplos entre plântulas.
A porcentagem de múltiplos foi 179,2% maior quando
utilizou o sulcador do tipo haste. A análise de variância das
características índice de velocidade de emergência - IVE e
tempo médio de emergência - TM, pelo método manual de
avaliação da distribuição longitudinal, demonstrou que a
velocidade de trabalho não influenciou o IVE de plântulas,
possivelmente devido à uniformidade na profundidade de
deposição no sulco de semeadura e também não provocou
danos à semente, mesmo se tratando de uma semeadora onde
a individualização das sementes é mecânica, ou seja, com
dosador de disco horizontal perfurado. Por outro lado,
Bottega et al. (2018) observaram que o valor médio de IVE
para o dosador pneumático foi maior e diferiu
estatisticamente para o dosador de disco. Portanto, as
sementes não perderam seu vigor, com isso, não alterou sua
velocidade de emergência.
O índice de velocidade de emergência de plântulas ter
sido maior para o sulcador de haste pode ser explicado pela
tendência a aprofundar mais no solo e depositar a semente
em maiores profundidades, mesmo tendo feito testes de
regulagem e verificação da profundidade de deposição das
mesmas no solo. Portanto, pequenos acréscimos da
profundidade de colocação das sementes com o uso da haste
sulcadora acarretaram em aumento no índice de emergência.
Ao se realizar o sulco com discos pode-se trabalhar em
maiores velocidades que não interferirá no tempo de
emergência das plântulas de milho; porém, ao se trabalhar
com haste é preferível optar por velocidades até 8,0 km h
-1
.
5. CONCLUSÕES
O conjunto mecanizado operando a 6,0 km h
-1
, com
sulcador do tipo disco, promove o melhor estabelecimento
inicial da cultura do milho.
As plântulas de milho emergem em menor tempo nas
velocidades até 8,0 km h
-1
com sulcador de disco.
A metodologia de uso de imagens captadas por aeronave
remotamente pilotada não se mostrou eficaz para a
determinação da distribuição longitudinal de plântulas,
necessitando de novas pesquisas.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa
de Minais Gerais, FAPEMIG, pelo apoio financeiro.
7. REFERÊNCIAS
ARANTES, B. H. T.; ARANTES, L. T.; COSTA, E. M.;
VENTURA, M. V. A. Drone aplicado na agricultura
digital. Ipê Agronomic Journal, Goianésia, v. 3, n. 1, p.
14-18, 2019.
BOTTEGA, E. L.; VIAN, T.; GUERRA, N.; OLIVEIRA
NETO, A. M. de. Diferentes dosadores de sementes e
velocidades de deslocamento na semeadura do milho em
plantio direto. Pesquisa Agropecuária
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