Transfake e a busca pela verdade na representação de travestis e pessoas trans
DOI:
10.31560/2595-3206.2018.4.9186Resumo
O presente artigo discute o modo que os ativismos trans têm criticado a interpretação de atores e atrizes cis que representam papéis sobre transexualidade em produções cênicas. A essas atuações são dadas o título de transfake, em uma tentativa de reescrever os efeitos do blackface na população trans. Diante disso, buscou-se questionar o modo que a expressão fake estaria, em oposição, mantendo um regime de verdade em relação ao gênero, prática comum na história da nosologia psiquiátrica, mas que pode ser encontrada em determinadas condutas ativistas atuais. Nesse sentido, as disputas pela representação têm aparecido como um meio de impedir a relativização da transexualidade, pois, embora objetivem promover o reconhecimento político das pessoas trans, também presumem determinada correspondência entre aquilo que se é e aquilo se faz. Considera-se, portanto, que existem riscos envolvidos na defesa de uma estabilidade identitária, por meio da censura e técnicas proibitivas, além dos riscos de promover um engessamento das possibilidades de representar a vida.
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