A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL E A POLÍTICA DE SAÚDE COMO UMA DE SUAS EXPRESSÕES

Autores

Palavras-chave:

Redemocratização, Política de Saúde, Participação Social

Resumo

Este artigo aborda a formulação da política de saúde, integrante do processo de redemocratização no Brasil, nos anos de 1980 e 1990, e as implicações para a institucionalização das políticas sociais, entre elas o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é refletir sobre a relevância da participação social no tempo presente, em que se ameaçam as liberdades democráticas conquistadas no país. Na metodologia, definiram-se como categorias centrais a mobilização e a participação, bem como a organização de agentes públicos, da sociedade civil e dos movimentos sociais, pois estes materializaram as conquistas constitucionais de 1988 e determinaram a programática pós-Constituição. Situa-se o contexto sociopolítico e econômico adverso decorrente da onda neoliberal e suas consequências danosas aos direitos sociais. A participação social nas políticas sociais, originária do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, gênese da instituição do SUS, implicou um novo padrão de intervenção do Estado na saúde, na perspectiva de garantia dos direitos universais e de atenção integral, expressa na estruturação de conselhos com poder decisório, embora prevalecendo o caráter de interlocução. Essa política vem sendo desmantelada pela má qualidade dos serviços, falta de recursos e ampliação dos esquemas privados que se apropriam dos recursos públicos, por isso é imperativa a mobilização. É preciso que o conjunto da sociedade supere o desafio da fragmentação das lutas e que se unifique a organização e ocupação dos espaços públicos com ações políticas capazes de tensionar o capital financeiro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vera Lúcia Honório dos ANJOS, UnB\UFMT - doutoranda

Doutoranda em Política Social pela Universidade de Brasília – UnB-UFMT(DINTER). Assistente social, trabalhadora da Secretaria do Estado de Saúde de Mato Grosso desde 2001, lotada na Coordenadoria de Pós-Graduação em Pesquisa e Extensão (COEPE) da Escola de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso. E-mail: veradosanjosmt@hotmail.com

 

Referências

ABERS, R; SERAFIM, L.; TATAGIBA, L. Repertórios de interação Estado-sociedade em um Estado heterogêneo. Dados, Revista de Ciências Sociais, v. 57, n. 2, p. 325-357, 2014.

BARROCO, Maria Lúcia S. Ética e serviço social: fundamentos ontológicos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

BEHRING, Elaine R. Brasil em contra-reforma: desestruturação do Estado e perda de direitos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

BEHRING, Elaine R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Biblioteca Básica de Serviço Social).

BOSCHETTI, Ivanete. Assistência social e trabalho no capitalismo. São Paulo: Cortez, 2017.

BOSCHETTI, Ivanete et al. (Orgs). Política social no capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2008.

BRAVO, Maria Inês S. Política de saúde no Brasil. In: MOTA, Ana E. et al. (Orgs.). Serviço social e saúde. 2. ed. São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, p. 88-110, 2007.

BRASIL. Câmara da Reforma do Estado: Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, novembro 1995. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf> acesso em: 11 abril2018.

BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil: de 1998, com as alterações adotadas pela EC n. 01/92 a 52/2006 e EC de revisão 01 a 6/94. Brasília: Senado Federal, 2006.

COUTINHO, Carlos N. Contra-corrente: ensaios sobre democracia e socialismo. São Paulo: Cortez, 2000.

DEMIER, Felipe. Depois do golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil. Rio de Janeiro: MAUAD X, 2017.

DURIGUETTO, Maria Lúcia; MONTAÑO, Carlos. Estado, classe e Movimento Social. São Paulo: Cortez, 2011.

FARIA, Cláudia F. Estado e organizações da sociedade civil no Brasil contemporâneo: construindo uma sinergia positiva? Revista de Sociologia e Política, v. 18, n. 36, p. 187-204, jun. 2010.

FILHO, Rodrigo. S.; DURIGUETTO, Maria Lúcia. A importância da “Política” no pensamento de Gramsci. Revista Educação e Fronteira, v. 4, n.11, p. 5-20, 2014.

FLEURY, Sônia. (Org.). Democracia, desenvolvimento: Brasil e Espanha. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

______. (Org.). Saúde e democracia: luta do CEBES. São Paulo: Lemos, 1997. Disponível em: http://www.cebes.org/media/File/publicacoes. Acesso em: 13 fev. 2019.

FONTES, Virgínia. O Brasil e o capital imperialismo: teoria e história. 2. ed. Rio de Janeiro: EPSJV/Editora UFRJ, 2010.

GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere. v. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2001.

HARVEY, David. O novo imperialismo. São Paulo: Loyola, 2004.

MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

______. A crise do capital. São Paulo: Ensaio; Unicamp, 1990.

NEVES, Angela V. Clientelismo político. In: ______. Cultura política e democracia participativa: um estudo sobre o orçamento participativo. Rio de Janeiro: Gramma, p.37 -63, 2008.

______. (Org.). Democracia e participação social: desafios contemporâneos. Campinas: Papel Social, 2016.

PEREIRA, Camila Potyara. Proteção social no capitalismo: crítica a teorias e ideologia conflitantes. São Paulo: Cortez, 2016.

TEIXEIRA, Sônia F. Reflexões sobre democracia e reforma sanitária. In: ______. (Org.). Reforma sanitária: em busca de uma teoria. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: Associação de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 1989. p. 17-46.

Downloads

Publicado

2019-07-15

Como Citar

ANJOS, V. L. H. dos. A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL E A POLÍTICA DE SAÚDE COMO UMA DE SUAS EXPRESSÕES. REVISTA DIREITOS, TRABALHO E POLÍTICA SOCIAL, [S. l.], v. 5, n. 9, p. 10–35, 2019. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/8900. Acesso em: 24 abr. 2024.