O "veneno" e a adrenalina na "vida do crime": corpo, emoções e subjetivação

Autores

  • Danielli Vieira danielli.vieira@ifsc.edu.br
    Instituto Federal de Santa Catarina

DOI:

10.48074/aceno.v6i12.8987

Resumo

O artigo apresenta dois conjuntos de sensações, emoções que perpassam a experiência na “vida do crime” a partir de duas pesquisas de campo centradas em narrativas de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas. Trata-se de uma aproximação a uma experiência em que se vive, ao mesmo tempo, “no veneno” – com sensações que misturam angústia, sofrimento, raiva e tristeza – e na intensidade de uma “vida loka” marcada por adrenalina, presenteísmo, “alterações” via uso de drogas. Discute-se, ainda, a função terapêutica da narrativa como forma de desabafo, bem como a elaboração do “veneno”, dos castigos e torturas sofridos, em termos de “fortalecimento”. O aspecto da medicalização compulsória dos adolescentes também é apresentado. Corpos, vidas, que têm um destino certo: “hospital, cadeia e caixão”, mas que são constituídas – via processos de subjetivação e de uma série de resistências - como vidas que valem a pena ser vividas.

Biografia do Autor

Danielli Vieira, Instituto Federal de Santa Catarina

Professora do Instituto Federal de Santa Catarina. Doutora em Antropologia Social pelo PPGAS da Universidade Federal de Santa Catarina. Estágio doutoral na Université de Strasbourg. Mestre em Antropologia Social pela UFSC. Bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela UFSC. Pesquisadora do Laboratório de Estudos das Violências (LEVIS) e do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Educação (NUIPE). Principais campos de pesquisa e atuação: violências; juventude e criminalidade;"adolescentes em conflito com a lei" e medidas socioeducativas; educação em/para os direitos humanos

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Publicado

2020-06-04

Edição

Seção

Dossiê Temático: Nos contornos do corpo e da saúde