No rastro da cobra-grande: cosmologias e territorialidades no Médio Rio Negro

Autores

DOI:

10.48074/aceno.v5i10.6609

Resumo

A região do rio Negro no noroeste amazônico é habitada por povos indígenas multiétnicos que compartilham uma unidade sociocultural convergente no sentido de compreender as relações diárias entre clãs, pessoas e, acima de todo o território. O território e os processos  de territorialidade são entendidos a partir de um conjunto de elementos associados a cosmologias, pela fisicalidades e pelas contraposiçoes do Estado. Neste contexto, a pesquisa visa compreender, a partir do ponto de vista das populações locais, as concepções que giram em torno das noções de território e processos de territorialidades por eles vivenciados. À luz da reflexão, as narrativas referentes à cobra-grande são fundamentais para compreender a construção e pertença das territorialidades locais. Como resultados, foi demonstrado uma configuração territorial rionegrina cujas bases são fundadas na trilha da cobra-grande que se opõe ao Estado que ignora outras formas de apropriação de territórios não aqueles baseados demarcação de fronteiras rígidas pautadas pautadas na cartografia ocidental.

Biografia do Autor

Luiz Augusto Sousa Nascimento, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO.

DOUTOR EM ANTROPOLOGIA SOCIAL PELA UNIVEESIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, PROFESSOR DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO - IFMA, PESQUISADOR ASSOCIADO AO CENTRO DE TRABALHO INDIGENISTA - CTI

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Publicado

2019-07-07

Edição

Seção

Dossiê Temático: Políticas Ameríndias