Cinema, Antropologia e a construção de mundos possíveis: o caso dos festivais de cinema da diversidade sexual

Autores

  • Marcos Aurélio da Silva marcoaureliosc@hotmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso

DOI:

10.48074/aceno.v2i3.2538

Resumo

O artigo pretende uma discussão sobre as relações entre cinema e antropologia, mas a partir do ponto de vista da ficcionalidade ou a possibilidade de construção de mundos possíveis. Antropólogos da últimas décadas têm atentado ao caráter autoral do trabalho etnográfico e sua relação com uma estética da literatura, o que não significou necessariamente tomar a disciplina por uma não ciência. Da mesma forma, cineastas e teóricos do cinema se debatem sobre a possibilidade de se pensar o cinema, independente se ficção ou documentário, enquanto a constituição de uma realidade possível. A partir da pesquisa de campo em festivais de cinema de gênero e da diversidade sexual, em que os sujeitos pesquisados realizam performances de um mundo desejável, busca-se problematizar essa ideia de construção de mundos compartilhada entre cinema e antropologia, apontando enfim para as possibilidades de uma antropologia do cinema e sua etnografia das multissensorialidades.

 

Biografia do Autor

Marcos Aurélio da Silva, Universidade Federal de Mato Grosso

antropólogo, professor permanente do PPGAS/UFMT, Bolsista PNPD/Capes

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Publicado

2015-08-08

Edição

Seção

Dossiê Temático